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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

EXTENSÃO DE GURÚÈ

LUÍS MUTONGUE FARISSE

Fraude à Lei

GURÚÈ, ABRIL, 2024


Índice

1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................1

1.1. Objectivo Geral....................................................................................................................1

1.2. Objectivos Específicos.........................................................................................................1

2. METODOLOGIAS DO TRABALHO...................................................................................2

3. REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................................3

3.1. Fraude à Lei.........................................................................................................................3

3.1.1. Princípios Gerais...............................................................................................................4

3.1.2. Causas da Fraude à Lei.....................................................................................................5

3.1.3. Consequências da Fraude à Lei.........................................................................................6

3.1.4. Natureza da Fraude à Lei..................................................................................................7

3.1.5. Elementos de Conexão......................................................................................................7

3.1.6. Requisitos da Fraude à Lei................................................................................................8

4. CONCLUSÃO......................................................................................................................10

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................11
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1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como tema Fraude à Lei, entretanto, Fraude à Lei constitui um tema
extremamente proeminente em volta do estudo da disciplina do Direito Internacional Privado,
por conseguinte uma parte considerável dos profissionais de Direito, ostentam uma mera
dificuldade na interpretação e aplicação desta temática, muito mais em volta da resolução dos
conflitos resultantes de relações privadas estabelecidas no âmbito internacional, provocando
deste modo, a morosidade processual que problema eminente que apoquenta a Justiça.

A fraude à Lei traduz-se na conduta de um particular que, valendo-se uma norma estrangeira,
procura defraudar a lei interna do pais, neste tipo de fraude utiliza a lei como instrumento de
fraude. Assim, para a compreensão deste problema, houve uma precisão de elaboração do
presente trabalho, que consistirá se focar em todos aspectos indispensáveis com vista
compreensão da presente temática.

Portanto, por se tratar de um tema bastante discutido na actualiadde a respeito da sua


interpretação que viabilize a aplicação em DIPr, o presente trabalho procura analisar conceito
de Fraude à Lei, princípios gerais, causa, consequências, natureza, bem assim como os
elementos de conexão, patentes nas doutrinas e CC no âmbito das relações do Direito
Internacional Privado, no sentido de permitir a maior compreensão e alargamento dos
conhecimentos sobre o tema em estudo que constitui um factor essencial na interpretação da
conflitualidade internacional.

A trabalho em evidencia está estruturada em três elementos nomeadamente, pré-textuais que


compreende capa e índice; textuais que para além da introdução apresenta, metodologias,
desenvolvimento e conclusão, finalmente pós-textuais que contém referências bibliográficas.

1.1. Objectivo Geral


 Analisar a Fraude à Lei no Âmbito do Direito Internacional Privado.

1.2. Objectivos Específicos


 Estabelecer o âmbito da ocorrência da Fraude à Lei;
 Identificar a natureza e princípios da Fraude à Lei;
 Descrever as consequências resultantes de uma possível Fraude à Lei.
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2. METODOLOGIAS DO TRABALHO
Gil (1995) define que método “procura assegurar objectividade imperiosa com vista o
tratamento de situações sociais, proporcionando regras gerais com finalidade de estabelecer a
extrusão do senso comum e dos objectos científicos” (p. 34). Deste modo, o conceito método
é dado como um conjunto de processos técnicos intelectuais adoptados com vista a alcançar
os conhecimentos.

Nesta pesquisa de investigação científica, foi selecionada a metodologia de estudo de caso,


devido o factor de respeitar diversas características da presente pesquisa, necessariamente por
se tratar na sua abordagem uma pesquisa qualitativa e exploratória quanto aos objectivos, pelo
facto de analisar um procedimento e a natureza do problema corresponder ao respectivo
método, bem assim por pretender alcançar maior abrangência na visão do problema em
estudo.

Assume, por um lado, as técnicas de pesquisas bibliográficas que vai consistir na consulta de
materiais já publicado de várias plataformas, com enfoque especialmente para livros,
relatórios, manuais, legislações, doutrinas e artigos periódicos, actualmente com materiais
disponíveis na Internet, neste caso estabelecendo técnicas e instrumentos de colecta de dados.
Como se refere (Silveira, 2009) considerada como a mãe de todas pesquisas, baseia-se através
de fontes bibliográficas, isto é, dados são atingidos através de fontes escritas, assim de uma
eventualidades exclusiva de documentos, entre as quais obras autorais escritas impressas nas
editoras, às comercializadas nas livrarias, assim como as classificadas em bibliotecas.
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3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1. Fraude à Lei


Segundo Ramos (s.d), Fraude à lei consiste em defraudar o imperativo de uma norma material
do ordenamento jurídico de um certo Estado através da utilização de uma norma de conflitos.
Ou seja, é procedimento pelo qual o particular utiliza um tipo legal em vez de outro, a fim de
provocar a consequência jurídica pretendida, ou dito de outro modo, a pessoa manipula um
tipo legal com o escopo de obter uma consequência jurídica ou ainda, cria situações de facto
ou de direito com o escopo de afastar a aplicação de uma lei, provocando assim que se aplique
outra cuja consequência jurídica é a pretendida.

Como sabemos, as conexões das normas de conflitos são, na sua grande maioria, situáveis ou
deslocáveis por acção das partes. Quando falamos de situáveis ou deslocáveis estamos a
referirmo-nos de conexões que os indivíduos em função da localização de determinado
ordenamento jurídico.

Dai ter surgido a possibilidade dos indivíduos, em função da melhor conveniência, alterarem a
situação ou localização dos referidos bens, colocando-se sobre a protecção do ordenamento
mais adequado aos intentos previstos.

Exemplo: dois Malawianos celebram um contrato de mutuo em Cabo Verde, a fim de se


subtraírem as disposições da lei Cabo-verdiana a sobre a taxa de juro legalmente consentida,
escolhem para reger o seu contrato a lei Brasileira ou qualquer que não restrinja a taxa de
juro.

Como podemos reparar nos exemplos que foram apresentados esta claramente visto que as
acções praticadas pelos agentes referidos e pela forma como foram dirigidas visaram
contornar determinadas práticas menos convenientes para si, de acordo com o ordenamento
jurídico a que estão conectados, levando-os a optar por outro ordenamento jurídico que lhes
favoreceu a realização de determinado objectivo, ou por outras palavras, abandonar as normas
do ordenamento jurídico primário para se sujeitar as normas de um novo ordenamento
jurídico secundário. Nestas circunstancias ou em situações como estas podemos afirmar que
estamos diante de fraude a lei, afirmar que:

Na fraude existe, pois, a considerar a regra jurídica que é o objectivo de fraude a norma a cujo
imperativo se procura escapar, a regra jurídica cuja protecção se acolhe o fraudante, a
actividade fraudatória pela qual o fraudante procura modelar artificiosamente uma situação
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coberta por esta segunda regra. Porém, podemos identificar os seguintes quatro elementos
constitutivos:

 Norma fraudada;
 Norma-instrumento;
 Actividade fraudatória;
 Intenção fraudatória.

O Regime Aplicável
No âmbito do direito interno moçambicano, entre as várias cláusulas que se podem equiparar
ao princípio da ordem pública internacional do estado moçambicano, merece especial
destaque, pela sua proeminência, aquela a que se refere igualmente a ordem pública. Ou seja,
no nosso ordenamento jurídico ou no direito moçambicano, tal clausula acha-se expressa no
nº2 do artigo 280 do CC, termos do qual é nulo o negócio contrário a ordem pública, ou
ofensivo dos bons costumes.

Enquanto isso, no âmbito do DIPr, a reserva da ordem pública está consagrada em sede do nº
1 do artigo 22, do CC, ao estatuir que não são aplicáveis os preceitos da lei estrangeira
indicada pela norma de conflitos, quando essa aplicação envolva ofensa aos princípios
fundamentais da ordem pública internacional do direito moçambicano.

Um claro exemplo legal de violação dos princípios fundamentais da ordem pública, diria
mesmo uma incoerência com o actual sistema constitucional sobre a igualdade entre o homem
e mulher, na última parte do n.º 2, do artigo 52 do CC.

Concluindo podemos dizer que estamos perante uma reserva que o Estado do foro faz na
aplicação de um direito material estrangeiro apontado pela norma de conflitos. Tal instituto ou
norma do artigo 22 do CC determina que da aplicação de um estrangeiro resulte ofensa da
ordem pública internacional do Estado do foro.

3.1.1. Princípios Gerais


O Objecto da fraude à lei do DIPr é constituído por aquela norma cujo imperativo viria a ser
frustrado se a manobra fraudatória resultasse (Ribeiro, 2009). Trata-se daquela norma de
conflitos que manda aplicar o direito material a que a fraudante, em último termo, pretende
subtrair-se. O que se poderá dizer é que o fim dessa norma de conflitos não será afectado na
medida em que o não seja o fim da norma material cuja aplicação o fraudante quis escapar.
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O outro pressuposto é a utilização de uma regra jurídica, como instrumento da fraude, a fim
de assegurar o resultado que a norma fraudada não permite (Ribeiro, 2009). Essa regra é no
DIPr, a norma de conflitos que indica como aplicável aquele direito que melhor se conforma
com intuitos do fraudante. Esta regra, através das manobras fraudatória, é desviada do seu fim
normal, por tal forma que o uso que as partes dela fazem representa antes um abuso.

A actividade fraudatória há-de traduzir-se no emprego de meios eficazes para a consecução do


fim visado pelas partes: o desencadeamento da consequência jurídica da norma-instrumento e,
conexamente, o da consequência jurídica da norma ou normas da lei estrangeira.

Quanto a intenção fraudatória, ela é normalmente exigida pela generalidade dos autores, no
campo do DIPr, como pressuposto necessário para o preenchimento do conceito da fraude.
Esta tese é geralmente fundada na ideia de que só a fraude intencional tem aptidão bastante
para provocar uma perturbação social capaz de desencadear medidas repressivas, de que só
ela é de molde a fazer perigar a autoridade e o valor imperativo da lei, por ser uma
manipulação consciente da mesma lei.

3.1.2. Causas da Fraude à Lei


Para que uma lei aplicável corresponda aos princípios de igualdade e da justiça para defender
os interesses legítimos dos cidadãos e dos estrangeiros, todos os países ou regiões do mundo
estabeleceram o DIP para reger as relações jurídico-privada internacionais. Nesse contexto, a
aplicação do DIP tem de ter um objecto que é uma relação jurídica internacional, e um caso
relacionado com a relação jurídica internacional que depende da matéria concernente ao
exterior.

A mesma relação no país X é uma relação jurídica interna, ao passo que no país Y é uma
relação jurídica internacional; uma relação jurídica que originalmente era uma relação jurídica
interna no país Z, pode tomar-se numa relação jurídica internacional por causa da mudança do
elemento de conexão.

Por exemplo, a mudança do elemento de conexão dos sujeitos: nacionalidade, domicílio,


através da mudança do elemento de conexão dos objectos: lugar da situação da coisa; a
mudança do elemento de conexão do lugar da prática do acto: lugar da celebração do contrato,
lugar do cumprimento do contrato; a mudança do elemento de conexão relacionado com a
vontade das partes: o consenso de ambas as partes do contrato. Além disso, a aplicação da lei
competente à relação jurídica internacional carece da determinação do elemento de conexão; a
mudança do elemento de conexão vai exercer influência sobre a determinação da lei
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competente. Por outras palavras, a mudança do elemento de conexão influencia muito se uma
relação jurídica é uma relação jurídica interna ou é uma relação jurídica internacional; se for
uma relação jurídica internacional, também a lei aplicável será outra devido à mudança do
elemento de conexão. Por isso, a mudança de elemento de conexão exerce influência tanto
sobre a natureza jurídica, como sobre a escolha da lei competente (Correia, 2014).

Ademais, os problemas são diferentes. O primeiro problema pode causar o “problema de


fraude à lei no direito internacional privado”; enquanto ao segundo problema, se chama
“conflito de leis causado pelo factor do tempo”. Mas pretendemos o problema da “fraude à
lei”.

Deste modo, mudança do elemento de conexão, é o resultado deliberado das partes, a


mudança da nacionalidade e (emigração), do lugar da celebração do contrato ou do lugar do
cumprimento; também há mudança do elemento de conexão que não é resultado deliberado
das partes, por exemplo, a redefinição das fronteiras de dois países, que resulta na mudança da
nacionalidade das partes ou do lugar da situação da coisa.

A mudança é natural na sua maioria, as partes não têm a intenção de evitar a lei ou defraudar
a lei, no entanto, não é sempre assim. Portanto, do ponto de vista do direito internacional
privado, as partes mudam de elementos de conexão para influenciar as relações jurídicas.
(Machado, 2002). Se essas relações são relações internacionais, quais são as situações da
aplicação da lei competente a que temos de dar atenção, como se distingue a intenção ilícita?
Esse é um problema controvertido no direito internacional privado; esse problema é da
“fraude à lei”.

3.1.3. Consequências da Fraude à Lei


A sanção da fraude da lei se traduz na aplicação da norma cujo imperativo a manobra
fraudulenta procurou ofuscar. Assim os actos jurídicos realizados e os direitos adquiridos em
fraude à lei do foro serão ineficazes neste ordenamento jurídico, conforme reza o artigo 21º
conjugado com artigo 22º, ambos do CC. Mas só nisto se traduz a sanção da fraude, e não
também na ineficácia absoluta dos actos praticados ou das situações constituídas com o fim de
viabilizar a fraude.

Assim se alguém se naturaliza no estrangeiro com o fim de se subtrair a uma disposição da lei
nacional, do ponto de vista da disposição fraudada, não há qualquer motivo para negar a
eficácia em termos gerais à cidadania estrangeira adquirida pelo fraudante. A naturalização
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será apenas ignorada na medida em que o toma-la em consideração redunde em prejuízo da


norma fraudada.

O exposto não significa que por vezes as situações constituídas ou os actos jurídicos
praticados como meios de se fugir a uma lei e de conseguir o abrigo de outra não devam ser
apreciados autonomamente ou de por si à luz da doutrina da fraude à lei, para o efeito de
eventualmente serem havidos como ineficazes em razão da fraude.

3.1.4. Natureza da Fraude à Lei


A natureza de fraude à lei pode ser um problema autónomo ou um problema da reserva da
ordem pública. De acordo com estudioso da China, Huang Jin, considera que é um problema
autónomo; e sintetiza os seguintes elementos:

3.1.4.1. As causas são diferentes: a fraude à lei é consequência de acto voluntário das partes
na mudança do elemento de conexão enquanto que a reserva da ordem pública é causada pelo
conflito entre o conteúdo do direito estrangeiro designado pela norma de conflitos e a ordem
pública do país da norma de conflitos.

3.1.4.2. Os bens jurídicos protegidos são diferentes: o instituto da fraude à lei pode
proteger as leis internas, também pode proteger as leis estrangeiras, e a maioria delas são
normas proibitivas; a reserva da ordem pública apenas protege o direito interno, são princípios
fundamentais do direito interno, não têm de ser normas jurídicas proibitivas.

3.1.4.3. A natureza do acto é diferente: a fraude à lei é um acto privado, a reseva da ordem
pública é aplicada por um órgão estatal.

3.1.4.4. As consequências são diferentes: quando uma lei estrangeira não é aplicada por
causa da negação da fraude à lei, não só o objectivo que as partes tentarem obter com a
aplicação de uma lei estrangeira não pode ser alcançado, como também podem assumir a
responsabilidade jurídica; em caso de não aplicação da lei estrangeira designada pela norma
de conflitos por causa da ordem pública, as partes não assumem qualquer responsabilidade
jurídica.

3.1.4.5. O Estatuto e a Situação na legislação são diferentes: a reserva da ordem pública é


reconhecido por todos os países do mundo, o direito internacional privado de todos os países
estipula o instituto da reserva da ordem pública sem exceção. A fraude à lei é considerada
como uma doutrina, além de poucos países, a maioria dos países não tem disposto escrito na
legislação.
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3.1.5. Elementos de Conexão


O elemento de conexão é uma parte importante das normas de conflitos, também se chama
fundamento de conexão, através do qual se determina a lei que deve ser aplicada a uma
determinada relação jurídica, ou seja, a escolha um elemento de conexão que permita a
escolha da lei competente (Correia, 2014).

Nas normas de conflitos, o sentido jurídico do elemento de conexão manifesta-se em duas


vertentes: formalmente, o elemento de conexão é um tipo de “laço” que liga as relações
jurídicas apontadas pelo “conceito quadro” a uma determinada lei. Portanto, cada norma de
conflitos tem que ter pelo menos um elemento de conexão, sem o qual, não é possível ligar
uma determinada relação jurídica à lei que deve ser aplicada. A norma de conflitos é uma
norma indirecta porque ela não rege directamente os direitos e as obrigações das partes; só
quando do elemento de conexão designar a norma jurídica de um país para determinar os
direitos e obrigações das partes. Segundo critérios diferentes, os elementos de conexão podem
ser classificados em:

3.1.5.1. Elementos de conexão objectiva e elementos de conexão subjectiva: os elementos


de conexão objectivos incluem principalmente a domicílio, residência, lugar do negócio, lugar
da situação da coisa, lugar do foro, etc., este tipo de elementos de conexão é um tipo de
símbolo de existência objectiva. Os elementos de conexão subjectiva são elementos de
conexão voluntária, referindo-se principalmente ao consenso das partes; que são fundamentais
para determinar a lei competente aplicável às relações contratuais.

3.1.5.2. Elementos de conexão fixa e elementos de conexão variável: os elementos de


conexão fixa são elementos de conexão invariável, referem-se principalmente ao lugar da
situação dos imóveis e aos elementos de conexão referentes aos actos ou factos passados, o
lugar de casamento, o lugar de celebração de contrato, o lugar de matrícula de pessoa
colectiva, o lugar onde o delito foi cometido. Porque os elementos de conexão fixa são
invariáveis, facilita a determinação da lei aplicável à relação jurídica Internacional entre civil
e comercial. Os elementos de conexão variável são elementos de conexão móvel:
nacionalidade, domicílio, residência, lugar onde a pessoa se encontrar, lugar da sede da
administração da pessoa colectiva. Correia (2014) enaltece que existência de elementos de
conexão variável, por um lado, reforça a flexibilidade das normas de conflitos; por outro lado,
fornece às partes a possibilidade de fraude à lei.
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3.1.5.3. Elementos de conexão factual e elementos de conexão jurídica ou normativa: os


elementos de conexão factual incluem principalmente o lugar da situação da coisa, o lugar do
foro, o lugar da situação da coisa. O lugar do foro refere-se ao lugar onde é intentada e
julgada a acção, concernente no exterior. Estes elementos de conexão, normalmente, podem
ser determinados através dos factos. Outro tipo não é factual, e visa conceitos jurídicos,
nomeadamente: nacionalidade, domicílio, lugar onde se realiza o negócio jurídico, etc. Por
estes elementos de conexão serem conceitos jurídicos, também se chamam conceitos de
conexão.

3.1.6. Requisitos da Fraude à Lei


Se a fraude à lei é ilícita, é necessário reunir algumas condições, para as condutas sejam

consideradas como fraude à lei. Os requisitos são seguintes:

Os estudiosos da doutrina portuguesa (Machado & Ramos 2002) que mais nos integramos,
consideram que há dois requisitos para a verificação da fraude à lei: o requisito subjectivo e o
requisito objectivo.

a) O requisito subjectivo: refere-se à intenção fraudatória das partes; requisito objectivo


refere-se à conduta fraudatória das partes, isto é, através da mudança do elemento de conexão,
torna a lei aplicável designada pela norma de conflitos que devia ser aplicada numa lei
inaplicável. A intenção fraudatória é o requisito subjectivo de verificação da fraude à lei. Os
estudiosos portugueses consideram que a mudança da lei competente devido à mudança do
elemento conexão de “nacionalidade”, normalmente, não constitui fraude à lei; só quando
existe a intenção fraudatória na mudança é que constitui fraude à lei; embora a verificação da
intenção seja difícil, não é impossível.

b) O requisito objectivo: é a conduta da mudança intencional e inadequada do elemento


de conexão da norma de conflitos pelas partes para escapar à lei que devia ser aplicada. A
conduta mais frequente é a mudança de nacionalidade ou domicílio, isto é, a mudança da lei
pessoal.
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4. CONCLUSÃO
Ao término desse trabalho buscou-se contribuir com mais uma discussão, a fim de aprofundar
o contexto da Fraude à Lei. Neste caso, conclui-se que no Direito Internacional privado, a
Fraude à Lei, ocorre na consequência de acto voluntário das partes na mudança do elemento
de conexão. Ou seja, ocorre quando os interessados no instituto escapam à aplicação de um
preceito material de certa legislação criam um elemento de conexão que tornará aplicável uma
outra ordem jurídica mais favorável aos seus intentos, logo, há assim uma norma instrumental
de fraude.

De acordo com posição, assenta na ideia de que a fraude a lei em DIPr, se traduz em
defraudar-se o imperativo de uma norma material de certo ordenamento, através da utilização
de uma norma de conflito como instrumento. O que nos leva, a concluir categoricamente que
a fraude à Lei em DIPr, não é fraude de uma norma de conflito, mas sim de uma norma
material.

Ademais, para existência de Fraude à Lei, é preciso que haja certos pressupostos, como
elemento objectivo, que vai traduzir-se na utilização de uma regra jurídica com finalidade de
assegurar o resultado que a norma defraudada não permite. Isto é, as partes devem utilizar
uma conexão falhada. Por outro lado, deve existir um elemento subjectivo, que se traduz na
intenção das partes em querer defraudar. Portanto, a sanção da fraude da lei se traduz na
aplicação da norma cujo imperativo a manobra fraudulenta que procurou ofuscar.
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DOUTRINA: Correia, A. F. (2014). Lições De Direito Internacional Privado, 1ª Edição,
Livraria Almedina, Coimbra.

DOUTRINA: Machado, J. B. (2002). Lições de Direito Internacional Privado, 3ª Edição,


Actualizada (Reimpressão), Almedina, Lisboa.

DOUTRINA: Ramos, R. M. G. de M. (s.d). Das Relações Privadas Internacionais: Estudo de


Direito Internacional Privada, Coimbra Editora

DOUTRINA: Ribeiro, M. A. (2009). Introdução Ao Direito Internacional Privado, 2ª


Reimpressão, Almedina, Coimbra,

Gil, A. C. (1995). Como elaborar projectos de pesquisa. São Paulo: Editora Atlas.c.

Mograbi, A. (2003). Metodologia da Pesquisa. São Paulo: Editora Atlas.

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Código Civil, (1966). Maputo. Ministério da Justiça, 25


de Novembro de 1966.

Silveira, D. T. (2009). Métodos de Pesquisa. Coordenado pela Universidade Aberta do Brasil


– UAB/UFRGS e pelo Curso de Graduação Tecnológica – Planejamento e Gestão para o
Desenvolvimento Rural da SEAD/UFRGS. – Porto Alegre: Editora da UFRGS.

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