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O DIREITO PATRIMONIAL NO CASAMENTO E NA UNIÃO ESTÁVEL

Regime de bens são as normas que regulam as relações patrimoniais entre os integrantes dos relacionamentos
afetivos.
CARACTERÍSTICAS DOS REGIME DE BENS: Liberdade de escolha (Art.1.639 CC);Variabilidade;Início: na data do
casamento ou início da convivência (salvo contrato ou escritura pública);Término da vigência: data da separação de
fato, independentemente da formalização.
Enunciado 02 IBDFAM - A separação de fato põe fim ao regime de bens e importa extinção dos deveres entre
cônjuges e entre companheiros. ● Regime de bens legal atualmente: Comunhão parcial (supletivo) ● Regime de
bens legal até 25/12/1977: Comunhão universal.
MODALIDADES DE REGIME DE BENS: COMUNHÃO UNIVERSAL; COMUNHÃO PARCIAL; SEPARAÇÃO
OBRIGATÓRIA; SEPARAÇÃO CONVENCIONAL; PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS; MISTO.
PACTO ANTENUPCIAL: É obrigatório para os nubentes que desejarem adotar qualquer regime que não o da
comunhão parcial; Deve ser realizado por escritura pública perante o Tabelionato de Notas (Art.1.653 CC); O pacto
antenupcial pode prever questões além de disposições patrimoniais; Nem o pacto antenupcial e nem o contrato de
convivência podem trazer disposições que sejam proibidas em lei (Art.1.655CC);
Enunciado 635 da Jornada de Direito Civil: O pacto antenupcial e o contrato de convivência podem conter cláusulas
existenciais, desde que estas não violem os princípios da dignidade da pessoa humana, da igualdade entre os
cônjuges e da solidariedade familiar.
REGIME DA COMUNHÃO PARCIAL DE BENS (Arts. 1.658 a 1.666): CONCEITO: É o regime no qual se comunicam
os bens que sobrevierem ao casal na constância do casamento ou da união estável (aquestos). Nesse regime, os bens
e valores que cada um possuía no início da relação, bens recebidos por doação ou sucessão não se comunicarão com
o outro cônjuge ou companheiro.
Nesse regime temos 3 massas patrimoniais: “ o que é meu é meu; o que é dela, é dela; o que é nosso é nosso”
(ROSA, Conrado Paulino).
BENS NÃO PARTILHADOS NA COMUNHÃO PARCIAL:1.659, I -CC; 1.659, II - CC; 1.659, IV - CC; 1.659, V - CC;
1.659, VI e VII - CC.
REGIME DA COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS (Arts. 1.667 a 1.671):Este já foi o regime legal aplicável ao
casamento até o Código Civil de 1916 (até 25/12/1977 ); ● Todo o patrimônio que cada um dos cônjuges/ conviventes
possuíam antes de casar se transformam em um só; ● Apenas 01 massa patrimonial: todo mundo é dono de tudo -
formação de condomínio entre as partes.
BENS NÃO PARTILHADOS NA COMUNHÃO UNIVERSAL: Art. 1.668 CC
REGIME DA SEPARAÇÃO DE BENS (Arts. 1.687 e 1.688): É aquele no qual cada cônjuge/ companheiro
permanecem sob a administração exclusiva de cada um dos cônjuges ou conviventes, podendo dispor livremente deles
(1.687, CC/2002); ● Possui duas modalidades: separação convencional e separação obrigatória ;
Separação obrigatória de bens: relacionamento de pessoa maior de 70 anos - exigência ou não do esforço em
comum para meação (Súmula 377 do STF).
REGIME DA PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS (Arts. 1.672 a 1.686): ● Aquestos é o patrimônio constituído
na vigência do relacionamento (casamento ou união estável); ● É aquele no qual cada cônjuge/companheiro, durante a
união, possui seu próprio patrimônio sendo unicamente responsável pela administração, mas, ao fim do relacionamento
os bens adquiridos durante o período do relacionamento serão partilhados metade para cada um.
É POSSÍVEL ALTERAR O REGIME DE BENS? ● Sim! Mediante ação de alteração de regime de bens: procedimento
judicial; ● Pacto da maturidade ● Previsão no Art. 1639, § 2º do Código Civil.
DIVORCIO
CONCEITO: O divórcio é o instrumento jurídico através do qual os cônjuges põem fim ao casamento e a todas as
obrigações decorrentes dele.
O DIVÓRCIO NA ATUALIDADE • Basta a manifestação de um dos cônjuges; • Pode ser realizado em cartório ou em
juízo; • Admite a modalidade consensual (concordância das partes quanto aos termos do divórcio) ou litigiosa (
discordância das partes quanto a pelo menos um dos termos do divórcio); • Divórcio impositivo (segundo o qual era
permitida a decretação do divórcio extrajudicial independentemente da presença ou da anuência do outro cônjuge,
desde que no ato inexistissem filhos menores ou partilha de bens a discutir) , Gray Divorce e o divórcio virtuaL
PROCEDIMENTO JUDICIAL - Arts. 693 a 699 e 731 a 734 CPC: Distribuição da ação de divórcio perante uma das
varas de família; • Despacho e providências iniciais; • Agendamento de audiência de conciliação (CMCF); • Não sendo
possível a conciliação, haverá designação de audiência de instrução e julgamento; • Sentença.
UNIÃO ESTÁVEL:Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher,
configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.
REQUISITOS PARA A CARACTERIZAÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL: PUBLICIDADE: - Refere-se à moradia conjunta
(coabitação) do casal, mantendo vida em comum, em comunhão plena (ROLF MADALENO);
CONTINUIDADE/ESTABILIDADE: - À luz deste critério, a família convivencial exige um caráter estável, uma duração
prolongada no tempo, de modo que a relação entre os indivíduos não possua caráter acidental ou momentâneo. A
inexistência de um prazo mínimo para a configuração da união estável, o requisito da continuidade revela
solidez do vínculo, sem interrupções constantes. . INTENÇÃO DE CONSTITUIR FAMÍLIA ( VIVER COMO SE
CASADOS FOSSEM) - Afasta da caracterização de entidade familiar os relacionamentos livres (embora duradouros),
mas sem a intenção presente de criar vínculo familiar; - Refere-se à comunhão plena de vidas, troca de afetos e soma
de objetivos comuns que convergem para solidificar o caráter familiar da relação;
EFEITOS DA UNIÃO ESTÁVEL: ACRÉSCIMO DO SOBRENOME: Lei de Registros Públicos (Lei 6.015/73), Art. 57,
§§ 2º e 3º; POSSIBILIDADE DE ADOÇÃO PELO CASAL: - Art.42, § 2º do ECA. IMPEDIMENTO PARA
TESTEMUNHAR: interpretação analógica.Art. 228. Não podem ser admitidos como testemunhas: V - os cônjuges…
Não são efeitos decorrentes da união estável: ❏ Não produz a emancipação do companheiro adolescente; ❏ Não
altera o estado civil das pessoas, salvos e a união for formalizada. ❏ Não se aplicam as causas suspensivas à união
estável; ❏ Presunção de paternidade dos filhos nascidos
EFEITOS PATRIMONIAIS NA UNIÃO ESTÁVEL: Bens adquiridos onerosamente; Prêmios de loteria; Doação feita ao
casal; Saldo de FGTS e indenização trabalhista; Parcelas pagas de imóvel na constância da união.
❏ INTEGRAM A COMUNHÃO: NÃO INTEGRAM A
COMUNHÃO:
- Bens adquiridos onerosamente; - Bens recebidos à título de herança;
- Prêmios de loteria; - Bens doados exclusivamente a um
dos cônjuge
- Doação feita ao casal; (os frutos podem ser
partilhados);
- Saldo de FGTS e indenização trabalhista; -Parcelas de imóvel financiado pagas antes
da união
- Parcelas pagas de imóvel na constância da união ou depois de ela ter cessado, bens
sub-rogados;

FORMALIZAÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL: EXTRAJUDICIAL (Mediante contrato particular registrado em cartório


de notas,disciplinando aspectos patrimoniais e também existenciais), JUDICIAL(Através de propositura de
ação de reconhecimento e dissolução de união estável - ação que pode ser proposta inclusive após a morte de
um dos conviventes)
CONVERSÃO DA UNIÃO ESTÁVEL EM CASAMENTO: A união estável poderá converter-se em casamento,
mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro Civil. Art. 1.726 CC.

ALIMENTOS ● Lei 5.478/66 ● Arts. 1.694-1.710, CC/2002


CONCEITO: os alimentos significam o conjunto das prestações necessárias para a vida digna do
indivíduo(GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2017).
- Fundamento: Dignidade da pessoa humana e solidariedade familiar (para os alimentos tutelados pelo Direito
de Família).
ESPÉCIES - Os alimentos sempre pressupõem a existência de um vínculo jurídico. Logo, ao falar em alimentos não
necessariamente estamos falando daqueles originados a partir de vínculos abrangidos pelo Direito de Família.
QUANTO ÀS FONTES NORMATIVAS Legais (Derivados do Direito de Família);Convencionais ou Voluntários
(Decorrem da autonomia privada) e Legais (Derivados do Direito Obrigacional).
Espécies de Alimentos: Causa jurídica A) ALIMENTOS LEGAIS: São aqueles originados a partir de uma relação
de parentesco e dissolução de união afetiva, desde que haja dependência econômica de algum dos integrantes ao
longo do relacionamento. - Estão previstos no art. 1.694 , caput, cc. ALIMENTOS VOLUNTÁRIOS: - São aqueles
que decorrem de uma liberalidade de quem os presta/ fornece. Mesmo sem qualquer imposição legal, alguém decide
prestar alimentos em favor de outra pessoa quer por “ causa mortis” (especificado em testamento) ou por ato “inter
vivos”. - Art. 1.846 c/c 1.920 CC e Art. 545 CC.
QUANTO À ABRANGÊNCIA: CIVIS OU CÔNGRUS (Art. 1.694, caput, do CC); NATURAIS (Art. 1.694, § 2º do CC).
QUANTO AO MOMENTO EM QUE SÃO EXIGIDOS: PRETÉRITOS; PRESENTES e FUTUROS OU VINCENDOS.
QUANTO À FORMA DE PAGAMENTO:
PRÓPRIOS OU IN NATURA IMPRÓPRIOS - Art. 25 da Lei 5478/66: Art. 25. A prestação não pecuniária estabelecida
no art. 403 do Código Civil, só pode ser autorizada pelo juiz se a ela anuir o alimentado capaz. ➔ Atualmente,
admite-se a possibilidade de prestação in natura e até mesmo a sua compensabilidade, a fim de evitar o
enriquecimento ilícito de quem recebe os alimentos.
OU IN PECÚNIA
OBRIGAÇÃO ALIMENTAR X DEVER DE SUSTENTO: ➢ Obrigação alimentar é aquela que decorre do dever de
mútua assistência decorrentes da conjugalidade e companheirismo, além de solidariedade parental. A presunção de
necessidade é relativa e deve ser comprovada, tanto quanto a possibilidade do réu.
DEVER DE SUSTENTO: º Decorre do poder familiar e está previsto no Art. 1.566, IV do Código Civil. Compreende o
dever de os pais proverem o sustento dos filhos incapazes em virtude do poder familiar. Possui presunção absoluta da
necessidade, embora na prática familiarista, a demonstração dos gastos seja relevante para aferir o quantum alimentar.
SUJEITO LEGITIMADOS: ALIMENTANTE: É AQUELE QUE DEVE FORNECER/PRESTAR ALIMENTOS
ALIMENTANDO: É AQUELE QUE RECEBE OS ALIMENTOS.
Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges: I - fidelidade recíproca; II - vida em comum, no domicílio conjugal; III -
mútua assistência; IV - sustento, guarda e educação dos filhos; V - respeito e consideração mútuos.
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que
necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua
educação.
Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes,
recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros.
Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar
totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a
prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas,
poderão as demais ser chamadas a integrar a lide.
CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO DOS ALIMENTOS:
❏ NECESSIDADE: Refere-se à demonstração das necessidades de sustento daquele que pleiteia a fixação de
alimentos.
❏ POSSIBILIDADE: Refere-se à demonstração da capacidade financeira/ econômica contra quem se pleiteia os
alimentos.
❏ RAZOABILIDADE: É a justa medida e a conjunção adequada da necessidade e da possibilidade.
CARACTERÍSTICAS DOS ALIMENTOS
● PERSONALÍSSIMO: É um direito que cabe ao Alimentando e apenas a ele exercer e se dele necessitar. Apesar
disso, é possível que o Alimentando seja possa ser representado ou assistido (a partir dos 16 anos).
● RECIPROCIDADE: Implica dizer que são devidos uns aos outros. São limitados ao parentesco colateral de 2º grau
(irmãos).
● IRREPETÍVEL OU NÃO RESTITUÍVEL: Excepcionalidade: evitar o enriquecimento sem causa
● INTRANSMISSIBILIDADE/ INDISPONIBILIDADE: Implica que o direito aos alimentos não podem ser objeto de
cessão e nem de negócio jurídico. Decorre do caráter personalíssimo.
● INCOMPENSABILIDADE*: Tal característica significa que ainda que o Alimentando se torne devedor do Alimentante,
este não poderá opor tal crédito como excusa do dever de alimentos.
● IMPENHORABILIDADE : Os alimentos não podem ser objeto de penhora, sob pena de fugirem do caráter da
dignidade a que se prestam.
● SOLIDARIEDADE: Segundo esta característica , cada credor de alimentos tem direito a toda dívida ou cada devedor
é responsável pela totalidade do débito. Tal característica
ALIMENTOS EM FAVOR DO FILHO NASCITURO
➢ Popularmente chamado de gravídicos
➢ Regido pela Lei 11. 804/2008
➢ CONCEITO: [...] compreendem os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez
➢ Exige indícios de paternidade
ASPECTOS PROCESSUAIS DOS ALIMENTOS ● Competência: Em virtude de ser fundamentada no vínculo familiar, a
competência processar e julgar é da Vara de Família. ● Legitimidade Passiva: Pode ser dos pais, dos avós, do ex
cônjuge ou companheiro ● Legitimidade Ativa: A criança/ o adolescente representado por sua genitora, os pais, o ex
cônjuge ou companheiro.
Pleitos possíveis de discussão:
Alimentos (fixação) Revisão de Alimentos Exoneração de Alimentos Cumprimento de sentença: Rito Prisão e Rito
Penhor

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