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Os parceiros devem ter a intenção de constituir uma família, seja por meio do
compartilhamento de responsabilidades, da formação de vínculos afetivos ou da
intenção de ter filhos. Importante destacar que não podem estar presentes os
impedimentos ao casamento. Uma vez preenchidos esses elementos, configura-se a
união estável, gerando direitos e deveres para ambos, semelhantes aos de um
casamento, conforme evidenciado no art. 1724 do Código Civil, que destaca diferenças
específicas, como fidelidade e coabitação.
No primeiro caso fica claro que postula o dever de lealdade, em conjunto com o
dever de respeito, impõe a fidelidade. Na minha visão, mesmo que, no caso em questão,
os requisitos caracterizadores da União Estável não estivessem presentes, o conteúdo
da decisão, em sua fundamentação geral, implica na prévia impossibilidade de analisar
casos semelhantes, unicamente pela ausência do requisito da fidelidade,
marginalizando qualquer tipo de estrutura familiar que não se alinhe a um modelo
conservador.
No segundo caso, é evidente que o tema da união estável impacta as rotinas dos
tribunais, os quais precisam, a cada caso específico, fornecer respostas às diversas
situações, assegurando plena aplicabilidade a esse instituto que, mesmo após seu
reconhecimento integral na CF/88, ainda precisa de uma atualização em sua legislação.
A decisão parece estar em sintonia com o perfil contemporâneo das relações afetivas,
uma vez que cabe aos indivíduos definir de maneira íntima de seus relacionamentos,
incluindo a concepção de fidelidade e lealdade, conceitos amplos e indeterminados.
Logo é perceptível que há um considerável intervalo de tempo entre o primeiro e o
segundo caso, o que nos permite afirmar que a controvérsia entre essas decisões é
plenamente aceitável.