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DIREITO ECONÔMICO

COMO RAMO E
MÉTODO

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ÍNDICE
1.  DIREITO ECONÔMICO: INTRODUÇÃO.......................................................................3
Conceitos Fundamentais................................................................................................................................................... 3
Atuação da Política Econômica no Estado..........................................................................................................4

2.  SURGIMENTO DO DIREITO ECONÔMICO.................................................................5


A Primeira Guerra Mundial................................................................................................................................................ 5
Consequências do Surgimento do Direito Econômico................................................................................ 6

3.  DIREITO ECONÔMICO COMO RAMO E MÉTODO..................................................7


O Surgimento de Novas Perspectivas.......................................................................................................................7
Formas de Compreensão do Fenômeno Jurídico...........................................................................................7
A Análise do Fenômeno como Ramo.......................................................................................................................7
Análise do Fenômeno como Método....................................................................................................................... 8
Função do Direito Econômico....................................................................................................................................... 9

4.  PRINCIPAIS VIESES DO DIREITO ECONÔMICO....................................................10


Desafios do Neoliberalismo............................................................................................................................................ 10
1.  Direito Econômico: Introdução

Conceitos Fundamentais
MERCADO

De acordo com o jurista Eros Grau, mercado é um ambiente de relacionamento econômico


fruto de uma estrutura social criada pela política e pelo Direito. A ideia que o pensador
traz é a do mercado como essencialmente um fato jurídico, uma criação do direito.
O mercado é a estruturação de uma forma de organização social que possui regras e
normas que o regem, que legitimam sua estrutura e garantem seu regular funcionamento.

Economicamente, o mercado é entendido como esfera na qual interagem agentes


econômicos por meio da troca de bens por unidades monetárias específicas ou outros
bens.

ECONOMIA POLÍTICA

A economia política pode ser compreendida como o enquadramento teórico da relação


entre Estado e Economia. Essa visão, entretanto, distancia-se do conceito fundamental
de economia política, que versa ser economia política a ciência cujo objeto de estudo
são as relações sociais de produção, circulação e distribuição de bens materiais que
tenham como objetivo atender às necessidades humanas, identificando as normas que
regem essas relações.

POLÍTICA ECONÔMICA

A política econômica consiste numa técnica ativa de atuação finalística do Estado sobre
a atividade econômica. Essa política é construída por meio do planejamento de ações
governamentais com finalidades econômicas e políticas relacionadas à sua esfera de
atuação. Atualmente, essas políticas são exercidas por agentes políticos econômicos
nacionais e internacionais, citando como exemplos: o Governo Federal, o Congresso
Nacional, e órgãos internacionais como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional
(FMI)

PODER ECONÔMICO

Poder econômico é a força política de fato. É o poder exercido por um ente sobre outros
nas esferas econômicas, por meio de seus excedentes ou influência, para manipular a
vontade dos entes menores. O poder econômico situa-se no mercado beneficiando-o
ou o prejudicando, a depender das diretrizes de operação que são utilizadas.

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DIREITO ECONÔMICO

Direito Econômico compreende basicamente a regulação jurídica com papel econômico.


Tudo aquilo que regula a economia ou o funcionamento dos mercados, através de
dispositivos jurídicos de controle, é o exercício do direito econômico.

Pode-se ainda conceituar o direito econômico como o ramo do direito público que
disciplina a condução da vida econômica da Nação, objetivando estudar, disciplinar
e harmonizar as relações jurídicas entre os entes públicos e os agentes privados,
detentores dos fatores de produção, nos limites estabelecidos para a intervenção do
Estado na ordem econômica.

Celso Ribeiro Bastos descreve o direito econômico como “ramo do direito que se destina
a normatizar as medidas adotadas pela política econômica através de uma ordenação
jurídica, é dizer, a normatizar as regras econômicas, bem como a intervenção do estado
na economia”.

O jurista Eros Roberto Grau, por sua vez, define-o como “o sistema normativo voltado à
ordenação do processo econômico, mediante a regulação, sob o ponto de vista macro
jurídico, da atividade econômica, de sorte a definir uma disciplina destinada à efetivação
da política econômica estatal”.

Objetivamente, o direito econômico pode ser definido como o conjunto normativo


que rege as medidas de política econômica regulamentadas pelo Estado, visando ao
disciplinamento do uso racional dos fatores de produção, com o intuito de regular a
ordem econômica.

Atuação da Política Econômica no Estado


A Constituição Federal elenca uma série de normas, dentre elas, o Título VII - Da Ordem
Econômica e Financeira trata justamente desse tema. Essas normas estabelecem como
é o regramento no âmbito estatal e quais serão as diretrizes governamentais específicas
para a atuação na esfera econômica. A partir disso o Estado estabelece uma política
econômica, que efetivamente vai direcionar toda a atuação do ente Estatal e de seus
órgãos para operacionalizar uma série de atividades que elenquem suas diretrizes. O
desenvolvimento legislativo é realizado com base na política econômica, em que são
elencadas as diretrizes governamentais da administração.

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2.  Surgimento do Direito Econômico

A Primeira Guerra Mundial


A origem do Direito Econômico ocorre com a Primeira Guerra Mundial, consolidando-
se ao final da Segunda Guerra Mundial. Poucas obras de Direito Econômico tratam de
períodos anteriores à Primeira Grande Guerra.

"" 1ª Guerra Mundial: nascimento do Direito Econômico.


"" Processo de aproximação do Estado à economia.
"" Novo formato de conflito, demandava maiores aparatos.
"" A guerra como fim principal – nova finalidade social.
"" A guerra como ciência, como economia e como política. O conflito é travado em todos os âm-
bitos, dado o fluxo de informação, as tecnologias desenvolvidas e, com a organização recente dos
Estados nacionais, a crescente capacidade de articulação política.
"" Economia como um instrumento de guerra.

O regime do liberalismo econômico limitava-se ao policiamento, à proteção econômica


e à regulamentação de alguns ofícios. A Primeira Guerra mostrou que os aparatos
tecnológicos necessários aos Estados nacionais a partir daquele momento movimentariam
grandes recursos e esforços para serem desenvolvidos, e que estes seriam fundamentais
para conquistas no confronto. O conflito se consolida como um fenômeno totalitário
que demanda toda a capacidade de produção e desenvolvimento da sociedade. Foi
durante o período da Primeira Grande Guerra que também se nota, em relação a todo
o anterior desenvolvimento das sociedades humanas, um grande avanço tecnológico
como nunca visto igual ou semelhante. Os esforços despendidos para a disputa dos
conflitos da Primeira Guerra desencadearam a maior revolução científica tecnológica já
vista pela espécie humana.

Os Estados nacionais necessitavam, então, de que as atividades econômicas de seus


particulares se voltassem às demandas da guerra. No entanto, não tinham todos os
particulares interesse nisso. Os Estados, a partir desse momento, iniciam um processo de
regulamentação das atividades econômicas, promovendo diretrizes e direcionamentos
à esfera econômica por meio de dispositivos jurídicos normativos. A Primeira Guerra
implantou, nos mais diversos Estados nacionais do mundo, projetos políticos, econômicos
e sociais, sendo tida como diretriz principal de gestão pelo mundo durante a sua
ocorrência. Influenciou tanto aspectos sociais quanto econômicos, políticos e culturais
de toda sorte, direta ou indiretamente, no mundo todo.

Por meio das normas instituídas para o regramento das atividades econômicas, iniciou-
se a criação de um ramo do direito para estudar e normatizar a atividade do estado de
regulamentação na esfera econômica: o Direito Econômico.

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Consequências do Surgimento do Direito Econômico
O Direito Econômico traz uma nova perspectiva de compreensão do direito, num
momento de efetiva crise jurídica ocasionada pela falta de dispositivos do Estado para
exercer influência econômica no mercado. Esse novo ramo do direito apresenta-se sob
uma perspectiva prática, com dispositivos aplicáveis à realidade, distanciando-se do
“direito dos acadêmicos, este homogêneo à época.

A) AUMENTO DA REGULAMENTAÇÃO DE ATIVIDADES ECONÔMICAS

Tendo em vista que o Estado passa a apropriar-se um pouco mais da economia e de seus
instrumentos de controle, visando sobretudo a exercer o direcionamento para atingir
seus objetivos políticos, ele passa a regular as interações econômicas entre os agentes,
de forma que modifica as relações entre eles estabelecidas.

B) ABOLIÇÃO DE PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PATRIMONIAL

Até o momento histórico caracterizado pela Primeira Guerra Mundial, tinha-se uma
noção clara de que o mercado deveria autoregulamentar-se. Essa perspectiva liberal foi
deixada de lado pela necessidade de o Estado intervir no ambiente econômico.

C) DELIMITAÇÃO DO PÚBLICO E DO PRIVADO

A reformulação de institutos jurídicos criou uma confusão no ordenamento acerca da


divisão do público e do privado. Até o momento da instituição das normas econômicas,
não havia interferência do poder público dentro da esfera de mercado, totalmente privada.
O Estado, a partir do momento em que passa atuar em ambiente que até então era
visto como privado, passa a atuar com novas competências. Seu objetivo é claramente
delimitado a exercer suas atividades em prol da manutenção do interesse público em
suas diversas modalidades.

D) DESAFIOS DA POLÍTICA ECONÔMICA

Após seu estabelecimento, a política econômica encontra a sua frente o desafio de


conciliar diretrizes para lidar com o desemprego, com o comércio internacional, o nível de
solvência, a moeda, o crédito, a inflação, o nível de produção, etc. É necessário, por parte
dos governos, estabelecerem-se diretrizes governamentais que alcancem crescimento,
diminuam a inflação, aumentem a credibilidade interna e externa, atinjam metas de
desemprego e, enfim, elevem o poder de compra da população. Esse processo todo
acontece por meio da progressiva regulamentação da economia.

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3.  Direito Econômico como Ramo e Método

O Surgimento de Novas Perspectivas


A partir do surgimento do direito econômico, novas perspectivas de organização são
formadas:
"" Estado Liberal: O liberalismo econômico é uma teoria que se baseia na organização econômi-
ca de maneira individualista, tentando ao máximo esquivar-se de decisões econômicas de entes
públicos ou organizações coletivas. O principal pressuposto da ideologia liberal é a emancipação da
economia de qualquer dogma externo a ela mesma. A política econômica aclamada por essa teoria
baseia-se em deixar que a harmonia econômica se estabeleça e mantenha-se naturalmente.
"" Estado Pós-Liberal: No estabelecimento dos estados pós-liberais, a concepção da harmonia na-
tural da esfera econômica é deixada de lado. A ideia de transformação e movimentação do Estado
é estabelecida, passando a atuar ativamente na economia, influenciando o progresso econômico e
o desenvolvimento e equilíbrio da economia.

Formas de Compreensão do Fenômeno Jurídico


O fenômeno jurídico pode ser analisado sob diferentes óticas, podendo ser visto como
ramo ou como método.

A Análise do Fenômeno como Ramo


A compreensão do direito econômico como um ramo do direito pela ideia do jurista
Gilberto Bercovici implica uma concepção exclusivamente jurídica na análise das primeiras
formas teóricas do direito econômico.

A concepção de Hedermann de direito econômico é que ele é um novo ramo do Direito,


dotado de técnica e de instituições originais – observação de novas conjunturas e relações
jurídicas marcadas por conteúdo econômico.

Gérard Farjat, por sua vez, afirma que o direito econômico é uma ramificação do direito
que ultrapassa categorias jurídicas tradicionais, abrangendo o direito de vários ramos
clássicos da matéria.

A ideia do fenômeno jurídico como ramo pode ser definida pela seguinte frase:

“Direito das atividades econômicas, englobando todos os institutos referentes à produção


e à circulação das riquezas”

O direito econômico é, portanto, um ramo que se compõe das normas jurídicas que
regulamentam a produção e circulação de bens e serviços, sempre na observância do
desenvolvimento econômico do país.

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AUTONOMIA DO DIREITO ECONÔMICO

A Constituição Federal de 1988, em seu art. 24, I, enuncia que é competência da União,
Estados e Distrito Federal legislar concorrentemente acerca do direito econômico.

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

I – direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;

Ao município não há delegação específica de normatização do direito econômico, porém, há que a


Constituição Federal afirma que os municípios têm a competência de legislar sobre assuntos de interesse
local e suplementar as legislações estadual e federal quando necessário em seu art. 30, I e II.

CRÍTICAS À TEORIA DO RAMO

Essa concepção do fenômeno jurídico sofre algumas críticas pelo seu caráter
exclusivamente formal, que desconsidera, em sua leitura, qualquer contato com a
realidade fenomenal do direito. Essa doutrina também é criticada pelo seu excesso de
apego às doutrinas puras do direito.

Análise do Fenômeno como Método


A forma de compreensão do fenômeno jurídico econômico como método preocupa-
se com a utilidade funcional do direito e sua constante renovação. Admite-se, aqui, a
existência dos instrumentos jurídicos como maneira de lidar com a economia, regulando-
se as instituições jurídicas de controle. Esse controle é feito através de um estudo de
técnicas que avalia o potencial de determinadas decisões e como estas são acatadas
pelos agentes da esfera econômica.

Fábio Comparato define o fenômeno jurídico como um conjunto de técnicas de que


o Estado lança mão na realização da política econômica. Essas técnicas, para o autor,
são planos e organismos de planejamento econômico e instrumentos de execução de
política econômica.

Eros Grau defende a ideia da concepção do direito econômico como um


método de análise do direito a partir da compreensão dele como parte
da realidade social, incorporando em sua análise os demais fatores sociais.
A teoria desenvolvida pelo jurista elucida ainda o caráter contrafático do direito, isto é, a
capacidade do direito econômico de instrumentalizar a política econômica. É por meio
dessa instrumentalização das políticas econômicas que o direito econômico encontra
em seu fim uma capacidade de mudar a realidade.

Norbert Reich, por sua vez, defende dupla natureza da instrumentalidade do direito
econômico, afirmando que este oferece instrumentos para a organização do processo
econômico capitalista do mercado bem como pode ser utilizado pelo Estado como

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instrumento de influência, manipulação e transformação da economia. O jurista, portanto,
defende o direito econômico como organizador e como operador da esfera econômica
de sua jurisdição.

CRITICAS À TEORIA DO MÉTODO

A crítica que é estabelecida a essa forma de compreensão do fenômeno jurídico é


que o desapego às tradições essencialmente dogmáticas do Direito, justamente pela
preponderância de aplicações técnicas dos instrumentos jurídicos, pode elencar um
quadro de possível enfraquecimento epistemológico.

Função do Direito Econômico


O direito econômico é um conjunto de normas de conteúdo econômico presentes
no ordenamento jurídico. Essas normas visam, pelo princípio da economicidade, a
assegurar a defesa e a harmonia dos direitos individuais e coletivos, e, acima de tudo,
a regulamentar a atividade dos agentes econômicos por meio da aplicação da política
econômica definida pela legislação.

No aspecto formal, o direito econômico possibilita o estudo sistemático de matérias


que dificilmente se encontrariam dogmaticamente enquadradas nas demais matérias
do Direito. O direito econômico adquiriu características que recebem destaque ao longo
de seu desenvolvimento. Dentre essas características, elencam-se como principais a
dinamicidade, a economicidade e a mobilidade.

Já em relação ao aspecto finalístico, o direito econômico tem como função o estímulo


constante ao aperfeiçoamento das instituições em função de seus objetivos concretos.
Portanto, a finalidade da matéria é organizar e conduzir a economia, estabelecendo o
equilíbrio entre os poderes do Estado e os demais agentes econômicos.

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4.  Principais Vieses do Direito Econômico

Desafios do Neoliberalismo
PERSPECTIVA MICROECONÔMICA: LAW AND ECONOMICS

A microeconomia analisa a formação de preços no mercado, isto é, como os mercados


e o consumidor interagem entre sí e decidem o preço e a quantidade de um produto ou
serviço.

"" Visão mais individual do Direito Econômico;


"" Política econômica é a política da racionalização da produção, visando à obtenção de máxima
eficiência distributiva e alocativa;
"" Necessidade de disciplinar-se o uso de recursos escassos por meio de comportamentos estra-
tégicos;
"" Busca do arranjo normativo mais eficiente (melhor alocação de recursos);
"" Legislador estaria condicionado às regras de funcionamento da economia, que não poderia ser
manipulada pelo direito ou política;
"" Custos de transação: são os custos totais de uma transação. Os teóricos da law and economics
agregam, em suas perspectivas, o afastamento dos custos de transação na tentativa de demonstrar
que determinada diretriz seja mais eficiente que outras.
"" Decisões mais eficientes são derivadas de um pensamento hegemônico?

PERSPECTIVA MACROECONÔMICA

Essa perspectiva leva em conta o caráter duplo do direito econômico, em que sua
instrumentalidade se manifesta como mecanismo tanto de controle quanto de
compreensão da economia.

O ramo da macroeconomia ocupa-se com a análise do comportamento de grandes


fatores econômicos, como a renda e produtos, emprego, estoque de moeda, taxa de
câmbio, entre outros. Podemos elencar algumas das principais metas da macroeconomia:
estabilização de preços, baixa das taxas de desemprego e expansão econômica.

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