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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA DE FAMÍLIA DE VILA VELHA –

COMARCA DE ENTRÂNCIA ESPECIAL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Processo n. 5025143-30.2022.8.08.0035

MARYANE DA VITÓRIA CAVALCANTE DAMACENO, brasileira, casada,


pedagoga (mas desempregada), portadora do RG n. 1.729.600 e inscrita no CPF sob o n.
091.293.487-57, residente e domiciliada na Rua Ana Siqueira, 35, Alvorada, Vila Velha, ES, CEP
29117-310, vem, por seu advogado, regularmente constituído, conforme instrumento de
procuração já anexado aos autos, quando da habilitação, apresentar CONTESTAÇÃO, pelos
fundamentos que passo a expor.

DO RESUMO DA LIDE

O requerente, MAURÍCIO EDUARDO DAMACENO, propôs ação de divórcio,


com oferecimento de alimentos para filha menor e pedido liminar de urgência, em face de
MARYANE DA VITÓRIA CAVALCANTE DAMACENO.

Na inicial, o requerente, em síntese, alegou que:

a) casaram-se em 05/07/2019;

b) encontram-se separados de fato desde 29/08/2022;

c) não houve acordo quanto à questão patrimonial;

d) é facultado à requerida escolher permanecer com o nome de casada ou


não;
e) o casamento se deu sob o regime da separação de bens, não havendo
bens a partilhar;

f) do relacionamento nasceu um filho, EMANUEL DA VITÓRIA


CAVALCANTE DAMACENO, nascido em 14/02/2017;

g) ajuda, como pode, no sustento do menor;

h) indicou as despesas do menor:

OBS: Indicou material escolar, uniforme, despesas médicas e com medicamentos como
despesas extras, de forma que deverão as partes participarem meio a meio;

i) tem como renda o valor mensal de R$ 5.531,00 (2 empregos de professor),


mas despesas no valor de R$ 4.237,64;
j) alega que, com o divórcio, teve despesas extraordinárias para se recolocar
em nova moradia, uma vez que não levou nada de onde morava com a requerida;

k) ofereceu 15% de seu salário para o menor a título de pensão;

l) pugna pela guarda compartilhada, mas a residência fixa deverá ser definida
pelo conselho multidisciplinar;

m) o motivo do divórcio é a infidelidade da requerida (relacionamento sexual


extraconjugal) e o ludibrio financeiro. Com relação ao ludibrio financeiro, o mesmo se deu com
os valores provenientes da venda de um bem particular.

Em razão dos fatos alegados, requereu:

1. Seja concedido o benefício da gratuidade da justiça ao Autor, vez que o


pagamento de custas processuais compromete sua subsistência e consequentemente do menor,
a quem o sustento depende do pai;

2. Seja concedido a tutela liminar de urgência pelos fundamentos contidos no


item “VII” para: Citar a Requerida para depositar o valor de R$ 55.000,00 (cinquenta e cinco mil
reais), pertencentes ao Autor, em juízo, no prazo de cinco dias, sob pena de multa diária, num
patamar estipulado por este d. Juízo;

3. Seja garantida a convivência do menor com o pai, liminarmente, na


seguinte forma: Nos finais de semanas alternados, podendo o genitor pegar o filho diretamente
na escola nas sextas-feiras alternadas e devolvê-lo na escola na segunda-feira; e, uma vez por
semana, podendo o genitor pegar o filho na escola todas as terças-feiras e devolvê-lo
diretamente na escola no dia seguinte, nos termos do item VI. c);

4. Nos termos do art. 693 e seguintes do Código de Processo Civil, seja


citada o Requerida para contestar a presente, se desejar;
5. Sejam fixados os alimentos para o menor, devidos pelo genitor, enquanto
não se define a residência do menor num patamar correspondente a 15% do salário do Autor,
após os descontos obrigatórios (previdência e Imposto de renda), não incidindo sobre os
benefícios de natureza indenizatórias (gratificação de função e auxílio alimentação), nos termos
explicitados do item “V”;

6. Seja decretado o divórcio do casal nas condições expostas nesta exordial,


com a expedição de mandado de averbação ao cartório competente;

7. A condenação da Requerida ao pagamento de custas e honorários


sucumbenciais por ter dado causa à presente demanda litigiosa.

8. Encaminhamento do caso para a Central de Apoio Multidisciplinar desta


comarca para ouvir as partes envolvidas e emitir parecer técnico para se descortinar o melhor
ambiente de fixação de residência do menor;

9. Tendo em vista haver interesse de incapaz, requer-se, nos termos do art.


698 do Código de Processo Civil, a oitiva do Representante do Ministério Público.

Com a inicial foram juntados:

a) procuração;

b) carteira de motorista;

c) certidão de casamento (com indicação do regime de separação de bens


por força de lei, porque ambos eram casados anteriormente e não fizeram partilha de bens
dessas uniões);

d) certidão de nascimento do filho menor;

e) planilha de despesas do filho menor;

f) planilha de despesas do requerente;


g) conversa de WhatsApp entre Dra. Regina e Dra. Aline;

h) contrato de compra e venda entre JOÃO ANTÔNIO FREIRE DE ASSIS e


MAURÍCIO EDUARDO DAMACENO, envolvendo um trator valta, bm 110, grade aradora,
sugador e plantadeira, no valor de R$ 100.314,15, firmado em 06/06/2014;

i) contrato de compra e venda entre NILSON DA SILVA FERNANDES e


MAURÍCIO EDUARDO DAMACENO, envolvendo um trator John DEERE, 4x4, Modelo 7.500,
2005, no valor de R$ 115.333,00, firmado em 04/06/2021;

j) contrato de compra e venda entre MAURÍCIO EDUARDO DAMACENO e


EDVALDO CARDOSO DE ALMEIDA, envolvendo um trator John DEERE, 4x4, Modelo 7.500,
2005, no valor de R$ 130.000,00, firmado em 20/04/2022;

k) declaração de hipossuficiência.

Em sede de emenda à inicial, o requerente:

a) incluiu como requerente o filho menor, EMANUEL DA VITÓRIA


CAVALCANTE DAMACENO;

b) retificou o valor da causa para R$ 62.320,00.

Juntou com a emenda:

a) nova declaração de hipossuficiência;

b) contracheque da Prefeitura de Cariacica;

c) nova planilha de despesas do requerente;

d) boleto de mestrado na FUCAPE, plano de saúde, energia elétrica, água,


telefone, empréstimo junto ao Banestes e transferência de valor para a requerida;
e) declaração de imposto de renda de 2022.

Em sede de decisão, foi deferida a liminar nos seguintes termos:

DECISÃO/MANDADO
Vistos, etc.
Trata-se de Ação de Divórcio c/c Oferta de Alimentos e Tutela de Urgência ajuizada
por MAURICIO EDUARDO DAMACENO, em face de MARYANE DA VITÓRIA
CAVALCANTE DAMACENO, representando o menor EMANUEL DA VITÓRIA
CAVALCANTE DAMACENO, todos devidamente identificados e qualificados nos
autos.
Narra a inicial, em síntese, que: (i) As partes casaram-se em 05/07/2019, pelo regime
da separação de bens; (ii) encontram-se separados de fato desde 29 de agosto de
2022; (iii) a requerida não aceita o regime que rege o matrimônio e se nega a
devolver o valor de R$ 55.000,00 (cinquenta e cinco mil reais) decorrentes da venda
de um bem do autor; (iv) da união adveio um filho, EMANUEL DA VITÓRIA
CAVALCANTE DAMACENO, em 14/02/2017.
Requer-se, portanto, a antecipação dos efeitos da tutela para fixar os alimentos
ofertados e determinar que a requerida devolva o valor pertencente ao autor.
É, em síntese, o relatório. DECIDO:
Inicialmente, DEFIRO o benefício da gratuidade da justiça, na forma do disposto no
artigo 98 do CPC/2015.
I - DOS VALORES PERTENCENTES AO REQUERENTE EM POSSE DA
REQUERIDA
No que se refere às tutelas de urgência, o artigo 300 do Código de Processo Civil de
2015 define:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo.
São requisitos para concessão da medida liminar, desse modo, a probabilidade do
direito (fumus boni iuris) e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo
(periculum in mora).
Sobre o tema, Luis Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart e Daniel Mitidiero
dissertam:
 "A probabilidade que autoriza o emprego da técnica antecipatória para a tutela dos
direitos é a probabilidade lógica - que é aquela que surge da confrontação das
alegações e das provas com os elementos disponíveis nos autos, sendo provável a
hipótese que encontra maior grau de confirmação e menor grau de refutação nesses
elementos. O juiz tem que se convencer de que o direito é provável para conceder
tutela provisória. (...) É preciso ler as expressões perigo de dano e risco ao resultado
útil do processo como alusões ao perigo na demora. Vale dizer: há urgência quando
a demora pode comprometer a realização imediata ou futura do direito" 1
No caso em apreço, pretende-se a antecipação dos efeitos da tutela para o fim de
determinar a intimação da requerida para que deposite em juízo o valor de R$
55.000,00 (cinquenta e cinco mil reais), pertencente ao Requerido. Explica o autor
que, ainda na constância do casamento, foi iludido financeiramente pela então
esposa a depositar valores da venda de um bem particular na conta da Requerida.
Examinando detidamente a prefacial, vislumbro, a nível de cognição sumária, a
plausibilidade do direito invocado.
Com a juntada dos contratos de compra e venda dos bens, o autor comprovou que o
valor demandado é seu por direito e a certidão de casamento das partes expressa o
regime de bens que rege a união, que é o de separação de bens. 
Diante das fatos apresentados, DEFIRO a tutela de Urgência e DETERMINO a
intimação da requerida para que deposite em juízo o valor de R$ 55.000,00
(cinquenta e cinco mil reais), no prazo de 10 (dez) dias a contar da citação, sob pena
de multa diária.
II - DOS ALIMENTOS OFERTADOS
No que se refere aos alimentos ofertados, descabe analisar os requisitos para
concessão da tutela de urgência, eis que decorre da própria relação de parentesco,
sendo inegável o dever do genitor em prestá-los e o direito do filho de recebê-los. A
Lei 5.478/68, pois, não exige o preenchimento dos requisitos da tutela de urgência,
bastando a prova do vínculo familiar. A utilização da técnica processual diferenciada
da lei especial em referência é perfeitamente possível na cumulação de pedidos no
procedimento comum, diante da regra expressa do artigo 327, § 2º, do CPC/2015.
Nesse diapasão, resta comprovada a obrigação alimentar do requerente em relação
ao filhas, haja vista a certidão de registro civil acostada à peça vestibular, que
demonstra a relação paterno-filial. Ademais, como sabido, é presumida a
necessidade dos filhos menores e absoluto o dever de sustento dos pais.
Nesse ínterim, considerando o dispêndio que o autor de forma voluntária se
disponibilizou a pagar mediante oferta, FIXO os alimentos ao filho menor, devidos a
partir de sua fixação e sem prejuízo de posterior revisão, do seguinte modo: 15%
(quinze por cento) dos rendimentos brutos do requerente, após os descontos legais
de IR e FPS, incidindo sobre férias, adicional de férias, 13º salário e horas
extras devidos a partir da citação. O valor deverá ser depositado até o quinto dia útil
do mês subsequente ao vencido em conta de titularidade da genitora da menor, a ser
posteriormente informada.
Apreciada a tutela provisória, passo às seguintes deliberações:
1. INTIME-SE a parte requerente, por seu patrono, para ciência da presente Decisão,
bem como para comparecer no dia designado.
2. Nos termos do art. 695 do CPC/15, e considerando que há, nesta Comarca,
CEJUSC devidamente habilitado, DESIGNO Sessão de Mediação para o dia
08/03/2023 às 08:00h.
3. CITE-SE e INTIME-SE a parte requerida, para depositar o valor determinado em
juízo no prazo de 10 (dez) dias, apresentar a guia de depósito judicial e comparecer
na sala de audiências deste Juízo da 3ª Vara de Família de Vila Velha, situada no 3º
andar do Fórum Des. Annibal de Athayde Lima, na rua Dr. Annor da Silva, s/nº, bairro
Boa Vista, Vila Velha/ES (em frente à UVV), a fim de participar da audiência de
mediação, supradesignada, ficando ciente que deverá ser acompanhado de
Advogado ou Defensor Público, na forma do disposto no § 4º, do art. 695, do
CPC/2015.
4. Tendo em vista que a citação será feita preferencialmente por meio eletrônico, nos
termos do artigo 246 do CPC, AUTORIZO, desde já, a citação via
aplicativo WhatsApp, caso a parte autora tenha indicado número de telefone da parte
contrária. 
4.1. Nessa hipótese, deverá o Sr. Oficial de Justiça, no cumprimento da diligência,
certificar a identidade da pessoa intimada, seja mediante solicitação para envio de
documento pessoal para conferência ou realizando video-chamada para fazer a
referida conferência, cabendo à parte intimada, quando indagada, responder
utilizando as expressões “intimado(a) “recebido” “confirmo o recebimento” ou outra
expressão análoga, conforme artigo 8º do Provimento TJES nº 063/2021 e na forma
do artigo 10 da Resolução Nº 354 de 19/11/2020 do CNJ.
5. Deverá constar ainda no mandado que o não comparecimento injustificado do
autor ou do réu à audiência de conciliação será considerado ato atentatório à
dignidade da justiça e será sancionado com multa de até dois por cento da vantagem
econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do
Estado, na forma do disposto no § 8º do art. 334 do CPC.
6. A parte requerida será cientificada de que o prazo de 15 (quinze) dias úteis para a
contestação, fluirá a partir da audiência supramencionada, caso não haja conciliação,
ou, se devidamente citada para o ato, não comparecer (art. 697 c/c art. 335, I, ambos
do CPC/2015).
7. NOTIFIQUE-SE o Ministério Público, considerando que há interesse de incapaz na
demanda.
Diligencie-se.
VILA VELHA, 11/11/2022
EDNALVA DA PENHA BINDA
Juíza de Direito

DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO DEISIGNADA PARA 08/03/2023

A requerente pugna pela realização da referida audiência por


videoconferência.

DA REALIDADE DE FATO

Os fatos narrados pelo requerente não correspondem à verdade!

DO PEDIDO DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA PELO REQUERENTE

O requerente requereu e teve deferido o benefício da gratuidade da justiça.


Contudo, o mesmo recebe remuneração, tendo condições financeiras para arcar com as
eventuais despesas deste processo, sem o comprometimento da própria subsistência. Assim,
precisa ser revista a decisão e indeferido o benefício da assistência judiciária gratuita.

DO PEDIDO DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA PARA A REQUERIDA

Deve ser deferido à requerente o benefício da assistência judiciária gratuita.

Isso porque, diferente da situação do requerente, a requerida não tem


trabalho e vive com o valor que receber de aluguel de um imóvel que vendeu, bem como com o
valor de R$ 770,00 reais que até então o requerente enviava, de forma que, pagar as despesas
deste processo comprometerá a subsistência da requerida e filho.

Assim, pugna-se pelo deferimento da assistência judiciária gratuita.

DO PEDIDO DE DIVÓRCIO

Com relação ao pedido de divórcio, a requerida não criará obstáculos.


Isso porque já não existe o componente indispensável para o casamento que
é o amor. Para que a admiração também não pereça, a convivência sob o mesmo teto
(coabitação) deixou de existir desde meados de 2022, de forma que não há mais chance de
retorno da vida marital.

Dessa forma, concorda com o pedido de divórcio.

Contudo, a motivação apontada pelo requerente não existe!

A requerida saiu de casa, porque não aguentava mais o requerente esconder


as coisas e sempre mentir, deixando-a, e Emanuel, de lado; só pensava na escola em que é
diretor e no mestrado dele. Além disso, fez compra de trator e deu dinheiro a funcionário dele
sem a comunicar, visto que o dinheiro que tinha não era apenas dele e sim do casal. O
requerente não a tratava como sua esposa, pedindo-a para tratar bem o pedreiro que estava
fazendo a casa do casal, fazendo almoço para ele, bolo; o requerente fazia que ela pedisse
descontos nos serviços que o pedreiro fazia e que ficasse na obra fiscalizando-a.

Não parava por ai, o requerente difamava a requerida para todos os parentes
e amigos, mandando mensagens no Whatzapp; por várias vezes a humilhou e usou palavras de
baixo galão, alegando que estava traindo com outro homem, como fez para justificar o presente
pedido de divórcio.

Além da traição, que não existiu, o requerente justificou o pedido de divórcio,


alegando que a requerida o ludibriou financeiramente, o que não existiu; o requerente depositava
todo dinheiro na conta do banco do Brasil da requerente, bem como usava a conta da requerida
para compras, pagamento dos pedreiros e materiais de construção.

Assim, o divórcio deve ser decretado, porque já não existe vida de casal.
Contudo, a motivação alegada pelo requerente não existe. Se há culpado pelo divórcio o mesmo
é o requerente.

DO NOME DE CASADA

A requerida pretende voltar a usar o nome de solteira.


DO REGIME DE BENS E A DEVOLUÇÃO DO VALOR DE R$ 55.000,00

Quanto ao regime de casamento, com regime da separação, temos:

Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:


I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da
celebração do casamento;
II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.344, de
2010)
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.

As causas suspensivas estão previstas no art. 1523, CC:

Art. 1.523. Não devem casar:


I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário
dos bens do casal e der partilha aos herdeiros;
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado,
até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos
bens do casal;
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou
sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou
curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam
aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo,
provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-
cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente
deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo.

Alega o requerente que se casou com a requerida sob o regime da


separação de bens, porque ambos eram separados, mas sem partilha de bens resolvida. Não se
contesta essa afirmação. Uma vez que a requerida era casada e os bens do casamento anterior
ainda não foram partilhados.

Contudo, com relação ao valor de R$ 55.000,00, que inclusive tem liminar


deferindo a devolução, merece reforma a referida decisão, para cancelar a liminar e julgar
improcedente o pedido de devolução do mesmo ao requerente.

O referido valor é proveniente da alienação de um trator.

Bom, o requerente adquiriu um primeiro trator através de contrato de compra


e venda firmado entre JOÃO ANTÔNIO FREIRE DE ASSIS e o requerente, um trator valta, bm
110, grade aradora, sugador e plantadeira, no valor de R$ 100.314,15, firmado em 06/06/2014,
antes do casamento.

Um segundo trator foi adquirido através de contrato de compra e venda entre


NILSON DA SILVA FERNANDES e MAURÍCIO EDUARDO DAMACENO, envolvendo um trator
John DEERE, 4x4, Modelo 7.500, 2005, no valor de R$ 115.333,00, firmado em 04/06/2021,
quando ambos já eram casados. Esse trator foi vendido através de contrato de compra e venda
entre MAURÍCIO EDUARDO DAMACENO e EDVALDO CARDOSO DE ALMEIDA, firmado em
20/04/2022.

Ora, apesar do regime do casamento, o bem foi adquirido na constância do


casamento, o que faz presumir o esforço comum de ambos, a fim de adquirir o referido trator, de
forma que o valor proveniente do mesmo também deve ser partilhado na proporção de 50% para
cada, como já foi feito.

Esse não é outro o entendimento da Súmula n. 377, STF:

No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância


do casamento.

Ora, o trator John DEERE, 4x4, Modelo 7.500, 2005 foi adquirido em
04/06/2021, após as partes aqui litigantes já terem se casados. Assim, adquirido na constância
do casamento, conforme exige a Súmula n. 377, STF.

Assim, diversamente do entendimento do requerente, e do Juízo que deferiu


a liminar, trata-se de bem adquirido na constância do casamento entre as partes, o que faz
presumir o esforço comum de ambos, já que o requerente encontrou as condições adequadas
para adquirir o trator graças às condições disponibilizadas pela requerida.

Ou seja, o valor de R$ 55.000,00 recebido pela requerida é fruto da partilha


do trator adquirido na constância do casamento, portanto, pertencente a ambos, compondo o
patrimônio comum de ambos.

Outro não foi o entendimento do STJ:


(STJ - AgInt no AREsp: 1786418 SE 2020/0292409-0, Relator: Ministro MARCO
AURÉLIO BELLIZZE, Data de Publicação: DJ 22/02/2022)
EMENTA
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL. RECONSIDERAÇÃO DA DECISÃO. NOVO EXAME DO RECURSO
ESPECIAL. DIVÓRCIO. REGIME DA SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA
DE BENS. PARTILHA DE BENS ADQUIRIDOS NA CONSTÂNCIA DO
CASAMENTO. SÚMULA N. 377/STF. NECESSIDADE DE PROVA DO ESFORÇO
COMUM. APLICAÇÃO DA ATUAL JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE
SUPERIOR. AGRAVO CONHECIDO PARA DAR PROVIMENTO AO RECURSO
ESPECIAL, MEDIANTE JUÍZO DE RECONSIDERAÇÃO.
DECISÃO
Trata-se de agravo interno interposto por W. B. da S. contra decisão monocrática
desta relatoria assim ementada (e-STJ, fls. 747-750):
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
RECONSIDERAÇÃO DA DECISÃO. RECURSO TEMPESTIVO. NOVO EXAME DO
RECURSO. DIVÓRCIO. PARTILHA. REGIME DE SEPARAÇÃO LEGAL DE BENS.
COMUNICABILIDADE. REVISÃO DO JULGADO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA
7/STJ. AGRAVO CONHECIDO PARA NÃO CONHECER DO RECURSO
ESPECIAL, MEDIANTE JUÍZO DE RECONSIDERAÇÃO.
Nas razões deste agravo interno (e-STJ, fls. 754-764), o agravante alega que o
Superior Tribunal de Justiça, em releitura da Súmula 377/STF, através da Segunda
Seção, concluiu que, "no regime de separação legal de bens, comunicam-se os
adquiridos na constância do casamento, desde que comprovado o esforço comum
para sua aquisição" (e-STJ, fl. 757).
Refuta a aplicação da Súmula n. 7/STJ ao caso vertente, postulando a reforma da
decisão agravada.
Não foi apresentada impugnação ao recurso (e-STJ, fl. 769).
Brevemente relatado, decido.
Em nova análise da questão, verifico haver plausibilidade nas alegações do
agravante, tendo em conta a jurisprudência atual desta Corte. Assim, nos termos
do art. 259, § 6º, do RISTJ, reconsidero a decisão de fls. 747-750 (e-STJ) e passo
a novo exame do recurso especial.
Compulsando os autos, verifica-se que a agravada ingressou com ação de divórcio
cumulado com pedido de alimentos e desocupação de imóvel, pleiteando a
decretação do divórcio do casal, bem como a partilha dos bens, regulamentação
de alimentos, guarda e o direito de visita aos filhos.
O Juízo de primeiro grau decretou o divórcio do casal, julgando procedente o
pedido de partilha do bem imóvel em 50% (cinquenta por cento) para cada
cônjuge, e regulamentou os alimentos, guarda e visitas (e-STJ, fls. 332-334).
Interposta apelação pelo réu, ora agravante, o Tribunal estadual decidiu, por
unanimidade, negar provimento ao recurso, em acórdão assim ementado (e-STJ,
fl. 601):
APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE DIVÓRCIO C/C PEDIDO DE ALIMENTOS
PROVISIONAIS E PEDIDO DE DESOCUPAÇÃO DE IMÓVEL PARTILHADO BEM
– INSURGÊNCIA QUANTO À PARTILHA DO BEM – PARTILHA DEVIDA –
SENTENÇA MANTIDA. I. O regime obrigatório da separação legal de bens previsto
no art. 1.641 do CCB não se confunde com o regime facultativo
da separação de bens previsto nos arts. 1.687 e 1.688 do mesmo diploma legal.
Naquela hipótese, os bens adquiridos onerosamente na constância do casamento
devem ser partilhados em proporção igualitária. Súmula 377 do STF.II. Ante a
alegada aquisição de imóvel, na constância do casamento por um dos cônjuges,
deve ser acolhida a pretensão de partilha, por metade, desse bem. Recurso
improvido.
Nas razões do recurso especial (e-STJ, fls. 612-629), fundado no
art. 105, III, a e c, da Constituição Federal, o recorrente alegou, além de dissídio
jurisprudencial, a violação ao art. 1.641 do Código Civil.
Sustentou, em síntese, que o imóvel partilhado não poderia integrar o patrimônio
do cônjuge meeiro por ser objeto de aquisição via doação exclusiva a título
gratuito, ressaltando, ainda, que houve a manutenção pelo regime
da separação de bens.
Contrarrazões apresentadas (e-STJ, fls. 642-650).
O Tribunal de origem deixou de admitir o recurso especial, tendo sido interposto
agravo em recurso especial às fls. 661-671 (e-STJ).
Sem contraminuta (e-STJ, fl. 673).
Com efeito, a Segunda Seção desta Corte, seguindo a linha da Súmula 377/STF,
pacificou o entendimento de que apenas os bens adquiridos onerosamente na
constância do casamento/união, "e desde que comprovado o esforço comum na
sua aquisição, devem ser objeto de partilha" (EREsp 1.171.820/PR, Relator o
Ministro Raul Araújo, Segunda Seção, julgado em 26/08/2015, DJe 21/09/2015).
Nessa mesma linha, confiram-se os seguintes julgados:
AGRAVO INTERNO. PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. SUCESSÕES. CÔNJUGE OU
COMPANHEIRO SEXAGENÁRIO. PARTILHA. PROVA DO ESFORÇO COMUM.
1. Por força do art. 258, parágrafo único, II, do Código Civil de 1916 (equivalente,
em parte, ao art. 1.641, II, do Código Civil de 2002), ao casamento de sexagenário,
se homem, ou cinquentenária, se mulher, é imposto o regime
de separação obrigatória de bens - recentemente, a Lei 12.344/2010 alterou a
redação do art. 1.641, II, do CC, modificando a idade protetiva de 60 para 70 anos
-, regra também aplicável às uniões estáveis.
2. A Segunda Seção desta Corte, seguindo a linha da Súmula 377 do STF,
pacificou o entendimento de que apenas os bens adquiridos onerosamente na
constância da união, "e desde que comprovado o esforço comum na sua
aquisição, devem ser objeto de partilha" (EREsp 1171820/PR, Rel. Ministro Raul
Araújo, Segunda Seção, julgado em 26/08/2015, DJe 21/09/2015).
3. Cabe ao juízo do inventário decidir, nos termos do art. 984 do CPC/73, "todas as
questões de direito e também as questões de fato, quando este se achar provado
por documento, só remetendo para os meios ordinários as que demandarem alta
indagação ou dependerem de outras provas", entendidas como de alta indagação
aquelas questões que não puderem ser provadas nos autos do inventário.
Portanto, havendo o juiz de piso preconizado que a questão do esforço comum
demanda produção de provas, sendo de alta indagação, esta deve ser dirimida nas
vias ordinárias. 4. Agravo interno não provido.
( AgInt nos EDcl no REsp n. 1.873.590/RS, Relator Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 19/10/2020, DJe 26/10/2020) CIVIL.
RECURSO ESPECIAL. RECURSO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DO CPC/73.
FAMÍLIA. AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO
ESTÁVEL. PARTILHA DE BENS. CAUSA SUSPENSIVA DO CASAMENTO
PREVISTA NO INCISO III DO ART. 1.523 DO CC/02. APLICAÇÃO À UNIÃO
ESTÁVEL. POSSIBILIDADE. REGIME DA SEPARAÇÃO LEGAL DE BENS.
NECESSIDADE DE PROVA DO ESFORÇO COMUM. PRESSUPOSTO PARA
A PARTILHA. PRECEDENTE DA SEGUNDA SEÇÃO. RECURSO ESPECIAL
PARCIALMENTE PROVIDO. 1. Inaplicabilidade do NCPC neste julgamento ante
os termos do Enunciado Administrativo nº 2, aprovado pelo Plenário do STJ na
sessão de 9/3/2016:
Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões
publicadas até 17 de março de 2016), devem ser exigidos os requisitos de
admissibilidade na forma nele prevista, com as interpretações dadas até então pela
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.
2. Na hipótese em que ainda não se decidiu sobre a partilha de bens do
casamento anterior de convivente, é obrigatória a adoção do regime
da separação de bens na união estável, como é feito no matrimônio, com aplicação
do disposto no inciso III do art. 1.523 c/c 1.641, I, do CC/02.
3. Determinando a Constituição Federal (art. 226, § 3º) que a lei deve facilitar a
conversão da união estável em casamento, não se pode admitir uma situação em
que o legislador, para o matrimônio, entendeu por bem estabelecer uma restrição e
não aplicá-la também para a união estável.
4. A Segunda Seção, no julgamento do REsp nº 1.623.858/MG, pacificou o
entendimento de que no regime da separação legal de bens, comunicam-se os
adquiridos na constância do casamento/união estável, desde que comprovado o
esforço comum para a sua aquisição.
5. Recurso especial parcialmente provido.
( REsp 1616207/RJ, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado
em 17/11/2020, DJe 20/11/2020) AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL.
DIREITO DE FAMÍLIA. RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO
ESTÁVEL. COMPANHEIRO SEXAGENÁRIO. REDAÇÃO ORIGINAL DO
ART. 1.641, II, DO CC/2002. APLICAÇÃO. REGIME
DE SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DE BENS. PARTILHA. BENS ADQUIRIDOS
ONEROSAMENTE. NECESSIDADE DE PROVA DO ESFORÇO COMUM.
AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO.
1. De acordo com a redação originária do art. 1.641, II, do Código Civil de 2002,
vigente à época do início da união estável, impõe-se ao nubente ou companheiro
sexagenário o regime de separação obrigatória de bens.
2. "No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na
constância do casamento, desde que comprovado o esforço comum para sua
aquisição" (EREsp 1.623.858/MG, Rel. Ministro LÁZARO GUIMARÃES -
DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 5ª REGIÃO -, SEGUNDA SEÇÃO,
julgado em 23/05/2018, DJe de 30/05/2018, g.n.).
3. Agravo interno a que se nega provimento.
( AgInt no REsp 1.637.695/MG, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA,
julgado em 10/10/2019, DJe 24/10/2019) AGRAVO INTERNO NO AGRAVO
REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. DIREITO DE FAMÍLIA.
CASAMENTO. SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DE BENS (ARTS. 258, II, DO
CC/1916 E 1.641, II, DO CC/2002). PARTILHA. PATRIMÔNIO. ESFORÇO
COMUM. PROVA. INDISPENSABILIDADE. SÚMULA Nº 377/STF.
INTERPRETAÇÃO. ART. 1.829, I, DO CÓDIGO CIVIL. HERANÇA. CÔNJUGE.
DESCENDENTES. CONCORRÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE. LEGISLAÇÃO.
APLICABILIDADE. USURPAÇÃO DE COMPETÊNCIA. REVOLVIMENTO
PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA Nº 7/STJ.
1. Recurso especial interposto contra acórdão publicado na vigência do  Código de
Processo Civil de 1973 (Enunciados Administrativos nºs 2 e 3/STJ).
2. A jurisprudência desta Corte encontra-se consolidada no sentido de que, no
regime de separação obrigatória de bens, comunicam-se aqueles adquiridos na
constância do casamento desde que comprovado o esforço comum para sua
aquisição, consoante interpretação conferida à Súmula nº 377/STF.
3. O regime da separação convencional de bens, escolhido livremente pelos
nubentes, à luz do princípio da autonomia de vontade (por meio do pacto
antenupcial), não se confunde com o regime da separação legal ou obrigatória
de bens, que é imposto de forma cogente pela legislação (arts. 1.641 do Código
Civil de 2002 e 258 do Código Civil de 1916) e no qual efetivamente não há
concorrência do cônjuge com o descendente.
4. Eventual direito à divisão de bens objeto de esforço comum depende de prova, o
que não pode ser avaliado nesta fase processual por ensejar usurpação de
competência e pelo óbice da Súmula nº 7/STJ.
5. Agravo interno não provido.
( AgInt no AgRg no AREsp 233.788/MG, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS
CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/11/2018, DJe 21/11/2018) O Tribunal
de origem, ao analisar a questão da partilha do imóvel, serviu-se da seguinte
fundamentação (e-STJ, fls. 602-603, sem grifos no original):
Analisando o arcabouço probatório, não há razões para reformar a sentença, vez
que a instrução do feito indicou algumas incongruências no particular ao negócio.
Ante as particularidades do caso, entendo que decidiu com acerto o julgador, uma
vez que ficou devidamente demonstrado que o bem discutido foi adquirido de
forma onerosa em 2002. Nessa toada, deve ser mantida a sentença,
principalmente por ter sopesado as provas devendo ser mantida a partilha do bem
imóvel em 50%para cada cônjuge, como determinado na sentença de piso. Dispõe
a Súmula 377 do STF: no regime de separação legal de bens, comunicam-se os
adquiridos na constância do casamento. Consabido que o regime
da separação total de bens, previsto nos arts. 1.687 e 1.688 do Código Civil, não
se confunde com o regime da separação obrigatória de bens, sendo este previsto
no art. 1.641 do Código Civil de 2002, também regulado pelo teor da Súmula já
transcrita. No regime da separação legal de bens, ou seja, imposto por força de lei,
e não eleito pelas partes, a restrição de comunicabilidade encontra termo na
própria constituição do casamento. Isso significa dizer que, diferentemente do que
ocorre quando o regime da separação de bens é eleito pelas partes - pelo qual
prevalece a presunção de propriedade exclusiva dos bens adquiridos a qualquer
tempo por cada um dos cônjuges, no regime da separação legal -previsto no
art. 1.641 do CCB, impera o princípio da comunicabilidade a partir do casamento,
assim como ocorre no regime da comunhão parcial, comunicando-se
os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso.
Nesse ponto, ao revés do que fora articulado pelo apelante, pelo princípio da
comunicabilidade, ainda que não haja participação financeira efetiva do cônjuge na
aquisição do patrimônio, presume-se o esforço comum, devendo ocorrer a divisão
dos bens igualitariamente após o rompimento da sociedade conjugal, ressalvada
eventual causa de exclusão, cujo ônus probatório incumbe ao cônjuge que a alega,
o que não fora cumprido pelo apelante, ante todo o acima explicitado.
E, a bem da verdade, como já destacado, ante toda a incerteza no particular à
aquisição do imóvel em tela, a decisão em foco configura-se como a mais justa,
sopesando, inclusive, o interesse dos filhos do casal.
Como se vê do trecho destacado do acórdão recorrido, o Tribunal local concluiu
pela comunicabilidade dos bens a partir do casamento, frisando a presunção do
esforço comum de ambos os cônjuges e a aplicabilidade do texto integral da
Súmula 377/STF à espécie.
Dessa forma, o entendimento perfilhado pelo colegiado estadual não refletiu o
atual entendimento deste Tribunal, pelo que merece reforma.
Ante o exposto, em juízo de reconsideração, conheço do agravo para dar
provimento ao recurso especial a fim de, afastada a presunção de esforço comum,
determinar ao tribunal de origem que realize nova análise do pedido de  partilha do
bem imóvel, agora à luz do entendimento desta Corte Superior sobre a matéria.
Publique-se.
Brasília, 18 de fevereiro de 2022.
MINISTRO MARCO AURÉLIO BELLIZZE , Relator

Dessa forma, merece ser cassada a liminar que determinou a devolução


imediata do valor de R$ 55.000,00, bem como, ao final, deve ser o referido requerimento julgado
improcedente.

Além do valor proveniente da venda da moto adquirida na constância do


casamento, ambos construíram, conjuntamente, por esforço comum, a casa em que residiram.
Começaram a morar juntos no apartamento no Jockey de Itaparica, que é da requerida, em maio
de 2016 e ela já estava grávida de Emanuel. Além disso, deixaram os seguintes bens a partilhar:
a construção de uma área de lazer construída com alto padrão, uma ilha de porcelanato medindo
1,20 x 2,40 de comprimento, churrasqueira, fogão e forno a lenha feitos de alvenaria, piscina e
uma casa quase pronta faltando apenas o acabamento interno da casa que fica em Balneário de
Ponta da Fruta na Rua do Coco.
Esses bens, por terem sido adquiridos por esforço comum, durante a união,
devem ser partilhados, na proporção de 50% para cada uma das partes.

Além dos bens, também há que se tratar das dívidas. Isso porque a requerida
ficou com todas as dívidas que o requerente fez: o nome da requerida está no SERASA, com
uma dívida no Banco Banestes de mais de R$ 7.000,00, 3 condomínios atrasados, duas faturas
de cartão de credito no valor de quase R$ 3.000,00 e plano de saúde e outros.

Assim, as dívidas deverão ser partilhadas por ambos.

DOS ALIMENTOS

O valor oferecido (15% dos salários – R$ 5.531,00) pelo requerente é


insuficiente para atender às necessidades do menor. Conforme o que segue, o valor a ser fixado
deve corresponder a 30% do salário do requerente.

O requerente indicou as seguintes despesas do menor:


Com relação ao material escolar, uniforme, despesas médicas, o requerente
indicou que deverão ser arcadas pelas partes na proporção de meio a meio.

Ocorre que a pensão alimentícia deve recair sobre quem tem possibilidade
para suprir as necessidades de quem precisa, conforme prescrição dos arts. 1694 e 1695, CC,
senão vejamos:

Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros
os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição
social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
§ 1 o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante
e dos recursos da pessoa obrigada.
§ 2 o Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação
de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.
Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens
suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de
quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.

De acordo com a CTPS ora juntada a requerida não tem condições de arcar com as despesas
do filho, porque está sem rendimentos, por estar desempregada. O único rendimento que a
requerida tem é proveniente do aluguel do apartamento no Jockey de Itaparica feito e m
dezembro de 2022, no valor de R$ 1.250,00, de onde retira R$ 250,00 para pagar o condomínio.
O requerente, contudo, é funcionário público, tendo dois empregos de professor, conforme por
ele mesmo informado. Além disso, o requerente está há quase dois anos como diretor. Por fim,
ainda ganha pelos trabalhos dos dois tratores que ele tem na Bahia, tendo o segundo trator sido
comprado no nome do funcionário dele o “CARRERINHA” IVANILDO DE JESUS.
Assim, o requerente é o único que tem possibilidade para arcar com as
despesas do filho. Deve o requerente atentar para o fato que são despesas para o sustento e
bem estar do filho.

É importante chamar a atenção para a alegação do requerente de que tem


despesas no valor de R$ 4.237,64, bem como que, com o divórcio, teve despesas
extraordinárias para se recolocar em nova moradia, uma vez que não levou nada de onde
morava com a requerida.

Com relação à alegação das despesas em razão do divórcio a mesma é


falsa! Isso porque o requerente não saiu da casa em que morava com a requerida; na verdade,
foi a requerida quem saiu da casa. Inclusive, essa casa era a moradia do casal, tendo sido
construída na constância do casamento.

Quando da separação, a casa em Balneário estava quase pronta; as partes


litigantes estavam na casa da mãe dele, em Ponta da Fruta, ficando na casa em construção
todos os moveis como, sofá, cama, mesa de madeira com 6 cadeiras, fogão de 5 bocas, assim o
requerente ficou com todos esses itens, a casa estava mobiliada. Todos os moveis estavam
guardados na área da churrasqueira e no quartinho/banheiro que foi construído atrás da casa.

Assim, não houve despesas a serem pagas pelo requerente.

Com relação às despesas do menor, temos:

DESPESA VALOR
Luz Entre R$ 150,00 e R$ 250,00
Alimentação R$ 1.000,00
Aluguel R$ 500,00
Escola R$ 440,00
Lazer R$ 300,00
Roupa e calçado R$ 300,00
Plano de Saúde (com co-participação) R$ 217,50 (plano de saúde) + R$ 60,00 (co-
participação) + R$ 40,00 (consulta)
Total De R$ 3.007,50 a R$ 3.107,50
Assim, o percentual de 15% proposto pelo requerente corresponde a R$
829,65, corresponde a menos de 25% das despesas do filho, tendo que a requerida sequer está
trabalhando, sobrevivendo com o valor do aluguel que recebe do apartamento próprio.

Dessa forma, pugna para que seja revisto o valor dos alimentos provisórios
deferidos, aumentando-o para 30% do valor dos salários do requerente, bem como, ao final, seja
fixado o valor correspondente a 30% dos salários do autor.

DA GUARDA

O requerente pugna pela guarda compartilhada, mas a residência fixa deverá


ser definida pelo conselho multidisciplinar.

Com relação à guarda compartilhada, a requerida concorda.

Contudo, a residência deverá ser fixada com a ré. Isso porque o menor já
vive com a genitora e possui vida estabilizada e rotina plenamente adequadas, garantindo ao
menor uma vida equilibrada e saudável.

Com relação ao direito de visita que o requerente tem, entende por


adequado, respeitando-se às rotinas do menor, que seja deferido o direito à visitação aos finais
de semana, de quinze em quinze dias.

Assim, pugna-se para que seja determinada a guarda compartilhada, com


residência fixa com a requerida, garantindo-se ao requerente o direito de visitação, aos finais de
semana, de 15 em 15 dias, de forma alternada.

DOS REQUERIMENTOS

Diante de tudo o que foi exposto, pugna-se pelo julgamento improcedente


dos pedidos. Pugna-se, também, pelo cancelamento da liminar outrora deferida, para que a
requerida devolva o valor de R$ 55.000,00. Por fim, pugna-se pelo deferimento da assistência
judiciária gratuita para a requerida.

Requer-se seja a audiência designada para o dia 08/03/2023, às 8 horas,


realizada por videoconferência.

Vitória, ES, 23 de janeiro de 2023.

MATHEUS GUERINE RIEGERT


OAB/ES 11652

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