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TGDC 1- Tipos de casos práticos-compilação 4

Teoria Geral do Direito Civil I (Universidade de Coimbra)

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Maior acompanhado

1. No dia 30 dezembro de 2016, Susana casou-se com Jorge, seu primo direito,
inabilitado por anomalia psíquica. Quid juris?

1601.º, b)–impedimento dirimente absoluto–Jorge éinabilitado por anomalia psíquica


-negocio anulável(1631.º)(Grave erro considerar que os primos não podem casar!Primos
são parentes na linha colateral no quarto grau= podem casar sem restrições).

_____________________________________________________________________

-Inabilitação por prodigalidade (152)-1) Janeiro de 2015 –venda de lote de ações –149.º (por
força do 156.º) –logo anulável porque: a inabilitação veio a ser decretada + o negocio causou
prejuízo-2) junho de 2015 –venda de terreno –148.º (por força do 156.º) –negócio anulável –
prazo e legitimidade –125.º (por força do 156.º e do art. 139.º) –curador no prazo de um ano a
contar do conhecimento (agora)-3) perfilhação –negócio válido –inabilitado por prodigalidade
tem capacidade para perfilhar-4) Filipe vende a João um valioso quadro pertencente a Eliseu –
explicar o regime da assistência; Filipe vende coisa alheia –art. 892. –nulo –declaração de
nulidade (286.º -a todo o tempo, por qualquer interessado –o próprio Eliseu.

Catarina, nascida em 3 de Dezembro de 1994, teve um acidente em criança que a tornou


invisual, o que nunca a impediu de conduzir normalmente a sua vida, inclusivamente
trabalhando desde os dezasseis anos de idade.(i) Em Novembro de 2011, os seus pais,
precisando de dinheiro, venderam o carro que fora doadoa Catarina dois anos antes.Nesse
mesmo mês venderam ao irmão de Catarina um sofá original do designer Hans Wegnerpelo
preço de 3.000,00€.(ii) Em Janeiro de 2012, temendo que ela venha desposar Daniel, de quem
não gostam, propuseram uma acção destinada a restringir a capacidade de Catarina, a que foi
dada publicidade um mês depois.(iii) Em Janeirode 2013, influenciada por Daniel, Catarina
vendeu a Eduardo, empreiteiro, um lote situado num óptima zona pelo valor corrente.(iv) Em
Abril de 2012, Catarina vende, através do portal de internet “Venda Fácil”, uma serigrafia de
Paula Rego a Fernando. (iv)Em Agosto de 2012, Catarina fez testamento a favor de Daniel.a)A
sentença está prestes a ser proferida. Os pais pretendem saber se podem destruir os efeitos
dos actos praticados pela filha.

- definir capacidade de gozo e de exercício de direitos.—elencar os tipos de


incapacidades jurídicas (referindo a finalidade e os interesses que visam proteger) e
problematizar se, in casu, a pretensão dos pais teria sucesso. Referir o regime especial
do artigo 138.º, n.º2 em conjugação com o artigo 131.º. Atendendo ao facto de se referir,
no enunciado,que a Catarina conduzia a sua vida com normalidade, a resposta seria
negativa. Logo, não seria decretada qualquer incapacidade, nem mesmo a inabilitação.
—apreciação da validade de cada acto:(iii) À data a Catarina era maior, todavia, porque
pendente a acção de incapacidade, estaria sujeita ao regime do artigo 149.º, pelo que se
teria que provar que o negócio causava prejuízo. O que não sucede no caso (“vendido
pelo valor corrente”). Contudo, por se tratar de uma acção que deu entrada enquanto a
Catarina era menor, deveria ser tido em conta o artigo 131.º e o seu regime. A
considerar-seque esta norma pressupõe a manutenção da incapacidade por menoridade,
então o negócio seria anulável nos termos dos artigos 123.º e 125.º, n.º1 al. a). (iv) A

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venda ocorre num momento em quea Catarina era menor, pelo que o regime aplicável é
o daincapacidade por menoridade —artigo 123.º e 125.º, n.º1 al.a). Todavia deveria ser
discutido se o Fernandonãomerecia protecção, uma vez que a venda ocorreu deforma
não presencial (através de um portal de internet)e sob a aparência de a Catarina ter
capacidade. Justificar-se-iaa aplicação do artigo 126.º? Referência àsposições doutrinais
quanto à interpretação desta norma e o valor da protecção da confiança.(v) Sendo
Catarina menor, ela era incapaz de gozopara contrair casamento, pelo que o testamento
era nulo [artigos 2189.º a) e 2190.º],sendo tal nulidade invocável a todo o tempo por
quem tivesse interesse legítimo (como era o caso dos pais por serem herdeiros), artigo
286.º.

b) Poderá Catarina, ou alguém por ela, destruir os efeitos dosactospraticado pelos seus
pais?(3 valores)

—Noção de responsabilidades parentais, identificando os poderes conferidos aos pais


e asua natureza. Noção de representação legalcomo meio de suprimento da
incapacidade por menoridade.—Venda do carro: os pais, actuando enquanto
representantes legais, careciam de autorização nos termos do artigo 1889.º, n.º1 al.a).
O acto realizado era anulável, artigo 1893.º.—Venda do sofá: uma questão de
ilegitimidade (noção) e efeitos previstos no artigo 877.º. A sanção é a anulabilidade.

Albano, de 72 anos, sofre de perturbações psicológicas que afectam gravemente a sua


capacidade de discernimento e a sua força de vontade. Em 4 de janeiro de 2013, foi
requerida a restriçãoda capacidade de Albano, tendo à ação respectiva sido dada
publicidade em 8 de fevereiro do mesmo ano. A sentença, que atendeu o pedido, foi
registada em outubro desse mesmo anode 2013.

a)Diga que medida foi requerida em tribunal, relativamente a Albano, e pronuncie-se


sobre o respectivo fundamento (1 val.)

Art. 138.º -Interdição por anomalia psíquica –o enunciado explica que se trata “de
perturbações psicológicas que afectam gravemente a sua capacidade de discernimento e a sua
força de vontade”. Albano estaria incapazde governar a sua pessoa e bens. Não nos parece
quea inabilitação pudesse ser a medida adequada.Quanto ao fundamento, Cf. MOTA PINTO,
Teoria Geral..., p. 235

b)Aprecie separadamente a validade de cada um dos atos praticados (7val.)

a.No dia 28 de dezembro de 2012, Albanovendeu uma casa de praia, de que era
proprietário, à sua neta Diana, filha do seu falecido filho Jorge, sem dar disso
conhecimento à sua filha Zulmira;

Art. 877 –venda a filhos ou netos –a venda da casa carecia do consentimento da filha
Zulmira. Logo, onegócio é anulável, dentro do prazo de um ano a contar do
conhecimento da celebração do contrato.Trata-se de uma Incapacidade jurídica relativa
–Cf. MOTA PINTO, Teoria Geral..., p. 224-226.

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b.No dia 5 de janeiro de 2013, Albanovendeu a Belmiro um anel de ouro;

 Art. 150.º Negócio realizado antesda publicidade da ação de interdição(só ocorrida a


8 de fevereiro), logo aplicável a incapacidade acidental. Todavia, do enunciado não
resulta ser “notório ou conhecido do declaratário”que Albano estivesse incapaz (art.
257.º), logo o negócio não será inválido.

c.Em abril de 2013, vendeu um livro, “Os Lusíadas”, a um alfarrabista por €50, tendo-se
descoberto ontem que o livro afinal era um exemplar raro de uma edição de altíssimo
valor;

Art. 149.º -Negócio celebrado no decurso da ação;3 requisitos para anular: ter sido
anunciada a ação + ter vindo a ser decretada a interdição + o negócio causou prejuízo.O
prejuízo é avaliado à data da realização do negócio. O que conta é a razoabilidade do
preço à data do negócio. Cf. MOTA PINTO, Teoria Geral..., p. 237-238Nesta
perspetiva, não há “prejuízo”, para efeitos do art. 149.ºe o negócio não é anulável. O
negócio é válido.

d.Em junho de 2013 casou com Ricardo;

Tratando-se de um interditando por anomalia psíquica, podemos considerar que sofre de


“demência notória, mesmo durante os intervalos lúcidos”(art. 1601.º al. b)), pelo que o
casamento é anulável (art. 1631.º).Trata-se de incapacidade de gozo.

e.Em março de 2014, Aníbal arrendou um armazém;

Art. 148.º -Ato praticado apóso registo da sentença de interdição –anulável, nos termos
do art. 125.º, por remissão do art. 139.º

 Benedita, solteira,de 28 anos, aufere um parco salário como jornalista de um diário


local e sofre de uma incontrolável tendência para o despesismo. Por este motivo, os seus
pais intentaram uma açãojudicial em novembro de 2012, sendo o seu requerimento
deferido e a sentença decretada em novembrode 2014e registada logo de seguida.a) Que
tipo de açãofoi proposta? Com que fundamento? Teriam os pais legitimidade para
proporaquela ação? Com que objectivo o fizeram? (2valores)

Acção de inabilitação, com base na prodigalidade de Benedita, definida como a “prática


de actos de dissipação, de despesas desproporcionadas aos rendimentos[Benedita
auferia um “parco salário”], improdutivas e injustificáveis” (cfr. Mota Pinto, Teoria
Geral, pp. 241 e 242). Os pais teriam legitimidade (enquanto parentes sucessíveis, nos
termos do n.º 1 do artigo 141.º CC) e proporiam a acção com o intuito de proteger
Benedita da delapidação patrimonial, bem como a sua (dospais) condição de herdeiros
desta.

Em julhode 2013 Benedita doouum automóvel antigo à sua amiga Daniela, por ocasião
do aniversário desta; no dia 3 de janeirode 2015, após um temporal ter danificado uma

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janela da sua casa, contratou com um carpinteiro o arranjo da janela; e na semana


passada casou-se com Carlos.

b) Pronuncie-se sobre a validade dos atospraticados por Benedita e refira, no caso de


invalidade de algum(ns), quem e em que prazo o(s) pode(m) invalidar.(6valores)

Quanto à doação do automóvel antigo aplica-se o artigo 149.º(por remissão do artigo


156.º)por nos encontrarmos no período entre a publicidade da proposição da acção de
inabilitaçãoe o registo da sentença de inabilitação(embora também fosse aceitável o
recurso aosartigos 150.º e 257.º para quem entendesse que a acção  ainda não teria
sido publicitada aquando da conclusão do negócio). O n.º 1 deste artigo determina a
anulabilidade do negócio desde que “a [inabilitação]venha a ser definitivamente
decretada” (como veio a ser) e “se mostre que o negócio causouprejuízo ao
[inabilitado]”. As doações devem considerar-se sempre prejudiciais ao inabilitado (cfr.
MotaPinto, Teoria Geral, p. 238). O negócio é anulávelpelos pais (nos termos do artigo
125.º, aplicável por remissão dos artigos 156.º e 139.º) dentro doprazo de um ano a
contar do registo da sentença (n.º 2 do artigo 149.º)e pelo próprio incapaz, que teria
um ano para o fazer a partirdo levantamento da inabilitação.Quando Benedita
contratou com o carpinteiro a sentença de inabilitação já tinha sido registada, pelo que
seriade aplicar o artigo 148.º(por remissão do artigo 156.º). No entanto,o negócio é
válido por ser um acto de mera administração(cfr. Mota Pinto, Teoria Geral, pp. 406 a
410)e a sentença de inabilitação abranger apenas os actos de disposição de bens entre
vivos (n.º 1 do artigo 153.º).O casamento é válido. Só os actos de disposição entre vivos
carecem de autorização do curador; os inabilitados por anomalia psíquica–e não os
pródigos –é que não têm capacidade (de gozo) para se casarem (alínea b) do artigo
1601.º).

a)-Caracterização da incapacidade do inabilitado; a incapacidade de reger a esfera


patrimonial e a possibilidade de reger a esfera pessoa –1 valor-Oproblema do
consentimento prestado por um inabilitado e o tipo de consentimento prestado–1
valor-Ainvalidade da cláusula do contrato; a aplicação dos princípios de direito
constitucional às relações entre privados –1 valor b)-Oregime dos atos do inabilitado
no período da pendência da ação –o artigo 156º a remeter para o artigo 149º-0,5
valores- O caráter prejudicial do ato a ser valorado no momento da prática do ato –
2valores-Argumentospara sustentar esta posição –0,5 valoresc)-A incapacidade de
exercício do inabilitado a abranger apenas a prática de atos de disposição entre vivos –
1,5valores- A qualificação do ato praticado por Maria como um ato de mera
administração –0,5 valores-Oregime das ilegitimidades conjugais; o regime de bens do
casal e o artigo 1682º-A –2 valores d)-Oartigo 155º e o prazo de 5 anos nele
estabelecido –0,75 valores-Ratio da solução legal –0.25 valores

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 Identificação da incapacidade –a inabilitação (justificação da opção e caracterização


sumária da incapacidade de exercício em causa) 1A venda de um andar arrendado ao
vizinho O regime dos actos praticados antes da pendência da acção
(156º+150º+257º)O prazo e a legitimidade para arguir a anulabilidade1A troca de um
lote de acções por uma bateriaO regime dos actos praticados durantea pendência da
acção (156º+149º)O prazo e a legitimidade para arguir a anulabilidade
(156º+139º+125º/1 a) e b) + 149º/2)1A venda de um pequeno prédito rústicoO
regime dos actos do inabilitado depois do registo 1 da sentença (153º+156º148º)A
questão do prazo e da legitimidade para arguir a anulabilidade (156º+139º+125º)A
venda de um andar que o tio lhe doaraO dolo do inabilitado (156º+139º+126º)A
divergência doutrinária acerca da possibilidade do curador arguir a anulabilidade 1O
levantamento da inabilitação

 Aníbal desde pequeno deu sinais de perturbações psicológicas que afectam


gravemente a sua capacidade de discernimento e a sua força de vontade. Assim, em
janeiro de 2012, foi requerida a interdição por anomalia psíquica, tendo à ação
respectiva sido dada publicidade em fevereiro do mesmo ano. A sentença de interdição
de Aníbal foi registada em outubro desse ano.Em janeiro de 2012, Aníbal vendeu a
Belmiro um anel de ouro;Em abril de 2012, ofereceu um livro, como prenda de anos, a
um dedicado amigo;Em março de 2013, Aníbal arrendou um armazém.a)Quem poderia
ter requerido a interdição?

–1 valorArt. 141.º -legitimidade para requerer a interdiçãob)Quem pode requerer


ainvalidade dos atos? Em que prazo?–2,5valores

No caso de janeiro –ninguém... (vide infra)

No caso de abril de 2012 -Art. 139.º remete para o art. 125.ºMas atenção ao art. 149.º,
n.º2 –o prazo só começa a correr em outubro de 2013, logo o tutor ainda pode pedir a
anulação, se entendermos anulávelNo caso de março de 2013Art. 139.º remete para o
art. 125.ºAssim, pode requerer a anulação:(125/1)a)o tutor, no prazo de 1 ano a contar
do conhecimento do negocio impugnado–ainda vai a tempob)o interdito, no prazo de
um ano após levantada a interdição, -ainda vai a tempo...c) os seus herdeiros, se vier a
falecer no prazo de um ano, antes de expirar o prazo previsto na alínea anterior-ainda
vai a tempo....

c) Pronuncie-se sobre a validade dosatos praticados.–2,5 valores Em janeiro de 2012,


Aníbal vendeu a Belmiro um anel de ouro;

-Não é anulável, salvo se houver incapacidade acidental –ver arts 150.º e 257.º -a
publicidade da ação foi feita apenas em fevereiro.Requisitos da incapacidadeacidental:
(1) estar incapacitado de entender o sentido da declaração negocial ou não ter o livre
exercício da vontade + (2) esse facto ser notório ou conhecido para o declaratário. Ora,
nada é dito no enunciado que possa levar a pensar nessa hipótese. ESTE NEGÓCIO
NÃO É ANULÁVEL(Admite-se resposta contrária, desde que bem fundamentada, com
os requisitos da incapacidade acidental)

Em abril de 2012, ofereceu um livro, como prenda de anos, a um dedicado amigo;

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Art. 149: requisitos: 1) depois deanunciada a ação; a interdiçãoser definitivamente


decretada; 3) causar prejuízo ao interdito. No caso de doação, Manuel de Andrade
ensina que causa sempre prejuízo(Ver MOTA PINTO,p. 237.) LOGO, ESTE NEGÓCIO
É ANULÁVEL(Suplementarmente, admite-se resposta contrária, desde que se tenha
exposto a tese de Manuel de Andrade e se fundamente devidamente, com base no 127.º,
por remissão do art. 139.º, ou eventualmente, embora mais difícil de argumentar, por
aplicação do art. 334.º (Abuso do Direito [de anular]).

Em março de 2013, Aníbal arrendou um armazém.


ANÍBAL é interdito, não tem capacidade de exercício de direitos –art. 139.º, que remete
para o art. 123.º e 125.º -LOGO, ESTE NEGÓCIO É ANULÁVEL

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