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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Curso de Licenciatura em Direito

Cadeira: Direito Administrativo

Sistemas Administrativo Moçambicano

Nome do Estudante: Ernesto Geraldo

Código: 91230343

Pemba, Março 2024


Índice
Introdução..........................................................................................................................3
1.Os Sistemas Administrativo Moçambicano...................................................................4
1.1. Perspectiva histórica...................................................................................................4
1.2. Primeira Constituição Moçambicana.........................................................................5
1.3. Tribunal Administrativo.............................................................................................6
1.4. Súmula histórica da Administração Pública Moçambicana.......................................7
1.5. Fases da administração pública nacional....................................................................7
1.5.1. A pré-fase................................................................................................................8
1.5.2. A primeira fase (1975 – 1983).................................................................................8
1.5.3. A segunda fase (1983 – 1990).................................................................................8
1.5.4. A terceira fase (1990...)...........................................................................................9
Conclusão........................................................................................................................10
Referencia Bibliográfica..................................................................................................11
Introdução
O presente trabalho é referente o sistema Administrativo Moçambicano, onde começarei
primeiro por definir os sistemas Administrativos na sua generalidade. De seguida
abordarei sobre a caracterização do sistema administrativo moçambicano, a súmula
histórica da administração pública moçambicana que é acompanhada de três fases, e por
fim debruçarei sobre a sujeição da Administração Pública a normas jurídicas diferentes
das do Direito privado. O sistema Administrativo Moçambicano é caracterizado por ser
um sistema fortemente executivo, ou de contencioso administrativo. Foi inicialmente
influenciado pelo Direito colonial português, recebido em 1975 pela constituição ao
referir no seu artigo 71 queː A legislação anterior no que não for contrário a constituição
mantém-se em vigor até que seja modificada ou revigorada. Assim, nascerem as
estruturas administrativas que deviam sustentar o desenvolvimento do sistema de
administração executiva em Moçambique.

Objectivos Objectivo geral

 Contextualizar o sistema Administrativo Moçambicano


Objectivos Especifico
 Explicar como é caracterizado o sistema Administrativo Moçambicano;
 Descrever a súmula histórica da Administração Pública e as suas três fases que
compõe;
 Descrever os princípios norteadores do sistema administrativo moçambicano.

Metodologia
Para o alcance dos objectivos propostos, será necessário o uso da pesquisa bibliográfica,
tendo uma abordagem qualitativa, pois, esta abordagem tema capacidade de explicar e
descrever o sistema Administrativo Moçambicano de uma forma claras concisa. Quanto
a metodologia usada para elaboração deste trabalho foi necessária a consulta de obras
bibliográficas e pesquisas feitas na internet, que consistiu na leitura e interpretação dos
dados para compilação da informação para o trabalho. Quanto a metodologia usada para
elaboração deste trabalho foi necessária a consulta de obras bibliográficas e pesquisas
feitas na internet, que consistiu na leitura e interpretação dos dados para compilação da
informação para o trabalho.
Conceitos básicos

Sistema Administrativo

Neste contexto, Silva, (2019) define o ʺsistema Administrativo como um modo jurídico
típico de organização, funcionamento controlo da Administração Pública.ʺ

1.Os Sistemas Administrativo Moçambicano


O sistema administrativo moçambicano é caracterizado por ser um sistema fortemente
executivo, ou de contencioso administrativo. Foi inicialmente influenciado pelo Direito
colonial português, recebido em 1975 pela constituição ao referir no seu artigo 71 que:
A legislação anterior no que não for contrário à constituição mantém-se em vigor até
que seja modificada ou revigorada. (Forquilha & Pereira, 2019).

1.1. Perspectiva histórica


Com efeito, a política de assimilação das colónias portuguesas, em geral, e da de
Moçambique, em particular, ao regime da organização administrativa da metrópole fez
com que as colónias tenham sido consideradas como simples províncias do reino —
províncias ultramarinas— a que se aplicavam com ligeiras alterações as leis feitas para
o continente, os critérios de administração e os planos de governo estabelecidos e
traçados para a metrópole.
Segundo Macie et al. (2012 ,p.1),salienta que:
A Portaria Provincial n.º 395, de 18 de Fevereiro de 1856, vai considerar em vigor na
província ultramarina de Moçambique o Código administrativo de 1842, Assim, o
sistema de administração executiva foi importado em Moçambique através da aplicação
deste Código. Alguns anos depois, o Decreto de 1 de Dezembro de 1869, que constituía
a segunda Carta Orgânica das colónias, estendeu a entrada em vigor do referido Código
a todas as províncias ultramarinas. O território colonial português era dividido em seis
províncias. As províncias dividiam-se em distritos e estes em concelhos.
Em Moçambique havia um Governador-Geral e nos distritos governadores subalternos.
Junto ao Governador-geral existiam: o Conselho de Governo constituído pelos
principais funcionários da administração central da colónia e pelo presidente da Câmara
Municipal da capital. Havia ainda um Conselho de Província, que era um tribunal
administrativo.

Sendo assim, nascerem as estruturas administrativas que deviam sustentar o


desenvolvimento do sistema de administração executiva em Moçambique. Várias
reformas da administração colonial entraram em vigor posteriormente, mas nenhuma
tinha posto em causa a ratio do sistema que continuou a ser norteado pelos princípios
organizativos do regime administrativo. Moçambique torna-se independente no dia 25
de Junho de 1975. (Macie, 2012).

1.2. Primeira Constituição Moçambicana


Segundo Bonate, (2010), a primeira Constituição Moçambicana aprovada no dia 25 de
Junho de 1975 instituiu uma democracia popular que tem como objectivos fundamentais
"a edificação (...) e a construção das bases material e ideológica da sociedade
socialista".

Assim, a referida opção política concretizou-se na total subordinação da sociedade civil


("o povo") ao Estado, e deste ao partido FRELIMO, partido único, cujo papel dirigente
é consagrado sem equívocos pela Constituição de 1975; o que é totalmente conforme à
concepção do Estado na ideologia marxista-leninista. Qual seria a influência do novo
regime político sobre a organização administrativa e o funcionamento do sistema de
administração executiva ainda existente?
A “transição administrativa” nos Estados novos: "numa primeira fase transitória, estes
Estados têm tendência em imitar as instituições da metrópole para preencher o mais
rapidamente possível o vazio jurídico perante o qual se encontram. Este primeiro
período caracterizado por uma importação das instituições é geralmente breve. Muito
rapidamente, numa segunda fase, estes Estados são levados a afastar-se do seu modelo,
a reorganizar as suas estruturas políticas e administrativas no sentido de uma melhor
adaptação, e a procurar, ou melhor, a inventar métodos de acção original, destinados a

fazer face aos seus problemas e, em particular, ao desenvolvimento". (Tavares,


1992).
Inventar métodos de acção original, destinados afazer face aos seus problemas,
Particular, ao desenvolvimento", Na edificação da sociedade socialista, que vai
constituir a finalidade dos novos governantes, o direito não pode ser um
constrangimento ou um entrave à construção de novas relações sociais: ele subordina-se
à política e, por consequência, aos imperativos de defesa e de consolidação do
socialismo.
A acção da Administração encontra-se desligada de constrangimentos jurídicos
demasiados estritos, implicando isto um reforço da sua capacidade de acção. Além
disso, o centralismo democrático favorece, em definitivo, a emancipação política da
Administração, pelo facto de que os órgãos do executivo desempenham um papel
essencial na preparação das decisões. Assim, houve um desenvolvimento do aparelho
do Estado com o cuidado de respeitar uma "legalidade administrativa". Um outro
elemento importante a considerar é relativo à estrutura da organização administrativa -
movida pelo princípio de legalidade socialista- que se instalou progressivamente depois
da independência da colónia.

Na visão de Tavares (1992) salienta que quando se observa, nos seus princípios
organizacionais, os regimes administrativos da Colónia e do Estado novo, pode
considerar-se que não houve verdadeiramente rotura brutal de regime, mas, antes pelo
contrário, uma certa continuidade. Algumas estruturas administrativas locais, até bem
pouco tempo, funcionavam, apesar das mudanças radicais na sociedade moçambicana,
com modos organizativos herdados da potência colonial. Na verdade, a transição não foi
difícil.
A produção de normas jurídicas pelo aparelho de Estado com a finalidade de trazer à
Administração a unidade, fiel executora das orientações decididas pelo partido
FRELIMO, permitiu desenvolver um certo gosto pela racionalidade formal. Tanto como
na ordem jurídica liberal, a ordem jurídica socialista implica que o conjunto dos órgãos
da administração do Estado devem respeitar e aplicar as normas superiores lavradas
pelos detentores do poder de Estado.
Os sistemas continuam caracterizados pela hierarquia das normas. Assim, o terreno
mantinha-se fértil para o desenvolvimento do sistema de administração executiva em
Moçambique. A partir dos anos 90 e até hoje, o fenómeno administrativo evolui
progressivamente no sentido do desenvolvimento e consolidação do sistema de
administração executiva ou regime administrativo. Em primeiro lugar, é a afirmação
constitucional da dualidade de ordens jurisdicionais.

1.3. Tribunal Administrativo


Segundo Macalane, at al, (2021, p. 127) o Tribunal Administrativo é expressamente
consagrado na Constituição de 1990 e Constituição de 2004 confirma a sua
constitucionalização, clarifica as suas relações com a jurisdição comum e abre a porta a
criação de “tribunais administrativos” de hierarquia inferior.
Em segundo lugar, iniciou-se um verdadeiro processo de reforma estrutural de grande
amplitude. Primeiro, esta reforma consistiu numa democratização das estruturas
administrativas. Em particular, a implementação do processo de descentralização
administrativa, a partir de 1997, teve por consequência o surgimento de uma verdadeira
democracia política ao nível local.

Do mesmo modo, a introdução de um processo de desconcentração ao nível das


estruturas locais do Estado, a partir de 2004, contribuiu para incentivar o
desenvolvimento local e uma melhor participação dos cidadãos neste processo, mesmo
se, na prática, várias resistências ainda estejam vivas.
Em terceiro lugar, as reformas do procedimento administrativo e do processo
administrativo contencioso, em 2001, contribuíram para facilitar e agilizar as relações
contenciosas e não contenciosas susceptíveis de se estabelecer entre os administrados,
utentes dos serviços públicos e particulares em geral, e as administrações do Estado ao
nível central e local e administrações autárquicas. Assim sendo, pode-se afirmar, sem
dúvida, que Moçambique é um país com regime administrativo. Nesta perspectiva,

como analisar o seu Direito Administrativo? (Forquilha e Pereira, 2019, p. 10).

O regime administrativo integra vários princípios essenciais, contudo, com a finalidade


de concentrar o objecto deste estudo sobre o essencial apenas dois princípios serão
desenvolvidos que constituem as peças chaves do sistema de administração executiva: a
sujeição da Administração Pública a normas jurídicas diferentes das do Direito Privado
(I) e a existência de uma jurisdição administrativa especializada (II). É ao abrigo desses
dois princípios que será analisado o regime administrativo moçambicano.

1.4. Súmula histórica da Administração Pública Moçambicana


Segundo Hansen (citado por Sousa, 1994, p. 534) argumenta que, a administração
pública moçambicana sofreu grande influência do sistema português por razões
sobejamente conhecidas.
Assim que o estado moçambicano nasceu a 25 de Junho de 1975, quanto ao sistema
normativo não houve um corte imediato tendo a Constituição da República Popular de
Moçambique admitido, no seu Art. 71, a aplicabilidade da legislação colonial desde que
esta não fosse contrária aos princípios estruturados do novo estado. (Sousa,1994/95).

1.5. Fases da administração pública nacional


Ainda para Bonate, (2022), descreve que, a administração pública moçambicana é
constituída por três fases, porem existe um pré período, cuja análise se impõe ligada à
génese da FRELIMO, como esta estruturou as chamadas zonas libertadas, pois que esta
estrutura influenciou a primeira fase.
1.5.1. A pré-fase
Segundo Macalane, at al, (2021, p. 138) a pré-fase é caracterizada, igualmente, do lado
colonial pela aprovação de um conjunto de dispositivos legais que, nalguns dos casos,
poderiam ser classificados de dissimuladores e noutros dos casos, poderiam ser
classificados, tendentes a enganar a comunidade internacional, nomeadamente, a ONU,
que a partir de 1960, haviam aprovado um conjunto de medidas que estabeleciam e
reconheciam o Direito de autodeterminação dos povos oprimidos, nomeadamente:
 Lei n° 1/74 de 25 de Abril;
 Decreto – Lei n° 169/74 de 25 de Abril;
 Decreto – Lei n° 171/74 de 25 de Abril;
 Lei n° 2/74 de 14 de Maio;
 Lei n° 3/74 de 14 de Maio;
 Lei n° 6/74 de 24 de Julho;
 Acordo de Lusaka entre o estado português e Frente de Libertação de
Moçambique, em Lusaka, 7 de Setembro de 1974; e Lei n° 8/74 de 9 de
Setembro.

1.5.2. A primeira fase (1975 – 1983)


Em contraste a Macalane, at al, (2021, p. 127) a primeira fase é Caracterizada pela
proclamação da independência nacional a 25 de Junho de 1975 pelo presidente Samora
Moisés Machel, que marca a entrada em vigor da constituição da República Popular de
Moçambique, na qual optou-se por um modelo de administração pública socialista
baseada nos princípios de centralização e concentração de poderes, apoiado num único
partido.

1.5.3. A segunda fase (1983 – 1990)


Segundo Silva, (2019) salienta que a segunda fase tem o seu embrião no IV congresso
da FRELIMO, ano em que se reconheceu publicamente que o poder estava
excessivamente centralizado tendo se tornado sobredimensionado a nível central e
muito fraco em nível das províncias, distritos e cidades.

Na visão de Amaral (S/D) Neste sentido, foi empreendido um conjunto de reformas aos
níveis político, económico e social, nomeadamente:
 Reforma constitucional tendente a desacumular os poderes excessivos do
presidente da República: Assim cria-se o cargo de presidente da assembleia
popular e de primeiro-ministro através da Lei n° 4/86 de 25 de Julho. O governo
passou a ser dirigido por um primeiro-ministro (Art. 59).
 Introduziu-se o programa de reabilitação económica, particularmente, em 1987,
com o objectivo de liberalizar a economia e sucessivamente deixa-la orientar-se
para o mercado.
 Introduziu-se o processo de privatização da actividade administrativa, cujo
regime foi timidamente estabelecido pelo Decreto do conselho de Ministro n°
21/89, que aprovou o regulamento de empresas, estabelecimentos, instalações e
participações do estado.

1.5.4. A terceira fase (1990...)


Segundo Macalane, at al, (2021, p. 127) nesta fase inicia a 2 de Novembro de 1990 com
a aprovação da nova constituição da república.
Esta constituição vai exprimir, de forma expressa, o abandono da centralização e
concentração do poder administrativo numa única pessoa colectiva pública, o Estado;
abandona-se o plano central e orienta-se a economia para o mercado; o estado e o
partido são tidos como entidades diferentes; surge o multipartidarismo; os direitos e
liberdades fundamentais são ampliados; há clareza no regime político e no sistema de
governo; a administração pública passa a ser, claramente, objecto de controlo externo
por um tribunal especializado, O Tribunal Administrativo; a administração pública
assiste ao processo de privatização, cujo cume foi à aprovação da Lei n° 15/91, relativa
à reestruturação, transformação e redimensionamento do sector empresarial do estado.
Segundo Bonate, (2010), enfatiza que,
Em 4 de Outubro de 1992, é assinado o acordo geral de paz, em Roma, entre o
presidente da República, Joaquim Alberto Chissano e o líder da RENAMO Afonso
Dhlakama. Acordo domesticado na ordem jurídica interna através da Lei n° 13/92 de 14
de Outubro, como condição da sua eficácia. Em Maio de 1992, o governo aprovou o
programa de reforma dos órgãos locais que visava reformular a sistema de
administração local do estado.
No âmbito deste processo, foi aprovada a Lei n° 3/94 de 13 de Setembro, criando os
chamados distritos municipais, fruto do processo de descentralização, ora esboçado.
Regulamento de empresas, estabelecimentos, instalações e participações do estado.
Conclusão
Para concluir vimos que os sistemas administrativos na sua generalidade um modo
jurídico típico de organização, funcionamento e controlo da administração pública, e
que o sistema administrativo moçambicano é caracterizado por ser um sistema
fortemente executivo, ou contencioso administrativo, onde o mesmo sofre uma grande
influência do Direito colonial português recebido em 1975, como vimos o mesmo
ocorreu ao longo de três períodos, e também vimos que a sujeição da Administração
Pública a normas jurídicas diferentes da do direito privado, onde Governo é o único que
detém directamente a força pública. E por fim vimos que Direito Administrativo
Moçambicano é um direito que confere à Administração Pública prerrogativas sem
equivalente nas relações privadas e um sistema que impõe Administração sujeições
mais estritas do que aquelas a que estão submetidos os particulares.
Referencia Bibliográfica
Amaral, Diogo Freitas do, Curso de Direito Administrativo, Vol. I, II, III, IV,Almedina;

Bonate G., O. (2010).Tribunal Administrativo de Moçambique, Ed. Faculdade de


Direito da Universidade Eduardo Mondlane.

Centro de estudo Judiciários historias de Moçambique. Textos do prof. DoutorGilles


Cistac (Docente da faculdade de direito da universidade EduardoMondlane)

Coupers, João, Direito Administrativo, Editorial Noticiais.

Forquilha, S & Pereira, J, (2019). O Tribunal Administrativo de Moçambique. Edição


do Conselho Científico do IESE. Cadernos IESE nº17. Setembro.

Macalane. A D. (2021). Curso de Direito Administrativo, Vol. I, Livraria Almedina –


Coimbra, 2.ª Edição, 2001, n.º 15.

Macalane.J.S. (2021). Curso de direito administrativo, Vol 1. Almedina

Macie, A. (2012) Lições do Direito Administrativo Moçambicano Vol 1. Maputo:


Escolar Editora, Editores e Livreiros, Lda

Perreira. M. (2005).Manual de Direito Administrativo, Vol.

Silva, V. P. ().O contencioso Administrativo no divãdaPsicanálise, 2 a ed. Almedina.

Sousa, Marcelo Rebelo de. (1994/95). Lições de Direito Administrativo. Vol. I. Lisboa.

Tavares, José. (1992). Administração Pública e Direito Administrativo, para seu estudo
e compreensão. Coimbra: Almedina.

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