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Beira
Setembro, 2023
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Beira
Setembro, 2023
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ÍNDICE
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO........................................................................................ 3
1.1 Introdução .......................................................................................................... 3
1.2 Objectivos .......................................................................................................... 3
1.2.1 Objectivo Geral........................................................................................... 3
1.2.2 Objectivos Específicos ............................................................................... 3
1.3 Métodos de procedimento .................................................................................. 3
2 CAPITULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................... 4
2.1 Conceito e caracterização do Direito Processual Penal ..................................... 4
2.2 Consequências jurídicas ..................................................................................... 4
2.3 Princípios fundamentais do processo penal ....................................................... 4
2.3.1 Os princípios na Teoria do Direito e no Processo Penal ............................ 4
2.3.2 Princípio da oficialidade ............................................................................. 5
2.3.3 Princípio da legalidade ............................................................................... 7
2.3.4 Princípio da oportunidade........................................................................... 8
2.3.5 Princípio da acusação ou do acusatório .................................................... 10
2.3.6 Princípios relativos à prossecução processual .......................................... 10
2.3.7 Implicações do princípio da acusação ...................................................... 12
2.3.8 Princípio do contraditório e da audiência ................................................. 13
2.3.9 Princípio da suficiência ............................................................................ 14
3 CAPÍTULO III: CONCLUSÃO.............................................................................. 15
3.1 Conclusão......................................................................................................... 15
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 16
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CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
1.1 Introdução
O presente trabalho de pesquisa visa abordar cerca dos princípios fundamentais ou gerias do
processo penal. No entanto, esta questão seja de resolução necessária para se conhecer da
infracção penal. Isto é torna-se necessário conhecer da questão prejudicial para se prosseguir a
acção penal – necessidade. Entende-se pois que a questão de natureza não penal seja
importante para a decisão da causa em processo penal, isto é, que a questão prejudicial
implique o conhecimento de um elemento constitutivo da infracção. Mas não um elemento
qualquer: tem que ser um elemento de tal modo relevante que possa decidir sobre a absolvição
ou a condenação do arguido, não basta uma mera circunstância atenuante.
Outro requisito – conveniência da sua resolução em processo penal – é que essa questão possa
ser resolvida convenientemente no processo penal. Isto é, o Tribunal penal só deverá deixar
de ordenar a devolução quando no processo penal tiver prova segura de todos os elementos da
infracção.
Por conseguinte, conjugando com o primeiro requisito (da necessidade), ou decide pela
absolvição ou pela condenação, isto é, o Tribunal já tem elementos estão dependentes do
conhecimento da questão prejudicial e ela pode resolver-se convenientemente no processo
penal. Então, deve ser devolvida.
1.2 Objectivos
1.2.1 Objectivo Geral
Conhecer os Princípios Gerais do Processo Penal.
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• Podem ser proposições feitas através do direito legislado. Por exemplo, o nosso direito
legislado consagra formas vinculadas de oportunidade, mas não existe nenhuma norma a
consagrar o principio da oportunidade vinculada.
• Podem ser proposições que se foram formando historicamente. Por exemplo, não temos
nenhuma norma que diga o que é a estrutura acusatória exigida na Constituição, mas esse
conteúdo existe, foi-se formando historicamente.
• Podem ter acolhimento constitucional, tendo uma força axiologia muito intensa.
Os princípios não são regras, mas sim mandatos de otimização no sentido em que não
implicam a afirmação absoluta de um valor, mas sim a realização, tanto quanto possível do
conteúdo desse valor. No processo penal, muitas vezes os princípios derivam de normas de
conduta. Assim, não devemos separar os princípios das regras de uma forma absoluta, na
medida em que dos primeiros se podem extrair os segundos.
Esta subordinação às autoridades judiciárias advém do art. 248º CPP. O art. 242º CPP, refere
os casos de denúncia obrigatória, mas só para os órgãos de polícia criminal, como também
para os magistrados – entidades judiciárias (juiz ou Ministério Público).
Com esta denúncia obrigatória, com esta obrigação de comunicação dos actos, com o
levantamento dos autos de notícia e porque, nos termos do art. 48º CPP, é o Ministério
Público que tem legitimidade para promover o processo penal, então, a partir do momento em
que o Ministério Público tem conhecimento de um crime inicia toda a parte do inquérito.
Desde a notícia do crime que é dada ao Ministério Público, até ao julgamento, tudo se vai
desenvolver oficiosamente, através de órgãos ou entidades em que o Estado, detentor do
poder soberano de investigar, de esclarecer determinados factos praticados pelos agentes e de
sentenciar. Quer-se dizer, que se impede, se proíbe, a actuação de particulares na investigação
dos factos que constituem crime.
É nisto que se traduz o princípio da oficialidade, é o carácter público da promoção processual.
Há limitações ao princípio da oficialidade:
a) Crimes particulares:
São constituídos por infracções de pequena gravidade, de infracções que, não se relacionando
com bens jurídicos fundamentais da comunidade, apenas atingem a pessoa visada e a
comunidade em si própria não se sente lesada, e por conseguinte, não sente necessidade de
reagir.
Deixa-se ao particular que tome a iniciativa de dar conhecimento, e depois ele próprio, se
quiser, após a diligência do inquérito, que deduza acusação.
Se o ofendido por um crime particular, quiser que haja procedimento criminal, dá
conhecimento ao Ministério Público e tem de declarar que se quer constituir assistente, mas
não é ele que vai fazer o inquérito, quem o faz é o Ministério Público.
Simplesmente, depois de submeter o arguido ou não a julgamento, através da dedução de
acusação[5], essa decisão última pertence ao particular, se ele não o fizer o processo é
arquivado.
b) Crimes semi-públicos:
Aqui a comunidade já se sente lesada, sente que os seus valores fundamentais foram violados.
No entanto, põe acima dos valores comunitários os valores individuais que foram infringidos,
que foram violados, porque entende que a reacção contra essa infracção depender a vítima, do
ofendido.
Se o ofendido entende que não deve queixar-se, então a comunidade também não o faz, mas
se o fizer, a partir do momento em que o ofendido se queixou, então o Estado assume nos seus
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ombros todo o processo, sem mais intervenção do ofendido: já não se torna necessário ele
constituir-se assistente e deduzir acusação particular.
A lei deixa nestes casos o direito de denúncia ao particular. Se ele quiser queixar-se, então
prossegue tudo como se fosse um crime público, como se a comunidade se sentisse violada. O
Estado assume todo o processo, desde o inquérito até ao julgamento.
A queixa, a constituição de assistente, e a dedução de acusação por particular, são momentos
distintos.
1º Momento: a pessoa queixa-se e tem de declarar que se vai constituir assistente (art. 246º
CPP).
2º Momento: a pessoa constitui-se assistente. Para tanto precisa de advogado para assinar o
requerimento[6]. Têm que estar reunidos os pressupostos processuais, como a personalidade,
a legitimidade, etc. e tem de pagar a taxa de justiça.
3º Momento: dedução da acusação particular é o momento ainda mais posterior, só surge
depois de feito o inquérito.
Nos crimes particulares, se o ofendido não declarar na queixa que se quer constituir assistente,
vai ser notificado pelo Ministério Público para o fazer. Só após a constituição de assistente é
que o Ministério Público inicia o inquérito.
No final do inquérito o particular é notificado para deduzir acusação particular (art. 285º
CPP). Se o assistente não deduzir acusação particular, o processo é arquivado.
c) Crimes públicos:
Aqueles que pela sua gravidade e consequência, atingem de tal maneira os valores da
comunidade que esta não pode ficar inactiva. E por conseguinte, basta a notícia do crime para
que o Ministério Público desencadeie todo o processo. E mais: é obrigado a deduzir acusação,
e durante o julgamento, tem que a sustentar (art. 53º/2-c CPC), tem que mantê-la. Só poderá
deixar de o fazer no final do julgamento, quando se passa à fase das alegações gerais.
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Se o caso se trata de um crime público, basta que alguém dê a notícia ao Ministério Público,
basta o conhecimento por parte do Ministério Público para que ele desenvolva a acção penal.
O princípio da legalidade, traduz-se, desde logo em processo penal, na obrigatoriedade de o
Ministério Público proceder, dar ou deduzir a acusação e sustentá-la efectivamente (art. 53º
CPP), por todas as infracções de cujos os pressupostos tenha tido conhecimento e que tenha
logrado recolher no Inquérito indícios suficientes.
O princípio da legalidade não é apenas aplicado ao Ministério Público. Os juízes e os órgãos
de polícia criminal também estão sujeitos a este princípio.
Se quanto ao impulso inicial basta a notícia do crime, já para o impulso processual sucessivo,
imediato, que será a dedução da acusação, torna-se necessário que durante o inquérito tenham
sido recolhidos indícios suficientes de se ter verificado o crime e quem foi o seu agente.
Após dedução de acusação, não acabou ainda a obrigação do Ministério Público respeitar a
legalidade. Durante a fase de julgamento ele deve não só manter essa acusação, como
sustentá-la efectivamente (art. 53º/2-c CPP).
Esta expressão “sustentar efectivamente”, quer dizer que o Ministério Público, perante a
prova que está a ser produzida em audiência de julgamento, não pode pura e simplesmente
desistir.
Terminada aquela fase de julgamento em que se faz a prova dos factos, então já o Ministério
Público fica liberto da obediência ao princípio da legalidade.
Nos crimes particulares, o princípio da legalidade não existe, o Ministério Público, não é
obrigado a deduzir acusação; apenas está obrigado a fazer o inquérito: a partir do momento
em que há queixa, declaração de constituição de assistente, então o Ministério Público é
obrigado a fazer inquérito. Mas uma vez findo, não está obrigado a deduzir acusação porque
isso é um direito que compete em exclusivo ao particular.
Nos crimes semi-públicos, pode acontecer que ao Ministério Público seja retirada a
legitimidade para continuar. Mas aqui não se tem nenhuma ofensa ao princípio da legalidade,
o que acontece é que o ofendido, até à sentença pode desistir da queixa, da instância.
- Ou então há indícios da prática do crime, houve toda uma investigação, mas não se
determinam os agentes, ou determinam-se os agentes mas eles são irresponsáveis ou
inimputáveis, ou estão isentos de aplicação de pena – no final do inquérito o processo é
arquivado.
Concede-se ao Ministério Público a faculdade de dispor do processo: concede-se portanto um
certo poder discricionário para resolver desde logo o processo. É o chamado princípio da
oportunidade, concedido ao Ministério Público e que certa forma constitui uma limitação ao
princípio da legalidade. Este princípio é aceite em casos muito restritos no Código de
Processo Penal – arts. 277º e 280º.
Uma outra situação em que se verifica o princípio da oportunidade é no art. 281º CPP –
suspensão provisória do processo. Aí também, desde que se verifiquem todos os requisitos,
isto é, desde que haja indícios suficientes da prática do crime, desde que seja conhecido o
agente e determinada a sua responsabilidade, se o crime não for punível em abstracto com
pena superior a 5 anos, se o arguido for primário, se for diminuta a culpa na sua actuação, se
houver a concordância do assistente e do próprio arguido e também do Juiz de Instrução
Criminal, o Ministério Público numa situação destas, pode decidir-se não pelo arquivamento,
mas pela “suspensão provisória do processo”. Isto é, o processo fica latente, fica suspenso:
aplica-se ao arguido certas injunções e normas de conduta. Esta situação mantém-se durante
um certo prazo (até 2 anos); se ele cumprir, no fim do prazo o processo é arquivado; se não
cumprir, volta tudo ao princípio e, porque há indícios suficientes, é deduzida acusação.
Mas, se o legislador está a conceder ao Ministério Público a possibilidade de, em certas
situações, não deduzir acusação, não obedecer ao princípio da legalidade, então há que
controlar a própria legalidade do Ministério Público; ou seja, controlar a sua actuação sempre
que o Ministério Público não obedece à lei.
Uma das formas de controlar a sua actuação é através da chamada intervenção hierárquica:
quer isto dizer que o processo é levado ao conhecimento de um superior (art. 278º CPP).
A instrução é uma fase facultativa, em que se requer a intervenção do Juiz de Instrução
Criminal. O assistente é a pessoa ofendida, vítima do crime (...) que requereu ao juiz a sua
intervenção como tal, e por tanto quer também colaborar no processo, ao lado do Ministério
Público.
O assistente pode requerer ao Juiz de Instrução Criminal que venha fazer uma reapreciação do
processo, é nisto que consiste o requerimento de abertura do processo o assistente chama ao
juiz de instrução, através de um requerimento em que expõe as razões porque discorda da
actuação do Ministério Público, eventualmente pode requerer que ele faça certas diligências e
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requerer que ele aprecie a conduta do arguido no sentido de o submeter a julgamento através
de um despacho de pronúncia, tem-se aqui, também, uma forma de controlo da actividade do
Ministério Público.
As formas de controlo do Ministério Público são:
- Pelo superior hierárquico (art. 278º CPP);
- Pelo assistente (art. 287º/1-b CPP).
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22. A pronúncia
O despacho de pronúncia, é a imputação ao arguido da prática de determinados factos, só que
agora não pelo Ministério Público, mas por uma entidade judicial que é o Juiz de Instrução
Criminal.
Em termos práticos é muito mais gravoso para o arguido ir para julgamento com o despacho
de pronúncia do que com uma acusação, porque:
- Enquanto a acusação se baseava em indícios recolhidos por uma entidade não judicial, o
Ministério Público;
- No despacho de pronúncia, houve já uma comprovação desses mesmos factos.
A pronúncia comprova os factos deduzidos na acusação.
A estes efeitos, ou a estas consequências, chama-se em direito, a vinculação temática do
Tribunal, o Tribunal está vinculado a um tema, que é a acusação[11].
Analisando esta vinculação temática, encontra-se ainda três princípios:
1) Princípio da identidade: o objecto do processo deve manter-se o mesmo desde a acusação
até ao trânsito em julgado da sentença;
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conseguinte, deve ser ouvido porque através das suas declarações ele contribui para a decisão
do caso concreto.
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Fonseca, J. J. S. (2002). Metodologia de pesquisa científica. Fortaleza: UEC, Apostila;
BRASILEIRO, Renato. Manual de Processo Penal. Volume único. 4ª edição. Salvador:
JusPOD VIM, 2016.
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