Você está na página 1de 16

UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE LETRAS E HUMANIDADES

CURSO DE LICENCIATURA EM DIREITO

BIJÚ CARLOS GONÇALVES


DÉRCIO JOSÉ SALATO
REALINO OLIVEIRA MUNDEFO NHAMPA
RITA DA ROSA NACUCULA
SÓNIA OLÍMPIO CARLOS
TEQUIMO VENÁCIO EDUARDO
ZITO AUGUSTO OFINAR

Órgãos Provinciais Descentralizados: os Governadores

Provinciais e as Assembleias Provinciais.


Quelimane

2022
BIJÚ CARLOS GONÇALVES
DÉRCIO JOSÉ SALATO
REALINO OLIVEIRA MUNDEFO NHAMPA
RITA DA ROSA NACUCULA
SÓNIA OLÍMPIO CARLOS
TEQUIMO VENÁCIO EDUARDO
ZITO AUGUSTO OFINAR

Órgãos Provinciais Descentralizados: o Governador


Provincial e a Assembleia Provincial.

Trabalho em grupo a ser submetido à Faculdade de Letras


e Humanidades - Universidade Licungo, Curso de Direito,
como requisito para a avaliação na disciplina de Direito
Administrativo I.

Docente: Dr. Júlio de Morais

Quelimane

2022
Índice

1. Introdução...............................................................................................................................3
2. O conceito de Constituição Económica..................................................................................4
3. As constituições económicas de Moçambique.......................................................................4
3.1. Constituição Económica de Transição-Pré- Constituição (20 de Setembro de 1974).....5
3.2. A Constituição Económica da Independência de 1975 (Constituição do Tofo), a de
1975.........................................................................................................................................7
3.2.1. O carácter proclamatório da Constituição da República Popular de Moçambique...8
3.3. A Constituição Económica intercalar ou do PRES..........................................................9
3.4. A Constituição Económica de 1990, revista em 2004...................................................10
3.5. A Constituição Económica de 2004...............................................................................11
4. Conclusão..............................................................................................................................13
3

1. Introdução
O trabalho que nos é presente surge no âmbito da disciplina de Direito Económico e é
intitulado a Constituição Económica de Moçambique, tendo como objectivo geral
compreender a Constituição Económica de Moçambique. Com efeito, para a concretização
deste objectivo-macro, o grupo se remete a efectuar uma análise das Constituições
Económicas Moçambicanas, desde a independência de Moçambique até à actualidade. Para a
materialização do objectivo geral acima referido, a presente pesquisa, visa, do ponto de vista
dos objectivos específicos, identificar, descrever e distinguir as Constituições Económicas de
Moçambique.

No que é respeitante à estrutura, o trabalho versa a presente introdução, na qual


apresentamos os aspectos que, desenvolvidamente, serão apresentados adiante, a seguir, a
pesquisa é constituída pelo desenvolvimento, parte em que serão abordados os conteúdos,
detalhadamente e, finalmente, a introdução, a parte na qual é a presentada a sua suma.

O trabalho foi elaborado com recurso à consulta bibliográfica ou seja doutrina e a


legislação atinente a ordem económica moçambicana.
4

2. O conceito de Constituição Económica


A Constituição Económica tem vários significados de acordo com vários autores,
casos de Menezes Cordeiro e Professor Vaz. Os primeiros passos para definir a Constituição
Económica começaram a ser dados pela Constituição de Weimer na Alemanha. Foi a partida
que se incluiu normas e princípios fundamentais da organização e da actividade económica,
nesta perspectiva distinguem-se dois conceitos: o primeiro o direito constitucional económico
e o segundo o direito administrativo económico.

A Constituição Económica é conjunto de normas e princípios constitucionais relativos


à economia ou seja, a ordem constitucional da economia. Formalmente, é a parte económica
da constituição do Estado, onde está contido o ordenamento essencial da actividade
económica, desenvolvida pelos indivíduos, pelas pessoas colectivas ou pelo Estado.

É esta a parte que nos interessa no estudo que passamos a desenvolver do Estado,
relativamente a Moçambique.

De forma doutrinária,Waty explica que o ordenamento referido é constituído pelas


liberdades, pelos direitos, deveres e responsabilidades destas entidades no exercício da
actividade económica. Nesse sentido a constituição económica é conformadora das restantes
normas da ordem jurídica da economia.

Esta conformação é feita através de normas estatutárias ou de garantia das


características básicas de um sistema que se pretende proteger (como as que garantem a
existência de um sector privado ou cooperativo), e de normas directivas ou programáticas
onde se apontam as suas principais linhas de evolução (como que incumbe o Estado de
promover o aumento do bem estar social e económico). Trata – se designadamente de normas
que conferem o direito ao exercício da actividade económica e enunciam as restrições gerais a
esse mesmo direito, além de colocarem à disposição do Estado um conjunto de instrumentos
que lhe permitam regular o processo económico e definir os objectivos a que essa regulação
deve obedecer.

3. As constituições económicas de Moçambique


A 25 de Abril de 1974, um golpe de Estado militar derrubou o regime inaugurado 48
anos ante por um outro movimento militar, em Portugal. A constituição de 1933 que tal golpe
5

derrubou, consagrava o princípio de hetero-regulação do mercado, com um modelo


corporativo caracterizado pelo reconhecimento da necessidade de intervenção dos poderes
públicos com carácter subsidiário e correctivo, pela afirmação de um princípio proteccionista
da economia nacional e um modelo de representação económica dos interesses e pela
acentuada limitação dos direitos dos trabalhadores, manifestação esta de um anti-liberalismo e
o carácter autoritário e anti-democrático. A revolução de Abril foi feita sob a tripla invocação
da democracia, desenvolvimento descolonização, por este movimento das forças armadas
foram tomadas medidas económicas orientadas por ideias socializantes, o esquema jus
económico do Estado Novo, teve o termo formal, em Portugal, a 25 de Abril de 1974, com o
golpe de Estado. Este movimento estabeleceu medidas imediatas e de curto prazo.

A 7 de Setembro de 1974, com a assinatura dos Acordos de Lusaka e o consequente


20 de Setembro, tomada de posse do Governo de transição, sem independência, nem
Assembleia Constituinte, houve reformas que alteraram substancialmente a constituição
económica.

No entender de Waty (2009: 103), o término da Constituição Económica do Estado


Novo, o 25 de Abril de 1974, cuja vigência estendia-se a Moçambique, propiciou o
encetamento de um movimento de constitucionalização económica que conta hoje com quatro
grandes fases na história das constituições económicas:

a) A Constituição Económica de Transição (Pré- Constituição);

b) A Constituição Económica da Independência (Constituição do Tofo), a de 1975;

c) A Constituição Económica intercalar ou do PRES;

d) A Constituição Económica de 1990, revista em 2004. Waty, p.104

3.1. Constituição Económica de Transição-Pré- Constituição (20 de Setembro de 1974)


Esta Constituição seria integrada por um conjunto de princípios, normas e
instituições que se foram definindo e que se consagram na Constituição de 1975,pois foram
tomadas um conjunto de medidas, tais como, a afirmação de direitos sociais e laborais;
disposições limitativas ou restritivas do direito de propriedade; disposições tendentes a
estabelecer uma reforma agrária; situações de facto, toleradas ou incentivadas pelo poder, de
6

ocupação de empresas; protecção do trabalho; repressão de delitos anti-económicos (o boato e


a sabotagem). Waty (2009:112)

Waty (2009:113), considera que este conjunto de medidas, não constitui uma
verdadeira Constituição Económica, mas influenciou fortemente o futuro texto constitucional.
É uma Pré-constituição Económica porque este conjunto de medidas jus económicas abriu
caminho e bem influenciou aquilo que viria a ser o texto constitucional do Tofo.

Antes do governo de transição, havia uma ordem jurídica económica, a do antigo


regime que não foi de imediato, substituída por uma nova ordem que não resultou nem do
texto do programa do movimento das forças armadas, nem dos acordos de Lusaca, nem da
legislação fragmentária por vezes contraditória, produzida no período seguinte a 25 de Abril
ou a 20 de Setembro de 1974. Waty,p.113

O teor jus económico dos acordos de Lusaca, na sua alínea e), in princípio, do ponto
5, outorgava ao governo de transição a competência de gestão económica do território, o que
efectuaria, nomeadamente, estabelecendo as estruturas e os mecanismos de controlo em
ordem ao alcance de uma economia moçambicana independente e desenvolvida. Waty,p.113

Destarte, vigorou, em Moçambique, no pós revolução dos cravos alguma Constituição


Económica sobretudo material, tal reconduzir-se-ia, para além dos preceitos basilares
remanescentes do antigo regime, à conteúdos de actos e discursos juridicamente vinculados
provindos do poder de autoridade pública suprema instituído e a conteúdo relevante dos
acordos de Lusaca. Waty,p.113

Simplesmente, só há uma constituição vigente se houver Estado constituído. O Estado


moçambicano era então não mais do que um projecto quando muito em avançado estado de
concepção, sem constituição. A verdade é apenas uma: num período de transição à Estado, ou
à independência, ou ainda numa fase de pré- Estado, houve uma Pré-Constituição Económica,
de transição à Estado, jamais uma verdadeira Constituição Económica. Waty,p.114

Em sentido próprio e rigorosamente, a primeira Constituição Económica de


Moçambique data de 25 de Junho de 1975. Waty, p.114.
7

3.2. A Constituição Económica da Independência de 1975 (Constituição do Tofo), a de


1975
A Constituição do Tofo, elaborada num determinado contexto em que a
transformação e a mudança eram valorizadas, consagrou um conjunto de princípios e normas
aptos a permitirem a construção de um determinado modelo de futura sociedade. WATY,114

A Constituição da República Popular de Moçambique, de 1975, assenta numa


contradição de princípios que a revisão de 1990 vem minorar, sem a evitar completamente.
Esta contradição perante a teoria interpretativa e a aplicativa não prejudicou o seu curso
tendo, em face dos conflitos, prevalecido, o princípio socialista. waty,p.117

Na interpretação e na aplicação da constituição devia ser-se maleável, como forma de


laborar as contradições. O artigo 3 da CRPM, evitava a proliferação de bloqueios que
obrigariam a sucessivas revisões da constituição.

A maleabilidade conduziu a que o compromisso entre as forças mais moderadas e as


mais radicais da Assembleia Constituinte do Tofo se fizesse através da proclamação de
objectivos moderados, mas há consagração de soluções e práticas revolucionárias. Waty,p.118

Quanto à estrutura de propriedade dos meios de produção, encontra-se mais uma vez,
uma solução compromissória, pressupondo uma coexistência da propriedade pessoal, privada,
cooperativa e pública, com tendencial supressão do sector privado. Há uma evidente restrição,
muito significativa, às instituições fundamentais do capitalismo, como a propriedade privada e
a liberdade económica. Waty, p.118.

Com a proclamação da independência nacional (1975) entrou em vigor a primeira


Constituição da República na qual se vislumbra uma orientação tendencialmente socialista,
que se tornou efectiva, a partir de 1977, quando a Frelimo proclamou no seu III congresso, ser
um partido de orientação Marxista-Leninista. Em termos gerais, essa orientação manifestou-se
pela subordinação do poder económico ao político, pela apropriação estatal dos meios de
produção e por via da planificação central da economia. Waty, 244.

A aposta do Estado era tomar a agricultura como base e a indústria como factor
dinamizador e decisivo do desenvolvimento económico do país. Waty, 274.

Em 1977, é aprovado o decreto-lei nº 17/77, que estabelecia as normas de


organização e funcionamento das empresas estatais, o qual foi revogado pela lei 2/81, de 10
8

de Setembro cujo objectivo foi de integrar tais unidades económicas no desenvolvimento de


uma pretensa economia socialista. As intervenções foram seguidas mais tarde pelas
nacionalizações que vão formalizar juridicamente o sector empresarial do Estado.

O artigo 10 da CRPM, consagra que o sector estatal deve ser o mais dominante da
economia do país. Na fase de transição para o socialismo, era de máxima importância o papel
a desempenhar pelas empresas estatais. Neste contexto, as empresas estatais assumiam uma
função primordial na construção da base material avançada para a edificação de uma nova
sociedade e para o acelerado desenvolvimento económico planificado. Waty, 204

3.2.1. O carácter proclamatório da Constituição da República Popular de Moçambique


A partir de 1977 a Constituição de 1975 embora mantendo a letra, conduz à uma
prática de índole marxista, embora o texto não fosse compatível com o das constituições
marxistas existentes no leste europeu. Waty, 119.

A prática legislativa e governamental era num sentido bastante afastado daquele que
resultaria de uma leitura rigorosa das disposições da Constituição Económica por aqueles que
nela queiram ver residentes princípios menos socialistas ou seja, aqueles que queiram fazer
leituras mais liberalizantes da Constituição Económica de 1975.

A Constituição da República Popular de Moçambique de 1975, no seu artigo 9, alínea


b), artigo 40, artigo 54, no seu número 3, prevê planos anuais de desenvolvimento económico
de Moçambique. O primeiro plano foi concretizado pelo decreto nº 33/74, de 31 de Dezembro
que aprovava e punha em execução o Orçamento Geral de Moçambique para 1975,aprovado
pelo Governo de Transição. Após a independência através do Plano Prospectivo Indicativo,
como sua parte orgânica, foram concebidos os Planos Estatais Centrais (PEC).

Em conformidade com Waty (2009:334), o Plano Prospectivo Indicativo (1980-


1990), era tomado como instrumento na base do qual se organizam recursos para o
desenvolvimento do potencial agrário e industrial do país, para a elevação da vida do povo e
reforço da capacidade defensiva.

Entre outras principais tarefas, o PPI visava a promoção da socialização da


agricultura e lançar as bases da sua industrialização. Waty,335.
9

O PPI definia uma concepção única de desenvolvimento planificado da economia nacional


para a década de 1980 a 1990, e concretizava as prioridades de desenvolvimento de alguns
ramos e âmbitos ao longo da década, tomando em conta a situação sócio-ecónomica de 1980,
como base inicial do desenvolvimento da época. (waty,335)

3.3. A Constituição Económica intercalar ou do PRES


Na década entre 1970 e 1980/81, a economia moçambicana regrediu em todas as
áreas de desenvolvimento. (Manual UCM, P.157).

Na mesma senda, Waty (2009) afirma que nos primeiros anos da década 80, a
economia moçambicana começou a decair.

Como causas desta crise, apontam-se os efeitos da crise nos mercados


internacionais, a crise da descolonização (1974-77), os efeitos das sanções económicas à
Rodésia do Sul (1976-80), a eclosão do conflito armado, a opção pela economia centralmente
planificada e medidas políticas inadequadas às condições económicas e sociais do país.
(Manual UCM,P.157).

A crise crescente levou os governantes do Estado a solicitarem a entrada do país


para o Banco Mundial (BM) e para o Fundo Monetário Internacional (FMI), em 1984. As
instituições da Bretton Woods condicionaram a admissão de Moçambique à realização de um
Programa de Reajustamento Estrutural para a abertura de espaço para a iniciativa privada, a
restruturação das empresas estatais ou até a sua privatização, cortes nos gastos públicos e
apoio financeiro ao sector privado. Em 1984, o partido Frelimo anunciou no seu IV
congresso, o abandono do Marxismo-Leninismo.(Waty,2009, p,245).

O Programa de Reabilitação Económica começou a ser aplicado em Janeiro de 1987,


e foi um meio-termo de Moçambique conseguir financiamentos externos e alterar as alianças
internacionais com o objectivo de sustentar a crise económica e alcançar a paz. (Manual
UCM,P.157)

Do período de transição até pouco antes da implementação do PRES se destacam as


nacionalizações que levam à criação de empresas estatais. No sentido contrário, há um
processo de privatizações, a partir de 1987,que leva a criação, entre outras, de empresas
públicas e empresas mistas.
10

No âmbito do PRE, para aplicar e coordenar o programa de privatização, foi criada,


através do Diploma Ministerial nº 87/92, a UTRE, Unidade Técnica Para a Reestruturação das
Empresas, sob tutela das finanças. (Manual UCM,P.161)

O PRE foi transformado em PRES, este último tomava mais em consideração as


dimensões sociais da reabilitação económica acentuando mais na luta contra a pobreza e o
desenvolvimento da estrutura física e social das zonas rurais. (Manual UCM,P.165)

Os princípios consagrados no PRE e no PRES, para além de economicamente


poderem parecer ter uma dose pronunciada de inconstitucionalidade, a solução que eles
consubstanciaram é a admissão da reprivatização da titularidade ou do direito de exploração
dos meios de produção e ou outros bens antes nacionalizados. (Waty,2009,p. 119)

3.4. A Constituição Económica de 1990, revista em 2004


Na verdade a Constituição Económica de 1990 é decorrente da Constituição Intercalar
ou do PRES.

O Artigo 41, no seu nº 1, estabelece que a ordem económica da República de


Moçambique assenta na valorização do trabalho, nas forças de mercado, na iniciativa dos
agentes económicos, na participação de todos os tipos de propriedade e na acção do Estado
como regulador e promotor do crescimento e desenvolvimento económico e social, visando a
satisfação das necessidades básicas da população e a promoção do bem-estar social.

A Constituição Económica de 1990 prevê diversas formas de propriedade. O artigo


41, no seu nº 2, consagra que a economia nacional compreende os seguintes tipos de
propriedade: propriedade estatal, propriedade cooperativa, propriedade mista e propriedade
privada.

Foram aprovados os Planos Económicos e Sociais (PES), pela Assembleia da


República, ao abrigo da alínea h), do nº 2 da CRM de 1990. Em uma fase posterior, foram
aprovados os Programas Quinquenais do Governo que substituíram as directivas económicas
e sociais vigentes na planificação durante o período monopartidário. (vide artigo 188 da
mesma constituição).
11

3.5. A Constituição Económica de 2004.


Na ordem da economia constitucional de 2004 está contido o ordenamento essencial
da actividade económica dos indivíduos, das pessoas colectivas e do Estado, o conjunto de
normas que conferem o direito ao exercício de actividades económicas, das restrições gerais,
de instrumentos reguladores do processo económico e a definição dos objectivos da regulação
à disposição do Estado. (Waty,2009,p.122)

A Constituição de 2004 consagra um modelo de economia subjacente de equilíbrio


entre a economia de mercado e o interesse público e social, previsto no título IV, Organização
económica, social, financeira e fiscal, nos artigos 96, números 1 e 2 da CRM de 2004.

No que está estabelecido no artigo imediatamente citado anteriormente, nota-se a


consagração constitucional duma democracia económica e social, a subordinação do poder
económico ao poder político e a pluralidade e coexistência de três sectores de actividade
económica ou sectores de propriedade de meios de produção, como é o sector público,
constituído pelos meios de produção cuja propriedade ou gestão pertencem ao Estado ou a
outras entidades públicas; o sector privado, constituído pelos meios de produção cuja
propriedade ou gestão pertence à pessoas singulares ou colectivas privadas; e o sector
cooperativo e social que compreende, especificamente, os meios de produção comunitários,
possuídos e geridos por comunidades locais, os meios de produção destinados à exploração
colectiva pelos trabalhadores e os meios de produção possuídos ou geridos por pessoa
colectivas, sem carácter lucrativo, que tenham como principal objectivo a solidariedade
social, designadamente entidades de natureza mutualista. (Waty,2009,p,122)

O artigo 97, estabelece os princípios fundamentais da organização económica e


social da República de Moçambique, o artigo 98,estabelece a constituição da propriedade do
Estado, ambos da CRM de 2004.

A CRM de 2004, no capítulo V, sobre direitos, liberdades e garantias, delimita a


esfera de liberdade e a protecção de que dispõem os diferentes intervenientes ou sujeitos do
processo económico, limitando os seus direitos. Nos artigos 35, 36 e 37, da CRM de 2004,
reconhecem-se os direitos dos cidadãos. A mesma constituição, no seu artigo 45, estabelece
os deveres económicos dos cidadãos. Os cidadãos gozam da liberdade de associação para a
prossecução dos seus objectivos económicos (artigo 52 da CRM, 2004).
12
13

4. Conclusão
A constituição económica de Moçambique compreende quatro fases, a mencionar, a
constituição económica da época antes da independência, a chamada constituição económica
de transição ou pré-constituição, a Constituição Económica da Independência de 1975
(Constituição do Tofo), a de 1975, a Constituição Económica intercalar ou do PRES e a
Constituição Económica de 1990, revista em 2004.

A constituição económica de transição é referente ao período antes da independência


de Moçambique e foi concebida numa altura em que não existiam o Estado moçambicano,
sendo que este era um projecto do partido Frelimo. Desta forma, não havia nenhuma
constituição, e como tal, parece não se falar em constituição económica. No entanto, foram
tomadas medidas económicas que serviram de base para a elaboração da constituição de 1975.

A constituição económica de 1975, se condiz com o modelo económico do socialismo,


foram tomadas medidas económicas para a nacionalização ou estimação de vários sectores da
economia. No final da década 80,introduziu-se o PRE, rumo as privatizações e por
conseguinte, ao modelo capitalista, concretizado pela constituição económica de 1990.

Já com a constituição de 2004,introduziu-se uma economia liberal mista. Foram


concebidos planos de desenvolvimento económico e social (PESs), iniciados na década de
1990 e de 2004 para cá, passaram a ser considerado planos quinquenais de governo.
14

Referências bibliográficas

Mosca, J. (2005), Economia de Moçambique, Lisboa.

UCM, Manuel de Curso de História de Moçambique: História Económica IV, Beira.

Waty, T. (2009), Direito Económico, Maputo-Moçambique, W&W editora.

Legislação

Constituição da República Popular de Moçambique de 1975.

Constituição da República de 1990.

Constituição da República de 2004.

Você também pode gostar