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Trabalho de Interpretacao e Integracao Da Lei Criminal
Trabalho de Interpretacao e Integracao Da Lei Criminal
O presente trabalho tem por objectivo o Diante de diversos estudos acerca da matéria da
interpretação da lei penal, pude observar que muitos remetiam a autores dos cursos de
introdução ao estudo do direito e da hermenêutica jurídica. E, em raríssimas
oportunidades, o assunto na seara penal era esmiuçado de tal forma que não restassem
dúvidas sobre a dinâmica do assunto, ressaltasse que, ainda assim, o assunto não
esgotava em um único manual.
Por este motivo, iniciei uma pesquisa aprofundada na doutrina brasileira e estrangeira
da temática em análise. Foi observado também as jurisprudências do Superior Tribunal
de Justiça e do Supremo Tribunal Federal sobre os métodos de interpretação e sua
aplicação prática nas decisões em matéria penal.
Por isso afirmo que a interpretação é fundamental e, ao longo da análise sobre o tema,
os tópicos foram aumentando na mesma proporção que a pesquisa se aflorava. A lei seja
ela qual for, por mais clara e objetiva que seja, ainda assim será interpretada, pois, não
se pode falar em lei clara sem se interpretar a sua clareza.
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Para o professor constitucionalista Dirley da C, J. (2008) a interpretação pode ser
conceituada como a “atividade prática de revelar/atribuir o sentido e o alcance das
disposições normativas, com finalidade de aplicá-las a situações concretas, pois
interpretar é determinar o conteúdo e significado dos textos visando solucionar o caso
concreto. Não se interpreta em vão, ou por diletantismo, mas para resolver os problemas
jurídicos concretos”.
Não por acaso o professor alemão Edmund, M. (1958) aduzir que “todo o direito,
também o direito penal, requer uma ‘interpretação’. Interpretar a lei significa averiguar
seu sentido determinante, a fim de aplicá-lo aos casos particulares da vida real”. No
mesmo diapasão Damásio de Jesus (1995, p. 70) dispara que “a interpretação nada mais
é do que o processo lógico que procura estabelecer a vontade contida na norma jurídica.
Interpretar é desvendar o conteúdo da norma”.
Com o advento da Constituição Federal de 1988, assim como ocorreu com outros ramos
do Direito, com o Direito Penal não pôde ser diferente, e houve uma
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constitucionalização do Direito Penal. Isto é, normas salutares, passaram a integrar o
âmbito da Constituição de forma que houve, inclusive, uma petrificação de normas
penais nos Direitos e Garantias Fundamentais (rol do art. 5º, CF), por isso se falar em
um Direito Penal Constitucional.
Para Luiz F, G. (2009) existem princípios que são reitores da interpretação da lei penal,
isto é, deve o exegeta na análise interpretativa das leis penais se nortear com as
seguintes bases
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e) princípio da liberdade interpretativa (nenhuma interpretação pode ser imposta
coativamente); todo o ‘dirigismo interpretativo’, tal como foi imposto no moçambique
com as súmulas vinculantes, tem raiz autoritária e contrária a liberdade de investigação
científica.
Literal
Autêntica (Legislativa) (Gramatical)
Declaratória
Histórica
Posterior (Declarativa)
Teleológica
Contextual Restritiva
(Lógica)
Doutrinária (Científica) Extensiva
Sistemática
Jurisprudencial Analógica
(Sistêmica)
Evolutiva
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É aquela que se faz suficientemente clara pela leitura da lei em si. Depreende-se
cruamente da própria lei, tendo força obrigatória. Por exemplo, vejamos o art. 3 da lei
24-2019 lei da revisão do Código Penal:
1. A lei penal não tem efeito retroactivo, salvas as particularidades constantes dos
números seguintes.
2. A infracção punível por lei vigente, ao tempo em que foi cometida, deixa de o ser se
uma lei nova a eliminar do número das infracções.
3. Tendo havido já condenação transitada em julgado, fica extinta a pena, tenha ou não
começado o seu cumprimento.
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Característica marcante da interpretação legislativa é sua força cogente, obrigatória,
impositiva, onde não poderá o intérprete se afastar dos parâmetros disciplinados pelo
legislador.
Observe que há autores que entendem que a interpretação autêntica não se trata de
forma de interpretação, mas apenas de uma mera lei nova. Neste sentido Serpa Lopes,
citado por Frederico Marques (1997, p. 207) assevera que “embora certos autores
somente se considere interpretação a proveniente do magistrado, por entenderem que a
denominada autêntica estabelece direito novo, não sendo assim uma interpretação, mas
uma nova lei”.
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compatível com a prática do crime de operação de instituição financeira não autorizada
(art. 16). É que o delito de gestão fraudulenta tanto pode ser cometido em instituição
financeira autorizada quanto em instituição financeira não autorizada pelo Branco de
Moçambique , sob pena de atribuir-se inadmissível tratamento privilegiado àquele —
não importando se pessoa física ou jurídica — que atua, ilegalmente, sem a necessária e
prévia autorização do Bacen, nos diversos segmentos abrangidos pelo sistema
financeiro nacional: mercado monetário, mercado de crédito, mercado de câmbio e
mercado de capitais. [RHC 117.270 AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 6-10-2015, 2ª T,
DJE de 20-10-2015
Posterior:
Contextual:
2.2.4.Interpretação jurisprudencial
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Interpretação quanto ao modo ou meio empregado
O sujeito considerará o sentido literal, gramatical das palavras contidas na lei, não
abrindo margens para interpretações subjetivas (que vão além das palavras e seus
significados denotativos). Aqui, não se falaria na intenção do legislador ao dispor tais e
tais coisas, pois tudo o que pretendia o legislador, seguindo esta forma interpretativa,
está posto única e rigidamente em sua escrita literalmente avaliada.
2.2.6.Interpretação histórica
Esta forma de interpretar traz a necessidade de se verificar qual a origem da lei. Qual
sua época e seu contexto.
Nota-se que tal norma fazia sentido se posta à luz de seus seus precedentes sociológicos
e contextuais, e tais constatações do processo evolutivo e momento de elaboração,
certamente, dão suporte ao melhor aclaramento da disposição legal.
2.2.7.Interpretação teleológica
Sujeito explora e tenta desvendar a real intenção do legislador ao editar aquela lei. A
finalidade à qual ela deveria servir quando foi premeditada e editada. Por exemplo, o
art. 319-A do Código Penal:
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Podemos observar que o artigo não fala nada sobre os agentes impedirem a entrada de
acessórios telefônicos como, por exemplo, bateria, carregadores, fones de ouvidos.
Ora, o Supremo Tribunal Federal (STF), fazendo uma interpretação teleológica do tema,
decidiu que a intenção do legislador ao elaborar este artigo era de coibir o acesso do
preso a qualquer meio de comunicação externa dentro da penitenciária, inclusive por
aparelhos eletrônicos. Isto é, a verdadeira finalidade da lei é a de impedir, apesar de não
ter sido assim posto explicitamente, que o preso tenha acesso a qualquer meio de
comunicação com o exterior.
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena
aplicada, se o crime for culposo;(Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998).
II – o réu não for reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de
1998).
Como podemos observar, o artigo não permite a aplicação de penas alternativas quando
o crime é doloso cometido com violência, contudo, na hipótese de crime doloso com
emprego de violência que resulte em menor potencial ofensivo (por exemplo, uma lesão
corporal leve), a pena alternativa é possível de ser aplicada, tendo em vista a
interpretação sistemática do Código Penal, da Lei 9.099/95 e do princípio do in dubio
pro reo (em caso de dúvida, o juiz decidirá sempre em prol do réu). Vê-se que tal forma
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interpretativa pressupõe que as normas não são isoladas de todo seu contexto, devendo
elas ser lidas em conformidade e coerência com todo o ordenamento jurídico.
2.3.1.Interpretação evolutiva
Explora o significado legal de acordo com progresso científico, isto é, busca evoluir
junto com as transformações sociais. Exemplo: Lei Maria da Penha. Há uma corrente,
bem forte, que defende a aplicação da Lei Maria da Penha em casos de mudança de
sexo, ou seja, a Lei ampararia também a pessoas que fizeram a cirurgia de troca de sexo.
Esta interpretação, assim sendo, pede que novos significados e concepções sejam
atribuídos a antigos conceitos postos na lei.
Seria aquela em que a letra de lei corresponde inteiramente e somente àquilo que o
legislador quis dizer, sem supressão e sem adição de nenhum outro trecho e nenhuma
outra fonte, ou seja, a Lei expressa de forma clara a vontade do legislador, sem a
necessidade de complementação normativa.
2.3.3.Interpretação restritiva
2.3.4.Interpretação extensiva
A interpretação se estende para além do alcance das palavras postas pelo legislador, sem
a necessidade de se elaborar uma norma complementar. Aqui, considera-se que a norma
disse menos do que deveria ter dito, deixando de abarcar conteúdo pretendido. De novo,
tem-se a busca pela real vontade do legislador. Um exemplo de norma a ser interpretada
extensivamente é o art. 235 do CP, no qual se incrimina a bigamia. Ora, é possível de se
depreender que, já que a bigamia é ilícita, a poligamia também é.
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3.Conclusão
Para terminar dizer que, Registre-se que em tempos remotos, diante das arbitrariedades
cometidas pelos poderes instituídos chegava-se a afirmar que a interpretação deveria ser
vedada, pois a mesma poderia sofrer dos arbítrios dos juízes, assim, ao elaborar as leis
os legisladores deveriam ser o mais preciso possível. Sobre esse período o Marquês
Cesare Beccaria (2007), defendia em sua obra dos Delitos e das Penas que “os
julgadores dos crimes não podem ter o direito de interpretar as leis penais, pela própria
razão de não serem legisladores. (…) As leis tomam sua força da necessidade de guiar
os interesses particulares para o bem geral e do juramento formal ou tácito que os
cidadãos vivos voluntariamente prestaram ao rei. Qual será, então, o legítimo intérprete
das leis? O soberano, isto é, o depositário das vontades atuais de todos; e nunca o juiz
(…)
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4.Bibliografia
ASÚA, L. J. Principios del derecho penal: la ley y el delito. 3. ed. Buenos Aires:
Abelado-Perrot, 1958.
BARROS, F. M de. Direito Penal – parte geral. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
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