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INTRODUÇÃO

O presente trabalho visa abordar por este meio o tema ´´ determinação da medida
legal da penalidade ou pena aplicável`` nesta senda. Logo por ser um tema de
extrema relevância iremos mais adiante abordar sobre a estrutura da penalidade ou
da moldura penal abstracta, determinação da medida legal da pena aplicável ao
crime frustrado, ao crime tentado, ao crime de cumplicidade, e que dos iremos
determinar os diversos artigos plasmados no novo código penal angolano.
DETERMINAÇÃO DA MEDIDA LEGAL DA PENALIDADE OU PENA APLICÁVEL

Estrutura da penalidade ou da moldura penal abstracta

As molduras penais ou penas aplicáveis cominadas nos tipos de crimes que,


quase sempre são variáveis, não possuem todas a mesma estrutura. Umas, só são
constituídas por uma espécie de pena, a elas denominam-se por penalidades
simples. É o caso do crime de homicídio voluntário simples (art.º 147º C.P). Neste
caso, os limites da penalidade, coincidem com os limites da espécie de pena
estabelecida no art.º 44.º, a C.P) e seguintes.

Porém, vezes há que num tipo legal de crime, a penalidade tem limites
diferentes dos limites de espécie de pena. O mais importante é que a penalidade
não tenha limite mínimo inferior nem limite máximo superior aos da pena
correspondente. Por exemplo, ofensas corporais voluntárias simples (art.º 159.º, n. 1
C.P); ofensas ̊corporais involuntárias (art.º 164 C.P), etc.

Devemos entender por penalidade compósita aquela que é constituída por


mais de uma espécie de penas aplicáveis cumulativamente. Por exemplo, prisão e
multa; prisão e multa e suspensão dos direitos políticos.

Há alguns casos em que uma das espécies funciona como agravante. É o


caso da prisão ilegal (art.º 210 C.P), coacção física (art.º 171 nº 1), burla (art.º 417º
C.P).

A pena mista é constituída por prisão e multa, e os casos mais frequentes


são: ofensas corporais voluntárias (art.º 159.º C.P), homicídio negligente (art.º 152.º
C.P), difamação (art.º 214º C.P), injúria (art.º 213º C.P), ultraje à moral pública (art.º
333 n.º 1 e 2 do C.P), furto simples (art.º 392.º, n. 1º C.P), etc, etc.

Pese embora em menor número, há penalidades mistas compostas por penas


prisão maior e multa e, por vezes, outras espécies de pena. São os casos de
corrupção de juízes (art.º 360.º e 361º do C.P), cárcere privado (art.º 330.º, n.º 4º),
bigamia (art.º 337.º), falsas declarações relativas a nascimento ou morte de um
infante (art.º 151.º), furto simples (art.º 392.º, n.º 1), destruição ou descaminho de
documentos (art.º 343.º).
Casos de pena de prisão e suspensão dos direitos políticos: prevaricação
(art.º 349.º, n.º 1, 2 e 3), falso testemunho (art.º 350.º), denúncia caluniosa (art.º
352.º do C.P).

Pena de demissão ou suspensão e multa: peculato (art.º 362.º),


percebimento ilegal de emolumentos (art.º 316.º) quanto a essa questão o novo C.P,
não faz menção.

Pena de prisão ou suspensão dos direitos políticos: lenocínio (art.º 405.º e


n.º 2º) o novo C:P, não faz menção, corrupção de menores (art.º 406º).

Quando só se aplica uma das espécies de pena que entram na constituição


da penalidade, a penalidade compósita chama-se alternativa.

A penalidade compósita alternativa pode ser paralela ou de valor e âmbito


diferenciado.

São paralelas quando as espécies de penas que a formam forem


equivalentes, sendo, portanto, indiferente a aplicação de uma ou de outra, por serem
equivalentes. As penalidades do tipo compósita alternativas paralela foram
eliminadas do ordenamento jurídico depois da reforma do Código Penal de 1954,
pelo Decreto-lei n.º 39688, de 5 de Junho de 1954.

São de valor e âmbito diferenciado quando uma delas alarga o âmbito da


penalidade, não sendo indiferente aplicar uma ou outra das espécies alternativas.
Neste caso, aplicar-se-á a pena mais grave ou a menos grave segundo as
circunstâncias. Por exemplo: comparticipação do guarda prisional na evasão do
preso (art.º 25.º); evasão violenta (art.º 401.º); acolhimento de malfeitores (art.º 25.º);
abandono de funções públicas (art.º 308.º) o novo C:P não faz menção.

Resumindo: as penalidades podem ser, conforme a sua estrutura, simples ou


compósitas (mistas ou alternativas). As alternativas podem ainda ser paralelas ou de
valor e âmbito diferenciado.

Determinação da medida legal da pena aplicável ao crime consumado.

Toda norma penal incriminadora a penalidade vem estatuída no tipo legal de


crime, concretamente na estatuição ou preceito penal secundário.

Porem, esta indicação pode aparecer de forma directa ou por remissão para a
penalidade de outro tipo Legal de crime.

No caso do crime de homicídio (art.147º.), a penalidade (16 a 20 anos de


prisão maior), é fixada no próprio preceito penal incriminador de forma directa.

Por remissão, por exemplo, ocorre nos crimes de burla por defraudação (art.417º.);
abuso de confiança (404º.); apropriação ilícita de coisa achada (art.392º.) furto
doméstico (art.425º.) quanto essa questão não está plasmado no novo C:P, mas na
LGT; agravação do furto (art.393º.), regra geral de punição de roubo (art.401º.), etc,
etc.

Determinar a medida legal da penalidade, prima facie, é uma operação


simples sem muitas dificuldades. É preciso não olvidarmos que as penalidades
estabelecidas em cada tipo legal de crime referem-se ao crime consumado e aos
respectivos autores (art.8º.)

As penalidades para os crimes tentados e frustrados não são as mesmas, tal


como não são para os cúmplices e os encobridores.

Na técnica do actual código penal, a determinação legal das penas aplicáveis


àquelas formas ´´imperfeitas´´ de crime e a estes agentes obedece a regras
específicas, não obstante o ponto de partida serem sempre as penalidades
estabelecidas para o crime consumado, excepto quando a tentativa e a frustração
equivalem a consumação (casos de antecipação da consumação) como sucede no
crime de envenenamento (art.148º.).

Determinação da medida legal da pena aplicável ao crime frustrado

A pena aplicável ao crime frustrado, quando é punível está prevista no art.44


nº1º., se ao crime frustrado corresponder pena maior, da seguinte forma:

a) Se a pena aplicável para o crime consumado corresponder qualquer pena do


art.44º., nºs 1,2,3, ao crime frustrado aplicar-se-á a imediatamente inferior
(art.44º);
b) Se a pena aplicável para o crime consumado for a do art.º44.º, nº1,de 3
meses a 25 anos, ao crime frustrado aplicar-se-á a mesma pena, mas com
limite máximo reduzido pela metade, isto é, de 2 a 4 anos de prisão maior
(art.º44.º, n.º1);
c) Se a pena aplicável para o crime consumado for qualquer pena correccional,
ao crime frustrado será aplicada a mesma pena, mas com o limite máximo
reduzido pela metade (art.º44.º, n.º1). Por exemplo: se a pena aplicável ao
crime consumado for a de 3 meses a 25anos, ao crime frustrado aplicar-se-á
a de 3 meses a 25 anos. Se um num outro caso a penalidade do crime
consumado corresponder a pena de 6 meses a 1 ano de prisão ao crime
frustrado aplicar-se-á a pena de 6 meses. Poderá ainda acontecer em
determinados casos em que o crime consumado é punido com a penalidade
de 18 meses a 24 meses de prisão. Neste caso ao crime frustrado será
aplicável a pena de 12 meses, pois, por força da lógica jurídica, o limite
mínimo de qualquer pena não pode ser superior ao limite máximo, logo o
limite mínimo passa a ser também igual ao limite máximo, neste caso 12
meses (vide C. Ferreira, ob. Cit, p.383);
d) Se a pena aplicável ao crime consumado for a de suspensão de direitos
políticos por 15 ou 20 anos, a lei é omissa, mas por força da regra do n.º1 do
art.º44.º, devemos entender que ao crime frustrado se aplica a pena da
mesma natureza imediatamente inferior, isto é, a pena de suspensão
temporária de direitos políticos de 3 a 12 anos (art.ºs,56º,n.º3 e 61º,) o novo
C.P não faz menção;
e) Quanto às penas especiais para empregados públicos, o art.º399º e
seguintes. Mas, para o professor C. Ferreira, a solução a dar no caso de se
para o crime consumado ser aplicável a pena de demissão, ao crime frustrado
aplica-se a pena de suspensão, tendo em atenção a regra estabelecida para
o caso da pena fixa de suspensão dos direitos políticos (art.º399.º ). E quando
ao crime consumado corresponder a pena de suspensão, por analogia
relativo ao estabelecido para as penas correccionais, ao crime frustrado
aplicar-se-á a mesma pena, mas o limite máximo será reduzido pela metade,
isto é, 3 a 6 anos (art.º 44.º);
f) Finalmente o entendimento doutrinário nos casos em que o crime consumado
é punido com a pena mista, deve reduzir-se todas as penas, operando-se em
relação a cada uma a redução determinada por lei, como se trata de uma
pena simples (vide, Maia Gonçalves, código penal anotado, pag.248, e
C.Ferreira, ob, cit. Pág. 381)

Determinação da medida legal da pena aplicável ao crime atentado

Na tentativa quando a penalidade do crime consumado não for maior, só é


permitida a sua punição nos casos especiais em que a lei declarar (vide art.º20º
e 21º).

É o caso, entre outros, da tentativa nos crimes de furto, por força do disposto
na Lei de 3 de Abril de 1896 e nos crimes de furto de uso de veículos automóveis
(vide art.º3º, do Decreto-lei n.º44939, de 27 de Março de 1963).

A tentativa é punida nos termos em que se pune o crime frustrado (veja o


art.º44º.), este artigo manda aplicar aos autores da tentativa a mesma pena que
caberia aos autores do crime frustrado, como se nele tivesse intervindo
circunstâncias atenuantes, isto é, como se fosse crime frustrado atenuado.

Porém, esta atenuação poderá justificar que o juiz use a faculdade de


atenuação especial da pena, nos termos do art.º44, isto é, baixar 2 anos o limite
mínimo das penas maiores.

Estas regras gerais e podem ser arredadas por normas especiais


estabelecidas nos tipos legais.

Ocorre, por exemplo, quando as mesmas decretam uma pena aplicável para
a tentativa de um certo crime uma penalidade diferente da que resultaria da
operação normal prevista nos art.ºs 44.º).

Eis, casos de tentativa de tirada de presos (art.º190º) o novo C.P não faz
menção, tentativa de envenenamento (art.º147.º), tentativa de parricidio
(art.º355.º §.3º), tentativa de roubo em concurso com homicídio (art.º402 nº 3.º),
roubo concorrido com cárcere privado, violação ou ofensas corporais (art.º434,
§.2.º). etc.

Determinação da medida legal da pena aplicável à cumplicidade

O critério legal para determinação da pena aplicável aos cúmplices encontra-


se regulado no art.º 25.º.

Do mesmo modo que acontece com a frustração e a tentativa, a medida legal


da pena aplicável aos autores da cumplicidade determina-se por referência a
outras penalidades.

Assim, temos:

a) A pena aplicável aos autores da cumplicidade do crime consumado é a pena


que caberia aos autores do mesmo crime na forma frustrada;
b) A pena aplicável aos cúmplices do crime frustrado é a pena que caberia aos
autores da tentativa desse crime;
c) A pena aplicável aos autores da tentativa desse crime é a pena que caberia
aos autores da tentativa desse crime, à reduzida ao mínimo (trata-se de
penalidade fixa, ou seja, aplica-se o mínimo da pena).

Determinação da medida legal da pena aplicável ao encobrimento

A pena aplicável ao encobridor determina-se com referência a penalidade do


crime encoberto (vide art.º 25.º).

Assim temos:

a) Se ao crime encoberto for aplicável pena maior (art.º25.º), ao encobridor ser-


lhe-á aplicado pena de prisão correccional (art.º39.º, n.º4)
b) Se ao crime encoberto for aplicável pena de prisão maior variável (art.º44,
n.º1), ao encobridor ser-lhe-á aplicado uma pena de prisão correccional
especial que vai de 3 meses a 25 ano art.º44.º, n.º1);
c) Se ao crime encoberto for aplicável pena de prisão correccional, ao
encobridor ser-lhe-á aplicado a mesma pena, todavia atenuada e nunca
superior a três meses, ou seja, a pena vai de 3 dias a 3 meses (art.º44º, n.º1)
Conclusão

As penas têm natureza jurídica de castigo ou sanção. Constituem a resposta que


a sociedade dá ao indivíduo quando este ofende valores comuns merecedores de
protecção jurídico-penal. As penas são instrumentos legais que servem como meio
de tutela ou defesa da sociedade.

As penalidades podem ser, conforme a sua estrutura, simples ou compostas


(mistas ou alternativas). As alternativas podem ainda ser paralelas ou de valor e
âmbito diferenciado. Tais como as molduras penais ou penas aplicáveis cominadas
nos tipos legais de crime.

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