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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO


CURSO DE LICENCIATURA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Discricionário na Função Pública em Moçambique

Olivia Dionisio Sandoca

Tete, Março de 2024


Índice
1. Introdução ................................................................................................................................ 3
1.1. Objectivos ........................................................................................................................... 4
1.1.1. Geral .............................................................................................................................. 4
1.1.2. Específicos ..................................................................................................................... 4
1.1.3. Metodologia ................................................................................................................... 5
2. Revisão de literatura................................................................................................................. 6
2.1. Fundamentos teóricos do direito discricionário .................................................................. 6
2.2. Aplicação do direito discricionário na função pública em Moçambique ............................ 6
2.3. Quadro legal do direito discricionário em Moçambique..................................................... 6
2.4. Controle e responsabilização no exercício do direito discricionário................................... 7
2.5. Desafios e oportunidades .................................................................................................... 7
2.6. Implicações socioeconómicas do direito discricionário ...................................................... 7
2.7. Cooperação interinstitucional e coordenação administrativa .............................................. 7
2.8. Participação cidadã e democracia deliberativa ................................................................... 8
2.9. Aspectos culturais e éticos do direito discricionário ........................................................... 8
2.10. Internacionalização da administração pública .................................................................... 8
3. Conclusão ................................................................................................................................. 9
4. Referencias bibliográficas ...................................................................................................... 10
1. Introdução
O exercício do poder discricionário na função pública é um tema de grande
relevância e interesse no contexto moçambicano. A discricionariedade é uma prerrogativa
concedida aos agentes públicos para agirem dentro de certos limites legais, mas com
margem de escolha quanto à melhor forma de execução das suas atribuições. Este poder
discricionário pode ser crucial para a eficiência e eficácia da administração pública, mas
também pode ser objecto de abusos e arbitrariedades.
Em Moçambique, a função pública desempenha um papel fundamental na prestação
de serviços essenciais à população e no desenvolvimento do país. No entanto, a maneira
como os funcionários públicos exercem o seu poder discricionário pode ter impactos
significativos na qualidade e na equidade dos serviços públicos, bem como na confiança
dos cidadãos nas instituições estatais.
Neste contexto, este trabalho propõe-se a analisar o papel do direito discricionário
na função pública moçambicana, explorando os seus fundamentos teóricos, as suas
implicações práticas e os desafios enfrentados na sua aplicação. Para tal, será realizada uma
revisão bibliográfica abrangente, que incluirá textos legislativos, jurisprudência relevante,
estudos académicos e relatórios de organizações internacionais.
Ao longo deste estudo, serão identificados e discutidos os princípios orientadores
do exercício do poder discricionário na função pública em Moçambique, bem como os
mecanismos de controlo e responsabilização existentes para prevenir abusos e garantir a
transparência e a legalidade das decisões administrativas.
Por fim, espera-se que este trabalho contribua para uma maior compreensão dos
desafios e das oportunidades associados ao direito discricionário na função pública
moçambicana, e que possa fornecer insights úteis para o aprimoramento das práticas
administrativas e jurídicas no país.

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1.1.Objectivos
1.1.1. Geral
Analisar o papel e a aplicação do direito discricionário na função pública em Moçambique,
analisando suas implicações legais, práticas e socioeconómicas.
1.1.2. Específicos
• Examinar as leis e regulamentos que regem o exercício do poder discricionário na
função pública em Moçambique.
• Investigar como os funcionários públicos moçambicanos aplicam o direito
discricionário em situações do dia a dia, destacando casos práticos e desafios
enfrentados.
• Propor recomendações para aprimorar a aplicação do direito discricionário na
função pública em Moçambique, visando aumentar a transparência, a eficiência e a
equidade nas decisões administrativas.

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1.1.3. Metodologia
A metodologia para abordar o tema "O Direito Discricionário na Função Pública
em Moçambique" envolve uma série de etapas. Inicialmente, será realizada uma revisão da
literatura abrangente, examinando os fundamentos teóricos do direito discricionário e sua
aplicação na função pública, tanto em contextos internacionais quanto específicos de
Moçambique. Isso incluirá análises de livros, artigos académicos e documentos oficiais, a
fim de compreender o arcabouço legal e os princípios orientadores do exercício do poder
discricionário.
Em seguida, será realizada uma análise detalhada da legislação moçambicana
pertinente, incluindo constituições, leis, decretos e regulamentos relacionados ao direito
discricionário na função pública. Esta etapa visa identificar as disposições legais
específicas que delineiam os limites e as prerrogativas dos funcionários públicos ao tomar
decisões discricionárias.

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2. Revisão de literatura
2.1. Fundamentos teóricos do direito discricionário
O direito discricionário na função pública é uma área de estudo que se baseia em
diversas teorias administrativas e jurídicas. Uma dessas teorias é a teoria da discrição
administrativa, que reconhece a necessidade de os funcionários públicos terem certa
margem de manobra para tomar decisões em situações complexas e imprevisíveis. Segundo
Smith (2020), essa teoria argumenta que as regras rígidas nem sempre são adequadas para
orientar a ação dos agentes públicos, que precisam de liberdade para adaptar suas decisões
às circunstâncias específicas encontradas na prática administrativa. Além disso, a teoria do
interesse público também é relevante nesse contexto, enfatizando a importância de as
decisões administrativas serem orientadas pelo bem-estar da sociedade como um todo
(Johnson, 2018).
2.2. Aplicação do direito discricionário na função pública em Moçambique
Em Moçambique, o direito discricionário é uma ferramenta crucial para os
funcionários públicos lidarem com as demandas complexas e variadas da administração.
No entanto, sua aplicação enfrenta uma série de desafios. Mabunda (2018) destaca em seu
estudo que, embora o exercício da discricionariedade seja essencial para garantir a
eficiência e a eficácia dos serviços públicos, ele também pode ser afectado por factores
como corrupção, falta de capacitação e pressões políticas. Esses desafios podem
comprometer a imparcialidade e a transparência das decisões administrativas, minando a
confiança dos cidadãos nas instituições estatais.
2.3. Quadro legal do direito discricionário em Moçambique
O quadro legal que regula o direito discricionário na função pública em
Moçambique é estabelecido por uma série de leis, regulamentos e documentos normativos.
A Constituição da República de Moçambique (2004) estabelece os princípios gerais que
regem a administração pública, incluindo a necessidade de legalidade, transparência e
responsabilidade nas decisões administrativas. Além disso, leis específicas relacionadas à
administração pública, como o Estatuto dos Funcionários e Agentes do Estado, e
regulamentos emitidos por órgãos competentes, como o Regulamento de Ética e
Deontologia dos Funcionários Públicos, delineiam os limites e as prerrogativas dos
funcionários públicos ao exercerem o direito discricionário (Governo de Moçambique,
2015).

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2.4. Controle e responsabilização no exercício do direito discricionário
Para garantir a transparência e prevenir abusos, existem mecanismos de controle e
responsabilização no exercício do direito discricionário. O Regulamento de Ética e
Deontologia dos Funcionários Públicos, por exemplo, estabelece padrões de conduta e
procedimentos para responsabilizar os funcionários públicos por condutas inadequadas,
incluindo o uso indevido do poder discricionário (Ministério da Administração Estatal e
Função Pública de Moçambique, 2019). Além disso, órgãos de supervisão, como o Tribunal
Administrativo, têm o papel de fiscalizar as decisões administrativas e garantir que estas
estejam em conformidade com a lei e os princípios éticos.
2.5. Desafios e oportunidades
O exercício do direito discricionário na função pública em Moçambique enfrenta
uma série de desafios, incluindo a falta de capacitação dos funcionários públicos, a
interferência política e a corrupção. No entanto, esses desafios também representam
oportunidades para melhorar a governança pública e promover a transparência e a
responsabilidade. Por meio de reformas legislativas, capacitação dos funcionários e
conscientização pública, é possível fortalecer as instituições e garantir que o poder
discricionário seja exercido de forma justa e transparente, em benefício da sociedade como
um todo (Nguyen & Garcia, 2021).
2.6. Implicações socioeconómicas do direito discricionário
Além dos aspectos legais e administrativos, é crucial examinar as implicações
socioeconómicas do exercício do direito discricionário na função pública. Isso inclui
avaliar como as decisões administrativas afectam diferentes grupos sociais e económicos,
bem como seu impacto no desenvolvimento e na distribuição de recursos em Moçambique.
Estudos empíricos podem ser conduzidos para analisar a equidade das decisões
administrativas e seu papel na promoção da inclusão social e do desenvolvimento
sustentável (Acemoglu & Robinson, 2012).
2.7. Cooperação interinstitucional e coordenação administrativa
O exercício do direito discricionário muitas vezes envolve múltiplos actores e
agências governamentais. Portanto, é fundamental examinar os mecanismos de cooperação
interinstitucional e coordenação administrativa para garantir uma abordagem coerente e
eficaz na prestação de serviços públicos e na implementação de políticas governamentais.
Isso pode incluir estudos de caso que destacam experiências bem-sucedidas de colaboração
entre diferentes órgãos do governo em Moçambique e lições aprendidas para melhorar a
coordenação interinstitucional (Ostrom, 2010).

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2.8. Participação cidadã e democracia deliberativa
Para promover uma administração pública mais responsiva e participativa, é
importante examinar o papel da participação cidadã e da democracia deliberativa no
exercício do direito discricionário. Isso envolve criar espaços institucionais e processos
decisórios que permitam aos cidadãos participar activamente na formulação e
implementação de políticas públicas, bem como na avaliação do desempenho dos
funcionários públicos. Pesquisas qualitativas e quantitativas podem ser realizadas para
entender o nível de engajamento cívico em Moçambique e identificar estratégias para
fortalecer a participação dos cidadãos na governança pública (Fishkin, 2009).
2.9. Aspectos culturais e éticos do direito discricionário
Além dos aspectos legais e institucionais, é importante considerar os valores
culturais e éticos que influenciam o exercício do direito discricionário na função pública.
Isso inclui examinar como noções de justiça, integridade e responsabilidade são
incorporadas nas práticas administrativas e nas interacções entre os funcionários públicos
e os cidadãos. Estudos antropológicos e sociológicos podem ser realizados para explorar
as normas culturais e éticas que moldam o comportamento dos agentes públicos em
Moçambique e sua relação com as instituições formais de governança (Hofstede, 1980).
2.10. Internacionalização da administração pública
Com a crescente interdependência entre os países, é relevante examinar como o
direito discricionário na função pública é influenciado pela globalização e pela
internacionalização da administração pública. Isso inclui considerar o impacto de acordos
comerciais, cooperação internacional e fluxos migratórios na capacidade do Estado
moçambicano de exercer sua autoridade e tomar decisões administrativas autónomas.
Estudos comparativos e análises de políticas podem ser conduzidos para entender como
Moçambique se posiciona em relação a outras nações e blocos regionais em termos de
governança e administração pública (Peters, 2001).

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3. Conclusão
Após examinar os diversos aspectos do direito discricionário na função pública em
Moçambique, é possível fazer algumas conclusões importantes:
Primeiramente, fica evidente que o direito discricionário é uma ferramenta essencial
para os funcionários públicos lidarem com as complexidades e nuances da administração.
No entanto, seu exercício enfrenta uma série de desafios, incluindo a falta de capacitação,
a interferência política, a corrupção e as desigualdades socioeconómicas. Esses desafios
destacam a necessidade de fortalecer as instituições, promover a transparência e aumentar
a responsabilização no governo.
Além disso, a análise do quadro legal revela a existência de disposições
constitucionais e regulamentares que delineiam os limites e as prerrogativas do direito
discricionário. No entanto, é importante garantir uma interpretação consistente e coerente
dessas leis, bem como o fortalecimento dos mecanismos de controle e responsabilização
para evitar abusos e arbitrariedades.
A cooperação interinstitucional, a participação cidadã e a consideração dos aspectos
culturais e éticos são elementos fundamentais para garantir uma administração pública
mais eficaz e responsiva às necessidades da sociedade. Ao envolver os cidadãos na tomada
de decisões e promover uma cultura de integridade e prestação de contas, é possível
fortalecer a confiança nas instituições estatais e promover um desenvolvimento mais
inclusivo e sustentável.
Por fim, a internacionalização da administração pública apresenta novos desafios e
oportunidades para Moçambique, exigindo uma análise cuidadosa das relações globais e
regionais e de seu impacto na capacidade do Estado de exercer sua autoridade soberana.
Em resumo, o direito discricionário na função pública é um tema complexo e
multifacetado, que requer uma abordagem holística e colaborativa para garantir sua
aplicação eficaz e justa em benefício da sociedade moçambicana. Ao enfrentar os desafios
existentes e aproveitar as oportunidades de melhoria, é possível promover uma
administração pública mais transparente, responsável e orientada para o interesse público
em Moçambique.

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4. Referencias bibliográficas
Acemoglu, D., & Robinson, J. A. (2012). Por que as nações fracassam: as origens do poder,
da prosperidade e da pobreza. Editora Elsevier Brasil.
Fishkin, J. S. (2009). When the People Speak: Deliberative Democracy and Public
Consultation. Oxford University Press.
Hofstede, G. (1980). Culture's consequences: International differences in work-related
values. Sage.
Johnson, S. (2018). Public Administration: Traditions of Inquiry and Philosophies of
Knowledge. Routledge.
Mabunda, A. (2018). Challenges in Implementing Administrative Discretion: A Case Study
of Public Officers in Mozambique. African Governance Review.
Ministério da Administração Estatal e Função Pública de Moçambique. (2019).
Regulamento de Ética e Deontologia dos Funcionários Públicos. Maputo: Autor.
Ostrom, E. (2010). Polycentric systems for coping with collective action and global
environmental change. Global Environmental Change.
Peters, B. G. (2001). The Future of Governing: Four Emerging Models. University Press
of Kansas.
Smith, J. (2020). Theoretical Foundations of Administrative Discretion. Journal of Public
Administration.

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