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O CONTRATO DE NAMORO, A UNIÃO ESTÁVEL E O POLIAMOR: Limites entre o namoro e a

formação familiar factual

1. Introdução: Famílias Plurais

2. Do Concubinato à União Estável

|__ Antes da CF/88 A família só era constituída através do casamento (família legítima), não
era reconhecida a União Estável como instituição familiar, sendo assim, concubinato.

- Concubinato puro: entre pessoas que poderiam se casar, mas não optaram por isso

- Concubinato impuro: entre pessoas que era impedidas de casar entre si

 Decreto 20.465/31 (LOPS – Lei Orgânica da Previdência Social)


 Súmula 380 do STF: “Comprovada a existência de sociedade de fato entre os
concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido
pelo esforço comum” – CF/88 – Art 226, p terceiro.
|__ Vedação ao enriquecimento sem causa

- Lei 8.971/94 e Lei 9.278/96 , Código Civil 2002.

 UNIÃO ESTÁVEL

1. Conceito legal

É a convivência pública, continua e duradoura, entre homem e mulher, desimpedidos de se


casar, ou separados, com animus de constituir família.

2. É necessário prazo mínimo?

NÃO!

3. É necessário morar junto?

NÃO!

Súmula 382, STF – A vida em comum sob o mesmo teto, more uxório, não é indispensável a
caracterização do concubinato (puro=união estável)
4. É obrigatório ter filhos?

NÃO!

 O SEPARADO DE FATO OU JUDICIALMENTE NÃO PODE CONSTITUIR OUTRO


CASAMENTO ENQUANTO NÃO REALIZADO O DIVÓRCIO, PORÉM PODE CONSTITUIR
UNIÃO ESTÁVEL.
 AS CAUSAS SUSPENSIVAS DO CASAMENTO NÃO SÃO APLICÁVEIS À UNIÃO ESTÁVEL

- Princípio da facilitação da conversão de UE em casamento.

|__ Resolução 175, CNJ - autoriza o casamento homoafetivo no Brasil, independente de


prévia UE.

 COMO DIFERENCIAR A UNIÃO ESTÁVEL DO NAMORO?

- STJ REsp 474.962/SP

- Namoro

|__ Simples: não há animus de constituir família

|__ Qualificado: há animus para o futuro de constituir família

-União Estável

|__ Animus atual de constituir família

- STJ REsp. 1.263.015/RN

[...]

“Na relação de namoro qualificado os namorados não assume a condição de conviventes


porque assim não desejam, são livres e desimpedidos, mas não tencionam naquele momento
ou com aquela pessoa formar uma entidade familiar. Nem por isso vão querer se manter
refugiados, já que buscam um no outro a companhia alheia para festas e viagens, acabam até
conhecendo a família um do outro, posando para fotografia em festas, pernoitando um na
casa do outro, com frequência, ou seja, mantêm verdadeira convivência amorosa, porém, sem
objetivo de constituir família.”

- STJ REsp 1454643/RJ


“O propósito de constituir família, alçado pela lei de regência como requisito essencial à
constituição da união estável – a distinguir, inclusive, esta entidade familiar denominado
“namoro qualificado” – não consubstancia mera proclamação, para o futuro, de intenção de
constituir família. É mais abrangente. Esta deve se afigurar presente durante toda a
convivência, a partir do efetivo compartilhamento de vidas, com irrestrito apoio moral e
material entre os companheiros. É dizer: a família deve, de fato, restar constituída. 2.2.
Tampouco a coabitação, por si, evidencia a constituição de uma união estável (ainda que possa
vir a constituir, no mais das vezes, um relevante indício), especialmente se considerada a
particularidade dos autos em que as partes, por contingências e interesses particulares (ele, a
trabalho; ela, pelo estudo) foram, em momentos distintos, para o exterior, e, como namorados
eram, não hesitaram em residir conjuntamente. Este comportamento, é certo, revela-se
absolutamente usual nos tempos atuais, impondo-se ao Direito, longe das críticas e dos
estigmas, adequar-se à realidade social.

- Deveres pessoais advindos da União Estável

Artigo 1.724, CC

|__ As relações entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e


assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos.

- A lealdade da União Estável engloba a fidelidade recíproca

- Eficácia patrimonial da União Estável - artigo 1.725 : regra geral comunhão parcial de bens

|__ Pode ser realizado um contrato de convivência e ser eleito regime diverso de bens

|__ A hipótese do regime de separação total de bens para maiores de 70 anos também se
estende na sua obrigatoriedade no caso de União Estável

#CONTRATO DE NAMORO

-Pouco aceito no Brasil, visto que a União Estável é um ato-fato jurídico que pode ser
reconhecido mesmo sem a anuência das partes.

 O ATUAL CONCUBINATO (Antigo concubinato impuro) – artigo 1727, CC

- Concubinato exige habitualidade

- Entre pessoas impedidas de constituir casamento (artigo 1521, CC)

- Relativação doutrinária da questão de concubinato homossexual (não há precedente


jurisprudencial)

- Crime de bigamia

- Artigo 1550, CC - anulabilidade da doação de bens ao cúmplice do adultério, em até dois


anos
|__ Concubino não pode ser beneficiário de seguro de vida, nem testamentário

 Tutelas às Relações Concubinárias: O que fazer?

1º Tese: Negativa de Direitos à concubina

Qualquer relação que não respeite a monogamia é um ilícito civil.

2º Tese: Monetarização do Afeto e o Tratamento em Sede Obrigacional

Súmula 380 STF: “Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível
a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum.”

|__ Na época de sua decisão, cabia ao concubinato puro, agora União Estável.

|__ Vedação ao enriquecimento sem causa

- Concubinato se enquadra como uma relação obrigacional.

- Indenização por serviços prestados, era arbitrada por anos de relação. (Ultrapassada, não
mais vem sendo deferida)

- Nessa tese, concubinato não é família, então não tem direitos familiares, sucessórios ou
alimentares.

3º Tese: Tratamento familiar ao concubinato

- Todos os efeitos de reconhecimento familiar: pensão alimentícia, direitos sucessórios, etc.

 TESE RECONHECIDA PELOS TRIBUNAIS: RELAÇÃO OBRIGACIONAL DO CONCUBINATO,


PORÉM, SEM A INDENIZAÇÃO POR SERVIÇOS PRESTADOS. NESSE SENTIDO, O
CONCUBINATO É SOCIEDADE DE FATO, QUE NÃO CONSTITUI FAMÍLIA E NÃO TEM
DIREITOS SUCESSÓRIOS, PREVIDENCIÁRIOS OU FAMILIARES.

- Se houver a separação de fato, e assim, um constituir união estável, não é caso de


concubinato.
 NOVOS RUMOS DAS RELAÇÕES CONCUBINÁRIAS: Obrigacional ou Familiar?

- União estável Putativa: um dos companheiros acreditam, de boa-fé, que estão em uma União
Estável, mas na verdade, estão em concubinato.

|__ STJ não abraça essa ideia – não é viável haver duas relações legitimadas pelo Estado.

|__ Comprovação de boa-fé: dificuldade.

- Concubinato consentido

|__ Todos os integrantes sabem da existência dos demais e aceitam a relação

|__ Repartição de benefícios

|__ STJ não abraça a tese.

- CNJ decidiu pela nulidade da escritura pública que regula relações poligâmicas

- STF: “A preexistência de casamento ou de união estável de um dos conviventes, ressalvada a


exceção do artigo 1723, p 1º do CC, impede o reconhecimento de novo vínculo referente ao
mesmo período, inclusive para fins previdenciários, em virtude da consagração do dever de
fidelidade e da monogamia pelo ordenamento jurídico constitucional brasileiro”.

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