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FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO

CURSO DE LICENCIATURA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


DISCIPLINA DE DIREITO ADMINISTRATIVO

O DIREITO DISCRICIONÁRIO NA FUNÇÃO PÚBLICA EM MOÇAMBIQUE.

Discente: Jermilda da Thika Artur

Código: 81231455

Nampula
2024
Índice
1. Introdução.................................................................................................................................1
1.1. Objectivos..........................................................................................................................1
1.1.1. Geral...........................................................................................................................1
1.1.2. Específicos..................................................................................................................1
1.2. Metodologia.......................................................................................................................1
2. O Direito Discricionário na Função Pública em Moçambique.................................................2
2.1. Natureza do Direito Discricionário na Função Pública em Moçambique.........................2
2.1.1. Exploração da Natureza do Direito Discricionário....................................................2
2.1.2. Limites da Discricionariedade....................................................................................2
2.1.3. O Poder discricionário da Administração e a sua Regulamentação Legal.................3
2.2. Exame da Legislação e Interpretação Jurídica Relativa ao Direito Discricionário...........3
2.2.1. Exame da Legislação Pertinente.................................................................................3
2.2.2. Interpretação Jurídica.................................................................................................4
2.3. Análise do Impacto do Direito Discricionário na Relação entre o Estado e os Cidadãos. 4
2.3.1. Análise do Impacto.....................................................................................................4
2.3.2. Análise Jurídica e Social............................................................................................5
3. Conclusão..................................................................................................................................5
4. Bibliografia...............................................................................................................................6
1. Introdução
O direito discricionário na função pública, especialmente no contexto de Moçambique, constitui
um campo de estudo fascinante e complexo, que desempenha um papel crucial na administração
pública e na governança do país. Este direito refere-se à capacidade legal de que dispõem os
agentes públicos para tomar decisões e adotar comportamentos conforme julguem mais
apropriado, dentro dos limites estabelecidos pela lei, em situações onde a legislação confere uma
margem de liberdade na escolha das ações a serem tomadas (CIPM, 2008). Este trabalho tem
como objetivo explorar a natureza, o alcance e os limites do direito discricionário na função
pública em Moçambique, examinando a legislação pertinente, bem como a interpretação dada por
juristas e tribunais. Além disso, busca-se compreender como este direito afeta a relação entre o
Estado e os cidadãos, e de que maneira pode contribuir para uma administração pública mais
eficiente, transparente e responsável.

1.1. Objectivos

1.1.1. Geral
 Analisar o papel e os limites do direito discricionário na função pública em Moçambique,
com o intuito de compreender como ele influencia a eficiência, transparência e
responsabilidade na administração pública.

1.1.2. Específicos
 Identificaras regras e leis que falam sobre quando e como os funcionários públicos podem
tomar decisões por conta própria;
 Analisar a doutrina e a jurisprudência relativas ao direito discricionário na função pública;
 Detectar os principais desafios associados ao exercício do direito discricionário na função
pública em Moçambique.

1.2. Metodologia

Para atingir a realização e a pesquisa deste presente trabalho e a sua materialização foi feita uma
leitura e pesquisa bibliográfica, utilizando artigos científicos, dissertações, livros, e páginas de
instituições públicas e privadas, para assim compilar o resumo teórico deste trabalho.

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2. O Direito Discricionário na Função Pública em Moçambique
2.1. Natureza do Direito Discricionário na Função Pública em Moçambique
2.1.1. Exploração da Natureza do Direito Discricionário
De acordo com Machado (2019), aponta que direito discricionário na função pública de
Moçambique reflete a capacidade e a liberdade que são conferidas aos agentes públicos para
decidirem e agirem com certa margem de autonomia, desde que dentro dos limites estabelecidos
pela lei. Esta discricionariedade é crucial para a administração pública, permitindo a adaptação a
situações variadas e imprevisíveis que a rigidez normativa não conseguiria abarcar de forma
eficaz.

I. Exemplo demonstrativo: Decisão em Matéria de Licenciamento


Um exemplo prático da aplicação do direito discricionário pode ser observado no processo de
licenciamento ambiental. A legislação moçambicana estabelece critérios gerais para a concessão
de licenças ambientais, mas frequentemente deixa aos técnicos da área ambiental a tarefa de
interpretar esses critérios com base nas especificidades de cada projeto.

Consideremos o caso de uma empresa que pretende instalar uma nova fábrica. A legislação pode
estabelecer que todas as novas fábricas devem cumprir determinados padrões ambientais.
Contudo, a decisão sobre se o projeto específico da empresa cumpre os requisitos necessários
para a obtenção da licença ambiental envolve um grau de interpretação e julgamento por parte
dos funcionários da agência ambiental. Neste sentido, a discricionariedade permite aos agentes
públicos avaliar se, no contexto particular do projeto, estão reunidas as condições para a sua
aprovação, considerando os impactos ambientais previstos e as medidas de mitigação propostas
pela empresa (Machado, 2019).

2.1.2. Limites da Discricionariedade


É fundamental destacar que a discricionariedade não é ilimitada. Os agentes públicos devem
fundamentar suas decisões em critérios objetivos, visando sempre o interesse público. A decisão
sobre a concessão da licença ambiental deve ser acompanhada de uma justificativa que demonstre
como foi considerada a legislação aplicável e os princípios da boa administração, incluindo a
legalidade, a igualdade, a proporcionalidade e a justiça (Machado, 2019).
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A norma que confere um poder discricionário o faz com o objetivo de alcançar um determinado
fim. Portanto, qualquer ato administrativo que desvie desse fim, mesmo sendo exercido sob a
égide da discricionariedade, pode ser considerado ilegal. Este princípio assegura que a
discricionariedade não se converta em arbitrariedade, mantendo a ação administrativa alinhada
aos princípios da legalidade, moralidade e eficiência que devem nortear o funcionamento da
Administração Pública.

A interseção entre os atos vinculados e discricionários revela uma realidade complexa na qual a
maioria dos atos administrativos contém elementos de ambos. Assim, enquanto determinados
aspectos de um ato podem ser estritamente regulados por lei, outros podem ser deixados à
discrição da Administração.

2.1.3. O Poder discricionário da Administração e a sua Regulamentação Legal


Segundo Gonçalves (2015), infere que a atividade administrativa em Moçambique, assim como
em outros contextos jurídicos, é guiada pela legislação que ora delineia de forma precisa os
contornos de ação da Administração Pública, ora deixa espaços de liberdade para a tomada de
decisões. Neste espectro, observam-se os atos vinculados, onde a lei não deixa margem para
liberdade de decisão, e os atos discricionários, nos quais a Administração tem a liberdade de
decidir com base no que considera mais adequado para o interesse público. A distinção entre
vinculação e discricionariedade revela as duas formas essenciais através das quais a atividade
administrativa pode ser moldada pela lei (Caetano, 1973).

2.2. Exame da Legislação e Interpretação Jurídica Relativa ao Direito Discricionário


2.2.1. Exame da Legislação Pertinente
O direito discricionário, sendo uma parte intrínseca da função pública em Moçambique, está
regulamentado e limitado por várias peças legislativas. Uma análise cuidada destas normas é
essencial para entender a extensão e os limites dessa discricionariedade.

i. Exemplo demonstrativo: Legislação sobre Contratação Pública


Um dos domínios em que o direito discricionário é frequentemente exercido diz respeito à
contratação pública. A Lei de Contratação Pública em Moçambique (Lei nº 14/2008, de 26 de
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Junho) estabelece as regras para a aquisição de bens, serviços e obras por entidades públicas. Esta
lei, ao definir procedimentos para a seleção de fornecedores e adjudicação de contratos, confere
aos órgãos de contratação uma margem de discricionariedade, particularmente na escolha do
procedimento de contratação e na avaliação das propostas (Lei nº 14/2008). Por exemplo, na
seleção do procedimento de contratação, a lei permite que, em certas circunstâncias, se opte por
um procedimento de contratação por negociação sem publicação prévia de um anúncio de
concurso.

2.2.2. Interpretação Jurídica


Segundo Silva (2020), a interpretação da legislação sobre contratação pública tem sido objeto de
diversos pareceres e decisões por parte do Tribunal Administrativo de Moçambique. Estas
interpretações ajudam a clarificar os limites dentro dos quais a discricionariedade deve ser
exercida, assegurando que a escolha do procedimento de contratação e a avaliação das propostas
sejam feitas de forma transparente, justa e que promova a concorrência. Por exemplo, o Tribunal
Administrativo tem reiterado que, mesmo nos casos em que é permitida a contratação por
negociação, os órgãos de contratação devem adotar critérios objetivos e proporcionais na escolha
dos fornecedores e na avaliação das propostas, garantindo assim o uso eficiente dos recursos
públicos e a igualdade de tratamento entre os concorrentes.

2.3. Análise do Impacto do Direito Discricionário na Relação entre o Estado e os


Cidadãos
2.3.1. Análise do Impacto
O direito discricionário, embora seja uma ferramenta essencial para a administração pública, tem
um impacto significativo na relação entre o Estado e os cidadãos. O uso deste direito afeta a
percepção de transparência, justiça e responsabilidade na administração pública.

i. Exemplo demonstrativo: Processo de Licenciamento


Um exemplo prático do impacto do direito discricionário na relação entre o Estado e os cidadãos
pode ser observado no processo de licenciamento. O processo de licenciamento para a abertura de
novos negócios em Moçambique oferece aos funcionários públicos uma certa margem de
discricionariedade, especialmente em termos de tempo para a análise e aprovação das licenças
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A lei moçambicana estabelece prazos para a emissão de licenças, mas frequentemente, os
funcionários utilizam a sua discricionariedade para estender esses prazos com base em
interpretações subjetivas das necessidades de análise adicional. Este uso da discricionariedade
pode levar a percepções de ineficiência, falta de transparência e, em casos extremos, suspeitas de
corrupção (Pereira & Silva 2021).

2.3.2. Análise Jurídica e Social


Para o Ministério da Justiça (2018), a análise jurídica e social deste exemplo é multifacetada. Por
um lado, reconhece-se a necessidade de discricionariedade para adaptar o processo administrativo
à complexidade variável dos casos. Por outro lado, a utilização desta margem discricionária deve
ser balizada por princípios de boa administração, tais como eficiência, transparência e equidade.

Estudos e relatórios sobre a administração pública em Moçambique têm apontado para a


necessidade de reformas que clarifiquem os limites da discricionariedade administrativa e
estabeleçam mecanismos mais robustos de prestação de contas e revisão de decisões (Pereira &
Silva 2021).

3. Conclusão
Este trabalho investigou o direito discricionário na função pública de Moçambique, focando em
identificar seus limites, analisar sua aplicação administrativa e examinar seu impacto na relação
Estado-cidadão. Descobriu-se que, apesar de crucial para a flexibilidade administrativa, o direito
discricionário requer regulamentações claras para prevenir arbitrariedade e assegurar uma
administração pública justa. Embora existam esforços para definir a discricionariedade, desafios
de consistência e compreensão por parte dos cidadãos persistem. O impacto desse direito na
percepção pública sobre transparência e justiça é significativo, afetando a confiança nas
instituições (Machado, 2019). Portanto, a gestão apropriada do direito discricionário, através de
reformas e melhorias nos mecanismos de responsabilização, é fundamental para uma
administração pública eficiente e transparente, fortalecendo a relação entre o Estado e os
cidadãos e promovendo justiça administrativa e desenvolvimento.

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4. Bibliografia

 Assembleia da República de Moçambique. (1997). Lei do Ambiente (Lei nº 20/97, de 1


de Outubro). https://archive.gazettes.africa/archive/mz/1997/mz-government-gazette-
series-i-supplement-no-3-dated-1997-10-07-no-40.pdf
 Assembleia da República de Moçambique. (2008). Lei de Contratação Pública (Lei nº
14/2008, de 26 de Junho).
https://www.portaldogoverno.gov.mz/por/Governo/Legislacao/Boletins-da-Republica/
Boletins-da-Republica-2008
 Caetano, M. (1973). Manual de direito administrativo (Vol. 1). Lisboa: Livraria
Almedina.
 Centro de Integridade Pública de Moçambique. (2008). Relatório sobre a Transparência e
Governança em Moçambique. https://landportal.org/pt/organization/centro-de-
integridade-publica
 Conselho de Ministros de Moçambique. (2004). Decreto nº 45/2004, de 29 de Setembro,
que Regulamenta o Processo de Avaliação de Impacto Ambiental.
https://www.portaldogoverno.gov.mz/por/Governo/Conselho-de-Ministros
 Constituição da República de Moçambique. (2004). Maputo, Moçambique: Imprensa
Nacional.
 Gonçalves, J. E. L. (2015). Direito administrativo e administração pública em
Moçambique. Maputo: Escolar Editora.
 Machado, J. T. (2019). A discricionariedade administrativa e os seus limites em
Moçambique. Revista de Direito Público, 4(2), 34-56.
 Ministério da Justiça. (2018). Relatório anual sobre a justiça administrativa em
Moçambique. Maputo: Autor.
 Pereira, A. S., & Silva, P. L. (2021). Transparência e discricionariedade na função
pública: Desafios para Moçambique. Journal of Mozambican Studies, 15, 77-94.

6
 Silva, V. A. (2020). O papel do direito discricionário na governação pública: Uma análise
comparativa. Revista Moçambicana de Governança, 3(1), 112-130.

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