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FACULDADE INTERNACIONAL SIGNORELLI

DIREITO DE FAMÍLIA E SUCESSÕES

Tópicos em Direito de Família

Nome do aluno: Cleiton Rocha de Matos


Brasília/DF
Março/2022

DESENVOLVIMENTO

O regime de bens é o conjunto de regras que disciplina as relações econômicas dos


cônjuges na vigência do casamento, tanto entre si, quanto à terceiros (GONÇALVES, 2021).
Cuida em especial acerca do domínio e a administração de ambos ou de cada um sobre os
bens anteriores e os adquiridos na constância da união conjugal (GONÇALVES, 2021).
Venosa (2019) destaca que a existência de um regime de bens é necessária, não
podendo o casamento subsistir sem ele e ainda que não haja manifestação dos cônjuges, a lei
supre sua vontade disciplinando o regime da comunhão parcial de bens nos termos do art.
1.640 do CC.
O Código Civil disciplina quatro regimes: o da comunhão parcial (arts. 1.658 a 1.666
do CC); o da comunhão universal (arts. 1.667 a 1.671 do CC); o da participação final nos
aquestos (arts. 1.672 a 1.686 do CC) e o da separação (arts. 1.687 a 1.688 do CC). Apesar
disso, o código civil faculta aos cônjuges, além dos retromencionados regimes, que as partes
regulamentem suas relações econômicas fazendo combinações entre eles, criando um regime
misto, bem como elegendo um novo e distinto, com exceção para os casos nos quais é
imposto o regime de separação legal de bens.
Por questões de ordem pública, para proteção de algumas pessoas ou de determinadas
situações, relativiza-se, no art. 1.641 do CC, a liberdade de escolha do regime patrimonial do
casamento, impondo aos nubentes o regime de separação obrigatória de bens (FARIAS e
ROSENVALD, 2017):
Destaca-se que o art. 977 do CC veda aos cônjuges casados sob o regime da separação
obrigatória de bens que constituam sociedade entre si e com terceiros (GODOY ET AL,
2018). Segundo Godoy et al (2018), a intenção do dispositivo é evitar que a proibição do art.
1.641 do CC seja fraudada mediante a criação de uma sociedade entre os cônjuges.
Farias e Rosenvald (2017) criticam o regime de separação obrigatória à luz das
garantias constitucionais, asseverando que a regra colide frontalmente com os princípios da
igualdade substancial, da liberdade e da própria dignidade humana. Nessa linha, propõe os
doutrinadores, seria mais adequado, para harmonizar a proteção de determinados interesses ao
texto constitucional, propor aos nubentes uma declaração de titularidade patrimoniais quando
da habilitação para o casamento, de modo a precaver, reciprocamente, os direitos.
No regime da comunhão parcial de bens, os bens que cada um dos cônjuges possuía
antes do casamento continuam sob sua propriedade exclusiva e os que forem adquiridos na
constância do casamento constituem-se bens comuns (PEREIRA, 2017).
Ademais, esse é o regime legal ou supletório, que valerá e terá eficácia para o
casamento se silentes os cônjuges ou se nulo ou ineficaz o pacto antenupcial, nos termos do
art. 1.640 do CC (TARTUCE, 2017).
O art. 1.659 do CC traz os bens excluídos da comunhão:
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:
I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na
constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu
lugar;
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos
cônjuges em sub-rogação dos bens particulares;
III - as obrigações anteriores ao casamento;
IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito
do casal;
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
(BRASIL, 2002).

Por sua vez, o art. 1.660 do CC elenca os bens que integram a comunhão:
Art. 1.660. Entram na comunhão:
I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda
que só em nome de um dos cônjuges;
II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho
ou despesa anterior;
III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos
os cônjuges;
IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge;
V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge,
percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a
comunhão. (BRASIL, 2002).

O regime da comunhão universal implica na comunicação entre os patrimônios dos


cônjuges de todos os bens, anteriores e posteriores ao casamento, com as exceções do art.
1.668 do CC (COELHO, 2020):
Art. 1.668. São excluídos da comunhão:
I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os
sub-rogados em seu lugar;
II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário,
antes de realizada a condição suspensiva;
III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com
seus aprestos, ou reverterem em proveito comum;
IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a
cláusula de incomunicabilidade;
V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659. (BRASIL, 2002).
Aquestos são os bens adquiridos onerosamente durante a convivência do casal
(FARIAS e ROSENVALD, 2017). Esse regime estabelece que durante a convivência
conjugal, o casamento está sujeito às regras de separação convencional dos bens, porém, após
a dissolução matrimonial, por morte ou divórcio, comunicam-se os bens adquiridos
onerosamente por casa um durante a constância do casamento (FARIAS e ROSENVALD,
2017).
Esse regime possibilita aos cônjuges a livre administração de seus bens durante o
casamento, bem como, a participação de cada um deles no patrimônio residual, remanescente,
quando da dissolução matrimonial (FARIAS e ROSENVALD, 2017).
Destaca-se que no caso de bens imóveis, a regra geral nesse regime é a exigência da
vênia conjugal para aliená-los ou onerá-los, bem como no caso da fiança e aval (FARIAS e
ROSENVALD, 2017). Porém, por deliberação expressa no pacto antenupcial permite-se a
dispensa da vontade expressa dos consortes para tais atos, segundo prevê o art. 1.656 do CC
(FARIAS e ROSENVALD, 2017).
O regime de separação de bens estabelece a incomunicabilidade dos bens dos
cônjuges, anteriores e posteriores ao casamento, existindo inequívoca independência
patrimonial, não havendo espaço para futura meação (GAGLIANO, 2017).
REFERÊNCIAS

BRASIL. lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. On line, disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm , acesso em
15/12/2021.
COELHO, F. U. Curso de direito civil: família, sucessões, volume 5. 2 ed. São Paulo:
Thomson Reuters Brasil, 2020.
GAGLIANO, P. S. Novo curso de direito civil, volume 6: direito de família. 7 ed. São Paulo:
Saraiva, 2017.
GODOY, C. L. B. et al. Código civil comentado: doutrina e jurisprudência. 12 ed. São Paulo,
Manole, 2018.
GONÇALVES, C. R. Direito civil brasileiro – direito de família - 18 ed. São Paulo: Saraiva,
2021.
FARIAS, C. C. e ROSENVALD, N. Curso de direito civil: famílias. 9 ed. Salvador: Ed.
JusPodivm, 2016.
PEREIRA, C. M. S. Instituições de direito civil – Vol. V. 25 ed. Rio de janeiro: Forense,
2017.
TARTUCE, F. Direito civil, v. 5: Direito de Família. 12. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017.
VENOSA, S.S. Código Civil interpretado. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2019.

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