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Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância

CENTRO DE RECURSO DE CHIMOIO


2º ano 2020
1. O estudante:
Nome: Francisco Manuel Zeca
Curso: Direito Código do Estudante: 51190270
Ano de Frequência: 2º /2020

2. O trabalho
Trabalho de: Direito Administrativo Código da Disciplina:
Nº de Páginas: (15)
Tutores: dr. Ilda Chiveca João António

Registo Rece Data da Entrega:


pção por: /03/2020

3. A correcção:
Corrigido por:
Cotação (0 –20):
4. Feedback do Tutor:

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HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO TEXTO JURÍDICO ,Setembro 2019.
Instituto Superior de Ciências de Educação à Distância

Nome do Estudante: Francisco Manuel Zeca

Curso de Direito IIº Ano

Chimoio

Cadeira: DIREITO

2019

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HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO TEXTO JURÍDICO ,Setembro 2019.
ÍNDICE
INTRODUÇÃO...........................................................................................................................4
TEMA..........................................................................................................................................5
JUSTIFICATIVA.........................................................................................................................5
PROBLEMA................................................................................................................................5
OBJETIVOS................................................................................................................................5
METODOLOGIA........................................................................................................................6
DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO.................................................................................7
MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO...........................................................................................7
INTEGRAÇÃO NO DIREITO....................................................................................................8
A IMPORTÂNCIA DE INTERPRETAÇÃO.............................................................................11
APLICAÇÃO DO DIREITO.....................................................................................................11
A INTERPRETAÇÃO DA LEI NO DIREITO BRASILEIRO..................................................12
A INTERPRETAÇÃO DA LEI NO DIREITO MOÇAMBICANO...........................................12
CONCLUSÃO...........................................................................................................................13
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA............................................................................................14

INTRODUÇÃO

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HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO TEXTO JURÍDICO ,Setembro 2019.
O presente trabalho tem como tema “INTERPREÇÃO E INTEGRAÇÃO DAS
NORMAS JURÍDICAS” e foi desenvolvido no âmbito do módulo HERMENÊUTICA
E INTERPRETAÇÃO DO TEXTO JURÍDICO e tem como objetivo Fazer estudo da
hermenêutica jurídica e a sistematização dos processos aplicáveis para determinar o
sentido e o alcance das expressões do direito e também a sua integração sendo que
aplicação consiste em submeter os factos através de atividade complexa que
correlaciona os aspetos normativos, fácticos e valorativos
Carlos Maximiliano, conhecido jurista, no seu livro Hermenêutica e Aplicação do
Direito, disse que:"a hermenêutica jurídica tem por objetivo o estudo e a sistematização
dos processos aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das expressões do
Direito".
Do que foi dito do jurista brasileiro, determina que a hermenêutica jurídica seria uma
parte da ciência do Direito ou uma teoria científica da interpretação. Em sentido mais
amplo, a hermenêutica jurídica tem por objeto não só a interpretação do Direito, mas
também a aplicação e a integração do Direito, sendo que a aplicação consiste em
submeter os fatos através de atividade complexa que correlaciona aspectos normativos,
fáticos e valorativos e a integração do direito é o processo lógico e axiológico.Pois
consideremos as expressões do Direito, "Carlos Maximiliano refere-se às fontes formais
do Direito ou formas de manifestação, ou seja, as espécies de norma, no caso, a lei, o
costume, a jurisprudência e a doutrina".É indiscutível que o Direito existe para ser
aplicado e para que essa aplicação se concretize é necessário que o intérprete deve
conhecer e denominar as técnicas a serem usadas. Não basta apenas ter o conhecimento
do Direito material, pois as leis precisam ser interpretadas de maneira correta e ao serem
aplicadas deverão corresponder as necessidades reais.
Cabe ao intérprete estabelecer um elo entre a realidade jurídica e a fática, visando que
ele tem que conhecer todas as técnicas de interpretação e aplicação do Direito.

TEMA

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HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO TEXTO JURÍDICO ,Setembro 2019.
Pretende-se com este trabalho realizar uma pesquisa tendo como estudo de caso
“INTERPREÇÃO E INTEGRAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS ” como o modelo
que o intérprete que vai seguir para extrair o verdadeiro sentido da norma observando
os preceitos jurídicos, de acordo com uma sociedade justa, sem conflituar com o
direito positivo e com o meio social.

JUSTIFICATIVA

As leis são criadas de uma forma genérica, isto para atender o maior número de
pessoas. Mas, com o mundo em constante evolução, as situações individuais e sociais
também se transmutam e, muitas vezes, o legislador não consegue imaginar todos os
caminhos e situações possíveis para uma norma, o que resulta em uma lacuna da lei,
com este trabalho pretende̵̶ se analisar a norma através do sistema em que se encontra
inserida, observando o todo, para tentar chegar ao alcance da norma no individual,
examinando a sua relação com as demais leis.

PROBLEMA

Conhecer o processo da descentralização, e saber ate que ponto a descentralização


interfere no processo de desenvolvimento administrativo e porque é incontestável,
sobretudo para a melhoria na prestação dos serviços públicos e são as suas implicações.

OBJETIVOS

 Conhecer o conceito de separacao de poderes em direito administrativo


 Fazer uma analise de separacao de poderes a luz da constiuicao da republica
 Elaborar argumentos criticos pessoais sobre a separacao de poderes em
Mocambique.

METODOLOGIA

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HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO TEXTO JURÍDICO ,Setembro 2019.
Para podermos avançar com a definição dos métodos a serem adotados no presente
trabalho de campo (pesquisa), quero antes fazer uma breve distinção entre método e
metodologia.

Segundo Richardson (2007, p.22) “Método, vem do grego méthodos (meta = além de,
após de + ódos = caminho). Portanto, seguindo a sua origem, método é o caminho ou
maneira para chegar a determinado fim ou objectivo, distinguindo-se assim, do conceito
de metodologia, que deriva do grego methodos (caminho para chegar a um objectivo) +
logos (conhecimento). Assim, a metodologia são os procedimentos e regras utilizadas
por determinado método.” Richardson (2007, p.22).

O método a ser adotado será pesquisa

Pesquisa e ̸ ou investigação é um processo sistemático para construção de conhecimento


humano, gerando novos conhecimento, podendo também desenvolver, colaborar,
reproduzir, refutar, ampliar, detalhar, atualizar, algum conhecimento pré-existente
servindo basicamente tanto para individuo ou grupo de individuo que a realiza quanto
para a sociedade na qual esta se desenvolve.

Do ponto de vista de procedimentos técnicos, far-se-a uma pesquisa bibliográfica a


partir da qual é possível estabelecer um plano de leitura. Trata-se de uma leitura a tenta
e sistemática que faz acompanhar de anotações e fechamento que, eventualmente,
poderão servir a fundamentação da teoria.

6.1.Etapas

a. A primeira etapa consiste na recolha e revisão da literatura pertinente ao estudo, com


o objetivo de encontrar as melhores orientações metodológicas para elaboração do
trabalho bem como informações e trabalhos anteriores realizados sobre o tema em
pesquisa.

b. Segundo etapa consistiram no tratamento e análise dos dados colhidos através dos
questionários aplicados e posteriormente faz-se a interpretação dos resultados obtidos.

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HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO TEXTO JURÍDICO ,Setembro 2019.
DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO

Carlos Maximiliano, conhecido jurista, no seu livro Hermenêutica e Aplicação do


Direito, disse que:"a hermenêutica jurídica tem por objetivo o estudo e a sistematização
dos processos aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das expressões do
Direito".
Do que foi dito do jurista brasileiro, determina que a hermenêutica jurídica seria uma
parte da ciência do Direito ou uma teoria científica da interpretação. Em sentido mais
amplo, a hermenêutica jurídica tem por objeto não só a interpretação do Direito, mas
também a aplicação e a integração do Direito, sendo que a aplicação consiste em
submeter os fatos através de atividade complexa que correlaciona aspectos normativos,
fáticos e valorativos e a integração do direito é o processo lógico e axiológico.Pois
consideremos as expressões do Direito, "Carlos Maximiliano refere-se às fontes formais
do Direito ou formas de manifestação, ou seja, as espécies de norma, no caso, a lei, o
costume, a jurisprudência e a doutrina".É indiscutível que o Direito existe para ser
aplicado e para que essa aplicação se concretize é necessário que o intérprete deve
conhecer e denominar as técnicas a serem usadas. Não basta apenas ter o conhecimento
do Direito material, pois as leis precisam ser interpretadas de maneira correta e ao serem
aplicadas deverão corresponder as necessidades reais.
Cabe ao intérprete estabelecer um elo entre a realidade jurídica e a fática, visando que
ele tem que conhecer todas as técnicas de interpretação e integração no Direito.

MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO

Gramatical ou Literal: busca o sentido do texto normativo, com base nas regras
comuns da língua, de modo a se extrair dos sentidos oferecidos pela linguagem
ordinária os sentidos imediatos das palavras empregadas, de modo que " busca-se o
significado filológico a partir de um estudo semântico das palavras, um processo que
exige o domínio da linguística e dos modos de comunicação escrita ou verbal ".[13]
Histórico: busca o contexto fático da norma, recorrendo aos métodos da historiografia
para retomar o meio em que a norma foi editada, os significados e aspirações daquele
período passado, de modo a se poder compreender de maneira mais aperfeiçoada os
significados da regra no passado e como isto se comunica com os dias de hoje.
Analógico: considera em qual sistema se insere a norma, relacionando-a às outras
normas pertinentes ao mesmo objeto, bem como aos princípios orientadores da matéria
e demais elementos que venham a fortalecer a interpretação de modo integrado, e não
isolado.
Sistemático: busca interpretar, em mesma lei, os temas convergentes.
Teleológico: busca aos fins sociais e bens comuns da normas, dando-lhe certa
autonomia em relação ao tempo que ela foi feita. Tratando-se de hermenêutica jurídica,

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HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO TEXTO JURÍDICO ,Setembro 2019.
o termo significa a interpretação do Direito (seu objeto), que pode - e deve - passar por
uma leitura constitucional e política.
Vale ressaltar a interpretação sociológica - Que é a interpretação na visão do homem
moderno, ou seja, aquela decorrente do aprimoramento das ciências sociais, de modo
que a regra pode ser compreendida nos contextos de sua aplicação, quais sejam o das
relações sociais, de modo que o jurista terá um elemento necessário a mais para
considerar quando da apreciação dos casos concretos ante a norma.
E ainda, a Holística, que abarcaria o texto a luz de um mundo transdisciplinar (filosofia,
história, sociologia...) interligado e abrangente. Inclusive, dando margem a
desconsiderar certo texto em detrimento de uma justiça maior no caso concreto e não
representada na norma entendida exclusivamente e desligada dos outros elementos da
realidade que lhe dão sentido.

INTEGRAÇÃO NO DIREITO

Diz-se que lei procura prever e disciplinar todas as situações. No sentido técnico, há a
subsunção. Isto é, a aplicação do direito configura-se quando um caso concreto se
enquadra no conceito abstrato da norma. Todavia, neste processo, é percebido que, em
alguns casos, o legislador não consegue prever e disciplinar todos os acontecimentos
que surgem em detrimento á mudanças sociais cada vez mais velozes e dinâmicas.
Para Tércio Sampaio Ferraz Junior (2016), existe uma dupla utilidade nos modos de
integração do direito:
“A questão dos modos de integração diz respeito aos instrumentos técnicos à disposição
do intérprete para efetuar o preenchimento ou a colmatação da lacuna. Na verdade, tais
instrumentos têm dupla utilidade, pois não só servem para o preenchimento, como
também para a constatação da lacuna. A constatação, embora do ângulo analítico, da
lacuna, aparentemente, apenas como falha ou omissão no sistema, do ângulo
hermenêutico exige um procedimento de revelação que lhe é correlato. São correlatos à
medida que o preenchimento da lacuna pressupõe que ela seja antes constatada ou
relevada, o que curiosamente se dá pelo uso dos mesmos instrumentos, pressupondo-se
uma exigência de preenchimento (a proibição do non liquet)”
O magistrado não pode, alegando lacuna (ausência de lei para um caso concreto),
obscuridade ou contradição da lei, se abster de decidir. É seu dever de solucionar todas
as controvérsias que lhe forem apresentadas (princípio da indeclinabilidade da
jurisdição). E é neste contexto que se aplica ao artigo 4° , e o artigo 126 do Código de
Processo Civil, aqui transcrito: Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo
com a analogia, os costumes e princípios gerais de direito.
Observa-se que o artigo 4° não menciona a equidade como um meio de suprir as lacunas
da lei. Porém, apreciando o ordenamento, verifica-se uma indicação ao uso desta forma
de integração no auxílio do juiz. Mais especificamente o artigo 127 do Código do
Processo Civil permite ao juiz a utilização da equidade. E o artigo 8° da Consolidação

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HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO TEXTO JURÍDICO ,Setembro 2019.
das Leis do Trabalho exige, na falta de disposições legais ou contratuais, que se recorra
“à equidade e outros princípios e normas gerais do direito”.

Á princípio, o magistrado deve aplicar a lei de forma objetiva e direta. Quando, por
algum motivo, não é possível, é preciso interpretá-la. Esgotados os meios
interpretativos, não superada a questão, deve suprir a lacuna recorrendo às formas de
integração da norma jurídica. Portanto, integração é o processo de preenchimento das
lacunas existentes na lei. São fontes da integração a analogia, os costumes, os princípios
gerais de direito e a equidade. Há uma ordem preferencial para a utilização desses
critérios.

Analogia
Não pode ser definida como fonte do direito. Não é possível a utilizar para criar uma
nova norma ao fato não previsto. Segundo Betioli (2008, p.348) a analogia “orienta o
intérprete” na descoberta da norma implícita já existente, isto é “apenas a revela”
Constitui uma operação lógica e valorativa. Isto é, lógica, no sentido em que visa buscar
a verdade de uma igualdade. E axiológica ao tentar alcançar uma justiça na igualdade.

Para que haja uma aplicação da analogia são necessários três requisitos:

O fato não está prevista em lei;


O fato tem semelhança com outro fato previsto;
O elemento de semelhança entre os fatos é imprescindível, carecendo aplicação em
ambas as situações.
 Costumes

Importante função quando havia na sociedade, carência de legislação. Em alguns países,


como a Inglaterra, o direito consuetudinário (common law), é importante fonte do
Direito. Conceitua-se costume como o uso reiterado, constante, notório e uniforme de
uma conduta, na convicção de ser ela obrigatória. Possui elementos objetivos, no caso
do uso continuo de uma prática E também uso subjetivo, a partir da convicção de sua
obrigatoriedade. Em relação à lei, o costume pode ser assim classificado:

Segundo a lei (sec undum legem) – A lei expressa a obrigatoriedade da aplicação dos
costumes em determinado caso. Exemplo: artigo 569, II, CC: “O locatário é obrigado: a
pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados e, em falta do ajuste, segundo o
costume do lugar.”

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HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO TEXTO JURÍDICO ,Setembro 2019.
Na falta da lei (praeter legem) – Lacunas que podem ser preenchidas pelo costume, em
caráter supletivo ou complementar, ampliando o preceito da lei.
Contra a lei (contra legem) – Quando contraria o que dispõe a lei. Pode existir na
prática, mas considerado abuso de direito, não é aceito juridicamente. Ocorre em de
duas formas:
Desuso da lei (ela passa a ser letra morta);
Quando o costume cria nova regra contrária à lei.
 Princípios gerais do direito

Já os princípios gerais do direito segundo Reale apud Betioli (2008) são “enunciações
normativas de valor genérico, que condicionam e orientam a compreensão do
ordenamento jurídico, quer para a sua aplicação e integração, quer para a elaboração de
novas normas”. Estão implícitos e também explícitos no ordenamento jurídico, possuem
caráter genérico, o orientando e o fundamentando.
Aqueles considerados mais importantes são objeto de mais atenção por parte do
legislador, merecendo portanto, inserção no ordenamento jurídico, como exemplo:
Isonomia, isto é, igualdade (CF, artigo 5°, caput);
Irretroatividade da Lei, afim de proteger direitos adquiridos (CF, artigo 5°, XXXVI);
Legalidade (CF artigo 5°, II);
“Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece”, artigo 3° da LICC.
“Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que
ao sentido literal da linguagem”, artigo 112 do CC.
 Equidade

A Equidade desempenha duplo papel. Possui caráter integrador, ao suprir lacunas nas
normas e papel hermenêutico, ao ajudar o intérprete a obter o sentido e alcance das leis.
Tais lacunas podem ser voluntárias, isto é, deixadas de forma voluntária pelo legislador,
ou involuntárias. Para Tercio Sampaio Ferraz Júnior (pag. 207), tem-se por equidade:
“Fala-se aqui no sentimento do justo concreto, em harmonia com as circunstâncias e
adequado ao caso. O juízo por equidade, na falta de norma positiva, é o recurso a uma
espécie de intuição, no concreto, das exigências da justiça enquanto igualdade
proporcional. O intérprete deve, porém, sempre buscar uma racionalização dessa
intuição, mediante uma análise das considerações práticas dos efeitos presumíveis das
soluções encontradas, o que exige juízos empíricos e de valor, os quais aparecem
fundidos na expressão juízo por equidade.”

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HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO TEXTO JURÍDICO ,Setembro 2019.
A IMPORTÂNCIA DE INTERPRETAÇÃO

As regras de hermenêutica podem ser classificadas em legais, jurisprudenciais e


doutrinárias, as regras legais são encontradas em textos de lei, encontrando muitas delas
no código e as mais gerais aparecem na Lei de introdução ao Código Civil. No artigo 4
dessa lei traz a importante regra que consagra a analogia e os princípios, no artigo 5 da
mesma lei prescreve as interpretações sociológicas e teleológica.
Os termos análogos são aqueles que tem mais de um sentido, tendo uma relação entre
eles. O termo "Direito" é análogo, pois pode significar o Direito objetivo, o Direito
subjetivo, o Direito positivo, o Direito natural e entre outros, tendo todos eles alguma
relação. Na ambiguidade ocorre que uma palavra pode ter vários significados diferentes
(denotações distintas).

APLICAÇÃO DO DIREITO

Consiste em enquadrar um caso concreto e a norma jurídica adequada, tem por objeto
descobrir o modo os meios de amparar juridicamente um interesse humano. O direito
precisa transformar-se em realidade eficiente, no interesse coletivo e também no
individual. Se dá mediante atividade dos particulares no sentido de cumprir a lei, ou
pela apelação espontânea ou provocada.Para atingir o escopo de todo o Direito objetivo
é força examinar: a) a norma em sua essência, conteúdo e alcance, b) o caso concreto e
suas circunstâncias, c) a adaptação do preceito à hipótese em apreço. As circunstâncias
do fato são estabelecidas mediante exame do mesmo.
A aplicação, no sentido amplo, abrange a crítica e a hermenêutica, mas o termo é
geralmente empregado para exprimir a atividade prática do juiz, ou administrador. A
interpretação explica, esclarece, dar o significado de vocábulo, atitude ou gesto,
reproduzindo em outras palavras um pensamento exteriorizado, mostrando o sentido
verdadeiro de uma expressão, sentença ou norma.
Pode-se procurar definir os significados de várias coisas, pois tudo pode se interpretar,
inclusive o silêncio. Incumbe ao intérprete aquela difícil tarefa, examinar o texto em si,
o seu sentido, o significado de cada vocábulo.
Interpretar uma expressão de Direito não é simplesmente tornar claro, é sobretudo,
revelar o sentido apropriado para a vida real. A interpretação é antes sociológica do que
individual.

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HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO TEXTO JURÍDICO ,Setembro 2019.
A INTERPRETAÇÃO DA LEI NO DIREITO BRASILEIRO

Pelo sistema do Direito positivo, ao juiz não é dado omitir-se na distribuição da justiça,
sob pretexto de omissão ou obscuridade da lei. Sendo omissa a lei, o juiz recorrerá,
primeiro, à analogia que, segundo ESPINOLA, não constitui, por si mesma, fonte do
direito. A fonte continua sendo a lei, ou seja, aquele dispositivo que disciplina o caso
análogo.
A jurisprudência vem se encaminhando nesse sentido da finalidade social da lei e da sua
aplicação, em combinação com o método histórico- evolutivo. Manifestação nesse
sentido está na Súmula 400 da jurisprudência predominante do Supremo Tribunal
Federal, segundo a qual:
“Decisão que deu interpretação razoável à lei, ainda que não seja a melhor, não autoriza
recurso extraordinário pela letra A ”
Isso importa em reconhecer a flexibilidade e maleabilidade do texto legal, a ponto de ser
interpretado de forma variável, desde que razoável e contando que a variação não
importe em ofensa ou negação da própria lei.

A INTERPRETAÇÃO DA LEI NO DIREITO MOÇAMBICANO

A República de Moçambique baseia-se no sistema jurídico de inspiração romano-


germânica, onde a lei é a principal fonte de direito. Por isso, a jurisprudência dos
tribunais resultante do julgamento de casos não tem valor vinculativo tal como acontece
nos sistemas Anglo-saxónicos.
Moçambique é um Estado de direito democrático baseado no princípio da separação e
interdependência de poderes. De acordo com a Constituição de 2004, a terceira
constituição adoptada após a independência do país, os direitos individuais e a
independência dos tribunais foram fortalecidos. A constituição é a lei suprema do país e
todos os actos contrários às disposições constitucionais são nulos. Moçambique é ainda
um Estado unitário, que respeita o princípio da autonomia das autoridades locais.
O Título III da Constituição (Artigos 35 à 95) relativo aos Direitos, Deveres e
Liberdades Fundamentais, garante a igualdade de todos perante a lei, o direito à vida, a
integridade moral e física, bem como a garantia de que ninguém será sujeito a tortura ou
tratamento cruel e desumano, o direito à privacidade e o dever de defender e promover a
saúde.

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HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO TEXTO JURÍDICO ,Setembro 2019.
De acordo com o artigo 43 da Constituição (CRM), os princípios constitucionais
relativos aos direitos fundamentais devem ser interpretados e integrados em harmonia
com a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) e da Carta Africana dos
Direitos do Homem e dos Povos (1981)

CONCLUSÃO

Assim, é que após a compreensão do que é a hermenêutica e a interpretação, a


importância no contexto jurídico, deve se passar à observação dos princípios de uma
forma que possa compreender como se dá a aplicação do Direito.
Tendo em vista que o Direito é considerado uma realidade social, este existe para ser
aplicado. Porém, antes de ser aplicado, se faz necessário compreendê-lo e interpretá-lo,
ficando evidente que só se aplica bem quem sabe interpretar corretamente.
A interpretação deve atender uma lógica sistematizada para que o Direito possa atender
as necessidades sociais. A hermenêutica, além de observar a técnica do silogismo deve
também observar a finalidade para qual foi criada, para desenvolver seu raciocínio
voltado a justiça.
Na falta da lei (praeter legem) – Lacunas que podem ser preenchidas pelo costume, em
caráter supletivo ou complementar, ampliando o preceito da lei.
Contra a lei (contra legem) – Quando contraria o que dispõe a lei. Pode existir na
prática, mas considerado abuso de direito, não é aceito juridicamente.

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REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA

MAGALHÃES FILHO, Glauco. Hermenêutica Jurídica Clássica. Florianópolis:


Conceito Editora, 2009. 12. MAGALHÃES FILHO, Hermenêutica e Unidade
Axiológica da Constituição. 4ª ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2011.
Maximiliano, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito/ Carlos Maximiliano- Rio de
janeiro: Forense, 2008.
Magalhães Filho, Glauco Barreira. Hermenêutica Jurídica Clássica/ Glauco Barreira
Magalhães filho- Florianópolis: Conceito Editorial, 2009.
Costa Dilvanir José da, 1932- Curso de hermenêutica jurídica: doutrina e jurisprudência/
Dilvanir José da Costa. – Rio de Janeiro: Forense, 2005.
ÁVILA, Humberto. Teoria dos Princípios – da definição à aplicação dos princípios
jurídicos. 6ª ed. São Paulo: Malheiros, 2006
GONTIJO, Lucas de Alvarenga. Filosofia do direito: metodologia jurídica, teoria da
argumentação

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HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO DO TEXTO JURÍDICO ,Setembro 2019.

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