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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL

Unidade Universitária de Paranaíba


Direito Civil – Direito de Família
2.1. Casamento II: efeitos jurídicos
Profª Drª Léia Comar Riva

EFEITOS JURÍDICOS DO MATRIMÔNIO

➢ Conceito dos efeitos jurídicos do casamento: São consequências que se projetam


no âmbito social, nas relações pessoais e econômicas dos cônjuges, nas relações
pessoais e patrimoniais entre pais e filhos, dando origem a direitos e deveres,
disciplinados por normas jurídicas.

O matrimônio produz os seguintes efeitos jurídicos:

• Efeitos sociais
• Efeitos pessoais
• Efeitos patrimoniais

I - Efeitos Jurídicos Sociais do Matrimônio

- Criação da família instituída pelo casamento (CF, art. 226, §§ 1º e 2º; CC, art 1.511 e
seguintes).

- Estabelecimento do vínculo da afinidade entre cada cônjuge ou companheiro e os


parentes do outro (CC, art. 1.595, §§ 1º e 2 º).

- Emancipação do consorte de menor idade (CC, art. 5º, parágrafo único, II).

- Constituição do estado de casado.

II - Efeitos Jurídicos Pessoais do Matrimônio

1) Direitos e deveres de ambos os consortes

➢ Os deveres estão no plano da eficácia → produzir os efeitos jurídicos


Desejados
➢ O casamento gera efeitos jurídicos, trazendo deveres para ambos os cônjuges
(esses efeitos e deveres estão no plano da eficácia).
→CC. arts. 1.565-1.570 - Eficácia do casamento: regras e princípios atinentes à vida
em comum.

→ Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de


consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família.
- Comunhão plena de vida
- Igualdade de direitos e deveres CF, art. 226, § 5º e CC, arts. 1.511; 1.565 e 1.567-1.570

§ 1o Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro.


- poderá – não é obrigatório – direito da personalidade (arts. 16-19)

§ 2o O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar


recursos educacionais e financeiros para o exercício desse direito, vedado qualquer tipo
de coerção por parte de instituições privadas ou públicas.

- Princípio da não intervenção do Estado ou da liberdade

→ Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:


➢ A quebra desses deveres dá origem separação/divórcio sanção

I. Fidelidade mútua (CC, art. 1.573, I).

- Infedelidade = adultério = “violação do leito”


Adultério virtual - e -no caso da esposa se submeter a inseminação artificial heteróloga
sem o consentimento do marido – (adultério castro ou de seringa)
- Culpa – impossibilidade ou não de discutir para separação
- Perdão é possível

II. Vida em comum no domicílio conjugal


- Coabitação (CC, arts. 1.797, I). (dever de manter relações sexuais: – Silvio Rodrigues
sim; Maria Berenice não).
- art. 1.569 - possibilidades

III. Mútua assistência (CC, art. 1.573, III).


Assistência econômica, afetiva, moral, sexual e espiritual

-Econômica (material) obrigação de alimentos


-Moral – solidariedade, amor, incentivo, estímulo.

IV. Sustento, guarda e educação dos filhos [...]→solidariedade social – CF/1988, art. 3°,
I.
V. Respeito e consideração mútuos (CC, art. 1.573, III) → boa-fé objetiva
- na alegria e na tristeza, na saúde e na doença – ausência é prova de fadiga da relação.

→ Art. 1.567. A direção da sociedade conjugal será exercida, em colaboração, pelo


marido e pela mulher, sempre no interesse do casal e dos filhos.
§ único. Havendo divergência, qualquer dos cônjuges poderá recorrer ao juiz, que decidirá
tendo em consideração aqueles interesses.

Lei nº 4.121, de 1962, conhecida como estatuto da mulher casada, à luz dos direitos
humanos. ... O estatuto pôs fim a desigualdade jurídica que havia, tendo a mulher
casadas e tornando absolutamente capaz de exercer os atos da vida civil.

→ Art. 1.568. Os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção de seus bens e dos
rendimentos do trabalho, para o sustento da família e a educação dos filhos, qualquer que
seja o regime patrimonial.

→ Art. 1.569. O domicílio do casal será escolhido por ambos os cônjuges, mas um e
outro podem ausentar-se do domicílio conjugal para atender a encargos públicos, ao
exercício de sua profissão, ou a interesses particulares relevantes.

→ Art. 1.570. Se qualquer dos cônjuges estiver em lugar remoto ou não sabido,
encarcerado por mais de cento e oitenta dias, interditado judicialmente ou privado,
episodicamente, de consciência, em virtude de enfermidade ou de acidente, o outro
exercerá com exclusividade a direção da família, cabendo-lhe a administração dos bens.

Maria Helena Diniz* Do casamento decorrem certos direitos e deveres. Os cônjuges são
titulares deles, em virtude de lei e devem exercê-los conjuntamente. O exercício desses
direitos e deveres pertence, igualmente, a ambos.
- Exercer a direção da sociedade conjugal (CC, arts. 1.567 e 1.570).
- Representar legalmente a família (CC, arts. 1.634, V, e 1.690).
- Fixar domicílio da família (CC, arts. 1.569 e 1.567, parágrafo único).
- Proteger o consorte na sua integridade física ou moral.
- Colaborar nos encargos (CC, arts. 1.565, 1.567 e 1.568).
- Velar pela direção moral e material da família (CC, art. 1.568).
- Dirigir a comunidade doméstica (CC, arts. 1.643, 1.644, 1.565 e 1.568).
- Adotar, se quiser, os apelidos do consorte (CC, art. 1.565, § 1º).
- Direito de se opor à fixação ou mudança do domicilio determinada por um deles (CC,
arts. 1.569 e 1.567, parágrafo único).
- Direito de exercer livremente qualquer profissão lucrativa.
- Praticar qualquer ato não vedado por lei (CC, art. 1.642, VI).
- Litigar em juízo cível ou comercial, salvo se a causa versar sobre direitos reais
imobiliários (CPC, art. 10; CC art. 1647, II), podendo: propor separação judicial e
divórcio; contratar advogado; requerer interdição do consorte (CC, art. 1.768,
II);promover a declaração de ausência de seu consorte; reconhecer filho; praticar atos
relativos à tutela ou cautela; aceitar mandato; aceitar ou repudiar herança ou legado.
- Pleitear seus direitos na Justiça Trabalhista (CLT, art 792).
- Requerer na Justiça Eleitoral alistamento (Lei n. 4.737/65, art. 43).
- Exercer o direito de defesa, na Justiça Criminal, sem anuência do cônjuge.
- Não perder sua nacionalidade se se casar com estrangeiro.
- Aplicar-se a lei brasileira na ordem da vocação hereditária, se estrangeiro se casar com
brasileiro (LI, art. 10, § 1º).
- Não poder casar-se novamente aquela que teve casamento anulado ou a viúva antes de
decorridos 10 meses de viuvez, salvo se antes do término desse prazo der à luz um filho.
- Não poder casar-se o viúvo enquanto não fizer o inventario dos bens do casal e deles
der partilha aos filhos.
- Poder de decisão sobre planejamento familiar (CC, arts. 1.565, § 2º, e 1.513; e CF/88,
art. 226, § 7º).

Exercício

Entre os efeitos jurídicos pessoais do matrimônio estão os direitos e deveres de


ambos os consortes. Esses direitos e deveres estão no plano da eficácia. Os artigos 1.565-
1.570, do Código Civil de 2002 determinam regras e princípios atinentes à vida em
comum. Comente cada um dos artigos de acordo com a moderna doutrina e jurisprudência
civilista brasileira.

2) Direitos e deveres dos pais para com os filhos

- Sustentar e educar os filhos (CC, arts. 1.566, IV, 1.568, 1.634, I a VII; CP, arts. 244,
245, 246, 247).
- Poder familiar (CC, arts. 1.631 e parágrafo único, 1.690 e § único, 1.637, 1.638 e 1.696).
- Não pode o pai, na separação de fato, reclamar filho menor que está em poder da mãe,
salvo por motivo grave.
- Deliberarem, ambos os pais, na separação judicial consensual, a respeito da guarda dos
filhos (CC, art. 1.583; CPC, art. 1.121, II e III).
- Observar-se na separação litigiosa o disposto no CC, art. 1.584, 1.589, 1.579 e 1.703.
- Não perder o genitor que contrai novas núpcias o direito ao poder familiar quanto aos
filhos menores do leito anterior (CC, arts. 1.588 e 1.636, § único).
- Os pais deverão criar, cuidar e educar (sustentar) os filhos e esses deverão
amparar os pais na velhice, doença e na impossibilidade desses sustentarem-se por si
próprios.
- Os pais têm direito ao usufruto e a administrar os bens dos filhos menores. Esses direitos
serão estudados junto com os efeitos patrimoniais do poder familiar.

III - Efeitos Jurídicos Patrimoniais do Matrimônio

Regime matrimonial de bens entre os cônjuges (CC - arts. 1.639 a 1.688)

➢ Conceito:

É o conjunto de normas aplicáveis às relações e interesses econômicos resultantes do


casamento. É o estatuto patrimonial dos consortes.

Regime matrimonial de Bens: "conjunto de regras relacionadas com interesses


patrimoniais ou econômicos resultantes da entidade familiar, sendo as suas normas,
em regra, de ordem privada" (Tartuce e Simão)

O instituto do regime de bens disciplina as relações econômicas entre os cônjuges durante


o casamento.

→ Princípios fundamentais do regime de bens:


➢ Liberdade dos pactos antenupciais [...]
➢ Mutabilidade jurídica do regime adotado (art. 1.639, parágrafo 2º, CC) [...]
➢ Imediata vigência da data da celebração do casamento [...]
➢ Variedade de regime de bens

Há quatro regimes de bens previstos no Código Civil brasileiro:


- Regime de comunhão parcial de bens (arts. 1.658-1.666);
- Regime de comunhão universal de bens (arts. 1.667-1.671);
- Regime de participação final nos aquestos (arts. 1.672-1.686);
- Regime de separação de bens (convencional) (arts. 1.687-1.688).

►Variedade de regime de bens

1) Regras gerais quanto ao regime de bens (arts. 1.639-1.652)

Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto
aos seus bens, o que lhes aprouver.

§ 1o O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar desde a data do casamento.

§ 2o É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em


pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e
ressalvados os direitos de terceiros.

• Mutabilidade jurídica do regime adotado

• Esse artigo aplica-se ao CC de 1916 e 2002.


• Enunciado 260, III Jornada de Direito Civil: art. 1.639, § 2° e 2.039: A
alteração do regime de bens prevista no § 2°, do art. 1.639, CC, tb é
permitida no casamento realizado na vigência da legislação anterior.

O regime não é imutável.

O instituto do regime de bens que disciplina as relações econômicas entre os cônjuges


começa a vigorar desde a data do casamento e pode durar durante todo o casamento.

Ambos os consortes poderão requerer a alteração do pacto em juízo

Casos de modificação:

• 1) Vontade das partes - justificada. – art. 734/CPC Tartuce (2017, p. 1.289)


– não precisa justificar o motivo.

Ex:. conseguir financiamento para aquisição de imóvel.

Art. 1.640. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto
aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial.

►Imediata vigência da data da celebração do casamento: Caso os nubentes nada


convencionaram antes do casamento ou se a convenção foi ineficaz ou eivada de nulidade,
o regime que irá vigorar será o de comunhão parcial de bens, que por isso é denominado
o regime legal.

§ único. Poderão os nubentes, no processo de habilitação, optar por qualquer dos


regimes que este código regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opção pela
comunhão parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por escritura pública, nas demais
escolhas.

Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:

Tartuce: "toda vez que desaparecer a causa ou motivo que impôs aos nubentes o regime
de separação obrigatória prevista no art. 1.641 do Código de 2002, poderão os cônjuges
pleitear a alteração do regime de separação obrigatória de bens, com base no § 2º do art.
1.639".
- incisos I e III, o regime é imutável até que se resolva a situação.
- inciso II, o regime é imutável mesmo.

A) Incidência da Súmula 377, STF

* Na separação convencional → há separação absoluta → sendo livre a disposição de


bens, sem a necessidade de outorga conjugal. Arts. 1.687-1.688, CC.

* Na separação obrigatória ou legal → aplica a Súmula 377 STF. Art. 1.641, CC


→ Para mitigar a rigidez do sistema de separação obrigatória, no CC/16, foi editada a
Súmula 377 STF – (Supremo Tribunal Federal): “No regime de separação legal
comunicam-se os bens adquiridos na constância do casamento”.

Há divergências se essa é ou não aplicada ao CC/2002 e se qdo for aplicada os bens não
oriundos do esforço comum se comunicam.

A Súmula "criou, no regime da separação legal de bens (art. 1.641 do CC), algo próximo
à comunhão parcial de bens", e visa assegurar com justiça a partilha dos aquestos (bens
oriundos do esforço comum), independente de ter prova do esforço comum dos cônjuges
para a aquisição dos bens, eis que o simples fato de estarem casados será suficiente para
presumi-los. (Tartuce, concorda).

B)

Importante: art. 978/CC: “O empresário casado pode, sem necessidade de outorga


conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integram o
patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real”. Nesse caso, EM TODOS OS
REGIMES DE BENS, poderá o empresário casado alienar bens.

I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração
do casamento;

II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos (antes da Lei n. 12.344/2010 era 60 anos);

• O regime é imutável, salvo se reconhecida a inconstitucionalidade desse art.

III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial. .


→Idade
• Os menores que não atingiram a idade núbil (16 anos), tanto para o homem como
para a mulher (art. 1.517, CC)
• Incisos II e III visam proteger o nubente em razão de sua imaturidade, inexperiência
ou idade avançada.

Art. 1.642. Qualquer que seja o regime de bens, tanto o marido quanto a mulher
podem livremente:

* Qualquer que seja o regime de bens podem os cônjuges independentemente da


autorização do outro praticar todos os atos que não lhe forem vedados expressamente (art.
1.642 e 1.643, CC).

I - praticar todos os atos de disposição e de administração necessários ao


desempenho de sua profissão, com as limitações estabelecida no inciso I do art. 1.647;

II - administrar os bens próprios;


III - desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham sido gravados ou alienados
sem o seu consentimento ou sem suprimento judicial; é caso de anulação do bem alienado
ou dado em garantia real

IV - demandar a rescisão dos contratos de fiança e doação, ou a invalidação do aval,


realizados pelo outro cônjuge com infração do disposto nos incisos III e IV do art. 1.647;

V - reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo


outro cônjuge ao concubino, desde que provado que os bens não foram adquiridos pelo
esforço comum destes, se o casal estiver separado de fato por mais de cinco anos;

VI - praticar todos os atos que não lhes forem vedados expressamente.

Art. 1.643. Podem os cônjuges, independentemente de autorização um do outro:

I - comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à economia doméstica;

II - obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas coisas possa exigir.

Art. 1.644. As dívidas contraídas para os fins do artigo antecedente obrigam


solidariamente ambos os cônjuges.

Art. 1.645. As ações fundadas nos incisos III, IV e V do art. 1.642 competem ao
cônjuge prejudicado e a seus herdeiros.

Art. 1.646. No caso dos incisos III e IV do art. 1.642, o terceiro, prejudicado com a
sentença favorável ao autor, terá direito regressivo contra o cônjuge, que realizou o
negócio jurídico, ou seus herdeiros.

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem
autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:

* Esse artigo não se aplica na separação absoluta (separação convencional - arts.


1.687/1.688).

* Na separação convencional → há separação absoluta → sendo livre a disposição de


bens, sem a necessidade de outorga conjugal.
* Na separação obrigatória ou legal → aplica a Súmula 377.

- Trata da hipótese de legitimação, ou seja, da capacidade especial exigida para


determinados atos e negócios jurídicos – trata-se na hipótese de outorga ou vênia
conjugal, que pode assim ser classificada:

➢ Outorga conjugal – outorga ou vênia uxória = mulher,


esposa (uxor em latim que dizer esposa)
– outorga ou vênia marital = marido

I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;


II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;

III - prestar fiança ou aval;

IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam
integrar futura meação.

§ único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou
estabelecerem economia separada. = presentes de casamento.

Art. 1.648. Cabe ao juiz, nos casos do artigo antecedente, suprir a outorga, quando
um dos cônjuges a denegue sem motivo justo, ou lhe seja impossível concedê-la.

Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art.
1.647), tornará anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação,
até 2 anos depois de terminada a sociedade conjugal.

- A falta da outorga conjugal gera a nulidade relativa ou anulabilidade do ato


correspondente, não havendo eventual suprimento judicial.

§ único. A aprovação torna válido o ato, desde que feita por instrumento público, ou
particular, autenticado.

Art. 1.650. A decretação de invalidade dos atos praticados sem outorga, sem
consentimento, ou sem suprimento do juiz, só poderá ser demandada pelo cônjuge a quem
cabia concedê-la, ou por seus herdeiros.

Art. 1.651. Quando um dos cônjuges não puder exercer a administração dos bens
que lhe incumbe, segundo o regime de bens, caberá ao outro:

I - gerir os bens comuns e os do consorte;

II - alienar os bens móveis comuns;

III - alienar os imóveis comuns e os móveis ou imóveis do consorte, mediante


autorização judicial.

Art. 1.652. O cônjuge, que estiver na posse dos bens particulares do outro, será para
com este e seus herdeiros responsável:

I - como usufrutuário, se o rendimento for comum; Ex. aluguel

II - como procurador, se tiver mandato expresso ou tácito para os administrar; (bens


imóveis do casal)

III - como depositário, se não for usufrutuário, nem administrador.

➢ Resumidamente, sobre o regime de bens entre os cônjuges temos:


- Inúmeras operações contábeis devem ser feitas, para se registrar débitos, pagamentos,
empréstimos etc. (prestação de contas).
► Pactos antenupciais - (arts. 1.653 a 1.657, CC)

Pacto – nulo = sem escritura pública

- ineficaz = se não tiver casamento

Os noivos têm liberdade para escolher - Caso os noivos optem por um dos outros regimes
que não o da comunhão parcial (Facultativo), deverão celebrar o pacto antenupcial.

→ O pacto é um negócio jurídico solene, devendo ser celebrado necessariamente por


escritura pública, registrado em livro especial, no Cartório de Registro de Imóveis no
domicílio conjugal, sob pena de nulidade.

O pacto só produz efeitos a partir do casa/ - sua eficácia subordina-se a ocorrência do


casa/ - e podem dispor sobre regras patrimoniais, sendo nula eventual disposição que trate
de direitos pessoais, por ex:. as que os consortes dispuserem sobre os deveres de
fidelidade, coabitação, mútua assistência.

Enunciado 635 CJF

Quem for empresário deverá registrar o pacto no Registro Público de Empresas


Mercantis, para ter validade contra terceiros.

Salvo nos casos de regime de separação obrigatória (art. 1.641), a eficácia do pacto
firmado por menor fica condicionada a aprovação de seu representante legal.

- Para ter eficácia em relação a terceiros erga omnes precisa do registro no Cartório.

→ Regime misto – Enunciado 331 – Direito Civil – deverá constar no processo de


habilitação.

Ex:. estabelecer no pacto a existência:

- comunhão parcial quanto aos bens imóveis


- separação de bens quanto aos móveis.

→ Em maio de 2020, passou-se a admitir a escritura pública por via eletrônica ou digital,
por conta do Provimento n. 100 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o que abrange o
pacto antenupcial, mediante os requisitos previstos no Provimento.

►Variedade de regime de bens

Regime de bens (arts. 1.647-1.688)

Em casos de separação:

Comunhão parcial → divide meio a meio os bens adquiridos a título oneroso. (art. 1.661).
Comunhão universal → divide meio a meio (art. 1.667).

Participação final nos aquestos → (= comunhão parcial) divide meio a meio os bens
adquiridos a título oneroso (art. 1.672).

Separação → não há divisão (art. 1.687).

➢ Importante

Regime de comunhão parcial de bens

* Bens incomunicáveis - art. 1.659, CC.


* Bens comunicáveis - art. 1.660, CC.

Comunhão universal de bens

• Bens incomunicáveis - art. 1.668, CC.

Regime de comunhão parcial de bens (arts. 1.658-1.666);

É aquele que exclui (não se comunicam/bens incomunicáveis-art. 1.659) da comunhão


os bens que os consortes possuem ao casar ou que venham a adquirir por causa anterior
ou alheia ao casamento e que incluem (se comunicam-art. 1.660) na comunhão os bens
adquiridos posteriormente.
* Bens incomunicáveis (não integram o patrimônio do outro/são excluídos), art. 1.659,
CC.

* Bens comunicáveis (integram o patrimônio do outro/entram na comunhão), art. 1.660,


CC.

Formam-se 3 patrimônios:

Gráfico:.

Antes de casar Depois do casamento

1) ּ 2) ּ → 3) ּ ּ ּ

Bens do marido Bens da mulher Bens comuns

1) Patrimônio particular do marido (bens incomunicáveis - art. 1.659 CC)

2) Patrimônio particular esposa (bens incomunicáveis - art. 1.659 CC)

3) Patrimônio comum (bens comunicáveis - art. 1.660 CC)

→ Extinção da comunhão parcial dá-se: morte de um dos cônjuges, separação judicial,


divórcio, nulidade ou anulação do casamento (art. 1.658 e seguintes, CC)
➢ Regime de comunhão universal de bens (arts. 1.667-1.671)
É aquele em que todos os bens dos cônjuges, presentes ou futuros, adquiridos antes ou
depois do casamento, tornam-se comuns, constituindo uma só massa, tendo cada cônjuge
o direito à metade ideal do patrimônio comum, havendo comunicação do ativo e do
passivo, instaurando-se uma verdadeira sociedade.

* Divisão de bens, somente depois da dissolução do vínculo e partilha.

Forma-se um só patrimônio:

Gráfico:.

Antes de casar Depois do casamento

bּ ens do marido - bens da esposa → ּBens do marido + Bens da esposa = Bens


comuns

→ Exceção:. Bens que não se comunicam - art. 1.668, CC:

I. os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados


em seu lugar.

II. os bens gravados com fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de


realizada a condição suspensiva.

III. as dívidas anteriores, salvo se forem com despesas de aprestos (necessárias) ou


reverterem em proveito comum.

IV. as doações antes das núpcias feita por um dos cônjuges ao outro com a clausula de
incomunicabilidade.

V. os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão e os proventos do trabalho


pessoal de cada um.

→ Extinção da comunhão universal dá-se: morte de um dos consortes, separação judicial,


divórcio, nulidade ou anulação do casamento (art. 1.667 e seguintes, CC)

➢ Regime de participação final nos aquestos (arts. 1.672-1.686);

*Aquestos: são os bens que os cônjuges adquirem na constância do casamento, e que,


dependendo do regime de bens adotado, entram ou não para a comunhão.
* Montante dos aquestos: Bens adquiridos a título oneroso exceto – bens anteriores ao
casa/ e os sub-rogados no lugar; recebidos por doações ou liberalidades; as dividas
relativas a esses bens.

Silmara Chinellato - não há meação, mas participação, um crédito a favor do consorte.

→ Cada cônjuge tem um crédito sobre o que o outro adquiriu.

→ Regime mais utilizado por quem exerce a atividade de empresário, para que possa
trabalhar melhor com o seu patrimônio.

→ Regime misto:

- durante a vigência do casa/ = separação de bens

- com o término do casa/ (mais ou menos) parecido com o de comunhão parcial de bens,
salvo o que foi excluído (art. 1.674, CC)

É aquele em que há formação de massas particulares incomunicáveis durante o


casamento, mas que na dissolução da sociedade conjugal tornam-se comuns, pois cada
cônjuge é credor da metade do que o outro adquiriu onerosamente na constância do
matrimônio. (art. 1.672 e seguintes, CC)

- O cônjuge tem direito aos bens que colaborou na aquisição.

Durante o casa/ formam-se 2 patrimônios:

→ Inicial (durante o casa/) os bens são incomunicáveis (o que cada um possuía + o que
cada um adquiriu a título gratuito ou oneroso), exclui-se da soma (art. 1.674, CC) –
patrimônio próprio.

→ Final (dissolução) os bens são comunicáveis (o que o casal possuía no momento da


dissolução)

Gráfico:.

Antes de casar - Dissolvido o casamento e a sociedade conjugal

1) ּ 2) ּ → 3) ּ ּ ּ
Bens do marido bens da mulher Participação do esforço comum

➢ Regime de separação de bens (arts. 1.687-1.688);

É aquele em que cada consorte conserva, com exclusividade, o domínio, a posse e a


administração de seus bens presentes e futuros e a responsabilidade pelos débitos
anteriores e posteriores ao casamento.
- A razão de ser da regra é a proteção daqueles que, de alguma forma, podem ser
enganados pelo outro cônjuge.

- Os créditos entre os cônjuges – regular-se-ão pelas normas do D. das Obrigações.

- Cada cônjuge contribuirá nas despesas, na proporção do rendimento de seus trabalhos e


bens, salvo estipulação em contrário no pacto antenupcial.

Há duas espécies:

Legal/Obrigatória – imposta pela lei (art. 1.641, CC)

Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:


I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração
do casamento;
II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos;
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.

Convencional/facultativa – fora dos casos previstos no art. 1.641, CC e deverão elaborar


o pacto. (ABSOLUTA)

No regime de separação de bens convencional a incomunicabilidade pode ser:

- pura ou absoluta (em relação a todos os bens adquiridos antes e depois do casamento,
inclusive frutos e rendimentos) ou,

- limitada ou relativa (quando a separação circunscrever-se apenas aos bens presentes,


comunicando-se os frutos e rendimentos futuros). (art. 1.687/1.688, CC)

→ Separação convencional é a separação absoluta (art. 1.646)

Gráfico:.

Antes de casar Depois do casamento

1) ּ 2) ּ → 3) ּ ּ

Bens: marido esposa Bens: marido esposa

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