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Processo n. 5025143-30.2022.8.08.0035
DO RESUMO DA LIDE
a) casaram-se em 05/07/2019;
OBS: Indicou material escolar, uniforme, despesas médicas e com medicamentos como
despesas extras, de forma que deverão as partes participarem meio a meio;
l) pugna pela guarda compartilhada, mas a residência fixa deverá ser definida
pelo conselho multidisciplinar;
a) procuração;
b) carteira de motorista;
k) declaração de hipossuficiência.
DECISÃO/MANDADO
Vistos, etc.
Trata-se de Ação de Divórcio c/c Oferta de Alimentos e Tutela de Urgência ajuizada
por MAURICIO EDUARDO DAMACENO, em face de MARYANE DA VITÓRIA
CAVALCANTE DAMACENO, representando o menor EMANUEL DA VITÓRIA
CAVALCANTE DAMACENO, todos devidamente identificados e qualificados nos
autos.
Narra a inicial, em síntese, que: (i) As partes casaram-se em 05/07/2019, pelo regime
da separação de bens; (ii) encontram-se separados de fato desde 29 de agosto de
2022; (iii) a requerida não aceita o regime que rege o matrimônio e se nega a
devolver o valor de R$ 55.000,00 (cinquenta e cinco mil reais) decorrentes da venda
de um bem do autor; (iv) da união adveio um filho, EMANUEL DA VITÓRIA
CAVALCANTE DAMACENO, em 14/02/2017.
Requer-se, portanto, a antecipação dos efeitos da tutela para fixar os alimentos
ofertados e determinar que a requerida devolva o valor pertencente ao autor.
É, em síntese, o relatório. DECIDO:
Inicialmente, DEFIRO o benefício da gratuidade da justiça, na forma do disposto no
artigo 98 do CPC/2015.
I - DOS VALORES PERTENCENTES AO REQUERENTE EM POSSE DA
REQUERIDA
No que se refere às tutelas de urgência, o artigo 300 do Código de Processo Civil de
2015 define:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo.
São requisitos para concessão da medida liminar, desse modo, a probabilidade do
direito (fumus boni iuris) e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo
(periculum in mora).
Sobre o tema, Luis Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart e Daniel Mitidiero
dissertam:
"A probabilidade que autoriza o emprego da técnica antecipatória para a tutela dos
direitos é a probabilidade lógica - que é aquela que surge da confrontação das
alegações e das provas com os elementos disponíveis nos autos, sendo provável a
hipótese que encontra maior grau de confirmação e menor grau de refutação nesses
elementos. O juiz tem que se convencer de que o direito é provável para conceder
tutela provisória. (...) É preciso ler as expressões perigo de dano e risco ao resultado
útil do processo como alusões ao perigo na demora. Vale dizer: há urgência quando
a demora pode comprometer a realização imediata ou futura do direito" 1
No caso em apreço, pretende-se a antecipação dos efeitos da tutela para o fim de
determinar a intimação da requerida para que deposite em juízo o valor de R$
55.000,00 (cinquenta e cinco mil reais), pertencente ao Requerido. Explica o autor
que, ainda na constância do casamento, foi iludido financeiramente pela então
esposa a depositar valores da venda de um bem particular na conta da Requerida.
Examinando detidamente a prefacial, vislumbro, a nível de cognição sumária, a
plausibilidade do direito invocado.
Com a juntada dos contratos de compra e venda dos bens, o autor comprovou que o
valor demandado é seu por direito e a certidão de casamento das partes expressa o
regime de bens que rege a união, que é o de separação de bens.
Diante das fatos apresentados, DEFIRO a tutela de Urgência e DETERMINO a
intimação da requerida para que deposite em juízo o valor de R$ 55.000,00
(cinquenta e cinco mil reais), no prazo de 10 (dez) dias a contar da citação, sob pena
de multa diária.
II - DOS ALIMENTOS OFERTADOS
No que se refere aos alimentos ofertados, descabe analisar os requisitos para
concessão da tutela de urgência, eis que decorre da própria relação de parentesco,
sendo inegável o dever do genitor em prestá-los e o direito do filho de recebê-los. A
Lei 5.478/68, pois, não exige o preenchimento dos requisitos da tutela de urgência,
bastando a prova do vínculo familiar. A utilização da técnica processual diferenciada
da lei especial em referência é perfeitamente possível na cumulação de pedidos no
procedimento comum, diante da regra expressa do artigo 327, § 2º, do CPC/2015.
Nesse diapasão, resta comprovada a obrigação alimentar do requerente em relação
ao filhas, haja vista a certidão de registro civil acostada à peça vestibular, que
demonstra a relação paterno-filial. Ademais, como sabido, é presumida a
necessidade dos filhos menores e absoluto o dever de sustento dos pais.
Nesse ínterim, considerando o dispêndio que o autor de forma voluntária se
disponibilizou a pagar mediante oferta, FIXO os alimentos ao filho menor, devidos a
partir de sua fixação e sem prejuízo de posterior revisão, do seguinte modo: 15%
(quinze por cento) dos rendimentos brutos do requerente, após os descontos legais
de IR e FPS, incidindo sobre férias, adicional de férias, 13º salário e horas
extras devidos a partir da citação. O valor deverá ser depositado até o quinto dia útil
do mês subsequente ao vencido em conta de titularidade da genitora da menor, a ser
posteriormente informada.
Apreciada a tutela provisória, passo às seguintes deliberações:
1. INTIME-SE a parte requerente, por seu patrono, para ciência da presente Decisão,
bem como para comparecer no dia designado.
2. Nos termos do art. 695 do CPC/15, e considerando que há, nesta Comarca,
CEJUSC devidamente habilitado, DESIGNO Sessão de Mediação para o dia
08/03/2023 às 08:00h.
3. CITE-SE e INTIME-SE a parte requerida, para depositar o valor determinado em
juízo no prazo de 10 (dez) dias, apresentar a guia de depósito judicial e comparecer
na sala de audiências deste Juízo da 3ª Vara de Família de Vila Velha, situada no 3º
andar do Fórum Des. Annibal de Athayde Lima, na rua Dr. Annor da Silva, s/nº, bairro
Boa Vista, Vila Velha/ES (em frente à UVV), a fim de participar da audiência de
mediação, supradesignada, ficando ciente que deverá ser acompanhado de
Advogado ou Defensor Público, na forma do disposto no § 4º, do art. 695, do
CPC/2015.
4. Tendo em vista que a citação será feita preferencialmente por meio eletrônico, nos
termos do artigo 246 do CPC, AUTORIZO, desde já, a citação via
aplicativo WhatsApp, caso a parte autora tenha indicado número de telefone da parte
contrária.
4.1. Nessa hipótese, deverá o Sr. Oficial de Justiça, no cumprimento da diligência,
certificar a identidade da pessoa intimada, seja mediante solicitação para envio de
documento pessoal para conferência ou realizando video-chamada para fazer a
referida conferência, cabendo à parte intimada, quando indagada, responder
utilizando as expressões “intimado(a) “recebido” “confirmo o recebimento” ou outra
expressão análoga, conforme artigo 8º do Provimento TJES nº 063/2021 e na forma
do artigo 10 da Resolução Nº 354 de 19/11/2020 do CNJ.
5. Deverá constar ainda no mandado que o não comparecimento injustificado do
autor ou do réu à audiência de conciliação será considerado ato atentatório à
dignidade da justiça e será sancionado com multa de até dois por cento da vantagem
econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do
Estado, na forma do disposto no § 8º do art. 334 do CPC.
6. A parte requerida será cientificada de que o prazo de 15 (quinze) dias úteis para a
contestação, fluirá a partir da audiência supramencionada, caso não haja conciliação,
ou, se devidamente citada para o ato, não comparecer (art. 697 c/c art. 335, I, ambos
do CPC/2015).
7. NOTIFIQUE-SE o Ministério Público, considerando que há interesse de incapaz na
demanda.
Diligencie-se.
VILA VELHA, 11/11/2022
EDNALVA DA PENHA BINDA
Juíza de Direito
DA REALIDADE DE FATO
DO PEDIDO DE DIVÓRCIO
Não parava por ai, o requerente difamava a requerida para todos os parentes
e amigos, mandando mensagens no Whatzapp; por várias vezes a humilhou e usou palavras de
baixo galão, alegando que estava traindo com outro homem, como fez para justificar o presente
pedido de divórcio.
Assim, o divórcio deve ser decretado, porque já não existe vida de casal.
Contudo, a motivação alegada pelo requerente não existe. Se há culpado pelo divórcio o mesmo
é o requerente.
DO NOME DE CASADA
Ora, o trator John DEERE, 4x4, Modelo 7.500, 2005 foi adquirido em
04/06/2021, após as partes aqui litigantes já terem se casados. Assim, adquirido na constância
do casamento, conforme exige a Súmula n. 377, STF.
Além dos bens, também há que se tratar das dívidas. Isso porque a requerida
ficou com todas as dívidas que o requerente fez: o nome da requerida está no SERASA, com
uma dívida no Banco Banestes de mais de R$ 7.000,00, 3 condomínios atrasados, duas faturas
de cartão de credito no valor de quase R$ 3.000,00 e plano de saúde e outros.
DOS ALIMENTOS
Ocorre que a pensão alimentícia deve recair sobre quem tem possibilidade
para suprir as necessidades de quem precisa, conforme prescrição dos arts. 1694 e 1695, CC,
senão vejamos:
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros
os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição
social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
§ 1 o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante
e dos recursos da pessoa obrigada.
§ 2 o Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação
de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.
Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens
suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de
quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.
De acordo com a CTPS ora juntada a requerida não tem condições de arcar com as despesas
do filho, porque está sem rendimentos, por estar desempregada. O único rendimento que a
requerida tem é proveniente do aluguel do apartamento no Jockey de Itaparica feito e m
dezembro de 2022, no valor de R$ 1.250,00, de onde retira R$ 250,00 para pagar o condomínio.
O requerente, contudo, é funcionário público, tendo dois empregos de professor, conforme por
ele mesmo informado. Além disso, o requerente está há quase dois anos como diretor. Por fim,
ainda ganha pelos trabalhos dos dois tratores que ele tem na Bahia, tendo o segundo trator sido
comprado no nome do funcionário dele o “CARRERINHA” IVANILDO DE JESUS.
Assim, o requerente é o único que tem possibilidade para arcar com as
despesas do filho. Deve o requerente atentar para o fato que são despesas para o sustento e
bem estar do filho.
DESPESA VALOR
Luz Entre R$ 150,00 e R$ 250,00
Alimentação R$ 1.000,00
Aluguel R$ 500,00
Escola R$ 440,00
Lazer R$ 300,00
Roupa e calçado R$ 300,00
Plano de Saúde (com co-participação) R$ 217,50 (plano de saúde) + R$ 60,00 (co-
participação) + R$ 40,00 (consulta)
Total De R$ 3.007,50 a R$ 3.107,50
Assim, o percentual de 15% proposto pelo requerente corresponde a R$
829,65, corresponde a menos de 25% das despesas do filho, tendo que a requerida sequer está
trabalhando, sobrevivendo com o valor do aluguel que recebe do apartamento próprio.
Dessa forma, pugna para que seja revisto o valor dos alimentos provisórios
deferidos, aumentando-o para 30% do valor dos salários do requerente, bem como, ao final, seja
fixado o valor correspondente a 30% dos salários do autor.
DA GUARDA
Contudo, a residência deverá ser fixada com a ré. Isso porque o menor já
vive com a genitora e possui vida estabilizada e rotina plenamente adequadas, garantindo ao
menor uma vida equilibrada e saudável.
DOS REQUERIMENTOS