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Instituto Técnico Profissional e Aduaneiro de Moçambique

Curso: Gestão Aduaneira

Sérgio da Felicidade Germano Alfinete

Interpretação da lei e aplicação da lei no tempo e no espaço

Quelimane
Fevereiro
2022
Sérgio da Felicidade Germano Alfinete

Interpretação da lei e aplicação da lei no tempo e no espaço

Trabalho de carácter avaliativo a ser


entregue na cadeira de Direito no curso
de Gestão Aduaneira, leccionado pelo
formador: Miguel Caitano

Quelimane
Fevereiro
2022
Índice
1. Introdução............................................................................................................................2
1.1. Objectivos........................................................................................................................2
1.1.1. Objectivo Geral................................................................................................................2
1.1.2. Objectivos Específicos.....................................................................................................2
1.2. Metodologia do trabalho......................................................................................................2
2. Interpretação da Lei e Aplicação da Lei no Tempo e no Espaço........................................3
2.1. Definição de lei....................................................................................................................3
2.2. Interpretação da Lei.............................................................................................................3
2.2.1. Definição de interpretação da Lei.....................................................................................3
2.3. Aplicação da Lei no Tempo.................................................................................................5
2.3.1. Problema da Aplicação da Lei no Tempo.........................................................................5
2.3.2. O princípio geral da Aplicação da Lei no Tempo.............................................................5
2.3.3. Graus da retroactividade...................................................................................................7
2.3.3.1. Teorias ou Doutrinas da retroactividade........................................................................7
2.3.4. A Sucessão no tempo de leis sobre prazos........................................................................9
2.4. Aplicação da lei no espaço................................................................................................9
2.4.1. Princípios da Aplicação da Lei no Espaço........................................................................9
3. Conclusão..........................................................................................................................11
4. Referencias Bibliografia....................................................................................................12
1. Introdução

O presente trabalho da cadeira de Direito abordará sobre " interpretação da lei e aplicação
da lei no tempo e no espaço". A aplicação da lei no tempo é um assunto difícil e complexo,
no entanto, e como nos foi solicitado, vamos tentar explica-lo o melhor possível. As leis
nascem mas não vivem indefinidamente, para que o Direito seja um Direito realmente eficaz,
tem de se manter num espaço. Há situações jurídicas que, logo no momento da sua
constituição, ou posteriormente (mudança de nacionalidade ou de domicílio, mudança de
situação da coisa, da sede da pessoa colectiva, etc.), entram em contacto com mais de um
ordenamento jurídico estadual já através da nacionalidade ou do domicílio das partes, já pelo
lugar da prática.

1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo Geral

O presente trabalho tem como objectivo geral conhecer a interpretação da lei e aplicação da
lei no tempo e no espaço.

1.1.2. Objectivos Específicos


 Conceptualizar a lei e interpretação da lei;
 Ilustrar a aplicação da Lei no Tempo; e
 Descrever a aplicação da lei no espaço.

1.2. Metodologia do trabalho

Segundo Marconi & Lakatos (2009), afirmam que: “A metodologia é o conjunto de


actividades sistemáticas e racionais que com maior segurança e economia, permite alcançar o
objectivo ou conhecimentos validos e verdadeiros traçando o caminho a ser seguido,
detectando erros e auxiliando as decisões do cientista”. Para este trabalho, a sua realização irá
obedecer as seguintes linhas de orientação metodológica”.

Para a realização do presente trabalho de investigação, foi possível com ajuda das consultas
de alguns manuais ou bibliográficas digitais e não digitais, assim como alguns sites da internet
e consulta de parte da legislação Moçambicana e de diversas obras de autores de direito. As
mesmas obras estão devidamente citadas no desenvolvimento deste trabalho e destacadas na
bibliografia final.
2. Interpretação da Lei e Aplicação da Lei no Tempo e no Espaço
2.1. Definição de lei

Norma geral e abstracta emanada de autoridade competente, que deve ser obedecida por
todos; ela é imposta a todos, de forma coactiva. Temos no nosso ordenamento jurídico,
diversos tipos de leis; específicas, que se ramificam em complementar exige um quorum
maior no Legislativo para ser aprovada e ordinária, cogentes normas de ordem pública, que
não podem ser afastadas pelas partes supletivas ou de direito positivo aquelas que podem ser
afastadas por vontade das partes, de costumes, que são usos reiterados de determinada
comunidade, por determinado período de tempo (o direito comercial baseia-se no costume)
(Justos, 2009).

Lei é um conjunto de normas jurídicas emanadas que por uma entidade competente,
compiladas em um documento formal, que se destinam a regular a convivência na sociedade.

2.2. Interpretação da Lei


2.2.1. Definição de interpretação da Lei
 Interpretação

É a determinação ou fixação de sentido de algo ou seja, é a apreensão do conteúdo de


mensagens humanas e factores naturais.

 Interpretação da Lei

A lei, por si só, não tem qualquer utilidade se não houver quem a aplique, contudo antes da
aplicação, ela tem de ser interpretada e, somente a partir daí, é que poderá ser bem ou mal
aplicada, dependendo do sentido fixado pela interpretação das normas.

Para JUSTOS (2009, p. 323) “A interpretação é a actividade intelectual que procura retirar
de uma fonte de direito o sentido normativo (a regra ou norma jurídica) que permita resolver
um caso prático que reclama uma solução jurídica”

De acordo com ROCHA, 12º ano, p. 164: “Interpretação consiste na operação técnica
jurídica que visa determinar qual o conteúdo e alcance das normas jurídicas”.

Na ideia de TELLES (2001. P. 237) “A palavra interpretação pode ser tomada em sentido
restrito e em sentido amplo. Strito sensu, a interpretação da lei é a determinação do
verdadeiro sentido das normas explicitadas. Lato sensu, a interpretação da lei abrange isso e
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ainda a descoberta das soluções aplicáveis nos casos omissos, isto é, naqueles casos sobre
que o legislador não se pronunciou”.

Todos autores acima afirmam que a interpretação duma norma é a determinação ou fixação do
verdadeiro sentido da norma, porém dentre eles nos identificamos mais com o Telles, pois a
interpretação duma norma jurídica não pode ser vista somente como forma de determinar o
verdadeiro sentido da norma, mas sim que possa abrangir também as soluções aplicáveis aos
casos concretos.

Interpretação da lei é a determinação do exacto sentido de uma norma e alcançar soluções


aplicáveis aos casos concretos.

Consagra o artigo 9 do Código Civil, também citado por Isabel Rocha:

Artigo 9.º (Interpretação da lei)

1. A interpretação não deve cingir-se à letra da lei, mas reconstituir a partir dos textos o
pensamento legislativo, tendo sobretudo em conta a unidade do sistema jurídico, as
circunstâncias em que a lei foi elaborada e as condições específicas do tempo em que é
aplicada.
2. Não pode, porém, ser considerado pelo intérprete o pensamento legislativo que não
tenha na letra da lei um mínimo de correspondência verbal, ainda que imperfeitamente
expresso.
3. Na fixação do sentido e alcance da lei, o intérprete presumirá que o legislador
consagrou as soluções mais acertadas e soube exprimir o seu pensamento em termos
adequados.

Assim, a interpretação não pode simplesmente se basear na letra da lei mas sim através do
testo da lei retirar o sentido exacto da norma e aplicar aos casos concretos. Não poderá em
algum momento ser considerado pelo intérprete um pensamento legislativo que não esteja
contido na letra da lei um mínimo de correspondência.

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2.3. Aplicação da Lei no Tempo
 Preliminares

"O Direito como ordem social normativo não é estático e podemos mesmo afirmar que todos
os dias entram em vigor novas normas jurídicas. Este facto obriga à consagração de regras
que regulem a sucessão legislativa (Fontes, 2006).

Coma a ideia de Fontes acima, podemos perceber claramente que a sociedade evolui dia pós
dia e deste modo, há uma necessidade do Direito acompanhar essa evolução, através de
normas que se enquadram a cada realidade, facto este que faz com que as leis não sejam
estáticas.

2.3.1. Problema da Aplicação da Lei no Tempo

As leis iniciam a sua existência pública no dia da sua publicação, e iniciam a sua vigência no
prazo por elas determinado. Estas cessam a sua vigência, nos termos legais por caducidade ou
por revogação. Por vezes existe a dúvida qual a lei a utilizar se a antiga ou a nova. A questão
é: as leis são feitas para vigorar somente no futuro ou podem agir em relação a situações
passadas, ou seja situações que se consumaram quando a nova lei ainda não existia, no
entanto, a aplicação das leis no tempo consiste em determinar qual a lei aplicável a uma
determinada situação: se é a lei antiga ou é a lei nova (Justos, 2009).

2.3.2. O princípio geral da Aplicação da Lei no Tempo

Analisemos o artigo 12 do Código Civil: Artigo 12º.


Aplicação das leis no tempo. Princípio geral

a) A lei só dispõe para o futuro; ainda que lhe seja atribuída eficácia retroactiva,
presume-se que ficam ressalvados os efeitos já produzidos pelos factos que a lei se
destina a regular.
b) Quando a lei dispõe sobre as condições de validade substancial ou formal de quaisquer
factos ou sobre os seus efeitos, entende-se, em caso de dúvida, que só visa os factos
novos; mas, quando dispuser directamente sobre o conteúdo de certas relações
jurídicas, abstraindo dos factos que lhes deram origem, entender-se-á que a lei abrange
as próprias relações já constituídas, que subsistam à data da sua entrada em vigor.

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De acordo com nº 1 do artigo acima, o princípio geral da aplicação das leis no tempo, é o
da disposição futura - não retroactividade, e de acordo com este princípio, a lei não dispõe
para o passado, ou seja, a lei não é feita para regular factos passados, apenas regula factos que
persistirem a partir da data da sua entrada em vigor.

Ainda de acordo com o mesmo número artigo, a retroactividade da lei é admissível em


determinadas circunstâncias, uma vez que a própria norma refere» ainda que lhe seja atribuída
eficácia retroactiva. Assim, a lei age de forma retroactiva nos termos em que a mesma fixa. A
retroactividade segundo o artigo já citado, é admitida mas devendo no entanto salvaguardar os
efeitos já produzidos pela lei antiga, e assim sendo os factos já passados não ficam sujeitos à
nova lei.

Analisando o nº 2 do mesmo artigo entende-se aqui o seguinte:

 1º. Sempre que a lei nova dispuser sobre as condições de validade formal ou material
de quaisquer factos, tem-se por aplicável a lei antiga evitando-se assim a sua
reapreciação.
 2º. Se o objecto da regulação da lei nova for o conteúdo de certa relação jurídica,
aplica-se a lei nova, quando se concluir que o legislador pretendeu abstrair-se na nova
regulação dos factos que deram origem à relação jurídica em causa.
 3º. Se o objecto da regulação da lei nova for o conteúdo de certa relação jurídica,
aplica-se a lei antiga, quando se concluir que o legislador não pretendeu abstrair-se na
nova regulação dos factos que deram origem à relação jurídica em causa.

O princípio da não retroactividade da lei é fundamental para salvaguardar a certeza e


segurança do próprio Direito, caso contrário, as expectativas dos sujeitos nas relações
jurídicas poderiam ser gravemente afectados. Por outro lado, a ausência deste princípio
poderia causar graves distúrbios nas relações sociais em virtude da instabilidade que o Direito
assim geraria. Nestes termos, o Direito como uma ordem normativa social, deve garantir a
justiça e a segurança assegurando deste modo a boa convivência na sociedade (Fontes, 2006).

A lei não pode suscitar dúvidas quanto a sua aplicabilidade, assim, caso aconteça, o
entendimento dessa lei é que será aplicada somente para casos novos. Nestes termos a lei age
de forma retroactiva quando esta dispuser directamente sobre factos jurídicos já existentes,
abrangendo assim estes e os que subsistirem à data da sua entrada em vigor. (Fontes, 2006).

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2.3.3. Graus da retroactividade

Autores como Manuel de José Fonte e Santos Justos apresentam três graus de retroactividade:

 Retroactividade de 3º Grau ou grau máximo – é aquela que se caracteriza por


aplicar a lei nova anulando as consequências últimas e definitivas da lei antiga, ou
seja, todas situações definitivamente decididas segundo a lei antiga deixam de o ser,
incluindo as que já estão definitivamente fixadas e decididas por sentença transitada
em julgado ou outro título equivalente.
 Retroactividade de 2º grau ou agravado – esta retroactividade respeita os casos
judicialmente decididos com trânsito em julgado e os equiparáveis, como naqueles em
que já houve cumprimento da obrigação ou em que ocorreu transacção, ainda que não
homologada, ou seja, aplica-se a todas situações do passado, mas salvaguarda os
efeitos já definidos por decisão judicial ou título equivalente.
 Retroactividade de 1º grau ou ordinária – aquela em que, quando a lei nova regula
factos ou situações nascidas antes do seu início de vigência, entende-se que já não
ficam sujeitos não ficam sujeitos â nova lei os factos e seus efeitos produzidos antes da
entrada em vigor da nova lei, ou seja, a lei nova respeitam todos os efeitos já
produzidos ao abrigo da lei nova.

2.3.3.1. Teorias ou Doutrinas da retroactividade


 Doutrina dos direitos adquiridos

Segundo esta doutrina, os direito adquiridos à sombra duma lei devem ser respeitados pelas
leis posteriores.

Esta doutrina foi definida por Savigny e exposta na sua versão mais ampla por Merlin e
Gabba, distingue os direitos adquiridos das faculdades legais e simples expectativas: aqueles
já entraram no nosso domínio e não podem ser-nos retirados. A lei nova deve respeitar os
direitos adquiridos, mas não as faculdades legais e as simples expectativas (Fontes, 2006).

Esta doutrina foi logo criticada, primeiro porque, o direito não deriva do seu exercício, depois
porque nem sempre é fácil distinguir o direito subjectivo e uma expectativa e finalmente
porque nem todos direitos permanecem indefinidamente sujeitos à disciplina do direito
vigente (Fontes, 2006).

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 A doutrina do facto passado

Esta doutrina sustenta que todo facto jurídico é regulado pela lei vigente quando se produziu,
por isso, a lei nova não deve ser retroactiva.

Aos efeitos jurídicos já consumados sob império da lei antiga, aos ainda pendentes quando a
lei nova surge e mesmo aos que não se produziram, mas podem ocorrer como consequência
mais ou menos longínqua dum facto passado, a todos se aplica a lei antiga: a lei em vigor
quando ocorreu o facto que os produziu (Fontes, 2006).

Segundo Fontes (2006), esta doutrina defende a aplicação da lei antiga aos factos passados,
mas quanto aos factos pendentes distingue: se os seus efeitos jurídicos já se produziram antes
da entrada em vigor da lei nova, aplicar-se-á a lei nova; se ainda não se produziram, aplicar-
se-á a lei nova, falando-se assim, não da retroactividade, mas de efeito imediato.

 A doutrina das situações jurídicas objectivas e subjectivas

De acordo com Fontes (2006), esta doutrina procuro substituir o conceito de direito subjectivo
pelo de situação jurídica que compreende: as situações subjectivas são as que resultam das
manifestações da vontade dos indivíduos de harmonia com a lei, tem um conteúdo individual
ou particular, e as situações objectivas, consistem em simples poderes leis que a lei atribui às
pessoas em virtude da ocorrência de certos factos. As primeiras são livremente determinadas
pelos indivíduos e as segundas são imperativamente fixadas pela lei. Assim, às situações
jurídica subjectivista vinda do passado dever-se-á aplicar a lei antiga e às objectivas, a lei
nova.

Esta doutrina foi criticada porque nem sempre as situações jurídicas resultam apenas da
vontade dos interessados e não seria razoável aplicar-se a lei antiga a estas situações jurídicas
subjectivas e que há situações objectivas (que não dependem da vontade de ninguém) a que
seria injusto aplicar a lei nova (Fontes, 2006).

 A doutrina das situações jurídicas de execução duradoura e de execução


instantânea

Introduzida por Galvão Telles, constitui uma nova versão dos factos passados, defende que
nas situações jurídicas de execução duradoura, que podem durar anos e até séculos, é
necessário separar o passado e o futuro; aquele pertence ao domínio da lei antiga, este ao da

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lei nova, ou seja, os factos passados pertence a lei antiga e os futuros a lei nova (Fontes,
2006).

2.3.4. A Sucessão no tempo de leis sobre prazos

O decurso de um prazo pode ter o valor de facto constitutivo ou extintivo de um direito e pode
suceder que uma lei nova altere, aumentando ou diminuindo, um prazo que, estando em curso,
ainda não permitiu que o direito se constituísse ou extinguisse. Por isso é necessário saber
qual das leis a aplicar, se é a lei antiga ou a nova. A solução para este problema encontra-se
plasmada no artigo 297 do Código Civil, assim:

 Se a lei nova estabelecer um prazo mais curto em relação a lei antiga, aplicar-se-á
também aos prazos ainda em curso, mas o tempo só se conta a partir da data da sua
entrada em vigor. Todavia se faltar menos tempo para o prazo se completar segundo a
lei antiga, aplicar-se-á esta.
 Se a lei nova fixar um prazo mais longo, aplicar-se-á igualmente aos prazos em curso,
mas computar-se-á o tempo decorrido antes.

2.4. Aplicação da lei no espaço


 Preliminares

Depois de já termos falado da aplicação da lei no tempo, vamos agora falar da aplicação dessa
lei no espaço. É de salientar que da mesma forma que as leis são criadas para vigorar num
determinado tempo, elas também são criadas para vigorar num determinado espaço. A
aplicação da lei no espaço procura responder às várias questões que se podem suscitar a
propósito das formas de compatibilidade entre vários ordenamentos jurídicos.

2.4.1. Princípios da Aplicação da Lei no Espaço


 Princípio da Territorialidade – Princípio Geral

Em razão do conceito jurídico de soberania Estatal, a norma deve ser aplicada dentro dos
limites territoriais do Estado que a criou. Essa é a ideia do princípio da territorialidade.

Na República de Moçambique, "o território é uno, indivisível e inalienável, abrangendo toda a


superfície terrestre, a zona marítima e o espaço aéreo delimitados pelas fronteiras nacionais. A
extensão, o limite e o regime das águas territoriais são fixados por lei.

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Dentro do princípio da territorialidade encontramos o Princípio da territorialidade e
consanguinidade ou princípio da nacionalidade, no qual a lei é aplicada no território nacional
e aos cidadãos nacionais. No caso de Moçambique, a questão de territorialidade e
consanguinidade, encontra-se regulada na constituição.

O princípio da territorialidade torna-se insuficiente para abranger a imensa gama de relações


jurídicas estabelecida entre pessoas de diversos países. Assim contrapondo-se ao princípio da
territorialidade, tem-se o princípio da extraterritorialidade que admite a aplicabilidade no
território nacional de leis de outros Estados, segundo princípios e convenções internacionais.

Os factos podem ter diferentes tipos de conexão com a ordem jurídica, designadamente:

 Nacionalidade das partes;


 Domicílio das partes;
 Lugar da situação do bem imóvel;
 Lugar da prática do facto ilícito; e
 Lugar da celebração do negócio.

Uma vez que num Estado existem diversos ordenamentos jurídicos, a relação da aplicação das
leis no espaço são reguladas nos termos das normas do Direito Internacional Privado dos
artigos 14º a 65º do Código Civil.

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3. Conclusão

Terminando o trabalho com o tema interpretação da lei e aplicação da lei no tempo e no


espaço, conclui que a interpretar uma norma é determinar o exacto sentido da norma e o seu
alcance na aplicação de casos concretos, assim, todas normas carecem de interpretação
mesmo quando estas se apresentem de forma mais clara. A interpretação da lei não pode se
basear na letra da lei mas sim através do texto constante na letra dela procurar determinar o
seu sentido. O princípio geral da aplicação da lei no tempo é o da não retroactividade,
segundo o qual, as leis apenas regulam factos novos, ou seja, factos que emergirem a partir da
data de entrada em vigor dessa lei, salvaguardando assim, os efeitos já produzidos pelas leis
anteriores. O princípio da não retroactividade, apresenta excepções, podendo assim a lei
retroagir em certas circunstâncias, sendo, quando definidas por própria lei e ou quando
beneficie os visados. A aplicação da lei no espaço tem como princípio geral, o da
territorialidade, no qual a lei se aplica em todo território de um Estado. Este princípio
exceptua-se dando origem ao princípio da extraterritorialidade, pois os Estados encontram-se
vinculados por vários sistemas normativos que concretizam a boa relação entre Estados e
cidadãos.

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4. Referencias Bibliografia

FONTES, J. (2006). Teoria geral do Estado e do Direito. Coimbra Editora.

JUSTOS, A S. (2009). Introdução ao Estudo do Direito. 4ª Edição. Coimbra Editora.

MARCONI, M. A e LAKATOS, E. V (2009). Metodologia científica. Editora Atlas, São


Paulo.

ROCHA, Isabel, BATALHÃO, Carlos José, ARAGÃO, Luís. Introdução ao Direito. 12º
Ano. Porto editora.

TELLES, I. G. (2001). Introdução ao Estudo do Direito. Coimbra editora.

Legislação:

 Constituição da República de Moçambique


 Código Civil

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