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AULA 2
GUARDA E REGIME DE CONVIVÊNCIA
1. INTRODUÇÃO
2. REGIMES DE GUARA
Quanto ao tema, é preciso fazer três observações: 1ª) a guarda não extingue o
poder familiar dos pais; 2ª) na fixação da guarda, pouco importa quem deu causa à
dissolução da união. O genitor(a) pode ser um(a) péssimo(a), mas um(a) excelente
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pai/mãe; 3ª) a guarda se relaciona aos filhos incapazes. Não há guarda de filho maior e
capaz.
Em termos de competência, seja qual for o regime de guarda, a ação tramitará,
como regra, na vara de família. Apenas na hipótese de a criança ou o adolescente estar
inserido em uma situação de risco (art. 98 do ECA) é que a competência deverá ser da
vara da infância e juventude (ex.: ação de guarda ajuizada por estabelecimento onde a
criança está sendo cuidada).
a) Guarda unilateral
b) Guarda compartilhada
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Nota-se, assim, que, ainda que a criança ou o adolescente tenha um único lar
de referência e um tempo maior de convivência com um dos pais, a guarda poderá ser
compartilhada. Em outras palavras, o que define uma guarda como compartilhada não
é o tempo de convivência, mas a distribuição de todas as responsabilidades para com os
filhos.
A ideia central é manter o mesmo regime de guarda existente no
casamento/união estável.
Principais características da guarda compartilhada:
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É possível também que um dos pais não tenha interesse em exercer a guarda.
E isso não tem nada a ver com maior ou menor amor, mas sim com o projeto de vida de
cada um. É plenamente possível que um dos pais entenda que, no momento, o melhor
para o seu filho é o exercício da guarda unilateral pelo outro.
Nesse sentido é a parte final do § 2º do art. 1.584 do CC, in verbis:
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Nos termos do parágrafo único do art. 1.589 do CC, “o direito de visita estende-
se a qualquer dos avós, a critério do juiz, observados os interesses da criança ou do
adolescente”. Além dessa previsão legal, é possível estender o direito de visita a outras
pessoas que guardem uma afinidade com o infante. É o caso, por exemplo, do padrasto
que sempre cuidou da criança. Nesse caso, é possível que as visitas sejam reguladas,
ainda que não haja previsão legal, pois o que vale, ao fim e ao cabo, é o melhor interesse
da criança e do adolescente.
4. PROCESSO JUDICIAL
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4.1. Requerimento/decretação
Se a parte autora já está na guarda de fato dos filhos e pretende obter a guarda
unilateral, deve requerer, a título de tutela provisória, a guarda provisória.
Vale lembrar que o filho não é parte na ação de guarda. As partes são as pessoas
que disputam a guarda (ex.: ação de guarda ajuizada pela genitora contra o genitor).
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4. Da guarda provisória
Conforme mencionado, a parte requerente já vem exercendo a guarda de fato do filho
desde a separação do casal, há 2 (dois) anos. A criança já possui uma rotina escolar e social, já
tem laços de amizade não apenas na escola como também no próprio bairro onde reside com a
requerente.
Assim, a fim de se garantir o pleno desenvolvimento da criança, à luz dos princípios do
melhor interesse e prioridade absoluta, assim como evitar insegurança jurídica e futuros litígios
entre as partes, mister se faz estabelecer, desde já, a guarda provisória e unilateral em favor da
requerente e o regime de convivência entre a criança e o requerido.
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Para tanto, sugere-se o seguinte arranjo: a) O genitor poderá ter a criança consigo em
finais de semana alternados, podendo apanhá-la na sexta-feira, às 18h, na escola, e devolvê-la
na segunda-feira, às 13h30min, também na escola; b) Nas festividades de final de ano e férias:
serão alternadas entre requerente e requerida. Nos anos pares, a requerente passará com a
criança a semana do Natal (do dia 20/12, às 9h ao dia 27/12, às 9h) e primeira metade das férias
escolares de julho e a genitora passará a semana do Ano Novo (a partir do dia 27/12, às 9h até
02/01) e a segunda metade das férias de julho, invertendo-se nos anos ímpares. Quem passar o
Ano Novo já passa a primeira metade das férias de janeiro do ano seguinte; c) Nos anos pares,
a criança passará o Carnaval com a requerente e Semana Santa com a requerida, invertendo-se
no ano seguinte, sempre respeitando os dias letivos; d) No dia dos pais, a criança passará com o
genitor. No dia das mães, a criança passará com a genitora; e) Demais feriados serão alternados
entre as partes.
Advogado(a)
OAB
Vale lembrar que se os elementos constantes nos autos não forem suficientes
para que sejam estabelecidas as atribuições do pai e da mãe e os períodos de
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4.1.2. Petição inicial daquele que não exerce a guarda de fato do filho
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• Fotografias;
• Mensagens via whatsapp;
• Declaração escolar (ex.: péssimo desempenho escolar, ausências
injustificadas etc.);
• Relatórios médicos (ex.: desnutrição, marcas de supostas agressões,
consultas com psicólogo para identificar eventual violência);
• Relatório do conselho tutelar.
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5. GUARDA A TERCEIROS
É possível que o juiz verifique que nenhuma das partes tem condições de
exercer a guarda da criança/adolescente. Nesse caso, nos termos do § 5º do art. 1.584
do CC, “se o juiz verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda do pai ou da
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mãe, deferirá a guarda a pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida,
considerados, de preferência, o grau de parentesco e as relações de afinidade e
afetividade” (ex.: guarda deferida em favor dos avós).
6. SENTENÇA
Por fim, é importante frisar que, nos termos do § 4º do art. 1.584 do CC, “a
alteração não autorizada ou o descumprimento imotivado de cláusula de guarda
unilateral ou compartilhada poderá implicar a redução de prerrogativas atribuídas ao
seu detentor”.
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