Você está na página 1de 10

0

FACULDADE DE DIREITO

COORDENAÇÃO DO CURSO DE DIREITO

MÓDULO DE DIREITO E O PENSAMENTO JURÍDICO

TEORIA CONTEMPORÂNEA DA INTERPRETAÇÃO

Discente: Fátima Mochey Código: 91231074

Pemba, Novembro de 2023


1

FACULDADE DE DIREITO

COORDENAÇÃO DO CURSO DE DIREITO

MÓDULO DE DIREITO E O PENSAMENTO JURÍDICO

TEORIA CONTEMPORÂNEA DA INTERPRETAÇÃO

Discente: Fátima Mochey Código: 91231074

Trabalho de Campo a ser submetido na


Coordenação do Curso de Direito do
ISCED, 1º Ano no Módulo de Direito e o
Pensamento Jurídico sob orientação do
docente.

Pemba, Novembro de 2023


2

Índice

Introdução..................................................................................................................................3

Metodologia...............................................................................................................................3

Problema....................................................................................................................................4

Justificativa................................................................................................................................4

Objectivos do trabalho...............................................................................................................5

Objectivo geral...........................................................................................................................5

Objectivos específicos................................................................................................................5

Teoria Contemporânea da Interpretação....................................................................................5

Conclusão...................................................................................................................................8

Referencias Bibliográficas.........................................................................................................9
3

Introdução

O presente estudo revela-se importante por que no actual contexto de resolução de conflitos
possibilitará diagnosticar anomalias possíveis e lições úteis no processo da administração da
justiça moçambicana. Por isso acreditamos que o presente trabalho venha a ser um contributo
para o aperfeiçoamento dos mecanismos de resolução de conflitos e acesso a justiça
susceptíveis melhorar a interpretação dos interesses e prioridades a definir no contexto de
acesso a justiça. Efectivamente a Administração da Justiça deve reflectir as formas de
inclusão dos tribunais comunitários e outras formas alternativas de resolução de litígios
extrajudiciais, na priorização e participação activa da comunidade na solução dos seus
problemas. Para essa teoria, é possível distinguir entre “descobrir” o significado de um texto
normativo e “atribuir” significado a um texto normativo.

Quando está na zona de penumbra, resolvendo um caso dúbio, o intérprete tem de decidir o
significado do texto; quando resolve um caso claro, diversamente, o intérprete simples mente
descreve, descobre o significado do texto. Assim, há dois tipos de enuncia dos interpretativos:
quando o significado que o intérprete atribui cai no “núcleo”, o enunciado interpretativo é
verdadeiro, sendo resultado de mera descrição. Essa teoria pressupõe que a distinção entre
casos fáceis e casos difíceis é uma distinção objectiva, não sendo resultado de alguma decisão
interpretativa.

Entretanto, pode-se argumentar que os intérpretes atuam discricionariamente não só quando


decidem controvérsias que caem na “zona de penumbra”, mas também quando decidem se
uma controvérsia cai, ou não, no “núcleo luminoso”. Logo, seriam fruto de decisões
interpretativas as próprias fronteiras incertas entre “núcleo” e “penumbra”, sendo a própria
“penumbra” resultado da discricionariedade dos intérpretes.

Metodologia
A metodologia usada para a elaboração do presente trabalho foi com base na pesquisa
documental e consulta de forma censurada e sucinta de algumas obras que abordam sobre o
assunto. Quanto a estrutura o trabalho é regido de regras da ISCED, medidas vigentes tais
como: introdução, desenvolvimento, conclusão e referencias bibliográficas que esta presente
no final do trabalho.
4

Problema
Constata –se que a Teoria Contemporânea da Interpretação em Moçambique, Tendo em vista
o exposto, a sociedade moçambicana compõe, ao lado dos tribunais judiciais, outras
instâncias de resolução de litígios, seja elas comunitárias ou não, que apresentam
configurações distintas, usam direitos diferenciados, podem ou não ter algum vínculo com as
instituições estatais e ser mais ou menos permeáveis à influência do direito e dos mecanismos
do Estado.

Nesse contexto pretendemos levar o assunto a uma reflexão proactiva de uma justiça mais
direccionada para as pessoas que necessitam dessa assistência Jurídica para que as mesmas
possam ter a consciência de que o Acesso à Justiça é um meio de poder reconhecer o valor de
Justiça, na perspectiva mais ampla que a Justiça como instituição.

Justificativa
A motivação para a escolha do tema objecto do presente estudo, prende-se com a necessidade
de o Acesso à Justiça poder ser compreendido como um meio de possibilitar à população o
reconhecimento do valor de Justiça. Enfim, uma justiça capaz de atender a uma Sociedade em
constante mudança com a diversidade cultural que ela apresenta. Com essa premissa,
pretendemos buscar concretizações jurídico - práticas da materialização da garantia
constitucional.

A escolha da presente abordagem é pelo facto de ser actual, na medida em que o pluralismo
jurídico, embora ainda alcançando espaços restritos no meio académico, vem sendo abordada
como um novo caminho para a solução de conflitos e para o reconhecimento de normas
particulares de grupos e sociedades. Seu objectivo central é demonstrar que o Estado
Moderno não é o único agente legitimado a criar legalidade para enquadrar as formas de
relações sociais que vão surgindo, ou seja, que não possui o monopólio da produção de
normas jurídicas. Ainda, é justificável abordar o tema proposto, na medida em que o
pluralismo jurídico tende a estar presente em todas as sociedades, ainda que com
especificidades a vários níveis.
5

E Moçambique é extremamente rico pela quantidade e diversidade de ordens normativas e de


instâncias de resolução de conflitos que actuam no terreno e pelas complexas interligações
que se estabelecem entre as mesmas.

Objectivos do trabalho
Objectivo geral
 Conhecer as Teorias Contemporânea da Interpretação.

Objectivos específicos
 Descrever as Teorias Contemporânea da Interpretação.
 Reflectir sobre as Teorias da Interpretação Jurídica.

Teoria Contemporânea da Interpretação


Teorias da Interpretação Jurídica Hodiernamente, deparamo-nos com três teorias diferentes
(isto é, famílias de teorias) da interpretação:

 Teoria cognitiva (ou formalista);


 Teoria cética;
 Teoria intermediária.

A teoria cognitiva sustenta que a interpretação é uma actividade do tipo cognoscitivo:


interpretar é averiguar (empiricamente) o significado objectivo dos tex tos normativos e/ou a
intenção subjectiva de seus autores (os legisladores). Para esta teoria, os enunciados dos
intérpretes são enunciados do discurso descritivo, portanto, pode-se deles averiguar a verdade
ou a falsidade.

Tal concepção baseia-se em suposições falaciosas, de que as palavras contêm um significado


“próprio”, intrínseco, que não depende do uso das próprias palavras, mas da relação “natural”
entre palavra e realidade; ou na crença de que as autoridades normativas tenham uma
“vontade” unívoca e reconhecível como os indivíduos.

Nesse passo, o objectivo da interpretação seria simplesmente “descobrir” esse significado


objectivo ou essa vontade subjectiva, preexistente. Considera-se, ademais, que todo texto
normativo admite somente uma interpretação “verdadeira”.
6

A teoria cética (ou valorativa) sustenta que a interpretação é actividade de valoração e de


decisão, não de conhecimento. Baseia-se na ideia de que não existe o significado “próprio”
das palavras, pois toda palavra pode ter ou o significado que lhe incorporou o emissor, ou
aquele que lhe incorpora o usufrutuário, e a coincidência entre ambos não é garantida. Para
essa teoria, um texto admite uma pluralidade de entendimentos, e as diversas interpretações
dependem das diversas posturas valorativas dos intérpretes. Além disso, nos sistemas
jurídicos modernos, não há legisladores individuais cuja vontade possa ser averiguada com
métodos empíricos; nem existe uma “vontade colectiva” dos órgãos corporativos.

Na literatura contemporânea, essa teoria é sustentada pelas correntes do “realismo jurídico”


(norte-americano, escandinavo, italiano). Entretanto, essa teoria não leva em conta os
vínculos e limites objectivos, aos quais estão fatalmente sujeitas as escolhas dos intérpretes.
Esses vínculos dependem da circunstância de que, em todo ambiente cultural dado, os usos
linguísticos correntes admitem uma gama, ainda que vasta, de qualquer maneira limitada, de
significados possíveis para toda expressão dada.

As atribuições de significado que não se inserem dentro dessa gama são dificilmente
sustentáveis, sujeitas à crítica e fadadas ao insucesso. Ademais, entre os hábitos linguísticos
difundidos estão incluídas, se existirem, as interpretações já creditadas e consolidadas de um
certo texto normativo.

Esta concepção da compreensão informada pelos juízos prévios vem de Heidegger, cujo
pensamento é seguido por Gadamer, que diz: “Heidegger empreendeu uma descrição
fenomenológica plenamente correta ao revelar a estrutura prévia da compreensão na
presumida „leitura daquilo que „está ali‟. Ele também deu um exemplo de que dali surge uma
tarefa.

Em Ser e Tempo, concretizou na questão pelo ser o enunciado universal, elevado a um


problema hermenêutico (cf. Ser e tempo, vol. II, p. 104s).

Para explicitar a situação hermenêutica da pergunta pelo ser segundo a posição prévia, visão
prévia e concepção prévia, examinou criticamente a questão por ele dirigida à metafísica, em
momentos decisivos da história da metafísica. Com isso, acabou fazendo o que a consciência
histórico-hermenêutica exige para todos os casos.
7

Uma compreensão efectuada com consciência metodológica não buscará simplesmente


confirmar suas antecipações, mas tomar consciência delas, a fim de controlá-las e com isso
alcançar a compreensão correta a partir das coisas elas mesmas.

É o que pensa Heidegger, quando exige que na elaboração da posição prévia, visão prévia e
concepção prévia se „assegure‟ o tema científico a partir das coisas elas mesmas. Na analítica
de Heidegger, portanto, o círculo hermenêutico ganha uma significação totalmente nova. A
estrutura circular da compreensão manteve-se, na teoria que nos precedeu, sempre nos
quadros de uma relação formal entre o individual e o todo ou de seu reflexo subjectivo: a
antecipação divinatória do todo e sua explicitação consequente no caso singular. Segundo
esta teoria, portanto, o movimento circular oscilava no texto e acabava suspenso com sua
completa compreensão.

A teoria da compreensão culminava num ato divinatório que se transferia totalmente ao autor
e, a partir dali, procurava dissolver tudo que é estranho ou causava estranheza no texto.
Heidegger, pelo contrário, reconhece que a compreensão do texto permanece sempre
determinada pelo movimento pré apreensivo da compreensão prévia. O que Heidegger
descreve dessa for ma não é outra coisa do que a tarefa de concretização da consciência
histórica”.

Em Ser e Tempo, anota Heidegger: A interpretação de algo como algo funda-se,


essencialmente, numa posição prévia, visão prévia e concepção prévia. A interpretação nunca
é apreensão de um dado preliminar, isenta de pressuposições. Se a concreção da
interpretação, no sentido da interpretação textual exacta, se compraz em se basear nisso que
„está‟ no texto, aquilo que, de imediato, apresenta como estando no texto nada mais é do que
a opinião prévia, indiscutida e supostamente evidente, do intérprete. Em todo princípio de
interpretação, ela se apresenta como sendo aquilo que a interpretação necessariamente já
„põe‟, ou seja, que é preliminarmente dado na posição prévia, visão prévia e concepção
prévia.”

A terceira teoria, intermediária entre as duas anteriores, sustenta que a interpretação é,


algumas vezes, actividade cognoscitiva, outras, actividade de decisão. A teoria, portanto,
busca conciliar as outras duas.

Essa teoria destaca que quase todos os textos normativos possuem uma “trama aberta” (são
dotados, pois, de indeterminação, de vagueza), formulados que são em linguagem natural,
8

com termos classificatórios gerais. Assim, por exemplo, é difícil enquadrar alguém no
conceito de “jovem”, pois, o conceito abarcaria qual limite de idade? Da mesma forma, pode
ser difícil verificar a incidência de uma certa norma sobre determinada controvérsia. Todo
texto normativo terá, pois, um “núcleo luminoso” e, em torno dele, uma “zona de penumbra”
indefinida.

Conclusão

Pode-se concluir que, em relação a toda norma, há casos “fáceis”, que, sem sombra de
dúvidas, caem no seu âmbito de aplicação, como também casos marginais, ditos “difíceis”,
em relação aos quais é controvertida a aplicação da norma, pois esses casos caem na “zona de
penumbra”. Nesse passo, quando os juízes aplicam uma norma a casos fáceis, não exercem
qualquer discricionariedade; exercem-na, contudo, quando aplicam, ou deixam de aplicar,
uma norma nos casos difíceis, situados na “zona de penumbra”, eis que, nesses casos, a
decisão da controvérsia exige uma escolha entre, no mínimo, duas soluções alternativas.

Portanto, não é verdadeiro que as decisões judiciais sejam sempre tomadas com base em
normas pré-constituídas, como entendido pela teoria cognoscitiva; mas também não é
verdadeiro que em qualquer decisão o juiz actue discricionária mente, como apregoado pela
teoria cética. Como visto, a actividade jurisdicional enfrenta as duas espécies de actividade
interpretativa.
9

Referencias Bibliográficas

HEIDEGGER, Martin. (2005). Ser e Tempo. 12ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes.

COSTA, Jean Carlo de Carvalho. (2004). Hans-Georg Gadamer: notas introdutórias à


hermenêutica filosófica contemporânea. Revista Fragmentos de Cultura, Goiânia, v. 14, n. 5,
p. 897-912.

FREITAS, Juarez. (2002).A Interpretação Sistemática do Direito, 3ª ed. São Paulo:


Malheiros.

Você também pode gostar