Você está na página 1de 3

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS

GERAIS

UNIDADE: PRAÇA DA LIBERDADE


DIREITO
ATIVIDADE AVALIATIVA

CAMILA EDUARDA BARROS DO CARMO

Direito Civil - Família, Infância e Adolescência

Belo Horizonte, Minas Gerais


2023
O Direito Brasileiro deve ou não reconhecer as famílias paralelas como entidades públicas?

- INTRODUÇÃO:

A composição das famílias mudou drasticamente ao longo dos anos, incluindo e excluindo
membros, e a lei ainda não é capaz de acomodar todas essas mudanças. Um exemplo claro disso
é o chamado problema da família paralela, objeto deste artigo.

Essas instituições não estão previstas na legislação vigente, mas estão presentes em um grande
percentual das famílias. Não é incomum ouvir que homens oficialmente casados ​constituem
uma família e têm o direito de ter filhos e todas as atividades relacionadas à vida familiar com
mulheres que não sejam suas esposas.

O sistema judicial atual tem, portanto, dificuldades em proteger e assegurar a tutela desta nova
família que, apesar de válida, não se beneficia de nenhuma das disposições legais ou garantias
devidas à primeira família. Trata-se, portanto, de uma ocorrência jurídica completamente
atípica, mas que tem implicações e consequências imediatas para todo o nosso ordenamento
jurídico.

O objetivo deste trabalho é elencar os principais conceitos da matéria e as possíveis normas


aplicáveis ​a este fato jurídico.

- COMENTÁRIOS A FAVOR DO POLIAMOR: Vivemos em um país que a monogamia é


considerada como um princípio constitucional, se comentarmos sobre o poliamor poderia
ser um insulto a esse princípio, os bons costumes e as boas maneiras. Mas se formos sair
desse âmbito e irmos para o âmbito do princípio da autonomia privada e da ampliação do
conceito de família que é trazida pela CR/88, que o poliamor deve ser tutelado pelo Estado
e deverá produzir efeitos jurídicos. Esse princípio da monogamia é um obstáculo na lei
brasileira e ela se torna uma ferramenta para excluir muitas famílias no Direito
Brasileiro,tal princípio torna as relações poliamorosas transparente ao Direito. Creio que
este princípio deve ser superado a partir do momento em que se confronta com o princípio
da dignidade da pessoa humana, da autonomia privada, da pluralidade dos entes
familiares.
- COMENTÁRIOS CONTRA O POLIAMOR: Há um divergência jurídica em que o
Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça proíbem o poliamor, dizendo
que isso é concubinato. Segundo o STF que, no julgamento do RE n. 1.045.273/SE
decidiu pela impossibilidade de se reconhecer união estável quando haja casamento de um
dos conviventes ou duas uniões estáveis simultâneas:

“A preexistência de casamento ou de união estável de um dos conviventes, ressalvada a


exceção do artigo 1723, § 1º, do Código Civil, impede o reconhecimento de novo vínculo
referente ao mesmo período, inclusive para fins previdenciários, em virtude da
consagração do dever de fidelidade e da monogamia pelo ordenamento
jurídico-constitucional brasileiro (STF, 2020).”

- COMENTÁRIOS CONTRA A FAMÍLIAS PARALELAS: Uma ação julgada pelo


STF, nas palavras do voto-vencedor do Ministro Alexandre de Moraes, "trata-se de
ação de reconhecimento de sociedade de fato homoafetiva, com pedido de
declaração de efeitos previdenciários, proposta pelo ora recorrente em face de
pessoa já falecida, com quem ele teria mantido convivência comum entre os anos
de 1990 e 2002, quando se deu o óbito". E segundo ainda o Ministro Alexandre de
Moraes: "Ao reconhecer a validade jurídico constitucional do casamento civil ou
da união estável por pessoas do mesmo sexo, não chancelou a possibilidade da
bigamia, mas sim conferiu a plena igualdade".
- E mais: "Pode-se afirmar que uma das Turmas do SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL concluiu pela impossibilidade de reconhecimento de união estável em
que um dos conviventes estivesse paralelamente envolvido em casamento ainda
válido, sendo aquela relação, portanto, enquadrada no artigo 1.727 do Código
Civil, que se reporta à figura da relação concubinária (as relações não eventuais
entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato )".
- Essa decisão do STF reconduz o Direito de Família a suas bases jurídicas e sociais.
Jurídicas porque a monogamia para todos os modelos familiares é um valor
fundante da ordem jurídica brasileira. Sociais porque, ainda que alguns juristas
discordam com ênfase, é historicamente monogâmica a família brasileira como tal
protegida pelo ordenamento.

Conclusão: Ao meu ver o poliamor deve sim ser reconhecido judicialmente pois a psicologia
moderna chama essa relação triangular de poliamorismo, que se constitui na coexistência de duas
ou mais relações afetivas paralelas em que as pessoas se aceitam mutuamente. E com isso já se
tem reconhecimento da partilha dos bens deve-se a doutrina e o precedente da jurisprudência que
tem admitido a “triação”, isto é, meação que se transforma na divisão do patrimônio em partes
iguais. Já com as famílias paralelas que aquele que mantém a relação com a pessoa casada ou em
união estável não tem com ele/ela uma família. Que o cônjuge ou companheiro que sabe da
relação paralela, que tem dela conhecimento, deveria se divorciar ou dissolver a união estável se
não quiser suportar os efeitos jurídicos de o seu marido/mulher ou companheiro/companheira ter
uma relação com terceiro.

Bibliografia:
https://ibdfam.org.br/artigos/1205/O+poliamor+e+sua+repercuss%C3%A3o+judicial#:~:text=Poli
amor%20%C3%A9%20a%20tradu%C3%A7%C3%A3o%20livre,monogamia%20como%20princ
%C3%ADpio%20ou%20necessidade.

https://camilalaragnoit.jusbrasil.com.br/artigos/189643518/familias-paralelas-e-concubinato#:~:te
xt=Fam%C3%ADlia%20paralela%20%C3%A9%20aquela%20que,s)%20fam%C3%ADlia%20(s
).

https://ibdfam.org.br/artigos/1205/O+poliamor+e+sua+repercuss%C3%A3o+judicial

Você também pode gostar