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Aluno: Julio Cesar da Silva Bragança Matrícula: 0050017884

A união estável representa uma convivência estreita entre duas pessoas,


visando a formação de uma família, sem a formalização do casamento. Em nosso país,
sua regulamentação ocorre por meio do Código Civil, que estabelece elementos
caracterizadores e implicações pessoais, sociais e patrimoniais significativas.
Requisitos fundamentais incluem a convivência contínua e de longo tempo, sem a
imposição de um tempo mínimo, desde que haja estabilidade e consistência na relação.
A notoriedade também é essencial, exige que a relação seja reconhecida publicamente
como um casal perante a sociedade, amigos, familiares e comunidade.

Os parceiros devem ter a intenção de constituir uma família, seja por meio do
compartilhamento de responsabilidades, da formação de vínculos afetivos ou da
intenção de ter filhos. Importante destacar que não podem estar presentes os
impedimentos ao casamento. Uma vez preenchidos esses elementos, configura-se a
união estável, gerando direitos e deveres para ambos, semelhantes aos de um
casamento, conforme evidenciado no art. 1724 do Código Civil, que destaca diferenças
específicas, como fidelidade e coabitação.

A União Estável acarreta diversas consequências pessoais, como o respeito,


lealdade, assistência e responsabilidade pela guarda e educação dos filhos, permitindo
também a alteração do nome civil, semelhante ao casamento. Benefícios sociais, como
planos de saúde familiares, licença-paternidade e inclusão como dependente em planos
de previdência privada, são garantidos aos parceiros, reconhecendo-se a união estável
como uma entidade familiar com proteção legal.

Essa união estabelece parentesco por afinidade, direito de preferência na


curadoria e presunção de paternidade em casos de gravidez. Contudo, não altera o
estado civil das partes nem gera emancipação. Quanto aos efeitos patrimoniais, a regra
geral é a comunhão parcial de bens, salvo acordo em contrário. No caso de pessoas
maiores de 70 anos, a União Estável adota o regime obrigatório, como na Separação
Legal de Bens do casamento.
Em caso de falecimento, os parceiros têm direito à herança, seguindo as regras
da legislação brasileira, assim como à pensão alimentícia em casos de separação,
dependendo das circunstâncias financeiras e necessidades. No Brasil, a interpretação
e aplicação das leis do Direito das Famílias são fiscalizadas pelos tribunais, com o
Supremo Tribunal Federal reconhecendo a aplicação da União Estável às relações
homoafetivas. Esse reconhecimento representa um avanço social, promovendo a
igualdade de direitos entre casais, independentemente do gênero.

No primeiro caso fica claro que postula o dever de lealdade, em conjunto com o
dever de respeito, impõe a fidelidade. Na minha visão, mesmo que, no caso em questão,
os requisitos caracterizadores da União Estável não estivessem presentes, o conteúdo
da decisão, em sua fundamentação geral, implica na prévia impossibilidade de analisar
casos semelhantes, unicamente pela ausência do requisito da fidelidade,
marginalizando qualquer tipo de estrutura familiar que não se alinhe a um modelo
conservador.

Em realidade, a decisão apenas evidencia a dificuldade que o Estado enfrenta


ao estender a proteção jurídica a diferentes formas de famílias existentes. O fato de ser
um padrão cultural amplamente aceito não deve implicar na negação de outras formas
de família reconhecidas pelo Estado. A escolha privada e íntima do indivíduo sobre a
configuração de suas relações afetivas e familiares não deve ser alvo de interferência
indevida do Estado. É uma opção pessoal sobre como construir relações duradouras e
formar uma família, e o indivíduo deve ter liberdade para moldar sua vida privada.

A realidade é que tem raízes culturais e religiosas, e, embora represente a


maioria cultural, não deve servir como um obstáculo ao reconhecimento e garantia de
direitos para indivíduos e famílias que não se enquadram nesse mesmo padrão,
especialmente em uma sociedade cada vez mais diversificada.

No segundo caso, é evidente que o tema da união estável impacta as rotinas dos
tribunais, os quais precisam, a cada caso específico, fornecer respostas às diversas
situações, assegurando plena aplicabilidade a esse instituto que, mesmo após seu
reconhecimento integral na CF/88, ainda precisa de uma atualização em sua legislação.
A decisão parece estar em sintonia com o perfil contemporâneo das relações afetivas,
uma vez que cabe aos indivíduos definir de maneira íntima de seus relacionamentos,
incluindo a concepção de fidelidade e lealdade, conceitos amplos e indeterminados.
Logo é perceptível que há um considerável intervalo de tempo entre o primeiro e o
segundo caso, o que nos permite afirmar que a controvérsia entre essas decisões é
plenamente aceitável.

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