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Cortázar
48. No dia 01/02/2012, uma nova petição P-600-12 foi apresentada a CIDH por Mariposa, um
movimento informal fundado por Serafina com o objetivo de praticar o ativismo da comunidade
transexual.
49. O Estado alegou inadmissibilidade do caso, tendo em vista o não esgotamento dos
recursos internos pela existência da ação de constitucionalidade, passível de ser ativada sob o
art. 396 do CC.
a. não exista na legislação interna do Estado de que se trate o devido processo legal
para a proteção do direito ou dos direitos que se alegue tenham sido violados;
Portanto, dentro do prazo previsto por lei, Serafina e a Adriana, as vítimas acionaram o
Tribunal de Apelações para questões administrativas, com o fito de validar a cláusula de não
discriminação prevista no art. 9º da Constituição, no sentido de aplica-la na legislação interna
porque, de acordo com a lei aplicável, a instituição do casamento é a única que lhes permite
ser considerada “família” no sentido constitucional.
Contudo esse pedido foi negado, por acreditar que essa distinção de negar para uns o
matrimônio e para outros casais permitir, é legal em razão de preservar o conceito de família
no sistema constitucional de Cortázar, no art. 396. Bem como alegou que a parceria doméstica
teria os mesmos efeitos jurídicos que este.
Dessa forma, uma vez que esta decisão foi proferida no âmbito de processos de instância
única, esta só viu como alternativa para garantir seu direito de não discriminação constitucional
entrar com uma nova petição, a P-600-12, em que a Mariposa apresentou.
PARA ENFATIZAR O ESGOTAMENTO, A CORTE ao se pronunciar entendeu que já havia
sido esgotado todos os recursos internos e não havia necessidade, pelas circunstâncias do
caso do esgotamento da ação de constitucionalidade.
Pegunta 1.1) Porque não teria necessidade da ação de constitucionalidade?
Porque já estava tramitando desde 2009
2) A parceria doméstica teria os mesmos efeitos jurídicos que a constituição de
matrimônio com o fim de constituir uma família? Teria o mesmo status?
Atualmente, as uniões civis estão sendo utilizadas como um primeiro passo para o
reconhecimento governamental das relações entre pessoas do mesmo sexo, mas em alguns
países esse tipo de parceria civil já existia antes dessa pressão sócio-política.
As uniões entre homens, entre mulheres ou entre transexuais, independentemente da
orientação sexual dos parceiros, foram e ainda são consideradas um tabu para grande
parte das sociedades, em particular aquelas com fortes tabus religiosos derivados de
costumes sociais patriarcais, como o mundo ocidental e as sociedades influenciadas por ele,
como é o caso em questão em que a família de Serafina era descendente dos índios e havia
presente forte discriminação com essa sua descendência.
A terminologia diz que os termos usados para designar uniões legalmente reconhecidas
entre pessoas do mesmo sexo não são padronizados e variam largamente de país para país.
Relações sancionadas pelo governo que podem ser similares ou equivalentes a uniões
civis incluem parcerias civis, parcerias domésticas, uniões de fato, uniões
estáveis, pactos civis de solidariedade.
O nível exato de direitos, benefícios, obrigações e responsabilidades também varia,
dependendo das leis de cada país
Diferenças entre casamento civil e união estável
A possibilidade de formalização jurídica e legal do casamento homoafetivo traz várias
consequências e, para citar uma, os direitos sucessórios.
Segundo a legislação interna, a grande diferença entre os dois casos é que, no casamento
civil, existe uma certidão de casamento. “Em caso de separação ou de falecimento de um dos
cônjuges, o outro tem plenos direitos sobre a herança ou a divisão de bens no caso de
separação. E isso acontece de forma inquestionável”, explica ela. “Na união estável, a não ser
que se tenha um documento que ateste a convivência, tudo pode ser questionado. Mesmo com
o documento, é necessário que um juiz reconheça o relacionamento. Se o juiz entender que
você não tem direito, não há o que fazer. Na união estável, é preciso apresentar provas
materiais, documentos, testemunhas e ainda assim vai depender da interpretação do juiz. E,
nesse caso, a situação é a mesma para casais héteros.”
A norma constante do art. 1.723 do Código Civil brasileiro (“É reconhecida como entidade
familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua
e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família”) não obsta que a união de
pessoas do mesmo sexo possa ser reconhecida como entidade familiar apta a merecer proteção
estatal. Essa foi a conclusão da Corte Suprema ao julgar procedente pedido formulado em duas
ações diretas de inconstitucionalidade ajuizadas, respectivamente, pelo Procurador-Geral da
República e pelo Governador do Estado do Rio de Janeiro. Prevaleceu o voto do Ministro Ayres
Britto, relator, que deu interpretação conforme a Constituição Federal ao art. 1.723 do Código
Civil para dele excluir qualquer significado que impeça o reconhecimento da união contínua,
pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar, entendida esta como
sinônimo perfeito de família.
O relator asseverou que esse reconhecimento deve ser feito de acordo com as mesmas
regras e com as mesmas conseqüências da união estável heteroafetiva. Enfatizou que a
Constituição veda, expressamente, o preconceito em razão do sexo ou da natural diferença entre
a mulher e o homem, o que nivela o fato de ser homem ou de ser mulher às contingências da
origem social e geográfica das pessoas, da idade, da cor da pele e da raça, na acepção de que
nenhum desses fatores acidentais ou fortuitos se coloca como causa de merecimento ou de
desmerecimento intrínseco de quem quer que seja. Afirmou que essa vedação também se dá
relativamente à possibilidade da concreta utilização da sexualidade, havendo um direito
constitucional líquido e certo à isonomia entre homem e mulher: a) de não sofrer discriminação
pelo fato em si da contraposta conformação anátomo-fisiológica; b) de fazer ou deixar de fazer
uso da respectiva sexualidade; e c) de, nas situações de uso emparceirado da sexualidade, fazê-
lo com pessoas adultas do mesmo sexo, ou não.
Violações:
1. Invisibilidade da violência a certos grupos: homens trans
A Comissão observou que “muitos casos de violência contra pessoas LGBT não são
denunciados, pois muitas pessoas temem represálias e não querem se identificar como
LGBT, ou não confiam na polícia ou no sistema judicial”.
A CIDH estabeleceu que “os homens trans tendem a ser mais invisíveis dentro da
comunidade LGBT em geral e, neste sentido, ao contrário do que acontece com as mulheres
trans, a invisibilidade os protege contra o tipo de violência da sociedade que normalmente
afeta as pessoas que não se enquadram nas normas convencionais de gênero.”
Este Registro determinou que ocorreram pelo menos 770 atos de violência contra
pessoas LGBT num período de quinze meses.
1. Coleta de dados
a. Impunidade da violência
Toda violação de uma obrigação internacional de respeitar e proteger os direitos humanos que
provoca um dano gera para o Estado uma obrigação de repará-lo adequadamente
A obrigação de investigar constitui uma forma de reparação, devido ao vínculo com o direito
da vítima de saber a verdade sobre o ocorrido, incluindo o direito a conhecer os motivos da
pessoa acusada para cometer o crime propósito de garantir o direito à verdade é prevenir a
repetição do crime perpetrado.
A Comissão recomenda que os Estados Membros da OEA adotem medidas para garantir que
as pessoas LGBTI vítimas de violações de direitos humanos e seus familiares tenham acesso
efetivo a reparações, conforme os parâmetros de Direito Internacional. Os Estados devem
formular e implementar programas de reparações que levem em consideração as
necessidades específicas das pessoas LGBTI, e que sejam resultado de um processo
consultivo com as organizações da sociedade civil.
2. A petição será estudada por sua ordem de entrada; no entanto, a Comissão poderá
antecipar a avaliação de uma petição com base em pressupostos como os seguintes:
a. Quando o decorrer do tempo privar a petição de sua utilidade, em particular nas seguintes
circunstâncias:
iii. Alega-se que a suposta vítima pode ser objeto de aplicação da pena de morte; ou
iv. O objeto da petição tem conexão com uma medida cautelar ou provisório
vigente;