Você está na página 1de 7

AO JUÍZO DE DIREITO DA 2ª VARA DA FAMÍLIA E SUCESSÕES DA

COMARCA DE ARAÇATUBA, ESTADO DE SÃO PAULO.

Processo nº 00013644-50.2022.8.26.0032

JONAS HENRY SAMPAIO, brasileiro, casado, físico nuclear, portador da


Cédula de Identidade RG nº 31.605.150-2, inscrito no CPF/MF nº 943.400.708-90,
residente na Avenida Central, 478, apartamento 1007, Centro, CEP 16012-345, na cidade
e Comarca de Araçatuba/SP, por sua advogada devidamente constituída (procuração
anexa), vem mui respeitosamente perante Vossa Excelência com fundamento no artigo
335 e 336 do Código de Processo Civil, apresentar, CONSTESTAÇÃO NA AÇÃO DE
DIVÓRCIO LITIGIOSO que move em seu desfavor ANA GOMES SAMPAIO, já
qualifica nos autos, pelos motivos e razões expostas abaixo:
I. DA IMPUGNAÇÃO DO VALOR DA CAUSA

É disposto no artigo 337, III do Código de Processo Civil que incumbe ao réu,
antes de discutir o mérito, alegar a incorreção do valor da causa. Observando o artigo 293
do Código de Processo Civil, onde diz que:

Art. 293. O réu poderá impugnar, em preliminar da contestação, o


valor atribuído à causa pelo autor, sob pena de preclusão, e o juiz decidirá a
respeito, impondo, se for o caso, a complementação das custas.

Neste sentido, a Requerente deu a presente ação o valor de R$ 3.000,00 (três mil
reais), tendo em vista a omissão de informações, pois, além da questão dos alimentos, as
partes possuem bens a partilhar, totalizando-se todos os bens em R$ 1.000.000,00 (um
milhão de reais).

Portando, fica impugnado o valor atribuído a causa pelo Requerente, entendendo


que Vossa Excelência deva intimar a Requerente para corrigir o valor da ação para
complementar as custas, sob pena de extinção do processo.

II. DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS

As partes contraíram matrimônio em 25 de maio de 2009, onde foi adotado o


regime de comunhão parcial de bens, conforme certidão de casamento anexa. Os dois
tiveram dois filhos, quais sejam: ENZO GOMES SAMPAIO, menor impúbere, portador
da Cédula de Identidade RG nº 62.040.519-2, inscrito no CPF/MF nº 592.120.964-11,
hoje com 10 anos de idade, VALENTINA GOMES SAMPAIO, menor impúbere,
portadora da Cédula de Identidade RG nº 60.845.007-7, inscrita no CPF/MF nº
577.365.907-01, hoje com 07 anos.

Excelência, a autora alega em sua petição que o Sr. Jonas havia traído, porém a
alegação não é verdadeira. A união das partes já estava ruindo desde que o réu conseguiu
um emprego de físico nuclear em uma usina na região. A autora começou a ter crises de
ciúmes por conta das amizades femininas do seu cônjuge no novo emprego e com isso,
alega que o mesmo a traiu diversas vezes, sendo inverídico os fatos alegados.

Assim, não havendo chances de uma reconciliação, os cônjuges pretendem, por


mutuo consentimentos, dissolver a sociedade conjugal através do divórcio, com
fundamento no art. 226, §6º da CF, na Lei nº 6.515/77 e no artigo 1.571 do Código Civil.

Assim a doutrina descreve que:


[...] o novo texto Constitucional suprimiu a previa separação como
requisito para o divórcio, bem como eliminou qualquer prazo para se propor
o divórcio seja na esfera judicial seja administrativo (Lei n.11.441/07).
Tendo suprimido tais prazos o requisito da prévia separação para o divórcio,
a Constituição joga por terra aquilo que a melhor doutrina e a mais
consistência jurisprudência vinham afirmando há muitos anos, a discussão
da culpa pelo do fim casamento, aliás um grande sinal de atraso no
ordenamento jurídico brasileiro (CUNHA, 2013, p.50).

Salienta-se que, após as diversas discussões do casal, o requerido mudou-se de


domicílio, passando a morar no apartamento que o casal possui, todavia, não deixou de
cumprir suas obrigações e deveres como pai, sendo totalmente presente na vida de seus
filhos e cumprindo com o auxílio material.

Durante a constância do casamento, os cônjuges contraíram os seguintes bens:

− Imóvel residencial, situado Rua Pedro Sampaio Santos, 222, Centro, CEP
16078-275, na cidade e Comarca de Araçatuba/SP, avaliado em R$ 400.000,00;
− Apartamento, localizado na Avenida Central, 478, apartamento 1007, Centro,
CEP 16012-345, na cidade e Comarca de Araçatuba/SP, avaliado em R$
450.000,00;
− Um automóvel Hyundai HB20, automático, flex, ano 2019, avaliado em R$
80.000,00;
− Um automóvel Toyota Corolla, automático, flex, ano 2017, avaliado em R$
70.000,00.

O requerido se opõe a partilha dos bens imóveis, tendo em vista que pretende
permanecer residindo no apartamento, pois possui seus móveis e pertences, e há grande
apego emocional pelo local. O mesmo se oferece a pagar a diferença do valor para igualar
a meação da requerida, desde que seja de forma parcelada, podendo ser determinadas
posteriormente.

Caso a requerida não aceite o que foi proposto acima, o requerido sugere que ele
fique residindo na casa que possui valor menor de mercado e o apartamento seja alienado,
devendo a requerida pagar aluguel em benefício dele, na proporção da metade caso o
imóvel demore para ser alienado ou se caso ela vá morar no imóvel.

Quanto aos veículos adquiridos pelo casal durante o matrimônio, o mesmo


concorda que cada um fique com o automóvel que já utilizada, contudo, aquela que ficar
com o veículo de maior valor deverá arcar com o pagamento da diferença em favor do
outro, que neste caso, seria de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Quantos aos filhos do casal, o requerido se opõe totalmente a guarda unilateral


que é requerida pela Sra. Ana. O mesmo deseja que seja estabelecida guarda
compartilhada, sob forma alternada, como disposto no artigo 1.583, §§ 2º, 3º e artigo
1.584, §2º do Código Civil.

Assim como julgado pelo Superior Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo:

RECURSO ESPECIAL. CIVIL. FAMÍLIA. GUARDA COMPARTILHADA.


OBRIGATORIEDADE. RELAÇÃO HARMONIOSA ENTRE OS
GENITORES. DESNECESSIDADE. PRINCÍPIOS DA PROTEÇÃO
INTEGRAL E DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE. RESIDÊNCIA DO FILHO COM A MÃE.
INCOMPATIBILIDADE. AUSÊNCIA. 1- Recurso especial interposto em
2/4/2019 e concluso ao gabinete em 5/6/2020. 2- O propósito recursal
consiste em dizer se: a) a fixação da guarda compartilhada é obrigatória
caso ambos os genitores sejam aptos ao exercício do poder familiar; e b) a
vontade do filho e problemas no relacionamento intersubjetivo dos genitores
representam óbices à fixação da guarda compartilhada. 3- O termo "será"
contido no § 2º do art. 1.584 não deixa margem a debates periféricos,
fixando a presunção relativa de que se houver interesse na guarda
compartilhada por um dos ascendentes, será esse o sistema eleito, salvo se
um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor.
4- Apenas duas condições podem impedir a aplicação obrigatória da guarda
compartilhada, a saber: a) a inexistência de interesse de um dos cônjuges; e
b) a incapacidade de um dos genitores de exercer o poder familiar. 5- Os
únicos mecanismos admitidos em lei para se afastar a imposição da guarda
compartilhada são a suspensão ou a perda do poder familiar, situações que
evidenciam a absoluta inaptidão para o exercício da guarda e que exigem,
pela relevância da posição jurídica atingida, prévia decretação judicial. 6- A
implementação da guarda compartilhada não se sujeita à existência de bom
e harmonioso relacionamento entre os genitores. 7- Inexiste qualquer
incompatibilidade entre o desejo do menor de residir com um dos genitores e
a fixação da guarda compartilhada. 8- Não bastasse ser prescindível, para a
fixação da guarda compartilhada, a existência de relação harmoniosa entre
os genitores, é imperioso concluir que, na espécie, há relação minimamente
razoável entre os pais - inclusive com acordo acerca do regime de
convivência -, inexistindo qualquer situação excepcional apta a elidir a
presunção de que essa espécie de guarda é a que melhor atende os
superiores interesses do filho, garantindo sua proteção integral. 9- Recurso
especial provido.

(STJ - REsp: 1877358 SP 2019/0378254-5, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de


Julgamento: 04/05/2021, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe
06/05/2021)(GRIFO NOSSO)

O requerido propõe que os filhos devem permanecer em semanas alternadas na


residência de cada genitor, iniciando-se aos sábados às 09 horas e finalizando na sexta às
20 horas. Ainda requer que as visitas sejam fixadas de forma livre quando os menores
estiverem sob guarda da genitora.

É entendimento do Tribunal de Justiça de Rondônia:

Guarda compartilhada. Regulamentação de visita. Forma livre.


Princípio do melhor interesse da criança. A guarda compartilhada permite
aos genitores, de forma conjunta e harmoniosa, compartir as decisões de
interesse do menor, devendo este sobrepor a qualquer motivação pessoal dos
pais. A regulamentação de visitas na forma livre materializa o direito do
filho de conviver com ambos os genitores e demais familiares, sem afetar a
rotina diária do menor, resguardando-lhe o interesse e assegurando-lhe o
desenvolvimento de um vínculo afetivo saudável entre ambos.

(TJ-RO - AC: 00084897320158220014 RO 0008489-


73.2015.822.0014, Data de Julgamento: 21/10/2019)

Se fixada a guarda compartilhada sob forma alternada, o genitor não arcara com
o pagamento de pensão mensal, pois, será dividido os gastos proporcionalmente com a
genitora no que se refere a moradia e gastos relativos à educação.

Os artigos 1.694 a 1.696 do Código Civil, tratam da maneira pela qual é prestada
à concessão de alimentos, as condições para tal prestação e para quem pode ser pleiteada
a concessão de alimentos e ainda a obrigação recíproca entre os pais e filhos no que toca
a prestação de alimentos.

Segundo o doutrinador Cézar Fiuza dispõe em seu livro:

Considera-se alimento tudo o que for necessário para a manutenção


de uma pessoa, aí incluídos os alimentos naturais, habitação, saúde,
educação, vestuário e lazer. A chamada pensão alimentícia, soma em
dinheiro para prover os alimentos, deve, em tese, ser suficiente para cobrir
todos esses itens ou parte deles, conforme a obrigação do alimentante seja
integral ou parcial.
Neste caso, o requerido não se opõe a pagar pensão aos filhos menores se a guarda
for fixada de forma unilateral, desde que seja na proporção de 15% (quinze por cento) de
seus rendimentos líquidos e, que, as visitas deverão ser fixadas aos finais de semana
alternados, tendo em vista que a genitora ficará com os menores durante a semana.

No que tange ao animal de estimação do casal, deve seguir o mesmo raciocínio


quanto a guarda dos menores, logo, a guarda deverá ser compartilhada, sob forma
alternada, e as despesas serão dividas proporcionalmente entre os requeridos, pois o
animal estará em semanadas alternadas junto com as crianças, logo, não há que se falar
de despesas fixas.

III. DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:

a) Que seja reconhecida a impugnação do valor atribuído a causa, sob pena


de extinção do processo;
b) Que seja julgado procedente o pedido para decretação do divórcio do casal,
nos termos acima expostos;
c) Que não seja feita a partilha de bens e que seja acatado o pedido do
requerido, para que o mesmo permaneça residindo no apartamento, sendo paga a
diferença de forma parcelada a Requerente;
d) Que cada um fique com seu respectivo automóvel e que seja paga a
diferença de R$ 10.000,00 daquele que ficar com o veículo de maior valor;
e) Que seja fixada a GUARDA COMPARTILHADA, sob forma alternada,
dos filhos e do animal de estimação, como expostos nos termos acima;
f) Se fixada a guarda unilateral em favor da genitora, requer que seja fixado
15% (quinze por cento) de seus rendimentos líquidos em a pensão alimentícia e fixada
visitas aos finais de semana alternados.

Protesta por todos os tipos de prova, em especial, depoimento pessoal, juntada de


documentos e oitiva de testemunhas, cujo o rol oportunamente será apresentado, e outras
mais que se fizerem necessárias e que desde já ficam requeridas.

Termos em que, pede deferimento.

Araçatuba, 14 de maio de 2022


_________________________________________________

CLARA BEATRIZ VIEIRA GALHARDO


OAB/SP 214001 RA

Você também pode gostar