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Victor António João

O DIREITO DISCRICIONÁRIO NA FUNÇÃO PÚBLICA EM MOÇAMBIQUE

UnISCED
Nampula, Março, 2024
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Victor António João

O DIREITO DISCRICIONÁRIO NA FUNÇÃO PÚBLICA EM MOÇAMBIQUE

Trabalho de caracter avaliativo da


cadeira de Direito Administrativo,
1º ano, curso de licenciatura em
Administração Publica, leccionado
pelo docente:

UnISCED

Nampula, Março, 2024


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Índice

1. Introdução ........................................................................................................................... 4
Objetivos Gerais ..................................................................................................................... 4
Objetivos Específicos ............................................................................................................. 4
2. O DIREITO DISCRICIONÁRIO NA FUNÇÃO PÚBLICA EM MOÇAMBIQUE ........ 5
2.1. Conceito de direito discricionário ................................................................................... 5
2.2. Importância do direito discricionário em Moçambique .................................................. 6
3. Conclusão ........................................................................................................................... 8
4. Referencias Bibliográficas .................................................................................................. 9
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1. Introdução

A actuação da função pública em Moçambique desempenha um papel essencial na promoção


do desenvolvimento e no atendimento às necessidades da sociedade. Dentro desse contexto, a
discussão em torno do direito discricionário assume um papel central, influenciando
directamente as decisões e acções dos servidores públicos. A discricionariedade confere aos
agentes estatais a flexibilidade necessária para lidar com as demandas administrativas de
forma adaptativa e sensível às particularidades de cada caso. No entanto, a aplicação desse
poder discricionário deve ser pautada pelos princípios éticos e legais que regem a
administração pública em Moçambique. Este trabalho busca explorar a importância e os
impactos do direito discricionário na função pública moçambicana, analisando suas
implicações para a eficiência e efectividade da gestão estatal no país.

1.1. Objetivos Gerais

 Analisar o papel e a aplicação do direito discricionário na função pública em


Moçambique.

1.2. Objetivos Específicos

 Identificar as bases legais que regem o direito discricionário na função pública em


Moçambique.
 Analisar casos práticos de aplicação do direito discricionário por parte das autoridades
públicas em Moçambique.
 Investigar os limites e controles existentes sobre o exercício do direito discricionário
no âmbito da função pública em Moçambique.
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2. O DIREITO DISCRICIONÁRIO NA FUNÇÃO PÚBLICA EM MOÇAMBIQUE

2.1. Conceito de direito discricionário

O direito discricionário refere-se à faculdade conferida pela lei a uma autoridade, geralmente
um funcionário público, para tomar decisões dentro de certos limites estabelecidos, sem a
obrigação de seguir um curso de acção específico pré-determinado. É importante ressaltar que
o direito discricionário não deve ser confundido com arbitrariedade. A discricionariedade
deve ser exercida de forma ética e responsável, respeitando os limites estabelecidos pela lei e
os princípios da administração pública.

De acordo com Luiz Alberto Blanchet (2006, P. 71) destaca a natureza da discricionariedade
como um princípio da actuação administrativa sujeito a limitações. Ele ressalta que a
discricionariedade se manifesta em situações em que a lei não estabelece de forma explícita e
literal como o agente público deve agir. Isso significa que, quando não há uma definição clara
na lei sobre a conduta a ser adoptada, é conferida ao agente público uma margem de
liberdade, um "poder-dever" ou "dever-poder", como alguns preferem chamar, para decidir
com base na conveniência e oportunidade, considerando o interesse público na situação
concreta.

Essa abordagem destaca a importância da discricionariedade como um instrumento que


permite aos agentes públicos adaptar suas decisões às particularidades de cada caso, desde
que observem os requisitos da conveniência e oportunidade, sempre com foco no interesse
público.

Essa explicação reforça o conceito de que a discricionariedade não implica arbitrariedade,


mas sim a capacidade de tomar decisões que melhor atendam ao interesse público em
circunstâncias em que a lei não prescreve uma conduta específica.

Mello, (2003, p. 831) reforça o conceito de discricionariedade como a margem de "liberdade"


que resta ao administrador para escolher, com base em critérios de razoabilidade, um entre
pelo menos dois comportamentos possíveis diante de cada caso concreto. Essa escolha visa
cumprir o dever de adoptar a solução mais adequada para satisfazer a finalidade legal quando,
devido à fluidez das expressões da lei ou à liberdade conferida no mandamento, não é
possível extrair objectivamente uma solução única para a situação específica.
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Essa definição destaca que a discricionariedade permite ao administrador tomar decisões que
melhor atendam aos propósitos da lei, considerando a complexidade e as nuances do caso em
questão. Ao mesmo tempo, ressalta a responsabilidade do administrador em utilizar essa
margem de liberdade de maneira justa, razoável e compatível com o interesse público.

No exercício do direito discricionário, a autoridade competente deve agir de acordo com


critérios objectivos, razoáveis e proporcionais ao caso em questão, sempre em conformidade
com os princípios legais e o interesse público. Além disso, a transparência e a prestação de
contas são fundamentais para garantir que as decisões tomadas dentro desse contexto sejam
justificáveis e estejam alinhadas com os propósitos da norma que confere tal
discricionariedade.

2.2. Importância do direito discricionário em Moçambique

O direito discricionário na função pública de Moçambique é de extrema importância, pois


permite que os funcionários públicos ajam com flexibilidade diante de situações específicas,
buscando o interesse público e a eficiência na prestação de serviços. Através da
discricionariedade, os servidores públicos podem lidar com casos complexos ou incomuns de
forma adequada, adaptando as decisões às circunstâncias individuais, sem a rigidez das regras
absolutas. Isso é crucial em um contexto em que as necessidades da população e os desafios
administrativos podem variar consideravelmente. No entanto, é fundamental que essa
discricionariedade seja exercida com responsabilidade, transparência e dentro dos limites
legais estabelecidos, visando sempre o bem-estar colectivo e a promoção do desenvolvimento
do país.

O direito discricionário na função pública em Moçambique refere-se à margem de liberdade


que a lei confere aos funcionários públicos para tomarem decisões dentro de certos limites e
critérios estabelecidos. Isso significa que, em determinadas situações, os funcionários
públicos têm a liberdade de escolher entre diferentes opções para agir de acordo com o
interesse público, desde que respeitem as normas e os princípios legais.

No entanto, é importante ressaltar que o exercício do direito discricionário deve ser pautado
pela razoabilidade, proporcionalidade e justiça, evitando arbitrariedades e desvios de conduta.
Em Moçambique, a legislação e os regulamentos específicos determinam os limites e as
condições para o exercício desse direito pelos funcionários públicos.
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O direito discricionário na função pública em Moçambique também desempenha um papel


importante na promoção da inovação e da criatividade na administração do Estado. Ao
permitir que os funcionários públicos tenham uma margem de liberdade para tomar decisões
dentro dos limites estabelecidos pela lei, a discricionariedade pode estimular soluções
diferenciadas e adaptadas às necessidades específicas da população e do contexto local.

Além disso, o exercício responsável do direito discricionário pode contribuir para a


construção de uma relação mais próxima entre a administração pública e os cidadãos, uma vez
que as decisões podem ser tomadas levando em consideração as particularidades e demandas
das comunidades atendidas.

No entanto, é importante ressaltar que o uso da discricionariedade deve ser acompanhado por
mecanismos de controle e supervisão para evitar abusos ou desvios. A transparência nas
decisões, a prestação de contas e a participação da sociedade civil são fundamentais para
garantir que o direito discricionário seja exercido de forma ética e responsável.

A margem de discricionariedade na função pública em Moçambique é estabelecida por meio


das leis, regulamentos e normas administrativas que definem as áreas em que os funcionários
públicos têm liberdade para tomar decisões. Esses documentos estabelecem os limites e
critérios nos quais a discricionariedade pode ser exercida, garantindo que as decisões tomadas
estejam alinhadas com o interesse público e respeitem os princípios legais.

A margem de discricionariedade pode variar de acordo com a natureza da função pública e a


complexidade das situações enfrentadas pelos funcionários. Por exemplo, em questões de
aplicação da lei, concessão de licenças, gestão de recursos públicos e prestação de serviços, os
funcionários públicos podem ter diferentes graus de autonomia para tomar decisões.
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3. Conclusão

Terminado o trabalho, conclui-se que a margem de discricionariedade na função pública em


Moçambique é estabelecida pela legislação e regulamentação específica, com o objectivo de
permitir que os funcionários públicos ajam com flexibilidade e adaptabilidade dentro dos
limites legais.

Todavia, o direito discricionário na função pública em Moçambique apresenta desafios


significativos em termos de transparência e prestação de contas, mas também oferece
oportunidades para a tomada de decisões ágeis e adaptáveis às necessidades locais. As
conclusões deste estudo sugerem a necessidade de um equilíbrio cuidadoso entre a
discricionariedade e a responsabilidade no contexto moçambicano, e apontam para possíveis
áreas de reforma e aprimoramento das práticas existentes. Esta pesquisa visa contribuir para
um debate informado sobre as políticas públicas e para o fortalecimento da governança na
função pública em Moçambique
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4. Referencias Bibliográficas

Blanchet, L. A. (2006). Curso de Direito Administrativo. 5.ed.Curitiba: Juruá.

Meirelles, H. L.(2003). Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo. Malheiros.

Mello, C. A. B. de. (2003). Curso de Direito Administrativo. 22. ed. São Paulo: Malheiros.

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