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14º Encontro
- Segundo Flávio Tartuce a regra deste regime é a seguinte: “comunicam-se os bens havidos
durante o casamento com exceção dos incomunicáveis (art. 1.658)”.1
- Diz-se que ele gera três patrimônios: os de cada cônjuge e o comum, já que podem haver
bens só de um dos cônjuges anteriores ao casamento, e outros após o casamento, pertencente
aos dois.
- O CC prevê a divisão deste regime em bens excluídos da comunhão e nos que se comunicam.
3.3.1. Bens excluídos:
- Conforme o art. 1658, os bens que não se comunicam não são somente aqueles que cada um
possuía antes do casamento, mas sim os constantes do art. 1659 em seus incisos que ora se
passa a analisar.
I – Aqueles bens recebidos de doação ou herança e os que forem substituídos (Ex. marido
vende imóvel a terceiro e com o valor da venda adquire outro bem.). Mesmo sendo muito claro o
dispositivo, o TJDF ainda decidiu em sede de apelação:
1
TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Direito de Família. 12.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017, p 170.
2
“No regime de comunhão parcial, excluem-se da comunhão
que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe
sobrevierem na constância do matrimônio, por doação ou
sucessão.”
Justifica-se o dispositivo porque o direito do cônjuge foi gerado antes do casamento.
Obs.1: Se a doação ou legado for para o casal, então há comunicação dos bens.
Obs.2: Os frutos dos bens comuns ou particulares, como juros e aluguéis (art. 1660, V, CC)
entram na comunhão.
II – o raciocínio é o mesmo do anterior, mas vejamos o seguinte exemplo: mulher vende
jóia particular por R$10.000,00 e com o valor compra (já casada) um carro de R$30.000,00. O
marido não tem direito sobre os R$10.000,00 sub-rogados no carro, mas tem direito à metade dos
R$20.000,00 que foram acrescidos na compra do carro.
III – Se os bens não se comunicam, o mesmo acontece com as obrigações anteriores ao
casamento, em que se fazem alusões ao disposto nos arts. 1663, 1664 e 1666.
IV – O resultado de ato ilícito também não obriga o outro cônjuge, a não ser que tenha
também se beneficiado, tanto faz o fato ocorrido, se antes ou depois do casamento. Se não tiver
havido proveito do outro cônjuge, este ingressa com embargos de terceiro para livrar sua
meação, quando da penhora.
V – O Código menciona bens de uso pessoal como livros e instrumentos de profissão, mas
Carlos R. Gonçalves alerta que também abrange roupas, joias, celulares, computadores etc., pois
presume-se que foram adquiridos sem a participação do outro cônjuge, mas se tiver a
participação, terá direito à meação2. Além disso, ressalta-se que os livros e os instrumentos de
profissão só não entrarão na comunhão se não tiverem sido adquiridos a título oneroso com o
dinheiro comum ou se não pertencerem a fundo de comércio, patrimônio de instituição industrial
ou financeira que participa o outro cônjuge 3.
VI – Proventos é no sentido mais abrangente possível – vencimentos, salários etc.
Obs.1: O que não se comunica é o direito à percepção da remuneração, pois recebido o valor,
ele passa a integrar os bens do casal. O mesmo ocorre com os bens adquiridos com o valor
percebido da remuneração ou do salário. Ressalta-se que havendo separação judicial ou divórcio
o direito de receber a remuneração ou salário não será partilhado, mas apenas os valores que
tiverem incorporado o patrimônio comum do casal 4.
VII – Pensão – quantia recebida por alguém em dinheiro, para sua subsistência em virtude
de lei, sentença, contrato etc. Meio-soldo – metade do soldo que o Estado paga ao militar
reformado. Montepio – pensão paga pelo instituto previdenciário aos herdeiros do servidor
2
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 13.ed. São Paulo: Saraiva, 2016, p 471.
3
RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. In: GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito de Família.
13.ed. São Paulo: Saraiva, 2016, p 471.
4
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 13.ed. São Paulo: Saraiva, 2016, p 471.
2
3
falecido. Ressalta-se que assim como no inciso IV, o que não se comunica é o direito à
percepção destes benefícios, mas as quantias recebidas mensalmente a título destes, durante o
casamento, incorporam o patrimônio comum e se comunicam logo que percebidos.
Obs.: Se o casal se separar, o cônjuge que tem direito ao benefício continuará levantando-o e
não perderá a metade para o outro, pois o direito é incomunicável, não sendo partilhado. 5
3.3.2. Bens inclusos:
Embora não houvesse tanta necessidade, o legislador infraconstitucional achou interessante
elencar bens que poderiam gerar dúvidas que incluem nos bens, constantes no art. 1660, que se
explicam por si só, valendo algumas observações:
Obs.1: Fato eventual – inciso II – loteria, sorteio, jogo, aposta etc.
Obs.2: Benfeitorias – IV – melhoramentos que são feitos e que valorizam (na maioria das vezes)
os bens – podem ser necessárias, úteis ou voluptuárias (art. 96, CC).
- Quanto ao art. 1661, CC – ele se refere àquele cônjuge que, por exemplo, recebeu valor de uma
venda que fora iniciada anteriormente ao casamento, ou que dependa de ação ingressada
também antes do matrimônio e que após foi julgada procedente etc.
Obs.3: Era o regime considerado convencional desde as Ordenações Filipinas até a Lei do
Divórcio, em 1977.
6
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito de Família. 13.ed. São Paulo: Saraiva, 2016, p 480.
4