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7º Curso de Especialização “Lato Sensu” em Direito

Processual Penal
Módulo I - Temas Gerais de Processo Penal
Tema 12 – AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA
Alunos – Douglas Hermenegildo da Silva e Felipe Batista
de Souza.

AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA

São Paulo

2015
Sumário

Introdução......................................................................................................................... 3
Da Ação Penal.................................................................................................................. 4
1. DA AÇÃO PENAL...................................................................................................... 4
1.1. Conceito.................................................................................................................. 4
1.2. Características........................................................................................................ 4
1.3. Condições Genéricas da Ação................................................................................4
1.3.1. Possibilidade jurídica do pedido...........................................................................4
1.3.2. Legitimidade “ad causam” para agir................................................................5
1.3.3. Interesse de agir.............................................................................................. 5
1.4. Condições Específicas da Ação..............................................................................5
1.5. Classificação da Ação Penal...................................................................................6
1.6. Ação Penal Pública Incondicionada........................................................................6
1.6.1. Princípio da oficialidade...................................................................................7
1.6.2. Princípio da obrigatoriedade ou legalidade......................................................8
1.6.3. Princípio da indisponibilidade..........................................................................8
1.6.4. Princípio da intranscendência..........................................................................9
1.6.5. Princípio da indivisibilidade..............................................................................9
1.6.6. Princípio da oficiosidade..................................................................................9
1.7. Ação Penal Pública Condicionada..........................................................................9
1.7.1. Representação do ofendido...........................................................................10
1.7.2. Requisição do ministro da Justiça.................................................................12
Da Ação Penal Originária.............................................................................................. 13
2. COMPETÊNCIA PELA PRERROGATIVA DE FUNÇÃO.............................................20
2.1. Competência Para Julgar Crimes Comuns...........................................................22
2.2. Exceção da Verdade............................................................................................. 25
3. FIXAÇÃO DO JUÍZO COMPETENTE.....................................................................27
3.1 . Prevenção...................................................................................................... 27
3.2 . Distribuição..................................................................................................... 27
3.3. Conexão e Continência......................................................................................... 27
a) Conexão....................................................................................................... 27
b) Continência.......................................................................................................... 29
3.4. Perpetuação da Competência (Perpetuatio Jurisdicionis).....................................31
3.5. A jurisprudência do STF sobre a competência penal originária por conexão.......32
3.6. Legislação Especifica que institui as normas procedimentais para os processos de
Competência Originária, perante o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal
Federal......................................................................................................................... 34
3.6.1. Processos de Competência Originária..........................................................34
Conclusão....................................................................................................................... 43
Referências..................................................................................................................... 44
Introdução

De início, vale destacar que o foco desta pesquisa teve como objetivo
principal em realizar uma análise histórica acerca da evolução da ação
penal originária no ordenamento jurídico brasileiro, realizando uma
análise histórica dos primeiros contornos da ação penal originária, iniciada
com o estudo das Constituições Federais Brasileiras de 1824, 1891, 1934,
1937, 1946 e por último, a atual Constituição de 1988.

Ainda, como foco principal, analisar a legislação brasileira que trate da


competência originária nos tribunais em relação com a ação penal
originária, apresentando um quadro geral da divisão judiciária,
estabelecida por normas constitucionais e infraconstitucionais, com
relação aos julgamentos afetos a Cortes Especiais, tanto em relação à
prerrogativa de função como em relação à matéria em julgamento.

Nesse sentido, utilizou-se material essencialmente bibliográfico, obras


nacionais (em meio físico e principalmente eletrônico - tendo em vista a
expansão de artigos e revistas online).

Consigna-se, por fim, a dificuldade que encontramos na procura de


material para a realização desta pesquisa, ante a carência de publicações
e estudos relacionados ao tema, especificamente em relação à ação
penal originária.

3
Da Ação Penal

1. DA AÇÃO PENAL

1.1. Conceito

Ação penal é o direito de pedir ao Estado-Juiz a aplicação


do direito penal objetivo a um caso concreto. É também o direito público
subjetivo do Estado-Administração, único titular do poder-dever de punir,
de pleitear ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo, com a
consequente satisfação da pretensão punitiva.

1.2. Características

A ação penal é um:

• direito público: visa à aplicação do Direito Penal que é público;

• direito subjetivo: pertence a alguém que pode exigir do Estado-


Juiz a prestação jurisdicional;

• direito autônomo: não se confunde com o direito material


tutelado;

• direito abstrato: independe do resultado do processo.

1.3. Condições Genéricas da Ação

1.3.1. Possibilidade jurídica do pedido

A providência pedida ao Poder Judiciário só será viável se o


ordenamento, em abstrato, expressamente a admitir. Assim, a lei penal
material deve cominar, em abstrato, uma sanção ao fato narrado na peça
inicial.

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1.3.2. Legitimidade “ad causam” para agir

É na lição de alguns doutrinadores a pertinência subjetiva da


ação.

É a legitimação para ocupar os polos da relação jurídica


processual. Na ação penal pública o polo ativo é ocupado pelo Ministério
Público; na ação penal privada, o polo ativo é ocupado pelo ofendido ou
seu representante legal. O polo passivo é ocupado pelo provável autor do
fato.

Os legitimados são os titulares dos direitos materiais em


conflito. O Estado exerce por intermédio do Ministério Público seu direito
de punir que colide com o direito de liberdade do acusado. No caso da
ação penal privada, o ofendido age como substituto processual
(legitimação extraordinária), pois só possui o direito de acusar (jus
accusationis), sendo que o direito de punir pertence sempre ao Estado.

1.3.3. Interesse de agir

Consiste na necessidade do uso das vias jurisdicionais para


a defesa do interesse material pretendido e na sua adequação ao
provimento pleiteado. Por conseguinte, não será recebida a denúncia
quando estiver extinta a punibilidade do acusado. Nesse caso, a perda do
direito material de punir resultou na desnecessidade de utilização das vias
processuais.

1.4. Condições Específicas da Ação

Ao lado das condições que vinculam a ação civil, também


aplicáveis ao processo penal (explicitadas no item anterior), a doutrina
atribui a este algumas condições específicas, ditas condições específicas
de procedibilidade. São elas:
• representação do ofendido e requisição do ministro da Justiça;

• entrada do agente no território nacional;

5
• autorização do legislativo para a instauração de processo contra
Presidente da República e Governadores, por crimes comuns;

• trânsito em julgado da sentença que, por motivo de erro ou


impedimento, anule o casamento, no crime de induzimento a
erro essencial ou ocultamento do impedimento.

1.5. Classificação da Ação Penal

A par da tradicional classificação das ações em geral,


levando-se em conta a natureza do provimento jurisdicional invocado (de
conhecimento, cautelar e de execução), no processo penal é corrente a
divisão subjetiva das ações, isto é, em função da qualidade do sujeito que
detém a sua titularidade.

Segundo o critério subjetivo a ação penal pode ser:


• ação penal pública: exclusiva do Ministério Público (artigo 100
do Código Penal). Pode ser:

- incondicionada: nos crimes que ofendem a estrutura social,


o interesse geral, e por isso independe da vontade de quem
quer que seja;

- condicionada: depende de representação do ofendido ou de


requisição do ministro da Justiça.

• ação penal privada: nos crimes que afetam a esfera íntima do


ofendido. A ação penal privada pode ser exclusivamente
privada, personalíssima ou subsidiária da pública.

1.6. Ação Penal Pública Incondicionada

O Ministério Público independe de qualquer condição para


agir. Quando o artigo de lei nada mencionar, trata-se de ação penal
pública incondicionada. É regra no Direito Penal brasileiro.

A ação penal pública tem como titular exclusivo (legitimidade


ativa) o Ministério Público (artigo 129, inciso I, da Constituição Federal).

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Para identificação da matéria incluída no rol de legitimidade exclusiva do
Ministério Público, deve-se observar a lei penal. Se o artigo ou as
disposições finais do capítulo nada mencionar ou mencionar as
expressões “somente se procede mediante representação” ou “somente
se procede mediante requisição do ministro da Justiça”, apenas o Órgão
Ministerial poderá propor a denúncia (peça inicial de toda a ação penal
pública).

Somente o Ministério Público pode oferecer a denúncia


(artigo 129, inciso I, da Constituição Federal). Esse princípio extinguiu o
chamado procedimento judicialiforme ou ação penal ex officio, também
chamado de “jurisdição sem ação” (verificava-se nas contravenções
penais - artigo 26 do Código de Processo Penal; nas lesões corporais
culposas e no homicídio culposo). Nesses casos, o juiz ou a autoridade
policial, por meio de portaria ou pelo auto de prisão em flagrante, iniciava
a ação penal (não havia denúncia por parte do Ministério Público).

Vale lembrar que apesar de a matéria constar no rol de


legitimidade exclusiva do Ministério Público, se o parquet não oferecer a
denúncia no prazo legal, pode o ofendido ou seu representante legal
ingressar com ação penal privada subsidiária da pública (artigo 5.º, inciso
LIX, da Constituição Federal).

Os princípios que regem a ação penal pública


incondicionada são os seguintes:

1.6.1. Princípio da oficialidade

Os órgãos encarregados da persecução penal são públicos.


O Estado é titular exclusivo do direito de punir e o faz por meio do devido
processo legal. O Ministério Público é titular exclusivo da ação penal
pública.
No caso de inércia do Ministério Público, este princípio sofre
relativização, pois a vítima pode ingressar com ação penal privada
subsidiária.

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1.6.2. Princípio da obrigatoriedade ou legalidade

O Ministério Público tem o dever, e não a faculdade, de


ingressar com a ação penal pública, quando concluir que houve um fato
típico e ilícito e tiver indícios de sua autoria. O Ministério Público não tem
liberdade para apreciar a oportunidade e a conveniência de propor a
ação, como ocorre na ação penal privada.

Como o Órgão Ministerial tem o dever de ingressar com a


ação penal pública, o pedido de arquivamento deve ser motivado (artigo
28 do Código de Processo Penal).

Devendo denunciar e deixando de fazê-lo, o promotor


poderá estar cometendo crime de prevaricação.

Esse princípio foi mitigado com a entrada em vigor da Lei n.


9.099/95 (artigos 74 e 76). No caso de infração de pequeno potencial
ofensivo, antes de oferecer a denúncia, o Ministério Público pode oferecer
a transação, um acordo com o autor do fato.

Há, ainda, outra exceção ao princípio da obrigatoriedade. A


Lei n. 10.409/02 (nova Lei de Tóxicos) introduziu o instituto da revelação
eficaz, permitindo ao Ministério Público deixar de propor a ação penal ou
requerer a diminuição da pena, ao agente que revelar a existência de
organização criminosa, ensejando a prisão de um ou mais de seus
membros; viabilizar a apreensão da droga ou que, de qualquer maneira,
contribuir para os interesses da Justiça (§ 2.º do artigo 32).

Para esses dois casos vigora o princípio da


discricionariedade regrada.

1.6.3. Princípio da indisponibilidade

Depois de proposta a ação, o Ministério Público não pode


desistir (artigo 42 do Código de Processo Penal). O artigo 564, inciso III,
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alínea “d”, do Código de Processo Penal prevê que o Ministério Público
deve manifestar-se sobre todos os termos da ação penal pública.

Esse princípio também foi mitigado pela Lei n. 9.099/95


(referente a crimes de menor potencial ofensivo e contravenções penais -
artigo 61); o Ministério Público pode propor ao acusado a suspensão
condicional do processo, conforme artigo 89.

1.6.4. Princípio da intranscendência

A ação penal não pode passar da pessoa do autor e do


partícipe. Somente estes podem ser processados (não pode ser contra os
pais ou representante legal do autor ou partícipe).

1.6.5. Princípio da indivisibilidade

O Ministério Público não pode escolher, dentre os indiciados,


qual vai processar. Decorre do princípio da obrigatoriedade.

Esse princípio também é aplicável à ação penal privada


(artigo 48 do Código de Processo Penal).

Alguns doutrinadores, no entanto, entendem que à ação


penal pública aplica-se o princípio da divisibilidade, pois o Ministério
Público pode optar por processar apenas um dos ofensores, optando por
coletar maiores evidências para processar posteriormente os demais.
Esse também é o entendimento da jurisprudência.

1.6.6. Princípio da oficiosidade

Os encarregados da persecução penal devem agir de ofício,


independentemente de provocação, salvo nas hipóteses em que a ação
penal pública for condicionada à representação ou à requisição do
ministro da justiça.
1.7. Ação Penal Pública Condicionada

9
Apesar de o Ministério Público ser o titular exclusivo da ação
(somente ele pode oferecer a denúncia), depende de certas condições de
procedibilidade para ingressar em juízo. Sem estas condições, o
Ministério Público não pode oferecer a denúncia.

A condição exigida por lei pode ser a representação do


ofendido ou a requisição do ministro da Justiça.

1.7.1. Representação do ofendido

Representação é a manifestação de vontade do ofendido ou


de seu representante legal, autorizando o Ministério Público a ingressar
com a ação penal respectiva. Sem essa autorização, nem sequer poderá
ser instaurado inquérito policial.

Se o artigo ou as disposições finais do capítulo mencionar a


expressão “somente se procede mediante representação”, deve o
ofendido ou seu representante legal representar ao Ministério Público
para que este possa ingressar em juízo. A representação não exige
formalidades, deve apenas expressar, de maneira inequívoca, a vontade
da vítima de ver seu ofensor processado. Pode ser dirigida ao Ministério
Público, ao juiz de Direito ou à autoridade policial (artigo 39 do Código de
Processo Penal). Pode ser escrita (regra) ou oral, sendo que, neste caso,
deve ser reduzida a termo.

A representação tem natureza jurídica de condição objetiva


de procedibilidade. É condição específica da ação penal pública.

A vítima (ou seu representante legal) tem o prazo de seis


meses da data do conhecimento da autoria (e não do crime), ou, no caso
do artigo 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da
denúncia, para apresentar sua representação (artigo 38 do Código de
Processo Penal). Tal prazo é contado para oferta da representação e não
para o ingresso do Ministério Público com a ação penal, podendo este
oferecer a denúncia após os seis meses. Tal prazo não corre contra o
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menor de 18 anos, ou seja, após completar 18 anos, a vítima terá seis
meses para representar ao Ministério Público. Em qualquer caso, tal
prazo é decadencial (artigo 107, inciso IV, do Código Penal). Esse prazo
não se suspende nem se prorroga (artigo 10 do Código Penal).

A Lei de Imprensa, dispondo de forma diversa, prescreve


que o prazo para a representação, nos crimes de ação pública
condicionada por ela regulados, é de três meses, contado da data do fato,
isto é, da data da publicação ou da transmissão da notícia (Lei n.
5.250/67, artigo 41, § 1.º).

Se a vítima for menor de 18 anos, somente seu


representante legal pode oferecer a representação. Se o ofendido for
incapaz e não tiver representante legal o juiz nomeará um curador
especial que decidirá se representará ou não. Se o ofendido era maior de
18 e menor de 21 anos antes da entrada em vigor do novo Código Civil,
tanto ele como seu representante legal tinha legitimidade, com prazos
independentes (Súmula n. 594 do Supremo Tribunal Federal). Ambos
podiam oferecer a representação e, caso houvesse conflito entre os
interesses, prevalecia a vontade de quem queria representar. Hoje, como
o menor de 21 anos e maior de 18 não é mais relativamente incapaz,
desapareceu a figura do seu representante legal.

Se houver conflito entre o interesse do ofendido e o do seu


representante legal, será nomeado um curador especial que verificará a
possibilidade ou não da representação.

No caso de morte do ofendido ou quando declarado


ausente, o direito de representação transmite-se ao cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão (enumeração taxativa).

Segundo o artigo 25 do Código de Processo Penal, pode o


ofendido retratar-se (ou seja, desistir da representação) até o
oferecimento da denúncia. Após o oferecimento da denúncia, a
representação será irretratável.
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Entendemos que não pode haver retratação da retratação (a
pessoa retira a representação e depois a oferece de novo – sempre
dentro do prazo decadencial de seis meses). Como bem lembra Tourinho
Filho, admitir o contrário “é entregar ao ofendido arma poderosa para fins
de vingança ou outros inconfessáveis”. A jurisprudência, no entanto, a
nosso ver de forma equivocada, tem admitido este inconveniente
procedimento.

A representação não vincula (obriga) o Ministério Público a


ingressar com a ação; o Ministério Público só oferecerá a denúncia se
vislumbrar a materialidade do crime e os indícios de autoria, senão
poderá pedir o arquivamento do inquérito policial.

A representação é autorização para a persecução penal de


um fato e não de pessoas (eficácia objetiva). Assim, a representação
contra um suspeito se estenderá aos demais.

1.7.2. Requisição do ministro da Justiça

Requisição é o ato político e discricionário pelo qual o


ministro da Justiça autoriza o Ministério Público a propor a ação penal
pública nas hipóteses legais.

A doutrina entende que os casos de ação penal pública


condicionada à requisição do ministro da Justiça são casos em que a
conveniência política em instaurar a persecução penal se sobrepõe ao
interesse de punir os delitos.

Se o artigo ou as disposições finais do capítulo mencionar a


expressão “somente se procede mediante requisição do Ministro da
Justiça”, para que o Ministério Público possa oferecer a denúncia, é
necessária tal formalidade. Tem natureza jurídica de condição de
procedibilidade e, como a representação, não vincula o Ministério Público
a oferecer a denúncia, este pode requerer o arquivamento.
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Podemos citar as seguintes hipóteses de requisição:

• crimes contra a honra praticados contra o Presidente da


República (artigo 141, inciso I, combinado com o artigo 145,
parágrafo único, do Código Penal);

• crime cometido por estrangeiro contra brasileiro, fora do Brasil


(artigo 7.º, § 3.º, alínea “b”, do Código Penal);

A requisição é autorização para a persecução penal de um


fato e não de pessoas (eficácia objetiva).

O ministro da Justiça não tem prazo para oferecer a


requisição, pode fazê-lo a qualquer tempo (não se sujeita aos seis meses
de prazo como na representação).

A lei silencia sobre a possibilidade de retratação. Sobre o


assunto, a doutrina apresenta duas orientações:

• segundo o Prof. Damásio de Jesus, entre outros, deve-se


aplicar a analogia com o instituto da representação (artigo 25 do
Código de Processo Penal), sendo, portanto, possível a
retratação;

• segundo outra parte da doutrina, a requisição é irretratável, pois


o artigo 25 do Código de Processo Penal não prevê tal
possibilidade.

Da Ação Penal Originária

1. Evolução Histórica da Ação Penal Originária


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A ação penal originária é aquela decorrente do cometimento de um crime
no qual o agente é detentor de certa função ou cargo público. Deste
modo, quando houver prerrogativa de função, isto é, quando o réu,
investido em função especial, cometer uma infração penal, relevam-se as
demais regras de fixação de competência passando-se a respeitar o foro
por prerrogativa de função.

Na primeira Constituição Brasileira, qual seja, a de 1824, ou "Constituição


de D. Pedro I", já é possível verificar a existência de tratamento
diferenciado aos Senadores e Deputados, que não poderiam ser presos,
salvo por ordem da Câmara ou em flagrante delito naqueles crimes que
eram punidos com pena de morte.

A primeira Constituição republicana do Brasil de 1891 consagrou a


existência dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, e aboliu o
antigo poder Moderador. Previa em seu artigo 20:

"Art. 20 Os Deputados e Senadores, desde que tiverem recebido diploma


até a nova eleição, não poderão ser presos nem processados
criminalmente, sem prévia licença de sua Câmara, salvo caso de
flagrância em crime inafiançável. Neste caso, levado o processo até
pronúncia exclusiva, a autoridade processante remeterá os autos à
Câmara respectiva para resolver sobre a procedência da acusação, se o
acusado não optar pelo julgamento imediato".

O capítulo IV, artigo 52, § 2º, ainda prevê que os Ministros de Estado nos
crimes comuns e de responsabilidade serão processados e julgados pelo
Supremo Tribunal Federal, e nos crimes conexos com o Presidente da
República, pela autoridade competente para o julgamento deste.

O capítulo V dispõe sobre a responsabilidade do Presidente e ressalta


que este será submetido a processo e julgamento depois que a Câmara
declarar procedente a acusação perante o STF nos crimes comuns, e nos
crimes de responsabilidade, perante o Senado. O artigo 54, § 2º, ressalta
ainda que outra lei regulará a acusação, o processo e o julgamento.

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Quanto ao Poder Judiciário, a Constituição de 1891 assevera, em seu
artigo 57, § 2º, que o Senado julgará os membros do Supremo Tribunal
Federal nos crimes de responsabilidade e este, por sua vez, julgará os
Juízes federais inferiores.

O artigo 59 da referida Constituição dispõe que ao Supremo Tribunal


Federal compete processar e julgar, originária e privativamente, o
Presidente da República nos crimes comuns, e os Ministros de Estado,
quanto aos conselhos dados ao Presidente, competindo, ainda, julgar os
Ministros Diplomáticos nos crimes comuns e de responsabilidade.

Na Constituição de 1934 não houve maiores alterações.

A Constituição de 1937, outorgada por Getúlio Vargas, caracterizou-se


pela concentração dos poderes nas mãos do chefe do Poder Executivo.
Com esta constituição Vargas implantou um governo autoritário de
inspiração fascista que perdurou até o final da 2ª Guerra Mundial. Muitos
artigos foram retirados da Constituição de 1934, outros foram alterados e
outros acrescentados. Verifica-se que a maior alteração ocorreu nos
artigos correspondentes à responsabilidade do Presidente da República,
e devido ao momento histórico que o país se encontrava, foram alterados
provavelmente com o objetivo de garantir a impunidade de seus atos. É
válido citar os artigos 86 e 87:

“Art. 86 - O Presidente da República será submetido a processo e


julgamento perante o Conselho Federal, depois de declarada por dois
terços de votos da Câmara dos Deputados à procedência da acusação”.

“Art. 87 - O Presidente da República não pode, durante o exercício de


suas funções, ser responsabilizado por atos estranhos às mesmas”.

Quanto aos Ministros de Estado não houve alterações na carta política. A


Constituição de 1946 em muito influenciou a Constituição de 1988,
contendo praticamente os mesmos artigos, que serão analisados logo
adiante.

A Constituição de 1967, ao seu tempo, em muito se assemelhava à


Constituição de 1988. O artigo referente aos membros do Congresso
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Nacional voltou a vigorar, não podendo ser possível a decretação da
prisão daqueles sem a devida autorização da sua Câmara (artigo 34, §
1º). A seção III, em seu artigo 44, previa a competência de julgamento do
Senado Federal para:

“I) julgar o Presidente da República nos crimes de responsabilidade e os


Ministros de Estado, havendo conexão;

II) processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal e o


Procurador-Geral da República, nos crimes de responsabilidade”.

O artigo 114 asseverava que competia ao STF processar e


julgar originariamente nos crimes comuns o Presidente da República,
seus Ministros e o Procurador-Geral da República e nos crimes comuns e
de responsabilidade, os Juízes Federais, Juízes do Trabalho e os
membros dos Tribunais Superiores da União, dos Tribunais Regionais do
Trabalho, dos Tribunais de Justiça dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios, bem como os Ministros dos Tribunais de Contas, da União,
dos Estados e do Distrito Federal e os Chefes de Missão Diplomática de
caráter permanente.

Finalmente, a Constituição de 1988 esclarece que os


membros do Congresso Nacional serão submetidos a julgamento perante
o STF (artigo 53), que admitida a acusação contra o Presidente da
República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido
a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais
comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade
(artigo 86). Cabe ressaltar que, enquanto não sobrevier sentença
condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não
estará sujeito a prisão (§ 3º do artigo 86).
Quanto à competência originária do STF para processar e julgar, o artigo
102, inciso I, 'b' e 'c' estabelece:

b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-


Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros
e o Procurador-Geral da República;

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c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os
Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos
Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de
missão diplomática de caráter permanente;

Do mesmo modo, a competência originária do STJ vem estabelecida no


artigo 105, inciso I, 'a' e 'b':

a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito


Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos
Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos
Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais
Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os
membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do
Ministério Público da União que oficiem perante tribunais;

O artigo 124, parágrafo único da Constituição


Federal remete à lei ordinária a fixação da competência originária do
Superior Tribunal Militar, que é o tribunal mais antigo do Brasil, tendo sido
instalado por ato de D. João VI, em 1808, com o nome de Conselho do
Supremo Tribunal Militar, constituindo então um órgão do Poder
Executivo, diversamente de sua natureza hodierna de órgão do Poder
Judiciário, nos termos do artigo 122, inciso I, da Constituição Federal.
Essa competência está fixada na Lei 8.457/92 (Lei Orgânica da Justiça
Militar da União) e compreende os crimes militares em tempo de paz
praticados por oficiais-generais das Forças Armadas.

A prerrogativa de foro na justiça eleitoral não está prevista


na Constituição Federal, entretanto, o Código Eleitoral em seu artigo 22,
inciso I, alínea d, estabelece a competência do Tribunal Superior Eleitoral
para processar e julgar originariamente os crimes eleitorais e os comuns
que lhe forem conexos cometidos pelos seus próprios juízes e pelos
juízes dos Tribunais Regionais Eleitorais. Se somente praticarem crimes
comuns ou sem qualquer conexão com crimes eleitorais, os juízes do
Tribunal Superior Eleitoral serão julgados no STF e os juízes dos
Tribunais Regionais Eleitorais serão julgados no STJ.

A competência originária do Tribunal Regional Federal está


prevista no artigo 108, inciso I, 'a' da Constituição Federal:
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Compete aos Tribunais Regionais Federais:

I - processar e julgar, originariamente:

a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça


Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de
responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União,
ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;

Aos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal é


atribuída a competência para processar e julgar os juízes, bem como os
membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de
responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral, (artigo
96, inciso III, CF); os prefeitos municipais nos crimes comuns (artigo 29,
inciso X, CF) e outras autoridades estaduais, conforme estabelecido nas
Constituições Estaduais (artigo 125, §1º, CF).
Atualmente o rito processual previsto para o julgamento dos crimes de
competência originária, encontra-se regulamentado pelas Leis nº 8.038 de
1990 e 8.658 de 1993, bem como pelos regimentos internos de cada
tribunal.

Da Lei nº 8038 de 1990 destaca-se a atuação do relator,


que escolhido na forma regimental, será o juiz da instrução e poderá
determinar o arquivamento do inquérito, decretar a extinção da
punibilidade, e convocar juízes e desembargadores de outros Estados
para a realização do interrogatório e de outros atos da instrução. A lei
explicita ainda que a instrução obedecerá, no que couber, ao
procedimento comum do Código de Processo Penal.
O artigo 13 prevê que para preservar a competência do Tribunal ou
garantir a autoridade das suas decisões, caberá reclamação da parte
interessada ou do Ministério Público. Ressalte-se ainda que qualquer
interessado poderá impugnar o pedido do reclamante e que se julgada
procedente a reclamação, o Tribunal cassará a decisão exorbitante de
seu julgado ou determinará medida adequada à preservação de sua
competência.

O procedimento das ações penais originárias está previsto


nos artigos 230 a 246 do Regimento Interno do Supremo Tribunal
18
Federal. Destaca-se deste regimento que o julgamento será efetuado em
uma ou mais sessões, a critério do Tribunal.
No Regimento do Superior Tribunal de Justiça, o procedimento está
previsto entre os artigos 217 e 232.

Diferentemente dos Regimentos do STF e do STJ, o


Regimento Interno do Superior Tribunal Militar só previu dois artigos
quanto ao procedimento das ações penais originárias, os artigos 108 e
109 e mais um artigo, o artigo 169, quanto à execução das sentenças e
das medidas de segurança decretadas pelo Plenário nas Ações Penais
Originárias, obedecendo-se ao Código de Processo Penal Militar.
O Tribunal Superior Eleitoral prevê o procedimento em seus artigos 45 a
49 em seu Regimento Interno, o qual deve ser aplicado juntamente com o
Código de Processo Penal.

Quanto aos Tribunais Regionais Federais, ressalta-se que a


maioria destes simplesmente adotaram as disposições da Lei nº 8038/90
em seus próprios Regimentos Internos, tem se como exemplo o TRF/SC
(artigo 97) e o TRF/DF (artigo 65).
Cada Tribunal prevê em seu Regimento Interno a competência para o
julgamento das ações penais originárias. O Regimento Interno do Tribunal
de Justiça do Paraná, por exemplo, prevê competência privativa ao Órgão
Especial, por delegação do Tribunal Pleno, para processar e julgar
originariamente, nos crimes comuns e de responsabilidade, os Deputados
Estaduais, os Juízes de Direito e Juízes Substitutos, os Secretários de
Estado e os membros do Ministério Público, ressalvada a competência da
Justiça Eleitoral, e, nos crimes comuns, o Vice-Governador do Estado
(artigo 84, inciso II, a).

Examinou-se ainda o rito processual e os procedimentos


que deverão ser adotados para o julgamento dos crimes de competência
originária, os quais se encontram regulamentados pelas Leis nº 8.038 de
1990 e 8.658 de 1993, bem como pelos regimentos internos de cada
tribunal. Desta análise concluiu-se que, muito embora a maioria dos
Tribunais tenha adotado o rito da Lei 8.038/90, muitos outros ainda
elaboraram procedimentos diversos em seus Regimentos Internos.
19
O estudo das ações penais originárias é ainda algo muito
recente e não bem aprofundado pela comunidade jurídica. Ressaltam-se
os raríssimos casos em que houve condenação de agente detentor de
foro por prerrogativa de função.

2. COMPETÊNCIA PELA PRERROGATIVA DE FUNÇÃO

O foro por prerrogativa de função não é privilégio pessoal,


mas sim garantia inerente a cargo ou função. A razão do legislador, ao
atribuir o julgamento a um órgão colegiado, é evitar que um juiz
monocrático pudesse ceder a eventuais pressões, comprometendo sua
parcialidade. Assim, trata-se de uma garantia à sociedade, pois o que se
busca é a imparcialidade do julgador.

A Lei n. 8.038/90 dispõe sobre o procedimento para os


processos perante o Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal
Federal.

Antes de receber a denúncia ou a queixa, o Tribunal deve


notificar a autoridade para apresentar, em 15 dias, a defesa preliminar. É
oportunidade de defesa para a autoridade. O Tribunal pode, além de
receber ou rejeitar a inicial, julgar improcedente a acusação. Não é
possível interposição de recurso visando ao reexame de prova.

Fases do procedimento no Tribunal: 1) oferecimento da


denúncia ou queixa; 2) defesa preliminar; 3) recebimento da denúncia ou
queixa, com fundamentação; 4) citação; 5) interrogatório; 6) depoimento;
7) audiência de instrução; 8) diligências; 9) alegações finais; 10)
sentença.

Se a infração for cometida:

20
 Por quem tem prerrogativa de função (exemplo: prefeito) e uma
pessoa sem prerrogativa, ambos serão julgados pelo Tribunal de
Justiça, pela continência.

 Por duas pessoas que têm prerrogativa de função, por exemplo,


prefeito (Tribunal de Justiça) e senador (Supremo Tribunal
Federal). São competências fixadas pela Constituição
Federal/88, não podendo ser reunidas para o julgamento em
conjunto, pois a continência prevista no Código de Processo
Penal é infraconstitucional; ocorrerá, portanto, a disjunção.

A competência para oferecer a denúncia é do Procurador-


Geral da República (PGR), quando for competente o Supremo Tribunal
Federal, e do Procurador-Geral da Justiça (PGJ), quando for competente
o Tribunal de Justiça.

Se um deputado estadual comete crime doloso contra a vida, a


quem competirá o julgamento? Há duas posições.

Para uma primeira corrente, o deputado estadual deverá ser


julgado pelo júri popular, ante a falta de previsão expressa de foro especial
na Lei Maior, a qual manda aplicar-lhe apenas suas regras “sobre sistema
eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato,
licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas” (artigo 27, § 1.º).
É certo que nada impede venham as constituições estaduais a adotar o foro
especial, mas, não o tendo feito a Carta Federal, esta competência não
poderia prevalecer sobre a constitucional do Júri (artigo 5.º, inciso XXXVIII,
alínea d).

O entendimento que nos parece mais correto, no entanto, é o


de que, tendo a Carta Magna estabelecido foro especial para os membros
do Poder Legislativo da União, os Estados, ao repetir em suas constituições
idêntica garantia para seus parlamentares, estão refletindo em seus textos o
dispositivo da Lei Maior. Não há qualquer tipo de inovação porque o foro por
prerrogativa de função para deputados estaduais está em perfeita sincronia

21
com a Constituição Federal. Esse paralelismo significa que o privilégio
estadual consta também da Carta Federal e, por esta razão, sobrepõe-se à
competência do Júri. Importante:

A prerrogativa de função vigora enquanto durar o exercício


do cargo ou função, independentemente do momento em que foi
praticado o delito (a Súmula 394 do Supremo Tribunal Federal, que
dispunha em sentido contrário, foi cancelada em 25 de agosto de 1999).
Exemplo: uma pessoa pratica um crime, o processo se inicia perante juiz
comum. O infrator, então, é eleito deputado federal. O processo, já em
andamento, será remetido para o Supremo Tribunal Federal. Se o
processo não alcança seu fim, e acaba o mandato, retorna para o juiz
comum. Outro exemplo: se um deputado federal, durante o exercício do
mandato, comete um crime, será julgado pelo Supremo Tribunal Federal.
Se o processo não alcança seu fim e o mandato acaba, será remetido
para o juiz comum.

Ainda que o crime seja praticado em outra unidade da


Federação, a competência continua sendo a do Tribunal que tem
competência para julgá-lo.

2.1. Competência Para Julgar Crimes Comuns

O Supremo Tribunal Federal tem competência para julgar por


crimes comuns (crimes e contravenções) e por crimes eleitorais:

 Próprios Ministros do Supremo Tribunal Federal;

 Presidente e Vice-Presidente da República;

 Ministros de Estado;

 Ministros de Tribunais Superiores e Tribunal de Contas da


União;

 Comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica;


22
 Parlamentares federais;

 Agentes diplomáticos;

 Procurador-Geral da República.

O Advogado-Geral da União não está relacionado no artigo


102 da Constituição Federal/88, mas a doutrina entende que seu cargo
tem a mesma hierarquia dos Ministros de Estado, portanto, também deve
ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Hoje, Medida Provisória já
decidiu que tem foro especial.

O Superior Tribunal de Justiça tem competência para julgar


todas as infrações penais, salvo crimes eleitorais (neste caso, cabe ao
Tribunal Superior Eleitoral apreciar a questão), cometidas por:
 Governador;

 Desembargadores dos Tribunais de Justiças dos Estados;

 Membros do Tribunal Regional Federal, Tribunal Regional


Eleitoral e Tribunal Regional do Trabalho, Tribunal de Contas do
Estado, Tribunal de Contas do Município e do Ministério Público
da União que oficiem perante Tribunais.

O Tribunal Regional Federal tem competência para julgar


todas as infrações penais, salvo nos crimes eleitorais, cometidas por:
 Juízes federais da área de sua jurisdição;

 Juízes do Trabalho;

 Juízes militares;

 Prefeito Municipal, nos crimes de competência da Justiça


Federal;

 Membros do Ministério Público da União.

Ao Tribunal Regional Eleitoral compete julgar os crimes


eleitorais cometidos por:
23
 Juízes federais e estaduais;

 Membros do Ministério Público da União e dos Estados;

 Prefeitos, nos crimes eleitorais.

O Tribunal de Justiça tem competência para julgar as


infrações penais comuns cometidas por:
 Juízes de Direito;

 Juízes da Justiça Militar estadual e juízes de Alçada;

 Membros do Ministério Público estadual;

 Prefeitos municipais.

Atenção:

Prefeito Municipal:

 Tribunal de Justiça – crime comum e doloso contra a vida;

 Tribunal Regional Eleitoral – crime eleitoral;

 Tribunal Regional Federal – crimes de competência da Justiça


Federal.

Juiz de Direito e Membro do Ministério Público estadual:

 Tribunal de Justiça – crime comum;

 Tribunal Regional Eleitoral – crime eleitoral.

Juiz federal:

 Tribunal Regional Federal – crime comum;

 Tribunal Regional Eleitoral – crime eleitoral.

A Constituição Estadual de São Paulo estabelece foro especial


no Tribunal de Justiça para julgar os crimes comuns cometidos por:

24
 Vice-Governador;

 Deputado estadual;

 Secretário de Estado;

 Procurador-Geral de Justiça;

 Procurador-Geral do Estado;

 Defensor Público Geral;

 Prefeitos municipais;

 Juízes dos Tribunais de Alçada e da Justiça Militar;

 Juízes de Direito e os auditores da Justiça Militar;

 Membros do Ministério Público;

 Comandante-Geral da Polícia Militar;

 Delegado-Geral de Polícia.

Todas essas autoridades, se cometerem crime federal,


serão processadas no Tribunal Regional Federal. É o entendimento do
Supremo Tribunal Federal.

Tribunal de Justiça Militar tem competência para julgar


crimes militares – Constituição Estadual de São Paulo:
 Comandante-Geral da Polícia Militar;

 Chefe da Casa Militar.

O Ministério Público do Distrito Federal atua perante a


Justiça Distrital. Se um de seus membros comete um crime, será julgado
pelo Tribunal Regional Federal da 1.ª Região; isso porque é ramo do
Ministério Público da União, apesar de atuar na Justiça Distrital.

25
2.2. Exceção da Verdade

Nos termos do artigo 85 do Código de Processo Penal, nos


processos por crime contra a honra, em que o querelante tiver foro
especial no Supremo Tribunal Federal ou no Tribunal de Apelação, a
esses caberá o julgamento da exceção da verdade. Não cabe a oposição
de exceção da verdade:

 Na calúnia:

 se o fato imputado a alguém for crime de ação penal privada,


e ele não for condenado;

 se o fato é imputado ao Presidente da República ou a Chefe


de Governo estrangeiro;

 se, do crime imputado, embora de ação penal pública, o


ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.

A exceção da verdade é questão prejudicial homogênea,


pois é anterior ao mérito e pode ser objeto de processo autônomo.

Deve ser oposta quando da defesa prévia; mas para alguns


esse prazo não é fatal, pois é questão de mérito, e o prazo fatal
caracterizaria o cerceamento de defesa. Há posicionamentos contrários.

Oposta a exceção, o querelante tem dois dias para contestá-


la. Poderá arrolar no máximo oito testemunhas. Se na queixa já tiver
arrolado quatro testemunhas, poderá arrolar mais quatro na contestação
da exceção, até completar o número legal. Isso porque, embora o crime
seja punido com detenção, o rito é ordinário.

Conforme o artigo 85, do Código de Processo Penal, a


exceção será julgada pelo Tribunal competente. Se o Tribunal julga
procedente a exceção, o mérito será julgado improcedente. Se julga
improcedente a exceção, o mérito será julgado procedente ou
26
improcedente. Observação: o Tribunal só faz o julgamento da exceção, as
testemunhas são ouvidas em 1.ª instância. Depois de julgar a exceção, o
Tribunal devolve o processo para ser julgado, em 1.ª instância, o mérito.

3. FIXAÇÃO DO JUÍZO COMPETENTE

3.1 . Prevenção

Concorrendo dois juízes ou mais, igualmente competentes,


fixa-se a competência pela prevenção. Ocorre a prevenção quando um
dos juízes anteceder aos outros na prática de algum ato do processo ou
medida referente a esse, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia
ou queixa.
Geram prevenção:

• Concessão de fiança;

• Decretação de Prisão Preventiva;

• Decretação de Busca e Apreensão;

• Pedido de explicação em juízo nos crimes contra a honra.

3.2 . Distribuição

Se for constatado que não houve prevenção, a fixação do


juízo competente se dará por distribuição, que é o sorteio para a fixação
do juiz para a causa.

3.3. Conexão e Continência

A conexão e a continência (artigo 69, inciso V, do Código de


Processo Penal) são critérios de modificação, de prorrogação da
competência e não de fixação.
a) Conexão

27
O artigo 76 do Código de Processo Penal estabelece quando a
competência será determinada pela conexão. A conexão existe quando
duas ou mais infrações estiverem entrelaçadas por um vínculo, um nexo,
um liame que aconselha a junção dos processos. Nesse caso, as ações
serão reunidas e julgadas em conjunto, simultaneus processus, a fim de
se evitar o inconveniente de decisões conflitantes na área penal, bem
como possibilitar ao juiz uma visão mais ampla do quadro probatório.

A conexão pode ser:

 Intersubjetiva

– por simultaneidade: quando as infrações houverem sido


praticadas por várias pessoas, sem vínculo subjetivo, ao
mesmo tempo (exemplo: um caminhão carregado de laranjas
tomba, e vários moradores da região apanham as laranjas);

– por concurso: quando as infrações houverem sido praticadas


por várias pessoas, com vínculo subjetivo, embora diverso o
tempo e o lugar;

– por reciprocidade: quando as infrações houverem sido


praticadas por várias pessoas, umas contra as outras.

 Objetiva

– teleológica: quando as infrações houverem sido praticadas


para assegurar a execução de outra (exemplo: mata-se o
segurança para sequestrar o empresário);

– conseqüencial: quando as infrações houverem sido


praticadas para garantir a ocultação de outra (garantir que a
existência da infração permaneça desconhecida), para
garantir a impunidade (garantir que a autoria da infração
permaneça desconhecida), ou para assegurar a vantagem
(produto do crime).

 Instrumental ou probatória

28
– quando a prova de uma infração ou qualquer de suas
circunstâncias elementares influir na prova de outra infração
(exemplo: prova de um crime de furto em relação à
receptação).

b) Continência

O artigo 77 do Código de Processo Penal estabelece quando a


competência será determinada pela continência.

A continência pode ser:

 Subjetiva: quando duas ou mais pessoas forem acusadas pela


mesma infração, configurando-se concurso de agentes.
Atenção! Na conexão intersubjetiva são duas ou mais infrações,
na continência subjetiva há apenas uma infração.

 Objetiva

– concurso formal (artigo 70, 1.ª parte, do Código Penal);

– aberratio ictus – erro na execução com resultado duplo


(artigo 73, parte final, do Código Penal);

– aberratio criminis – resultado diverso do pretendido com


resultado duplo (artigo 74, parte final, do Código Penal).

O artigo 78 do Código de Processo Penal determina qual o


foro deve prevalecer em caso de conexão e continência:
I – Concurso entre jurisdições de categorias diversas (instâncias
diferentes): prevalece a mais graduada. Exemplo: Tribunal de Justiça e
juiz singular – prevalece o Tribunal de Justiça. Se a conexão for entre
crime de competência da Justiça Estadual e da Justiça Federal, para o
Prof. Tourinho, são jurisdições de mesma categoria; para a jurisprudência,
a Justiça Federal é especial em relação à Justiça Estadual. A Súmula n.
122 do Superior Tribunal de Justiça decidiu a questão, determinando que:
“Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes

29
conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do
artigo 78, inciso II, ‘a’, do Código de Processo Penal”.

II – Concurso de jurisdições de mesma categoria:

 prepondera o local da infração mais grave, isto é, à qual for


cominada pena mais grave (a pena de reclusão é mais grave
que a de detenção que é mais grave que a prisão simples). Se
a pena máxima for igual, compara-se a pena mínima;

 sendo iguais as penas (máxima e mínima), prevalece o local


onde foi praticado o maior número de crimes;

 se nenhum desses casos fixar a competência, utiliza-se o


critério da prevenção.

III – Competência do Júri e de outro órgão da jurisdição comum:


prevalecerá a competência do Júri. Observação: se o crime for eleitoral e
doloso contra a vida, os processos serão julgados separadamente, não
haverá a reunião de processos, pois a competência de ambos é fixada na
Constituição Federal/88.

IV – Concurso entre Jurisdição Comum e Jurisdição Especial:


prevalecerá a Especial.

V – Concurso entre Jurisdição Eleitoral e Jurisdição Comum,


prevalecerá a Jurisdição Eleitoral.

Não serão reunidos os processos para julgamento em conjunto nos


casos do artigo 79 do Código de Processo Penal:

I – concurso entre jurisdição comum e militar – Súmula n. 90 do Superior


Tribunal de Justiça – “Compete à Justiça Estadual Militar processar e julgar o
policial militar pela prática de crime militar, e à Comum pela prática do crime
comum simultâneo àquele”.

II – concurso entre Justiça Comum e Justiça da Infância e


Juventude.

§ 1.º Superveniência de doença mental a um dos co-réus


(suspende-se o processo do enfermo);
30
§ 2.º Co-réu revel que não possa ser julgado à revelia (infração
inafiançável, não comparece no Tribunal do Júri, citação por edital) e na
cisão do julgamento durante a sessão plenária do Júri (artigo 461 do
Código de Processo Penal).

O artigo 80 do Código de Processo Penal determina os casos em


que a separação dos processos é facultativa, apesar da conexão e
continência:

 se as várias infrações forem praticadas em diferentes condições


de tempo e lugar;

 se excessivo o número de acusados;

 se, por outro motivo relevante, o juiz julgar conveniente a


separação (o juiz tem discricionariedade para determinar isso).

3.4. Perpetuação da Competência (Perpetuatio Jurisdicionis)

A vis atractiva, efeito principal da conexão e continência,


desloca para a competência de um mesmo julgador os crimes conexos
aos de sua competência. Se o juiz ou o Tribunal absolver ou
desclassificar o crime de sua competência, continuará competente para o
julgamento das demais infrações (artigo 81 do Código de Processo
Penal). Exemplo: concurso de agentes – juiz e escrivão cometem crime
de furto. Os dois serão julgados pelo Tribunal de Justiça – vis atractiva.
Se o juiz for absolvido, o escrivão continua a ser julgado pelo Tribunal de
Justiça.

Exceção: no Júri, se o juiz monocrático desclassificar,


impronunciar ou absolver sumariamente o acusado, de maneira que
exclua a competência do Júri, remeterá o processo ao juiz competente
(artigo 81, parágrafo único, do Código de Processo Penal). O juiz aguarda
o trânsito em julgado e remete os autos ao juiz competente (que pode ser
ele mesmo se a comarca for pequena, devendo aguardar o trânsito em
julgado).

31
Se os jurados desclassificam o crime, a competência para o
julgamento da infração passa para o juiz-presidente, que terá de proferir a
decisão naquela mesma sessão. Caso haja crimes conexos, a
desclassificação também desloca para o juiz-presidente a competência
para seu julgamento, diante da clara redação do artigo 492, § 2.º, do
Código de Processo Penal. É também o entendimento do Supremo
Tribunal Federal. Se, no entanto, o Júri absolver o acusado da imputação
por crime doloso contra a vida, continuará competente para a apreciação
dos conexos, pois só pode proferir absolvição quem se julga competente
para analisar o fato.

3.5. A jurisprudência do STF sobre a competência penal


originária por conexão.

O Supremo Tribunal Federal possui entendimento consolidado em sua


jurisprudência acerca da atração para a sua competência, por conexão,
de ações penais que deveriam ser julgadas originariamente por outros
foros. A consolidação desta jurisprudência, nunca abalada, acabou
servindo à edição de uma sumula:

Súmula STF n° 704 — Não viola as garantias do juiz natural,


da ampla defesa e do devido processo legal a atração por
continência ou conexão do processo do co-réu ao foro por
prerrogativa de função de um dos denunciados. (STF –
Súmula n° 704 - DJU 09.10.2003)

Nos diversos precedentes que serviram ao Supremo


Tribunal Federal, o ponto central da recorrente discussão dizia respeito
igualmente ao alcance dos artigos 76 e 80 do Código de Processo Penal.
Em geral, o debate nestes precedentes foi travado apenas acerca da
existência ou não de conexão de entre as ações dos vários acusados,
detentores e não detentores de foro funcional. Foi assim no HC 68.846
(Relator Ministro ILMAR GALVÃO, julgado em 02/10/1991, Tribunal
Pleno); no RE 170.125 (Relator Ministro ILMAR GALVÃO, julgado em
20/09/1994, Primeira Turma); no HC 75.841 (Relator Ministro OCTAVIO
GALLOTTI, julgado em 14/10/1997, Primeira Turma); e no HC 74.573

32
(Relator Ministro CARLOS VELLOSO, julgado em 10/03/1998, Segunda
Turma).

Nestes julgamentos, que serviram de justificativa para a


edição do verbete sumular, a questão acerca da prorrogação da
competência do Supremo Tribunal Federal por conexão das ações penais
não foi debatida à luz da própria Constituição, ou de alguma regra
expressa em seu texto, mas somente das regras previstas no Código de
Processo Penal.

Apesar de não tratar de conexão de ações penais, o RCH


79.785 (Relator ministro SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno,
julgado em 29/03/2000, DJ 22-11-2002, p. 00057) trouxe importante
debate acerca do foro por prerrogativa de função e a suposta ofensa à
garantia do duplo grau de jurisdição. Na oportunidade, o Supremo
Tribunal Federal assentou que a garantia ao duplo grau de jurisdição,
expressa em convenção internacional não poderia se sobrepor ao texto
constitucional, só podendo ser invocada quando possível, o que não seria
a hipótese das ações penais originárias.
O precedente mais importante da jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal acerca da prorrogação de sua competência por conexão entre
ações penais, incluindo acusados que não possuem foro por prerrogativa
funcional, é registrado na Petição 760 (Relator ministro MOREIRA
ALVES, Tribunal Pleno, julgado em 08/04/1994, DJ 17-06-1994, p.
15720). Nesta, o Supremo Tribunal Federal enfrentou a questão sob o
aspecto constitucional, mas o fez de forma rasa, sem maiores debates.

De qualquer modo, essa é a jurisprudência que se formou no


Supremo Tribunal Federal sobre a matéria, a envolver a conexão entre
ações penais originárias propostas contra autoridades com prerrogativa
de foro funcional, e pessoas desprovidas desta prerrogativa funcional.

33
3.6. Legislação Especifica que institui as normas
procedimentais para os processos de Competência Originária,
perante o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal
Federal.

3.6.1. Processos de Competência Originária

“Ação Penal Originária: Art. 1º - Nos crimes de ação penal pública, o


Ministério Público terá o prazo de quinze dias para oferecer denúncia ou
pedir arquivamento do inquérito ou das peças informativas. (Vide Lei nº
8.658, de 1993).

§ 1º - Diligências complementares poderão ser deferidas pelo relator,


com interrupção do prazo deste artigo.

§ 2º - Se o indiciado estiver preso:

a) o prazo para oferecimento da denúncia será de cinco dias;

b) as diligências complementares não interromperão o prazo, salvo se o


relator, ao deferi-las, determinar o relaxamento da prisão.

Art. 2º - O relator, escolhido na forma regimental, será o juiz da instrução,


que se realizará segundo o disposto neste capítulo, no Código de
Processo Penal, no que for aplicável, e no Regimento Interno do Tribunal.
(Vide Lei nº 8.658, de 1993)

Parágrafo único - O relator terá as atribuições que a legislação


processual confere aos juízes singulares.

Art. 3º - Compete ao relator: (Vide Lei nº 8.658, de 1993)

I - determinar o arquivamento do inquérito ou de peças informativas,


quando o requerer o Ministério Público, ou submeter o requerimento à
decisão competente do Tribunal;

II - decretar a extinção da punibilidade, nos casos previstos em lei.

III – convocar desembargadores de Turmas Criminais dos Tribunais de


Justiça ou dos Tribunais Regionais Federais, bem como juízes de varas
criminais da Justiça dos Estados e da Justiça Federal, pelo prazo de 6
(seis) meses, prorrogável por igual período, até o máximo de 2 (dois)
anos, para a realização do interrogatório e de outros atos da instrução, na
sede do tribunal ou no local onde se deva produzir o ato. (Incluído pela
Lei nº 12.019, de 2009)

Art. 4º - Apresentada a denúncia ou a queixa ao Tribunal, far-se-á a


notificação do acusado para oferecer resposta no prazo de quinze dias.
(Vide Lei nº 8.658, de 1993)

34
§ 1º - Com a notificação, serão entregues ao acusado cópia da denúncia
ou da queixa, do despacho do relator e dos documentos por este
indicados.

§ 2º - Se desconhecido o paradeiro do acusado, ou se este criar


dificuldades para que o oficial cumpra a diligência, proceder-se-á a sua
notificação por edital, contendo o teor resumido da acusação, para que
compareça ao Tribunal, em cinco dias, onde terá vista dos autos pelo
prazo de quinze dias, a fim de apresentar a resposta prevista neste artigo.

Art. 5º - Se, com a resposta, forem apresentados novos documentos, será


intimada a parte contrária para sobre eles se manifestar, no prazo de
cinco dias. (Vide Lei nº 8.658, de 1993)

Parágrafo único - Na ação penal de iniciativa privada, será ouvido, em


igual prazo, o Ministério Público.

Art. 6º - A seguir, o relator pedirá dia para que o Tribunal delibere sobre o
recebimento, a rejeição da denúncia ou da queixa, ou a improcedência da
acusação, se a decisão não depender de outras provas. (Vide Lei nº
8.658, de 1993).

§ 1º - No julgamento de que trata este artigo, será facultada sustentação


oral pelo prazo de quinze minutos, primeiro à acusação, depois à defesa.

§ 2º - Encerrados os debates, o Tribunal passará a deliberar,


determinando o Presidente as pessoas que poderão permanecer no
recinto, observado o disposto no inciso II do art. 12 desta lei.

Art. 7º - Recebida a denúncia ou a queixa, o relator designará dia e hora


para o interrogatório, mandando citar o acusado ou querelado e intimar o
órgão do Ministério Público, bem como o querelante ou o assistente, se
for o caso. (Vide Lei nº 8.658, de 1993)

Art. 8º - O prazo para defesa prévia será de cinco dias, contado do


interrogatório ou da intimação do defensor dativo. (Vide Lei nº 8.658,
de 1993)

Art. 9º - A instrução obedecerá, no que couber, ao procedimento comum


do Código de Processo Penal. (Vide Lei nº 8.658, de 1993)

§ 1º - O relator poderá delegar a realização do interrogatório ou de outro


ato da instrução ao juiz ou membro de tribunal com competência territorial
no local de cumprimento da carta de ordem.

§ 2º - Por expressa determinação do relator, as intimações poderão ser


feitas por carta registrada com aviso de recebimento.

Art. 10 - Concluída a inquirição de testemunhas, serão intimadas a


acusação e a defesa, para requerimento de diligências no prazo de cinco
dias. (Vide Lei nº 8.658, de 1993)

35
Art. 11 - Realizadas as diligências, ou não sendo estas requeridas nem
determinadas pelo relator, serão intimadas a acusação e a defesa para,
sucessivamente, apresentarem, no prazo de quinze dias, alegações
escritas. (Vide Lei nº 8.658, de 1993)

§ 1º - Será comum o prazo do acusador e do assistente, bem como o dos


co-réus.

§ 2º - Na ação penal de iniciativa privada, o Ministério Público terá vista,


por igual prazo, após as alegações das partes.

§ 3º - O relator poderá, após as alegações escritas, determinar de ofício a


realização de provas reputadas imprescindíveis para o julgamento da
causa.

Art. 12 - Finda a instrução, o Tribunal procederá ao julgamento, na forma


determinada pelo regimento interno, observando-se o seguinte: (Vide
Lei nº 8.658, de 1993)

I - a acusação e a defesa terão, sucessivamente, nessa ordem, prazo de


uma hora para sustentação oral, assegurado ao assistente um quarto do
tempo da acusação;

II - encerrados os debates, o Tribunal passará a proferir o julgamento,


podendo o Presidente limitar a presença no recinto às partes e seus
advogados, ou somente a estes, se o interesse público exigir.

CAPÍTULO II

Reclamação

Art. 13 - Para preservar a competência do Tribunal ou garantir a


autoridade das suas decisões, caberá reclamação da parte interessada
ou do Ministério Público. (Vide Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)

Parágrafo único - A reclamação, dirigida ao Presidente do Tribunal,


instruída com prova documental, será autuada e distribuída ao relator da
causa principal, sempre que possível.

Art. 14 - Ao despachar a reclamação, o relator: (Vide Lei n º 13.105, de


2015) (Vigência)

I - requisitará informações da autoridade a quem for imputada a prática do


ato impugnado, que as prestará no prazo de dez dias;

II - ordenará, se necessário, para evitar dano irreparável, a suspensão do


processo ou do ato impugnado.

Art. 15 - Qualquer interessado poderá impugnar o pedido do reclamante.


(Vide Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)

Art. 16 - O Ministério Público, nas reclamações que não houver


formulado, terá vista do processo, por cinco dias, após o decurso do
prazo para informações. (Vide Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)
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Art. 17 - Julgando procedente a reclamação, o Tribunal cassará a decisão
exorbitante de seu julgado ou determinará medida adequada à
preservação de sua competência. (Vide Lei n º 13.105, de 2015)
(Vigência)

Art. 18 - O Presidente determinará o imediato cumprimento da decisão,


lavrando-se o acórdão posteriormente. (Vide Lei n º 13.105, de 2015)
(Vigência)

CAPÍTULO III

Intervenção Federal

Art. 19 - A requisição de intervenção federal prevista nos incisos II e IV do


art. 36 da Constituição Federal será promovida:

I - de ofício, ou mediante pedido de Presidente de Tribunal de Justiça do


Estado, ou de Presidente de Tribunal Federal, quando se tratar de prover
a execução de ordem ou decisão judicial, com ressalva, conforme a
matéria, da competência do Supremo Tribunal Federal ou do Tribunal
Superior Eleitoral;

II - de ofício, ou mediante pedido da parte interessada, quando se tratar


de prover a execução de ordem ou decisão do Superior Tribunal de
Justiça;

III - mediante representação do Procurador-Geral da República, quando


se tratar de prover a execução de lei federal.

Art. 20 - O Presidente, ao receber o pedido:

I - tomará as providências que lhe parecerem adequadas para remover,


administrativamente, a causa do pedido;

II - mandará arquivá-lo, se for manifestamente infundado, cabendo do seu


despacho agravo regimental.

Art. 21 - Realizada a gestão prevista no inciso I do artigo anterior,


solicitadas informações à autoridade estadual e ouvido o Procurador-
Geral, o pedido será distribuído a um relator.

Parágrafo único - Tendo em vista o interesse público, poderá ser


permitida a presença no recinto às partes e seus advogados, ou somente
a estes.

Art. 22 - Julgado procedente o pedido, o Presidente do Superior Tribunal


de Justiça comunicará, imediatamente, a decisão aos órgãos do poder
público interessados e requisitará a intervenção ao Presidente da
República.

CAPÍTULO IV

Habeas Corpus

37
Art. 23 - Aplicam-se ao Habeas Corpus perante o Superior Tribunal de
Justiça as normas do Livro III, Título II, Capítulo X do Código de Processo
Penal.

CAPÍTULO V

Outros Procedimentos

Art. 24 - Na ação rescisória, nos conflitos de competência, de jurisdição e


de atribuições, na revisão criminal e no mandado de segurança, será
aplicada a legislação processual em vigor.

Parágrafo único - No mandado de injunção e no habeas data, serão


observadas, no que couber, as normas do mandado de segurança,
enquanto não editada legislação específica.

Art. 25 - Salvo quando a causa tiver por fundamento matéria


constitucional, compete ao Presidente do Superior Tribunal de Justiça, a
requerimento do Procurador-Geral da República ou da pessoa jurídica de
direito público interessada, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à
segurança e à economia pública, suspender, em despacho
fundamentado, a execução de liminar ou de decisão concessiva de
mandado de segurança, proferida, em única ou última instância, pelos
Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados e do Distrito
Federal.

§ 1º - O Presidente pode ouvir o impetrante, em cinco dias, e o


Procurador-Geral quando não for o requerente, em igual prazo.

§ 2º - Do despacho que conceder a suspensão caberá agravo regimental.

§ 3º - A suspensão de segurança vigorará enquanto pender o recurso,


ficando sem efeito, se a decisão concessiva for mantida pelo Superior
Tribunal de Justiça ou transitar em julgado.

TÍTULO II

Recursos

CAPÍTULO I

Recurso Extraordinário e Recurso Especial

Art. 26 - Os recurso extraordinário e especial, nos casos previstos na


Constituição Federal, serão interpostos no prazo comum de quinze dias,
perante o Presidente do Tribunal recorrido, em petições distintas que
conterão: (Vide Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)

I - exposição do fato e do direito;

II - a demonstração do cabimento do recurso interposto;

III - as razões do pedido de reforma da decisão recorrida.

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Parágrafo único - Quando o recurso se fundar em dissídio entre a
interpretação da lei federal adotada pelo julgado recorrido e a que lhe
haja dado outro Tribunal, o recorrente fará a prova da divergência
mediante certidão, ou indicação do número e da página do jornal oficial,
ou do repertório autorizado de jurisprudência, que o houver publicado.

Art. 27 - Recebida a petição pela Secretaria do Tribunal e aí protocolada,


será intimado o recorrido, abrindo-se-lhe vista pelo prazo de quinze dias
para apresentar contra-razões. (Vide Lei n º 13.105, de 2015)
(Vigência)

§ 1º - Findo esse prazo, serão os autos conclusos para admissão ou não


do recurso, no prazo de cinco dias.

§ 2º - Os recursos extraordinário e especial serão recebidos no efeito


devolutivo.

§ 3º - Admitidos os recursos, os autos serão imediatamente remetidos ao


Superior Tribunal de Justiça.

§ 4º - Concluído o julgamento do recurso especial, serão os autos


remetidos ao Supremo Tribunal Federal para apreciação do recurso
extraordinário, se este não estiver prejudicado.

§ 5º - Na hipótese de o relator do recurso especial considerar que o


recurso extraordinário é prejudicial daquele em decisão irrecorrível,
sobrestará o seu julgamento e remeterá os autos ao Supremo Tribunal
Federal, para julgar o extraordinário.

§ 6º - No caso de parágrafo anterior, se o relator do recurso


extraordinário, em despacho irrecorrível, não o considerar prejudicial,
devolverá os autos ao Superior Tribunal de Justiça, para o julgamento do
recurso especial.

Art. 28 - Denegado o recurso extraordinário ou o recurso especial, caberá


agravo de instrumento, no prazo de cinco dias, para o Supremo Tribunal
Federal ou para o Superior Tribunal de Justiça, conforme o caso. (Vide
Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)

§ 1º - Cada agravo de instrumento será instruído com as peças que forem


indicadas pelo agravante e pelo agravado, dele constando,
obrigatoriamente, além das mencionadas no parágrafo único do art. 523
do Código de Processo Civil, o acórdão recorrido, a petição de
interposição do recurso e as contra-razões, se houver.

§ 2º - Distribuído o agravo de instrumento, o relator proferirá decisão.

§ 3º - Na hipótese de provimento, se o instrumento contiver os elementos


necessários ao julgamento do mérito do recurso especial, o relator
determinará, desde logo, sua inclusão em pauta, observando-se, daí por
diante, o procedimento relativo àqueles recursos, admitida a sustentação
oral.

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§ 4º - O disposto no parágrafo anterior aplica-se também ao agravo de
instrumento contra denegação de recurso extraordinário, salvo quando,
na mesma causa, houver recurso especial admitido e que deva ser
julgado em primeiro lugar.

§ 5º - Da decisão do relator que negar seguimento ou provimento ao


agravo de instrumento, caberá agravo para o órgão julgador no prazo de
cinco dias.

Art. 29 - É embargável, no prazo de quinze dias, a decisão da turma que,


em recurso especial, divergir do julgamento de outra turma, da seção ou
do órgão especial, observando-se o procedimento estabelecido no
regimento interno. (Vide Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)

CAPÍTULO II

Recurso Ordinário em Habeas Corpus

Art. 30 - O recurso ordinário para o Superior Tribunal de Justiça, das


decisões denegatórias de Habeas Corpus, proferidas pelos Tribunais
Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal,
será interposto no prazo de cinco dias, com as razões do pedido de
reforma. (Vide Lei n º 13.105, de 2015) (Vigência)

Art. 31 - Distribuído o recurso, a Secretaria, imediatamente, fará os autos


com vista ao Ministério Público, pelo prazo de dois dias.

Parágrafo único - Conclusos os autos ao relator, este submeterá o feito a


julgamento independentemente de pauta.

Art. 32 - Será aplicado, no que couber, ao processo e julgamento do


recurso, o disposto com relação ao pedido originário de Habeas Corpus.

CAPÍTULO III

Recurso Ordinário em Mandado de Segurança

Art. 33 - O recurso ordinário para o Superior Tribunal de Justiça, das


decisões denegatórias de mandado de segurança, proferidas em única
instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais de
Estados e do Distrito Federal, será interposto no prazo de quinze dias,
com as razões do pedido de reforma.

Art. 34 - Serão aplicadas, quanto aos requisitos de admissibilidade e ao


procedimento no Tribunal recorrido, as regras do Código de Processo
Civil relativas à apelação.

Art. 35 - Distribuído o recurso, a Secretaria, imediatamente, fará os autos


com vista ao Ministério Público, pelo prazo de cinco dias.

Parágrafo único - Conclusos os autos ao relator, este pedirá dia para


julgamento.

CAPÍTULO IV
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Apelação Cível e Agravo de Instrumento

Art. 36 - Nas causas em que forem partes, de um lado, Estado


estrangeiro ou organismo internacional e, de outro, município ou pessoa
domiciliada ou residente no País, caberá:

I - apelação da sentença;

II - agravo de instrumento, das decisões interlocutórias.

Art. 37 - Os recursos mencionados no artigo anterior serão interpostos


para o Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto aos
requisitos de admissibilidade e ao procedimento, o disposto no Código de
Processo Civil.

TÍTULO III

Disposições Gerais

Art. 38 - O Relator, no Supremo Tribunal Federal ou no Superior Tribunal


de Justiça, decidirá o pedido ou o recurso que haja perdido seu objeto,
bem como negará seguimento a pedido ou recurso manifestamente
intempestivo, incabível ou, improcedente ou ainda, que contrariar, nas
questões predominantemente de direito, Súmula do respectivo Tribunal.

Art. 39 - Da decisão do Presidente do Tribunal, de Seção, de Turma ou de


Relator que causar gravame à parte, caberá agravo para o órgão
especial, Seção ou Turma, conforme o caso, no prazo de cinco dias.

Art. 40 - Haverá revisão, no Superior Tribunal de Justiça, nos seguintes


processos:

I - ação rescisória;

II - ação penal originária;

III - revisão criminal.

Art. 41 - Em caso de vaga ou afastamento de Ministro do Superior


Tribunal de Justiça, por prazo superior a trinta dias, poderá ser convocado
Juiz de Tribunal Regional Federal ou Desembargador, para substituição,
pelo voto da maioria absoluta dos seus membros.

Art. 41-A - A decisão de Turma, no Superior Tribunal de Justiça, será


tomada pelo voto da maioria absoluta de seus membros. (Incluído
pela Lei nº 9.756, de 1998).

Parágrafo único - Em habeas corpus originário ou recursal, havendo


empate, prevalecerá a decisão mais favorável ao paciente. (Incluído
pela Lei nº 9.756, de 1998).

Art. 41-B - As despesas do porte de remessa e retorno dos autos serão


recolhidas mediante documento de arrecadação, de conformidade com

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instruções e tabela expedidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo
Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 1998).

Parágrafo único - A secretaria do tribunal local zelará pelo recolhimento


das despesas postais. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 1998).

Art. 42 - Os arts. 496, 497, 498, inciso II do art. 500, e 508 da Lei nº
5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, passam a
vigorar com a seguinte redação:

"Art. 496 - São cabíveis os seguintes recursos:

I - apelação;

II - agravo de instrumento;

III - embargos infringentes;

IV - embargos de declaração;

V - recurso ordinário;

VI - recurso especial;

VII - recurso extraordinário.

Art. 497 - O recurso extraordinário e o recurso especial não impedem a


execução da sentença; a interposição do agravo de instrumento não
obsta o andamento do processo, ressalvado o disposto no art. 558 desta
lei.

Art. 498 - Quando o dispositivo do acórdão contiver julgamento por


maioria de votos e julgamento unânime e forem interpostos
simultaneamente embargos infringentes e recurso extraordinário ou
recurso especial, ficarão estes sobrestados até o julgamento daquele.

Art. 500...................................................................................................

II - será admissível na apelação, nos embargos infringentes, no recurso


extraordinário e no recurso especial;

Art. 508. Na apelação e nos embargos infringentes, o prazo para interpor


e para responder é de quinze dias."

Art. 43 - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art - 44. Revogam-se as disposições em contrário, especialmente os arts.


541 a 546 do Código de Processo Civil e a Lei nº 3.396, de 2 de junho de
1958. Brasília, 28 de maio de 1990; 169º da Independência e 102º da
República”.

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Conclusão

Esta pesquisa buscou ao realizar uma comparação entre as Constituições


Federais. Desta comparação foi possível compreender os diferentes
momentos históricos vivenciados pelo Brasil e sua influência no
desenvolvimento da evolução das ações penais originárias.

A análise da Constituição Federal de 1988, realizada juntamente com a


legislação infraconstitucional, permitiu um maior esclarecimento acerca do
foro competente para julgamento das ações penais originárias. O rito
processual e os procedimentos que devem ser adotados para o
julgamento dos crimes de competência originária também foram
examinados, demonstrando as similitudes e diferenças com o rito comum.

No entanto, as dificuldades envolvidas no julgamento destas ações não


estão no fato de estarem ou não regulamentadas na legislação pátria, se
devem ao fato de estarem atreladas a procedimentos muito específicos e
minuciosos, o que demanda muita cautela, disposição, tempo e capital
por parte dos julgadores e do Estado.

O maior problema, somado as dificuldades próprias dos procedimentos,


reside ainda no fato de que os agentes detentores de foro por prerrogativa
de função não estão sendo condenados. Estes agentes ainda acabam
exercendo medo e influência sobre os julgadores, sem falar na demora no
julgamento do processo.

Felizmente este quadro está mudando, tome-se como exemplo o caso


"Mensalão", julgado em de 2012 pelo STF. Ainda, vale lembrar que com o
início da operação lava jato, poderá nascer novas ações penais
originárias.

A solução para o problema no julgamento e na condenação dos culpados


nas ações penais originárias não está, portanto, no Direito e na abolição
do foro por prerrogativa de função. O problema está na sociedade, na
educação, na política, na corrupção, ou seja, na estruturação do país.

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Referências

GRECO FILHO, Vicente. Manual de processo penal, 8ª ed. rev. atual. e


ampl, São Paulo: Saraiva, 2010.

BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. Correlação entre acusação e


sentença. 3ª ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2013.

FERNANDES, Antonio Scarance. Processo penal constitucional. 6ª ed.


rev. atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010.

LARGO, Rodrigo Pires Ferreira. Atração de prerrogativa por conexão


deve acabar. Disponível em http://www.conjur.com.br/2013-fev-18/rodrigo-
lago-stf-acabar-atracao-prerrogativa-conexao

NUCCI, Guilherme de Souza. Júri – princípios constitucionais. São Paulo:


Juarez de Oliveira, 1999.

TUCCI, Rogério Lauria. Direitos e garantias individuais no processo penal


brasileiro. 4ª ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2011.

MARINONI, Luis Guilherme. Precedentes obrigatórios. São Paulo: Editora


Revista dos Tribunais, 2010.

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