Você está na página 1de 16

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÓNOMICAS

TRABALHO DA CADEIRA DE TEORIA GERAL DE DIREITO CIVIL II

Licenciatura em Direito, 2° ano, Pós-Laboral

Tema:

NEGÓCIO JURÍDICO SOBRE OS QUAIS IMPEDEM A SANÇÃO DE NULIDADE

Estudantes do 2º grupo:

Dércio Benedito

Fátima Julião

Fernando Manuel

Cuamba, Setembro de 2022


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÓNOMICAS

TRABALHO DA CADEIRA DE TEORIA GERAL DE DIREITO CIVIL II

Licenciatura em Direito, 2° ano, Pós-Laboral

Tema:

NEGÓCIO JURÍDICO SOBRE OS QUAIS IMPEDEM A SANÇÃO DE NULIDADE

Trabalho da cadeira de Teoria Geral do


Direito Civil II, de carácter colectivo a ser
submetido para efeitos de avaliação,
orientado pela dra. Lina Joaquim.

Cuamba, Setembro de 2022

1
Índice

1. Introdução...................................................................................................................2

2. Objectivos...................................................................................................................4

2.1. Objectivo geral:...........................................................................................................4

2.2. Objectivos específicos:................................................................................................4

3. Metodologia de Pesquisa.............................................................................................4

Referencial Teórico................................................................................................................5

4. Negócio jurídico sobre os quais impedem a sanção de nulidade................................5

4.1. Noção de Negócio Jurídico.........................................................................................5

4.1.1. Nulidade do Negócio Jurídico.................................................................................5

4.1.1.1. Causas de Nulidade..............................................................................................8

4.1.1.2. Nulidade absoluta................................................................................................9

4.1.1.3. Nulidade relativa................................................................................................10

5. Considerações finais.........................................................................................................13

6. Referências Bibliográficas...............................................................................................14

2
1. Introdução

O presente trabalho da cadeira de Teoria Geral do Direito Civil II, tem como tema Negócio
jurídico sobre os quais impedem a sanção de nulidade. O negócio jurídico é um acto
lícito, no qual há uma composição de interesses, um regramento de condutas. É composto
de manifestação de vontade com finalidade negocial, que em geral é criar, adquirir,
transferir, modificar ou extinguir direito.

De acordo com o Código Civil, o negócio jurídico é nulo quando celebrado por pessoa
absolutamente incapaz; for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; o motivo
determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; não revestir a forma prescrita em lei;
for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; tiver
por objetivo fraudar lei imperativa; a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a
prática, sem cominar sanção. Este trabalho obedece a seguinte estrutura: Introdução, nesta
é apresentado a súmula do que se abordará no decorrer deste estudo; Objectivos, neste são
apresentados os objectivos da pesquisa; Desenvolvimento, onde serão apresentadas as
ideias dos diferentes autores que abordam sobre o tema em apreço; Conclusão, serão
apresentadas as conclusões obtidas após a realização da presente pesquisa e finalmente as
referências bibliográficas, onde serão apresentadas as fontes usadas para realização do
presente trabalho de pesquisa.

3
2. Objectivos
2.1. Objectivo geral:

 Compreender o estudo sobre os Negócio jurídico sobre os quais impedem a sanção


de nulidade.

2.2. Objectivos específicos:

 Conceituar Negócios Jurídicos;


 Abordar sobre os Negócio jurídico sobre os quais impedem a sanção de nulidade;
 Identificar as causas de nulidade dos negócios jurídicos;
3. Metodologia de Pesquisa

Segundo Gil (2006), metodologia consiste na recolha de obras de diversas autorias que
versam sobre o tema em apreço, com o objectivo de encontrar factos relacionados com o
problema em estudo que é Negócios celebrados sem forma e com falta de vontade. Para
a realização deste estudo privilegiou-se uma metodologia de análise exploratória
subsidiada pela análise descritiva e ilustrativa com base em elementos seculares de
unidades amostrais ordenadas de forma transversal. Cada fase da pesquisa obedeceu
princípios metodológicos universais e alinhados com os padrões internacionais de pesquisa
económica e econométrica.

4
Referencial Teórico

4. Negócio jurídico sobre os quais impedem a sanção de nulidade


4.1. Noção de Negócio Jurídico

O negócio jurídico é um acto de manifestação de vontades antagónicas, com finalidade


negocial, fundado na “autonomia privada”, ou seja, no poder de auto-regulação dos
interesses e que produz efeitos no âmbito do Direito Privado, como a aquisição, a
modificação, e a extinção de direitos. Constitui, assim, o negócio jurídico como uma
“norma concreta estabelecida entre as partes”.

Pela definição de Gonçalves (2014, p. 320), “negócio jurídico é um ato ou uma


pluralidade de atos, entre si relacionados, quer sejam de uma ou de várias pessoas, que
tem por fim produzir efeitos jurídicos, modificações nas relações jurídicas no âmbito do
Direito Privado”.
Complementando a acepção de Gonçalves (2014, p. 320), Nader (2013) considera:
“negócio jurídico é aquela espécie de acto jurídico que, além de se originar de um acto de
vontade, implica a declaração expressa da vontade, instauradora de uma relação entre
dois ou mais sujeitos tendo em vista um objecto protegido pelo ordenamento
jurídico”.
Visto que a finalidade do negócio jurídico é o acordo de vontades com finalidade
negocial, o ordenamento jurídico moçambicano estabelece condições e normas que
devem ser observadas para a realização do negócio jurídico. A inobservância de tais
normas do direito positivo pode implicar a nulidade do negócio jurídico e impedir a
produção dos seus efeitos.

4.1.1. Nulidade do Negócio Jurídico

Segundo o autor Veloso (2002, p. 96), é nulo o negócio jurídico, quando, em razão do
defeito grave que o atinge, não pode produzir os almejados efeitos. É a nulidade a sanção
para a ofensa à predeterminação legal. Nem sempre, contudo, se acha declarada na própria
lei. Às vezes, esta enuncia o princípio, imperativo ou proibitivo, cominando a pena
específica ao transgressor, e, então, diz-se que a nulidade é expressa ou tácita, outras vezes,

5
a lei proíbe o acto ou estipula a sua validade na dependência de certos requisitos, e, se é
ofendida, existe igualmente nulidade, que se dirá implícita ou virtual.

Para Diniz (2007), na construção da teoria da nulidade, desprezou o legislador o critério do


prejuízo, recusando o princípio que o velho direito francês enunciava: “pas de nullité sans
grief”. Inspirou-se, ao revés, no princípio do respeito à ordem pública, assentando as regras
definidoras da nulidade na infracção de leis que têm este carácter cogente, e, por esta
mesma razão, legitimou, para argui-la, qualquer interessado, em seu próprio nome, ou o
representante do Ministério Público em nome da sociedade que ex officio representa. E
mais longe foi, ainda, na recusa de efeitos, determinando a sua declaração por via indirecta,
de vez que, mesmo sem a propositura de acção cujo objectivo seja o seu decreto, deve o
juiz pronunciá-la quando tiver oportunidade de tomar conhecimento do acto ou de seus
efeitos (Código Civil Moçambicano, art. 245). Em razão de sua abrangência, e de defluir a
nulidade de uma imposição da lei, é que ela se diz de pleno direito (pleno iure) ou absoluta.
Atendendo a estas considerações, há quem sustente que a nulidade é obra da lei, e somente
da lei, nunca da sentença judicial que a proclama e, portanto, paralisa o acto no momento
mesmo do nascimento.

A noção não pode ser aceita como absoluta, pois que, se é certo que toda nulidade há de
provir da lei, expressa ou virtualmente, certo é, também, que se faz mister seja declarada
pelo juiz. O Código Civil, na esteira do anterior, procurou, a propósito, adoptar uma
sistemática simples, inscrevendo, de um lado, a nulidade, que é sempre pleno iure, e
susceptível de proclamação por iniciativa de qualquer interessado ou do órgão do
Ministério Público, e, de outro lado, a anulabilidade, que é a decretação de ineficácia sob
inspiração de um interesse privado. No sistema do Código Civil, portanto, o vocábulo
nulidade já por si tem o sentido de absoluto, e é de pleno direito, a expressão nulidade
relativa deve dar lugar à anulabilidade.

Inspirada no respeito à ordem pública, Pereira (2010) afirma que, a lei encara o negócio no
seu tríplice aspecto, subjectivo, objectivo e formal, e, assim, considera-o nulo quando
praticado por pessoa absolutamente incapaz (condição subjectiva), quando for ilícito,
impossível ou indeterminável o seu objecto (condição objectiva), quando não revestir a
forma prescrita ou for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial à sua
validade (condição formal). A motivação, via de regra, não atinge a declaração de vontade.

6
Falsa causa non nocet. Quando, porém, ambas as partes são conduzidas por motivo ilícito,
o negócio não pode produzir efeitos, por contrariedade à ordem jurídica. Cabe ao juiz
apreciar com cautela até onde a motivação ilícita determina a declaração de vontade.
Igualmente, se o agente contraria o imperativo da lei, não pode encontrar amparo para o
acto praticado. O dispositivo usa o vocábulo fraudar em sentido genérico, de usar
subterfúgio para contrariar a lei por via travessa.

Como já dito, destaca-se a nulidade textual, quando a lei declara nulo o negócio jurídico. O
Código Civil aludia, ainda, ao facto de a lei taxativamente negar efeito ao acto. A hipótese
está compreendida neste caso. Se a lei o declara nulo, impõe a nulidade como sanção. Se
proíbe a prática do acto, ele já é nulo, por contrariedade à lei proibitiva, dispensando
obviamente que a lei que o proíbe mencione a nulidade como sanção.

Para Gonçalves (2015), a nulidade é insuprível pelo juiz, seja de ofício, seja a
requerimento de algum interessado. Nem pode o acto ser confirmado. Ao dizer que o
negócio jurídico nulo não convalesce pelo decurso do tempo, o Código Civil (art. 169)
seguiu a doutrina tradicional que tem sustentado que, além de insanável, a nulidade é
imprescritível, o que daria em que, por maior que fosse o tempo decorrido, sempre seria
possível atacar o negócio jurídico. É frequente a sustentação deste princípio, tanto em
doutrina estrangeira, quanto nacional. Modernamente, para Gonçalves (2015), entretanto,
depois de assentar-se que a prescritibilidade é a regra, e a imprescritibilidade, a excepção
(v. nº 121, infra), alguns admitem que entre o interesse social do resguardo da ordem legal,
contido na vulnerabilidade do negócio jurídico, constituído com infracção de norma de
ordem pública, e a paz social, também procurada pelo ordenamento jurídico, sobreleva esta
última, e deve dar-se como susceptível de prescrição a faculdade de atingir o acto nulo. O
princípio reza às testilhas com o artigo 189. Dispõe este que, violado o direito, nasce para o
titular a pretensão, mas esta extingue-se nos prazos previstos no Código (arts. 205 e 206). ]

Para Teixeira de Freitas (2011, p. 189), não é absoluta a regra da invalidade total do acto
nulo. O Código Civil entendeu o princípio do aproveitamento da declaração de vontade,
por amor à intenção do agente. Inquinado o acto de qualquer dos vícios que determinam a
sua nulidade, deixa de ser pronunciada esta se for possível determinar que o objectivo que
os interessados tinham em vista pode ser atingido por via de outro negócio jurídico, que
não foi celebrado, mas é de se supor que o teria sido se os interessados houvessem previsto

7
a nulidade do que praticavam é a chamada conversão substancial do negócio jurídico (art.
170). Gonçalves (2015).

Em primeiro plano situa-se, afirma Gonçalves (2015), que obviamente, o defeito de forma,
que permite o aproveitamento do acto, se para esta concorrem os outros requisitos da lei.
Igualmente são susceptíveis de validade as declarações de vontade, quando não atentem
contra os princípios que as maculam de maneira absoluta e total, uma vez que somente são
susceptíveis de prevalecimento os negócios jurídicos que são nulos mas que podem ter
validade sem quebrar os requisitos do outro acto negocial que o substituirá.

4.1.1.1. Causas de Nulidade

Facto jurídico é todo acontecimento natural ou humano, apto a criar, modificar,


conservar ou extinguir relações jurídicas. Os factos jurídicos em sentido amplo podem
ser classificados em: a) factos naturais (que decorrem da natureza) e em b) factos
humanos, decorrentes da actividade humana. (Gonçalves, 2015).

Refere Amaral (2012, p. 512), que os factos humanos, ou actos jurídicos em sentido
amplo, dividem-se em lícitos e ilícitos. Lícitos são os actos humanos que a lei defere os
efeitos almejados pelo agente e, por estarem em conformidade com o ordenamento
jurídico, produzem efeitos jurídicos voluntários, ou seja, queridos pelo agente. Dentre os
actos lícitos destacam-se: negócio jurídico, acto jurídico em sentido estrito e acto-facto
jurídico.

Assim, negócio jurídico é, segundo Amaral (2012, p. 512), um acto lícito, no qual há


uma composição de interesses, um regramento de condutas. É composto de manifestação
de vontade com finalidade negocial, que em geral é criar, adquirir, transferir, modificar
ou extinguir direitos.
De acordo com o Código Civil, o negócio jurídico é nulo quando celebrado por pessoa
absolutamente incapaz; for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objecto; o motivo
determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; não revestir a forma prescrita em lei;
for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; tiver
por objectivo fraudar lei imperativa; a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a

8
prática, sem cominar sanção (Artigo 286.º, a nulidade é invocável a todo o tempo por
qualquer interessado e pode ser declarada oficiosamente pelo tribunal).

4.1.1.2. Nulidade absoluta

Para produzir os efeitos previstos no ordenamento jurídico e desejados pelas partes, o


negócio jurídico de apresentar seus elementos constitutivos, que são os requisitos
estabelecidos pela lei para sua validade. Os elementos que constituem o negócio jurídico
classificam-se em essenciais, naturais e acidentais. (Amaral, 2012, p. 512).
Os vícios do negócio jurídico acarretam ou podem acarretar, quando insanáveis, sanções
que os tornam anuláveis, inexistentes ou nulos. O tema deste artigo é a nulidade absoluta
dos negócios jurídicos, razão pela qual serão examinados mais profundamente os
elementos que ensejam a nulidade absoluta do negócio jurídico.

Na génese do negócio jurídico devem estar presentes os elementos constitutivos


essenciais para que sejam produzidos os efeitos previstos, isto é, a aquisição, a
modificação e a extinção de direitos. Se isso não ocorrer, o negócio jurídico estará eivado
de vícios, sanáveis ou insanáveis, e não será capaz de produzir os efeitos jurídicos para
os quais foi criado.
A validade do negócio jurídico requer:
I- Agente capaz;
II- Objecto lícito, possível, determinado ou determinável;
III- Forma prescrita ou não defesa em lei.”
Tais elementos devem constituir todos os negócios jurídicos, e a ausência de algum deles
implicará em sanção imposta pela lei, que os impede de produzir efeitos, assim,
serão nulos..
É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objecto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;

VI - tiver por objectivo fraudar lei imperativa;

9
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.

4.1.1.3. Nulidade relativa

O negócio jurídico é acordo de vontades que estabelece lei entre as partes, devendo
conter todos os elementos essenciais, e dependendo da sua finalidade, os elementos
acidentais para produzir os efeitos queridos pelas partes. Dependendo do defeito
apresentado na sua formação, o negócio jurídico pode ser nulo, anulável ou inexistente.

Conforme Zeno Veloso (2002, p. 104), o negócio jurídico nulo não se confunde com o
negócio jurídico inexistente, uma vez que o primeiro existe para o direito, mas é inválido
por conter vício (s) em elementos essenciais, e, portanto não produz efeitos no âmbito
jurídico, enquanto que o negócio jurídico inexistente não “nasceu”, não existiu para o
mundo do direito privado.

Veloso (2002, p. 37) pondera também que: “Nulidade é o estado do negócio que


ingressou no mundo jurídico descumprindo requisitos de validade considerados
essenciais, de interesse social e ordem pública. A lei estabelece a nulidade como sanção
pela sua violação.”
No que tange à produção de efeitos, o negócio nulo, em regra, é ineficaz; mas nem todo
negócio ineficaz é nulo, ou é ineficaz por ser nulo.

Uma pode ser alegada por qualquer pessoa, inclusive pelo Ministério Público. Das
características da nulidade é a de que o negócio jurídico não produz efeitos jurídicos
contra qualquer pessoa, seja ela parte interessada ou não, assim, a nulidade absoluta

Além de ineficaz, a nulidade absoluta do negócio jurídico não pode ser sanada, ou seja,
convalidada para que o mesmo produza efeitos, devido à gravidade do vício de formação
do negócio jurídico.

Diferentemente do negócio jurídico nulo, o negócio jurídico anulável pode ser


convalidado, uma vez que os vícios que incidem sobre ele não atingem os elementos
essenciais.

10
Sobre a nulidade absoluta do negócio jurídico, explica Veloso (2002, p. 142): “Além de
insanável, insuprível, irratificável, a nulidade é imprescritível.” Cabe aqui fazer uma
observação à imprescritibilidade do negócio jurídico absolutamente nulo, que, embora
não seja consenso a respeito desta característica, o entendimento que prevalece é o da
imprescritibilidade.

Exemplos de um negócio jurídico anulável: Simulação

A simulação, segundo os termos do art. 240/1 do Código Civil, define-se pelo acordo entre
as partes declarante e declaratório de, no intuito de enganar terceiros, manifestar
declaração negocial divergente da vontade real do declarante. (Pinto, 2012).

Há simulação, portanto, sempre que houver, em razão de combinação ou conluio entre as


partes, com o propósito de enganar ou prejudicar terceiros, divergência intencional da
vontade e a declaração das partes, que determine a falsidade dessa declaração.

Há que se notar a existência de duas modalidades de simulação:

a) inocente;

b) fraudulenta.

No primeiro caso as partes pretendem apenas criar uma falsa aparência ao exterior. Já no
segundo, além da falsa aparência, pretendem prejudicar terceiros (animus nocendi),
obtendo benefícios em prejuízo desses.

Ademais, a simulação pode ser classificada como absoluta, quando as partes não
pretendam celebrar qualquer negócio (p. ex., no caso da parte que simula a venda de um
imóvel, no intuito de, em verdade, fraudar uma execução), e relativa, quando o negócio
verdadeiramente pretendido se encontra dissimulado.

Para Santoro (1967), a simulação relativa pode ser classificada em subjetiva, quando
incidir sobre as partes (p. ex., compra e venda de A para B, mas declarando-se a venda a
C), ou objectiva, quando a divergência incidir sobre o objecto do negócio. Por sua vez, a
classificação objectiva subdivide-se em total, quando o negócio simulado for distinto do
negócio dissimulado (p. ex., celebra-se um contrato de compra e venda no intuito de
encobrir, em verdade, uma doação) ou parcial, quando há apenas um negócio, incidindo a

11
simulação sobre as suas qualidades (p. ex., celebração de uma compra e venda com uma
defasagem entre o valor real e o valor declarado).

A simulação distingue-se da reserva mental, na medida em que, apesar de em ambos os


casos haver uma divergência entre a manifestação de vontade e a vontade real, na primeira
há uma sintonia entre todos os contratantes. Em outras palavras, ao contrário da reserva
mental, na simulação pressupõe-se um conluio entre todos os contratantes.

Já para o autor Pinto (2012), as consequências jurídicas da simulação, nos termos do art.
240/2 do Código Civil, é a nulidade do negócio jurídico. Não obstante, em que pese o
regime geral da nulidade, previsto no art. 286 do Código Civil, determinar que a nulidade é
invocável a todo tempo e por qualquer interessado, podendo, ainda, ser declarada
oficiosamente pelo tribunal, no caso da simulação a nulidade não pode ser invocada por
qualquer interessado, tampouco declarada oficiosamente pelo tribunal, sob pena de
violação ao direito de terceiros de boa-fé (art. 242 c/c 243).

Por óbvio, o ônus da comprovação da simulação caberá àquele que a pretender invocar.

12
5. Considerações finais

Com a realização do presente estudo da Cadeira de Teoria Geral do Direito Civil II, cujo o
tema de Pesquisa versava sobre os Negócio jurídico sobre os quais impedem a sanção de
nulidade. De acordo com o que foi recolhido nas nossas pesquisas, foi possivel obter as
seguintes conclusões:

O negócio jurídico passa a ser inválido quando não possui todos os pressupostos
de constituição previstos na lei. Pode-se chamar também de negócio nulo. A nulidade pode
ser expressa ou tácita, também pode ser absoluta ou relativa.

A primeira (tácita) se refere àquela que não proporciona ao ato ou ao negócio qualquer
efeito. Nulo é a palavra normalmente usada para designar um negócio jurídico totalmente
sem validade. A nulidade absoluta opera com eficácia erga omnes, ou seja, todas as
pessoas se submetem à sanção de nulidade, assim, o juiz poderá reconhecer a nulidade ex
officio (independentemente de manifestação de qualquer pessoa. O que é absolutamente
nulo não se submete à prazo prescricional, por isso a nulidade pode ser reconhecida a
qualquer tempo e instância.

Todavia, somente poderá se declarar judicialmente nulo, o acto que trouxer qualquer dano
a alguma pessoa. Invalidade relativa é aquela que proporciona efeitos ao negócio até a data
da acção anulatória ajuizada pelo interessado. Apenas quem demonstrar ser interessado
juridicamente, poderá pleitear a acção desconstitutiva do negócio. A nulidade relativa
ofende apenas a ordem privada, assim não podendo o juiz reconhecê-la de ofício. Fala-se
em nulidade relativa quando o negócio pode ser convalidado.

É nulo o negócio jurídico quando: I – celebrado por pessoa absolutamente incapaz; II – for
ilícito, impossível ou indeterminável o seu objecto; III – o motivo determinante, comum a
ambas as partes, for ilícito; IV – não revestir a forma prevista em lei; V – for preterida
alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; VI – tiver por
objectivo fraudar a lei imperativa; VII – a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe
a prática, sem cominar sanção.

13
6. Referências Bibliográficas

Amaral, Francisco. Direito civil: introdução, p. 462.


Betti, E. (1969). Teoria Geral Do Negocio Jurídico. Coimbra: Coimbra. Isbn
858748485.
Diniz, M. H. (2007). Curso de direito civil brasileiro: teoria geral do direito civil. 24.
Ed. São Paulo: Saraiva.
Gonçalves, C. R. (2015). Direito civil brasileiro: teoria geral das obrigações. 11. Ed.
São Paulo: Saraiva.
Pinto, C. A. M. (2012). Teoria Geral Do Direito Civil. 4ª Ed. [Sl]: Coimbra, 2012. Isbn
9789723221022.
Pereira, C. M. da S. (2010). Instituições de direito civil: introdução ao direito civil,
teoria geral de direito civil. 23. Ed., rev. E atual. São Paulo: Forense.

Santoro-Passarelli, F. (1967). Teoria Geral Do Direito Civil. 9ª Ed. Atlântida: Coimbra,


1967. Isbn 88-243-0650-0.

Teixeira De Freias, A. (2012). Código Civil: esboço.

Velozo, Z. (2002). Invalidade do negócio jurídico: nulidade e anulabilidade. 2. Ed.


Belo Horizonte, MG: Del Rey.

14

Você também pode gostar