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INSTITUTO SUPERIOR DE ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS

CONTABILIDADE E FINANÇAS

INTEGRAÇÃO DA LEI

Luanda, 2023
INSTITUTO SUPERIOR DE ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS
CONTABILIDADE E FINANÇAS

INTEGRAÇÃO DA LEI

INTEGRANTES DO GRUPO N° 6

 Arelson Komba
 Bernadino Zua
 Edianeth Gaspar
 Euclides Caquissi
 José Paulino
 Manuel João

O DOCENTE

_________________________

Luanda, 2023

ii
AGRADECIMENTOS
Antes de tudo expressamos a nossa gratidão ao altíssimo Deus Pai todo-Poderoso, por
permitir-nos materializar a realização deste trabalho, o nosso muito obrigado por iluminar
o nosso caminho neste processo de formação dando a sabedoria necessária e a paciência
exigida, pois sem ele nada disto seria possível de acontecer.

Agradecemos as nossas famílias, por acreditarem incondicionalmente em nós e no que


estamos a fazer, por incansavelmente lutarem para que este processo tenha o melhor
desfecho, pois eles se tornam na maior referência para nós, e por fim agradececer a todos
os nossos amigos, colegas e professores.

iii
EPÍGRAFE

Se a liberdade significa alguma coisa, será sobre tudo o direito de dizer às outras
pessoas o que elas não querem ouvir.

“George Orwell”

iv
RESUMO

O trabalho pretende o processo de integração da Lei. O principal objetivo do projecto e


compreender a interação entre a interpretação e a integração da lei, sendo que para que as
regras sejam aplicadas da maneira mais efetiva é necessário que a mensagem gravada
pelo lesgilador seja compreensível, entretanto, não é sempre que os dispositivos legais
conseguem acompanhar a dinâmica de evolução da sociedade e as peculiaridades de cada
caso. Portanto, existem técnicas de interpretação das normas, buscando seu sentido, assim
como técnicas de integração tentando suprir as lacunas no ordenamento jurídico.

Palavras-chave: Integração, lacunas, denegração.

v
ABSTRACT

The work intends the process of integration of the law. The main objective of the project
is to understand the interaction between the interpretation and the integration of the law.
In order for the rules to be applied in the most effective way, it is necessary that the
message recorded by the lesgilator be understandable; however, it is not always that the
legal devices are able to follow the dynamics of evolution of society and the peculiarities
of each case. Therefore, there are techniques of interpretation of the rules, seeking their
meaning, as well as techniques of integration trying to fill gaps in the legal system.

Keywords: Integration, gaps, denial.

vi
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ............................................................................................... iii
EPÍGRAFE ................................................................................................................ iv
RESUMO .................................................................................................................... v
ABSTRACT ............................................................................................................... vi
1. INTRUDUÇÃO .................................................................................................... 8
1.1. Objectivos....................................................................................................... 9
1.1.1. Objectivo Geral ....................................................................................... 9
1.1.2. Objectivos específicos ............................................................................. 9
2. INTERPRETAÇÃO DA LEI E SUAS FORMAS (QUANTO AO
RESULTADO) .......................................................................................................... 10
2.1. Técnicas de interpretação da lei..................................................................... 10
2.1.1. Método gramatical ou literal .................................................................. 10
2.1.2. Método lógico ou racional ..................................................................... 10
2.1.3. Método sistemático ................................................................................ 10
2.1.4. Método teleológico ................................................................................ 10
2.1.5. Método histórico: pelo qual se faz uma pesquisa da história da lei.......... 10
2.2. Métodos de interpretação da lei ..................................................................... 10
2.2.1. Método de interpretação das leis segundo suas fontes ou origens ........... 11
2.2.2. Método de interpretação das leis segundo sua finalidade ........................ 11
2.2.3. Método de interpretação das leis segundo seus resultados ...................... 11
3. LACUNAS DA LEI............................................................................................ 12
3.1. Tipos de Lacunas .......................................................................................... 12
4. FORMAS DE INTEGRAÇÃO .......................................................................... 13
4.1. Analogia (o método previsto no nº 2 do artigo 10º) ....................................... 14
4.2. Regras hipotéticas ( o método previsto no n.º 3 do artigo 10º) ....................... 15
5. CONCLUSÃO .................................................................................................... 16
6. BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 17

vii
1. INTRUDUÇÃO
A interpretação ocorre no momento em que é preciso entender o dever da prescrição legal,
entender qual é o direito garantido ou dever atribuido ou o sujeito, assim como
compreender as consequências e efeitos do descumprimento da norma, sendo que a
integração visa a suprir lacunas deixadas pelo legislador.

Na integração de lacunas, o juiz deve começar por procurar no ordenamento jurídico uma
norma que embora não regule especificamente a situação em causa, possa, contudo, ser-
lhe aplicável em virtude da semelhança da situação regulada pela mesma norma. Deste
modo, estará a aplicar a analogia Analogia é, pois, a aplicação ao caso omisso a norma
reguladora de um caso semelhante (ou análogo)

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1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivo Geral

 Descrever o processo de integração da lei.


1.1.2. Objectivos específicos

 Compreender a interação entre a interpretação e a integração da lei;


 Compreender as lancunas;
 Compreender as formas e os limites de integração das lei.

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2. INTERPRETAÇÃO DA LEI E SUAS FORMAS (QUANTO AO RESULTADO)

A interpretação é, por natureza, prévia à integração de lacunas. Só depois de interpretadas


as leis, se pode concluir que há lacuna ou vazio de lei sobre certo conteúdo, ou seja, a
interpretação é anterior à integração de lacunas.

A interpretação da lei é o processo técnico e jurídico que visa determinar o conteúdo e


alcance das normas jurídica.

A interpretação é realizada para buscar o sentido (significado dos vocábulos) e o alcance


(campo de aplicação) da norma jurídica, ou seja, ela exerce um trabalho elucidativo de
conceitos, servindo de auxilio para o operador de direito. Segundo os principais
doutrinadores, toda norma jurídica é passível de interpretação.

Segundo Cristiano chaves, a interpretação é um processo intelectivo, pautado em


determinar os significados da própria norma jurídica, extraindo o que ela contém. Em
suma síntese: interpretar a norma jurídica é explicar, aclarar, o sentido de uma lei.

2.1. Técnicas de interpretação da lei

Essa técnica de interpretação pode acontecer a partir dos seguintes métodos:


2.1.1. Método gramatical ou literal: busca-se a literalidade da lei. Faz-se uma captação
da linguagem;
2.1.2. Método lógico ou racional: busca-se a razão da lei, o sentido textual interno da
regra, sem a utilização ou a referência de elementos exteriores;
2.1.3. Método sistemático: o direito do trabalho se insere em um sistema maior,
devendo sempre ser lido conforme os demais ramos do direito. É chamado de
sistemático justamente porque sempre insere a interpretação desse ramo do direito
dentro de um contexto maior com propósito próprio, sendo determinante para a
forma como se lê a regra;
2.1.4. Método teleológico: a partir do qual se busca a finalidade do direito que, no caso
do direito trabalhista, é de auxílio da parte hipossuficiente, o empregado;
2.1.5. Método histórico: pelo qual se faz uma pesquisa da história da lei.
2.2. Métodos de interpretação da lei
Os métodos de interpretação da normas jurídicas, classificam-se segundo as suas
fonte ou origem, sua finalidade e seu resultado.

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2.2.1. Método de interpretação das leis segundo suas fontes ou origens

 Interpretação autêntica - É uma interpretação que é feita pelo próprio órgão que
criou a norma (não pode ser feita por um órgão de hierarquia inferior) e deve
assumir a mesma forma de acto que a utilizada na produção da norma que ora se
interpreta;
 Interpretação doutrinal - É uma interpretação feita por especialistas e técnicos de
Direito, como os magistrados, juristas, assim como pelos tribunais, fazendo uso
da doutrina e da ciência jurídicas.
2.2.2. Método de interpretação das leis segundo sua finalidade

 Interpretação subjectivista - É um método de interpretação através do qual se


procura reconstituir o pensamento concreto do legislador;

 Interpretação objectivista - É um método de interpretação em que se busca apurar


o sentido da norma abstraindo-se de quem foi o legislador ou de quem produziu
essa norma;

 Interpretação histórica - É um método de interpretação em que se busca alcançar


o sentido que a norma tinha no momento de sua aprovação e entrada em vigor ;

 Interpretação actualista - É um método de interpretação em que se busca alcançar


o sentido que a norma tinha no momento de sua aplicação ou execução
2.2.3. Método de interpretação das leis segundo seus resultados

 Interpretação declarativa - É um método de interpretação em que o intérprete


entende que o sentido da norma está de acordo com o respectivo texto;

 Interpretação extensiva - É um método através do qual se faz uma interpretação


de modo a corrigir a não conformidade entre a letra da norma e o pensamento do
legislador;

 Interpretação restritiva - É um método através do qual se faz uma interpretação de


modo a corrigir a desconformidade existente entre a letra da norma e o
pensamento do legislador;

 Interpretação enunciativa - É uma interpretação em que, através de um processo


dedutivo, se retira da norma todas as suas consequências;

 Interpretação ab-rogante - É um método de interpretação em que o intérprete,


apesar de presumir que o legislador consagrou a solução mais acertada e exprimiu
correctamente seu pensamento, conclui que a norma não tem qualquer efeito útil,
nomeadamente porque é incompatível e irreconciliável com outra norma jurídica.

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3. LACUNAS DA LEI
Lacunas da lei são os casos que devem ser regulados juridicamente, mas para os quais a
lei não dê resposta imediata. Também chamados de casos omissos no sistema normativo,
ou seja, ausência de normas aplicáveis a certas situações.

Existem lacunas (casos omissos) no sistema normativo, porque o legislador não consegue,
por mais previdente que seja, prever todas as situações da vida real. Pois a todo instante,
surgem novas e diferentes situações que o legislador não conseguira firmar em fórmulas
legislativas. Por essa razão poderá acontecer situações em que no ordenamento jurídico,
o juiz não ache soluções legislativas adequadas.

3.1. Tipos de Lacunas


Existem dois tipos de lacunas:

 Lacunas de previsão: se traduzem na falta de previsão de certa situação de facto, ou


seja, há lacuna de previsão quando um determinado caso não é contemplado por
disposição legal;

 Lacunas de estatuição: revelam a ausência de consequências a que o Direito faz


corresponder a verificação de determinada situação de facto. Por exemplo: na
hipótese de alguém ter violado uma obrigação legal sem que o ordenamento jurídico
forneça a consequência para tal ato.
Pode haver casos que devam ser regulados juridicamente, mas para os quais a lei não dê
resposta imediata. Estes casos chamam-se lacunas da lei. A actividade destinada a
encontrar solução jurídica para esses casos, norma que lhe seja aplicável, diz-se
integração da lei.

Efetivamente, o legislador não consegue, por mais previdente que seja, prever todas as
hipóteses que podem ocorrer na vida real. Esta, em sua manifestação infinita, cria a todo
instantes situações que o legislador não lograra fixar em fórmulas legislativas. Pode
ocorrer que ao julgar determinada questão o juiz não encontre no ordenamento jurídico a
solução legislativa adequada. Houve época em que, na falta de disposição legal aplicável
ao caso concreto, o juiz abstinha-se de julgar. Hodiernamente, tal solução não mais se
admite, sob pena de remanescerem questões sem pronunciamento definitivo.
Efetivamente, após a interpretação e uma vez verificada a lacuna, o jurista procura, pelos
processos admitidos pela doutrina e pelo ordenamento jurídico, encontrar a forma de
resolver a situação.

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Segundo o Código Civil vigente (artigo 8º), o juiz, na sua função de julgar não pode deixar
de decidir um caso devido ao silêncio da lei (ou à falta dela). Ao resolver o caso, estará a
fazer a integração de lacuna (artigo 10º do Código Civil).

4. FORMAS DE INTEGRAÇÃO
O aplicador da lei face ao

No caso de haver lacuna no sistema jurídico ou não conter a hipótese concreta o legislador
decidirá o caso de acordo com as seguintes formas de integração:

 Analogia: na falta de uma lei, busca-se lei aplicável a um caso semelhante;


 Regras hipotéticas (o método previsto no nº 3 do Art.º 10º);
 Usos e costumes: os usos são as praticas comuns entre as partes, já os costumes
são mais amplos, como uma pratica reiterada em uma determinada região;
 Jurisprudência: conjunto de julgados de um tribunal;
 Princípios gerais do direito: são aqueles princípios válidos para todos os ramos
do direito;
 Equidade: é a utilização da “justiça” por parte do juiz;
 Direito comparado: é a utilização da legislação de outros países em Angola.
No nosso Código Civil faz-lhe referência o artigo 10.º

1. Os casos que a lei não preveja são regulados segundo a norma aplicável aos
casos análogos.

2. Há analogia sempre que no caso omisso procedam as razões justificativas da


regulamentação do caso previsto na lei.

3. Na falta de caso análogo, a situação é resolvida segundo ª norma que o próprio


intérprete criaria, se houvesse de legislar dentro do espírito do sistema.

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4.1. Analogia (o método previsto no nº 2 do artigo 10º)
De há muito se estabelece que, não se encontrando na lei solução jurídica para um caso,
se busca uma norma que regule um caso análogo.
Assim, por exemplo, quando surgiu a navegação aérea, havia uma regulamentação muito
completa da navegação e transporte marítimos, ao passo que os aéreos durante algum
tempo foi lacuna das leis. Mas as normas sobre navegação e transportes marítimos
puderam em larga medida aplicar-se por analogia - os dois tipos de transporte tinham
muitas similitudes entre si.
Quando se verifica a analogia?
O n.º 2 do artigo 1 0.º do Código Civil responde: “Há analogia sempre que no caso omisso
procedam as razões justificativas da regulamentação do caso previsto na lei”.
Este critério pode exprimir-se também deste modo: há analogia quando a razão de decidir
no caso omisso e no caso previsto é a mesma.

Existe diferença entre a analogia e a interpretação extensiva. O recurso à analogia


pressupõe que uma determinada situação não está compreendida nem na letra nem no
espírito da lei. Esgotou-se todo processo interpretativo dos textos sem se ter encontrado
nenhum que contemplasse o caso cuja regulamentação se pretende, ao passo que, na
interpretação extensiva, encontra-se um texto, embora, para tanto, haja necessidade de
estender as palavras da lei, reconhecendo que o legislador ao formular a norma, disse
menos do que efetivamente pretendia dizer. Mas o caso está contemplado, não há
omissão.

Existem dois tipos de analogias

 Analogia legis: caracteriza-se pela aplicação da lei a casos semelhantes por ela
prevista, ou seja, parte de um preceito legal e concreto, e faz a sua aplicação aos
casos similares
 Analogia iures: decorre do ordenamento jurídico um princípio que permite
resolver o caso em apreciação, ou seja, carateriza-se pela aplicação de princípios
do direito, no caso de inexistência de norma jurídica aplicável.

Há casos em que não é aplicável a analogia nem, por conseguinte, outros métodos de
integração. São os casos de:

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 Leis excepcionais, que regulam um sector particular das relações sociais de modo
diverso do regime geral adotado para as relações, situações do mesmo género (ora,
nas situações excepcionais reguladas pelo direito, a ausência de norma de
excepção não é susceptivel de suprimento por analogia);
 Leis penais, que se regem pelos princípios da legalidade e da tipicidade, nos
termos dos quais não previstas expressamente na lei
 Leis tributárias (normas do direito Fiscal ou Tributário), pois que ninguém é
obrigado a pagar imposto que não tenham sido criad6os nos termos da lei.

4.2. Regras hipotéticas ( o método previsto no n.º 3 do artigo 10º)


Verificando-se uma lacuna da lei e não havendo norma aplicável por analogia (as
chamadas lacunas rebeldes à analogia), o artigo 10º, nº3, do Código Civil manda que a
situação seja decidida “segundo a norma que o próprio interprete criaria, se houvesse de
legislar dentro do espírito do sistema”. Ou seja, na falta de uma disposição legal aplicável
o juiz decide segundo as regras que estabeleceria se tivesse de fazer acto de legislador.

A lei manda estabelecer a norma a criar “dentro do espírito do sistema”, isto é a norma
objectivamente mais adequada em face dos princípios gerais do nosso direito.

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5. CONCLUSÃO

Após um período de investigação conclui-se que a integração da lei é o processo que


consiste em dar solução aos casos que devem ser regulados juridicamente, mas para os
quais a lei não dá resposta imediata. Também chamados de casos omissos no sistema
normativo. Havendo uma lacuna o juiz não poderá abster-se de dar solução, em razão do
princípio da proibição da denegação da justiça, deve haver integração do direito ou das
normas jurídicas, através da analogia, regras hipotéticas, dos costumes, da jurisprudência,
dos princípios gerais do direito e da equidade. Desta forma, embora o direito como
sistema possa ser lacunoso, em virtude da impossibilidade de prever todas as situações
particulares e concretas a serem resolvidas juridicamente; enquanto direito vivo e em
atuação, isto é, quando da aplicação das leis, o próprio direito apresenta soluções para
suas "falhas" ou lacunas.

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6. BIBLIOGRAFIA

Ascensão, o. (s.d.). Interpretação das leis e integração das lacunas.


(s.d.). Código civil anolano. Luanda.
Https://trilhante.com.br/curso/fontes-e-principios-do-direito-do-
trabalho/aula/interpretacao-e-integracao-no-direito. (s.d.).
Https://vademecumbrasil.com.br/palavra/voluntas-legis. (s.d.).
Https://www.institutoformula.com.br/lindb-interpretacao-das-normas-juridicas/. (s.d.).
Https://www.jurisway.org.br/v2/pergunta.asp?idmodelo=6389. (s.d.).
Https://www.jusbrasil.com.br/artigos/a-interpretacao-da-lei-processual-
penal/151946136/amp. (s.d.).
Kambali, e. (2023). Apontamentos de introdução ao estudo do direito . Luanda.
Rebelo de sousa, m. (2000). Introdução ao estudo do direito. Lisboa: lex.
Ribeiro gameiro, a., & rui, j. (s.d.). Introdução e teoria geral do direito.
Varela, b. (2011). Manual de intodução ao direito.

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