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De acordo com Gil (2002), por pesquisa bibliográfica entende-se a leitura, a análise e
interpretação de material impresso. Entre eles podemos citar livros, documentos
mimeografados ou fotocopiados, periódicos, imagens, manuscritos, mapas, entre outros.
Portanto, para efectivação do presente trabalho recorre-se para pesquisa bibliográfica.
Conceito de casamento
De acordo com Michel Foucault, citado por Mesquita Silva (2013), o casamento “é
uma instituição que faz parte do sistema de controlo social, Foucault sugere que o
casamento é uma forma de regular, a sexualidade e a reprodução humana”, impondo
normas e padrões sociais sobre o comportamento sexual. Na mesma linha de ideias o
sociólogo Émile Durkheim (2009), conceitua casamento como uma “instituição social
que envolve a união de duas pessoas em uma relação moral e legalmente reconhecida,”
Durkheim acredita que o casamento é uma forma de regular e controlar a sexualidade
humana, estabelecendo limites e regras para comportamento sexual.
Nos termos do artigo 8 da Lei n.º 22/2019 de 11 de Dezembro 2, que prevê o regime
jurídico da família, casamento, estatui que o casamento é a união voluntária e singular
entre um homem e uma mulher, com o propósito de constituir família, mediante
comunhão plena de vida.
1
LORENA, Mesquita Silva. “Casar pra quê?”. En: Contribuciones a las Ciências Sociales.
Julio, 2013
2
Art.8 da Lei n.º 22/2019 de 11 de Dezembro Lei da Família Moçambicana
Modalidades de casamento
3
O casamento religioso e tradicional só podem ser celebrados por quem tiver a capacidade
matrimonial exigida por lei. Neste tipo de casamentos a capacidade matrimonial dos nubentes é
comprovada por meio de processo preliminar de publicações, organizado nas repartições do
registo civil a requerimento dos nubentes ou do dignitário religioso, nos termos da lei de registo.
Verificada no despacho final do processo preliminar de publicações a inexistência de
impedimentos à realização do casamento, o funcionário do registo civil extrai o certificado
matrimonial, que é remetido ao dignitário religioso e sem o qual o casamento não pode ser
celebrado
4
GOMES, Orlando. Direito de Família. 7. ed. 4ª triagem. Rio de Janeiro: Forense, 1992.
5
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 8. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2011.
6
21 Art. 47 da Lei n.º 10/2004 de 25 de agosto, de família moçambicana, Revogada pela Lei n.º
22/2019 de 11 de Dezembro.
Contexto histórico de união de facto
Do ponto de vista histórico a união de facto tem sua origens na idade media, quando a
igreja católica passou a regular o casamento como um sacramento religioso, tornando
obrigatória a celebração do matrimónio pera um sacerdote. Com isso casais que
seguiam as normas da igreja passaram a conviver em situação irregular, sem a
formalização do casamento. No século XIX, com a ascensão da burguesia e o
surgimento da família nuclear, o casamento passou a ser visto para a organização da
sociedade e para a transmissão do património de geração para geração. No entanto,
mesmo coma a valorização do casamento, as uniões informais continuaram a existir
espontaneamente entre as classes mais pobre.
União de facto
A união de facto é um conceito jurídico que se refere a uma relação afectiva entre
duas pessoas que vivem juntas como se fossem um casal, mas sem estarem casadas
oficialmente. Essa relação ode ser entre pessoas do mesmo sexo no caso de países que
aprovaram a homossexualismo ou de sexos diferentes como caso de Moçambique.
Para Sílvio rodrigues (2006), a união de facto é uma convivência entre duas pessoas
de forma duradoura, continua e pública, com objectivo de constituir família, sem a
necessidade de formalização perante o estado. Na mesma Cristiano chaves (1997) a
união de facto é uma relação de facto que se caracteriza pela convivência pública
continua e duradoura entre duas pessoas como objectivo de constituir família. A sua
existência pode ser comprovada por diversos meios, como declarações de testemunhas,
documentos, fotos e outros elementos de prova.
Do ponto de vista legal nos termos do artigo 207 da Lei n.º 22/2019 de 11 de
Dezembro, A união de facto é a ligação singular existente entre um homem e uma
mulher, com carácter estável e duradouro, que sendo legalmente aptos para contrair
casamento não o tenham celebrado. 2. A união de facto pressupõe a comunhão plena de
vida pelo período de tempo superior a três anos sem interrupção.
Em conformidade com o previsto no artigo 208 da LF, A união de facto releva para
efeitos de presunção de maternidade e paternidade, nos termos do disposto na alínea c)
do número 2 do artigo 234 e na alínea c) do número 2 do artigo 286 da presente Lei. 2.
O regime de bens aplicável a união de facto é o de comunhão de adquiridos. A união de
facto releva também para efeitos sucessórios e outros previstos em demais legislação.
Reconhecimento Administrativo
3. A união de facto não carece de outros elementos de prova para além da declaração a
que se refere o número 1 do presente artigo, salvo se fundadas dúvidas existirem sobre a
verdade do conteúdo desta. 4. A certificação da existência da união de facto deve ser
feita em livro próprio, existente nas autoridades administrativas.
5. A autoridade administrativa, após verificar que se mostram preenchidos os
pressupostos legais da união de facto, deve remeter o certificado aos serviços de registo
civil da área de residência dos companheiros, para efeitos de emissão do atestado da
união de facto. 6. Cabe aos serviços de registo civil da área de residência dos
companheiros da união de facto transcrever o certificado emitido pela autoridade
administrativa, nos termos do presente artigo, e emitir o atestado da união de facto. 7. O
atestado da união de facto, passado nos termos do presente artigo, faz prova plena em
juízo e fora dele.
Reconhecimento judicial
A existência e cessação da união de facto pode ser nos ternos do artigo 211 n o1.
declarada por via judicial. A acção visando a declaração da existência ou cessação da
união de facto segue a forma expedita de processo de jurisdição voluntária, aplicando-se
as regras estabelecidas nos artigos 1409º, 1410º, 1411º e número 2 do artigo 1414º, do
Código do Processo Civil. O pedido de reconhecimento da existência ou cessação da
união de facto pode ser cumulado com os pedidos relativos à efectivação dos efeitos da
união de facto, com as necessárias adaptações.
Legitimidade para intentar a acção de reconhecimento da existência e Vícios da
união de facto
Em conformidade com o previsto no artigo 212, tem legitimidade para intentar a acção
de reconhecimento da existência ou cessação da união de facto ou prosseguir nela: a) o
companheiro da união de facto, ou o seu representante legal, em caso de incapacidade,
nos termos da lei; b) os sucessíveis do companheiro da união de facto em caso de morte
deste; c) os que provem ter interesse directo no reconhecimento da existência ou
cessação da união de facto. Grosso modo eu o artigo 2013 da LF, prevê que é aplicável
à união de facto o regime jurídico da invalidade do casamento com as necessárias
adaptações.
Conclusão
Chegado a este ponto é possível observar-se que a união de facto é uma convivência
entre duas pessoas de forma duradoura, continua e pública, com objectivo de constituir
família, sem a necessidade de formalização perante o estado. Ou seja, a união de facto é
uma relação de facto que se caracteriza pela convivência pública continua e duradoura
entre duas pessoas como objectivo de constituir família. A sua existência pode ser
comprovada por diversos meios, como declarações de testemunhas, documentos, fotos e
outros elementos de prova.
Do ponto de vista legal nos termos do artigo 207 da Lei n.º 22/2019 de 11 de
Dezembro, A união de facto é a ligação singular existente entre um homem e uma
mulher, com carácter estável e duradouro, que sendo legalmente aptos para contrair
casamento não o tenham celebrado. 2. A união de facto pressupõe a comunhão plena de
vida pelo período de tempo superior a três anos sem interrupção. Em conformidade com
o previsto no artigo 208 da LF, A união de facto releva para efeitos de presunção de
maternidade e paternidade, nos termos do disposto na alínea c) do número 2 do artigo
234 e na alínea c) do número 2 do artigo 286 da presente Lei. 2. O regime de bens
aplicável a união de facto é o de comunhão de adquiridos. A união de facto releva
também para efeitos sucessórios e outros previstos em demais legislação.
Dias, M. B. (2015). Direito das famílias. 10. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais;
Engisch, K. (2014). Introdução ao pensamento jurídico. 11. ed. Tradução: João Baptista
Machado. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian;
Mello, M. B. (2019). Teoria do fato jurídico: plano da existência. 22. ed. São Paulo:
Saraiva;
Legislação