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FILOMENA
BARATA A MULHER EM ROMA
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A MULHER EM ROMA
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A MULHER EM ROMA
«No Amor, Mil Almas, Mil Maneiras Diferentes Nem todas as mulheres
experimentam os mesmos sentimentos. Encontrareis mil almas com mil
maneiras diferentes. Para as conquistar, empregai mil maneiras. A
mesma terra não produz todas as coisas: tal convém à vinha, tal à oliveira;
aqui despontarão cereais em abundância. Há nos corações tantos
caracteres diferentes, quantos rostos há no mundo.»
«Feio é o campo sem erva e o arbusto sem folhas e a cabeça sem cabelo»
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A MULHER EM ROMA
«Há quem, à luz que alumia os longos serões de inverno, abique archotes
com um ferro acerado, enquanto a esposa, que suaviza com o canto o seu
labor, passeia no tear o pente de som harmonioso, ou coze ao lume o doce
mosto, e escuma com um ramo o líquido que ferve no tacho.
«Se pudéssemos viver sem elas, sem dúvida omnes e a molestia careremus;
mas uma vez que os deuses decidiram que não se pode viver sem elas, nem
com elas conviver racionalmente, não nos resta senão fechar os olhos e
pensar no bem do Império.»
Catão
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A MULHER EM ROMA
Roma era uma sociedade ancestral e essencialmente patriarcal. A res publica era
conduzida exclusivamente por homens e à cabeça de cada grupo estava um pater
famílias, que exercia o seu poder até à morte, podendo decidir da vida ou morte dos
seus filhos.
É só ele que pode participar na vida política, nas assembleias, no senado, nas
magistraturas e, no âmbito familiar, era o homem que presidia e assumia
juridicamente a função predominante, ou seja, para todos os efeitos, comandava a
casa. Pelo casamento - coniunctio maris et feminae, ou seja «a união de um homem e
uma mulher» - a mulher passava a depender da família do marido, ficando
submetida a um poder familiar semelhante ao que tinha em casa antes do
matrimónio, pois o esposo podia também decidir da sua vida.
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A MULHER EM ROMA
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A MULHER EM ROMA
conservam sistemas semelhantes. (...) Deste estatuto do pater resultou a expressão «chefe
de família», que é, portanto, uma tradução fiel. Talvez ainda fosse preferível dizer «chefe
da casa», para exprimir em simultâneo os vários aspectos envolvidos: económico
(patrimonial e organizativo), social (de grupo institucionalizado), afectivo e só
parcialmente de parentesco biológico ou de conjugalidade. Contudo, a lei portuguesa
(sobretudo, no art. 487.º, n.º 2, do Código Civil) preferiu a expressão latinizante «pai de
família». Além de ser um chefe, o pater familias era a única pessoa com plena
capacidade jurídica. As mulheres (pelo menos, na maioria dos casos), os filii, os escravos
e os estrangeiros tinham uma capitis deminutio (à letra, uma «diminuição da
cabeça»!!), ou seja, não podiam celebrar por si contratos válidos nem tinham, em regra,
propriedade sua. Todos os bens e contratos eram, em princípio, do pater. Em rigor,
uma capitis deminutio significaria uma tendencial falta de personalidade jurídica,
embora se encontrassem algumas restrições a esta falta:
A mulher entrava na esfera familiar do marido «como se de uma filha se tratasse, com
todas as implicações daí decorrentes, nomeadamente a de se constituir com heres
suus, isto é, de se tornar sua herdeira directa. Era, na esfera jurídica, como uma irmã dos
seus próprios filhos» (Amílcar Guerra, op. cit.).
No dia do casamento, a noiva trajava o seu fato apropriado e um dos elementos mais
importantes básicos era o cinturão feito de lã (cingulum) que simbolizava a
virgindade, fechado com o nó de Hércules que apenas era desatado no lectus
genialis. Ao que parece este nó também se relacionava com a fertilidade, pois
Hércules havia sido pai de uma numerosa prole e tinha ainda poderes apotropaicos.
Os nubentes podiam ainda usar durante o banquete coroas de mirto, como refere
Ovídio.
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Múrias, Pedro, "Bonus Pater Familias" in http://muriasjuridico.no.sapo.pt/eBonusPater.htm
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A MULHER EM ROMA
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Descrição e fotografia a partir de MatrizNEt
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A MULHER EM ROMA
A esta união das mãos (dextrarum junctio) seguia-se um grande banquete oferecido
pelo pai, no qual se serviam algumas iguarias. À noite, quando aparecia a primeira
estrela a brilhar no Céu, a jovem era conduzida em cortejo à casa do marido, o que
dava origem a certos rituais, encenando algo de dramático: a noiva fingia refugiar-se
nos braços da mãe, donde era arrancada e arrastada aparentemente à força.
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A MULHER EM ROMA
Não obstante, é claro que, em Roma, as mulheres ocupavam uma posição de maior
destaque do que acontecia na Grécia Antiga, em particular em Atenas, pois Esparta
parece ter-lhes dado maior autonomia.
«Numa visão geral, o homem apresenta-se normalmente como o chefe de família, sendo
o pater familias o único elemento que desenvolve uma actividade pública (estritamente
política ou não), por oposição à domina, a «senhora da casa» (domus) cujo «poder» se
restringiria a esse âmbito particular. E, de uma forma geral, não restam dúvidas de que a
3
A ver:
http://www.historia.templodeapolo.net/civilizacao_ver.asp?Cod_conteudo=141&value=Casamento+ro
mano&civ=Civilização+Romana&topico=Família
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sociedade romana se centrava na figura do homem» (Amílcar Guerra, op. cit. p: 16) que
dentro de casa era o responsável pela religião e culto aos lares da família.
Quando casada, era, de facto "senhora da casa", a domina, não sendo, contudo,
reclusa nos aposentos das mulheres, Geniceu, como se conhecia em Atenas, na Grécia
Antiga.
Por concessão do marido ela assumia o governo da casa (cura) e passava a ter direito
às chaves do cofre-forte.
A mulher é, por excelência, a mater familia ou matrona. Tomava também conta dos
escravos, omnipresentes em casa, e participava das refeições com o marido, como se
pode verificar no Banquete, saía (usando a "stola matronalis"), tinha acesso aos
tribunais e participava nos espectáculos públicos, sendo, por isso, criticada por
Juvenal e pelo cristão Tertuliano, pois assumia uma presença pública, não se
cingindo às actividades domésticas ou aos tempos livres entre bordados.
E ainda, quando questionada sobre se a mulher romana tinha uma posição mais
respeitável em relação às outras mulheres da Antiguidade, aceita que sim,
especialmente desde o final da República:
«La mujer romana no estaba, como la griega, encerrada en el gineceo. Se puede decir que
la romana tenía más libertad que la esposa ateniense clásica y mucha más que durante
épocas posteriores. Hay dos aspectos muy importantes en Roma que ayudaron a ello:
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Esta especialista aceita que desde a época de Augusto, a mulher pôde dispor de
liberdade para administrar os seus próprios bens e o seu património. «Hay mujeres,
generalmente de un alto status social, que son, además, grandes negociantes. Aunque las
más suelen ser mujeres que tienen que ganarse la vida, generalmente libertas que
dirigieron y sacaron adelante su propio trabajo o negocio»4.
Embora a acessibilidade das mulheres à educação não fosse como a dos homens, pois
ainda se perpetuava a noção de não tinha a mesma capacidade do que o homem, ou
seja a impotentia muliebris, é um facto que houve muitas mulheres ilustradas em
Roma, de que se salienta a poetisa Sulpicia que viveu no século I d. C., ao tempo do
imperador Augusto, tendo por pai o orador Servio Sulpicio Rufo, filho do jurista
Servio Sulpicio Rufo e sua mãe Valeria, irmã de Marco Valerio Mesala Corvino,
companheiro de estudos de Cícero, como nos dá conta o artigo que lhe foi dedicado
na Revista de Historia5.
4
Entrevista con Pilar Fernández Uriel: "la mujer romana no estaba, como la griega, encerrada en el
gineceo". Villanueva, Mario Agudo, in blogue "Mediterráneo Antiguo - arqueología e historia", link:
http://www.mediterraneoantiguo.com/2014/06/entrevista-con-pilar-fernandez-urel-la.html
5
Sulpicia, poetisa romana. Link: http://revistadehistoria.es/sulpicia-poetisa-romana/
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A MULHER EM ROMA
vezes, desconhecidas. É pois através dos textos escritos pelos homens que é possível
descobrir o que foi a vida das romanas. As autoras da obra «A Vida Quotidiana da
Mulher na Roma Antiga», A. Gourevitch e Raepsaet-Charlier levaram a cabo um
verdadeiro inquérito para descobrir a realidade dessas mulheres.
Muitos outros nomes brilhantes, trágicos ou mesmo sinistros, como refere a mesma obra
subsistiram na memória colectiva - Agripina, Octávia, Lívia, Messalina - a maioria
delas deixou apenas indícios dispersos.»6
Vale a pena ver o notável trabalho compilado por Amudena Domínguez Arranz em
«Política y género en la propaganda en la Antiguidad - A modo de prefacio», para nos
6
In sinopse de "A Vida Quotidiana da Mulher na Roma Antiga", de Marie-Thérèse Raepsaet-Charlier e
Danielle Gourevitch, ed. Livros do Brasil, 2005.
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darmos conta como a situação da Mulher era diversa e que muitas das virtudes das
mulheres das elites funcionam apenas como exempla para a sociedade.
Apenas a título de curiosidade cito o texto do poeta Claudiano que nos retrata
Prosérpina como uma mulher de virtude e que «(...) lavrava com a agulha a série dos
elementos e o trono paterno (...) bordava com que regra a mãe natureza ordenou a antiga
confusão e como os elementos se dispuseram nos lugares próprios: o que é leve para o alto é
conduzido, no meio caiem as coisas mais pesadas, tornou-se o ar incandescente, o fogo
ergueu-se para o céu, ondeou o mar, ficou suspensa a terra. E não havia apenas uma cor:
com o ouro iluminou as estrelas, derramou as águas com púrpura. Com as pedras
preciosas ergue um litoral, fios em relevo dão engenhosamente fora a fingidas ondas»7.
7
Claudiano (Alexandria, ca. 370 — Roma, 404), in «O Rapto de Prosérpina»
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A MULHER EM ROMA
Usando ainda as palavras de Amílcar Guerra: «Sem que possa atribuir a esse facto uma
relevância especial, a verdade é que a mulher não só não perdia o seu nome de solteira,
como nunca alterava, por casamento. Mantinha, por isso, na regra mais geral, o nome
da gens (comum a toda a sua família alargada, de qualquer modo o da via masculina) e
o seu cognomen que a individualiza nesse âmbito. Todavia, a preponderância masculina
8
N.S. Gill, N. S., "Matrimonium - Roman Marriage: Types of Roman Marriage - Confarreatio, Coemptio,
Usus, Sine Manu", link: http://ancienthistory.about.com/od/marriage/a/RomanMarriage.htm
9
Encarnação, José d', "Epigrafia no feminino na Lusitânia romana", in Philía (Jornal Informativo de
História Antiga, Núcleo de Estudos de História Antiga da UERJ, Rio de Janeiro), ano XII, nº 34,
Abril/Maio/Junho 2010, p.6. Link: http://notascomentarios.blogspot.com/2010/04/epigrafia-no-
feminino-na-lusitania.html
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leva a que ela não transmita, por norma, o nomen gentilicum» (Guerra, p. 109). A
propósito da origem dos nomes, destaco aqui o exemplar de um monumento
funerário (sito no Museu Francisco Tavares Proença Júnior) divulgado por Portugal
Romano:
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A MULHER EM ROMA
Assim nos diz também Almudena Domínguez Arranz, no seu ensaio “Política y
género en la propaganda en la Antigüedad. A modo de prefacio”: «Es así como
durante la República romana, los varones no pensaban que las féminas eran inferiores,
pues varias matronas poseían auctoritas, y la concepción del sexus
imbecilitas o fragilitas fue criticada tanto por juristas como por filósofos, que
manifiestan que «la condición jurídica de las mujeres era peor que la de los varones y
11
Mães e filhos passea do por e tre Epígrafes , I “EVILLANO “AN JO“É, Mª Car e , ed. [et al.] - El
Conocimiento del Pasado. Una Hierramienta para la Igualdad. Salamanca: Plaza Universitaria Ediciones,
2005. p. 101-113. Link: http://hdl.handle.net/10316/11518
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consideran que no hay razones para negarles en la vía jurídica lo que forma parte de lo
cotidiano en la vía extrajurídica». Es decir, había una mayor consideración en cuanto a
la educación en la igualdad de oportunidades de la mujer respecto del varón. Así lo avala
Isabel Núñez Paz, constatando el retroceso que se produce tras los cambios políticos del
principado de Octaviano y cómo la emancipación femenina sufrió un revés, haciéndose
las mujeres menos visibles en la vida pública (los últimos vestigios de
la auctoritas femenina se constatan en Octavia, la hermana de Augusto)»(....). Con
César adquiere rango oficial la descendencia de Venus Genetrix y con los Julio-Claudios
logra una amplia difusión a nivel provincial, que busca la manifestación de adhesión a
la política imperial. Venus, además, era bien conocida en Hispania, según podemos
comprobar por las inscripciones y las imágenes, en su mayoría modelos iconográ0cos
clásicos. Matronas y prostitutas dedicaban a la diosa celebraciones especí0camente
femeninas». En su re1exión, la autora insiste en que, si bien las inscripciones votivas
dan primacía a la diosa política, la iconografía, y especialmente la de su uso privado,
refuerza su aspecto de diosa del amor y, en ese contexto, probablemente del matrimonio.
La deidad, como un modelo de mujer, ofrece varias facetas de sexualidad, fertilidad y
belleza, pero también juega un papel importante como una divinidad política, al modo
helenístico»12.
O divórcio era aceite na sociedade romana e o casamento chegou a ser até impopular
na Época Imperial, sendo estas as palavras de Cecílio Metelo: «Se pudéssemos passar
sem uma esposa, romanos, todos evitaríamos os inconvenientes, mas como a natureza
12
Arranz, Almudena Domínguez, "Política y género en la propaganda en la Antigüedad. A modo de
prefacio", Madrid : Universidad Complutense, 2013. Link:
http://www.academia.edu/15263381/Pol%C3%ADtica_y_g%C3%A9nero_en_la_propaganda_en_la_Anti
g%C3%BCedad._Antecedentes_y_legado._Gender_and_politics_in_propaganda_during_Antiquity._Its_
precedents_and_legacy_
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dispôs que não podemos viver confortavelmente sem ela, devemos ter em vista nosso bem-
estar permanente e não o prazer de um momento»13.
Também se sabe que a vida militar era interdita às mulheres, e que o imperador
Augusto chegou a proibir os soldados rasos de se casarem, uma interdição que se
manteve quase dois séculos. Assim se consolidou a ideia de que «ninguna mujer se
unía al ejército», disse Allason-Jones, num trabalho dedicado a este tema. «Esto
comenzó a cambiar a finales de 1980, cuando Allason-Jones inició la búsqueda de
evidencias de que las esposas e hijos de los centuriones - oficiales que comandaban
unidades de 80 soldados - vivían con ellos en las fronteras y fortalezas provinciales»,
dado a conhecer através do blogue «Terrae Antiqvae»14.
Sobre a crítica feita por muitos escritores romanos a certos vícios das mulheres, a
exemplo de Juvenal e de Marcial, vale a pena ver como este último se refere a Levina
que deixa o marido para ir atrás de um jovem: «tomada pelo ambiente de devassidão
que se dizia reinar na estância de veraneio que era Baias, na Campânia, “uma
Penélope chegou, outra Helena partiu”:
Não ficava atrás das antigas Sabinas, tão casta era Levina,
e esta, mais austera mesmo que o severo marido,
à força de se lançar, ou no Averno, ou no Lucrino,
e à força de se esquentar nas águas de Baias,
ficou em fogo: e foi atrás de um jovem, abandonando
o marido: uma Penélope chegou, outra Helena partiu. (Marcial, 1, 62.15)
Juvenal, que viveu nos séculos I e II d.C. nascido em Aquino, na Campânia, entre os
anos 62 e 67 d.C., e que parece ter morrido por volta do ano 130, chega mesmo a
13
Suetónio, Vida dos Doze Césares, "Augusto", p. 89
14
Link: http://terraeantiqvae.com/m/blogpost?id=2043782:BlogPost:339048
15
Cavaco, Lucinda Maria da Silva, "Juvenal, Satvrae: Tipos e Vícios", Dissertação de Mestrado em
Literatura Latina apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Lisboa, 2009. Link:
http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/3907/1/ulfl080840_tm.pdf
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aconselhar o seu amigo Póstumo a não contrair matrimónio, por ser um acto de
loucura, pois às mulheres atribuía os maiores defeitos, como a falta de pudícia e o
entregarem-se a actividades que só deveriam pertencer aos homens, como é o caso da
prática dos jogos na arena.
Recorda a matrona romana de outros tempos, exemplo das qualidades exigidas a
uma mulher cujo destino era o casamento legítimo, a educação dos filhos, dar filhos,
encarregar-se da casa e ser recatada e submissa. O exemplo de Lucila, segunda filha
do imperador Marco Aurélio, no século II d.C. , é um desses casos de grande afeição
pelos jogos e lutas de gladiadores, cuja vida vale a pena conhecer16.
16
"Lucila, la ex del Gladiator", in Tabula, blogue da revista Stilus, 2013. Link:
http://blogtabula.blogspot.com.es/2013/02/lucila-la-ex-del-gladiator.html
17
Nuevas pruebas confirman la existe cia de ujeres gladiadoras , i Natio al Geographic. Link:
http://www.nationalgeographic.es/noticias/mujeres-gladiador
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«De acordo com o biógrafo Suetónio, o imperador Domiciano (reinou 81-96 d.C) fez as
mulheres lutarem na arena à noite iluminadas com tochas. Este relevo em mármore foi
esculpido por ocasião da missio (desobrigação honrosa) de duas lutadoras mulheres,
'Amazônia' e 'Achilia', que tinham provavelmente ganho a sua liberdade, dando uma
série de excelentes performances. Elas são apresentadas com o mesmo equipamento dos
gladiadores do sexo masculino, mas sem capacetes.
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A MULHER EM ROMA
perturbam, pois afinal de contas ele era um gladiador. O humorista acrescenta: "O que
essas mulheres adoram é a espada."
O moralista Tertuliano retomará muitas destas questões, fazendo uma crítica aos
modos de vestir de algumas matronas romanas do Norte de África, pois com o
avançar do Império foram adquirindo formas de trajar mais exuberantes, bem como
novos hábitos no tratamento dado aos cabelos, referindo ainda o seu acesso aos
lugares de espectáculo.
18
E. Köhne and C. Ewigleben (eds.), Gladiators and Caesars: the po (London, The British Museum Press,
2000). Fonte: http://www.ipernity.com/doc/laurieannie/34485587 (Sculpture 1117)
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A MULHER EM ROMA
Se bem que a generalidade das meninas romanas recebesse apenas uma instrução
básica, pois a sua função primordial era prepararem-se para serem esposas e mães,
como acima referimos, houve muitos exemplos de mulheres que exerceram influentes
profissões e que dirigiram negócios lucrativos. Há também inúmeros casos de
mulheres versadas em Literatura, em música e reconhecidas bailarinas.
Estudos feitos sobre relevos de Óstia, efectuados em 1981 por Natalie Kampen e
publicados em “Image and status: Roman working women in Ostia”, confirmam a
existência de mulheres trabalhadoras. Também nos lembra Lourdes Conde Feitosa
que «Na cidade de Pompeia, foram encontrados cartazes de propaganda política do
século I d.C., denominados programmata, que nos mostram o apoio feminino a
candidatos locais dado por mulheres abastadas, mas também prostitutas, trabalhadoras,
donas de tabernas, escravas, libertas, esposas com ou sem seus maridos, entre diversas
outras»19.
19
Feitosa, Lourdes Conde Feitosa, "Cinema e arqueologia: leituras de gênero sobre a pompéia romana",
in revista Gênero, Niterói, v. 10, n. 2, p. 257-271, 1. sem. 2010. Link (download):
file:///C:/Users/Jo%C3%A3o%20Cruz/Downloads/26-64-1-PB.pdf
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Dançarina na Villa Casale, Piazza Armerina (Sicilia). Foto de Inés Navarro. Link:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10205206014740395&set=a.10205206
011420312.1073741841.1546626080&type=1&theater
Até determinada altura, a toga era o elemento básico do vestuário, quer feminino,
quer masculino, ao ponto de Virgílio na Eneida (I, 282) chamar aos Romanos «os
senhores do mundo, o povo da toga».
24
A MULHER EM ROMA
Um vestido inferior com mangas era usado sob a stola. As viúvas usavam o ricinium,
uma espécie de xaile.
Os tecidos eram feitos de lã, linho ou sedas de várias cores, pois já era conhecida a
tinturaria, de origem vegetal e animal.
Quanto à roupa interior, indumenta, pouco se conhece, mas sabe-se que as mulheres
usavam uma faixa de tecido no peito (fascia pecturalis; mammilia) e outra sobre os
rins (subligaculum).
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A MULHER EM ROMA
«Por estas escenas es más que probable pensar que los bikinis, entendidos como ropa
interior, eran utilizados por las mujeres de la sociedad romana para hacer ejercicio y para
las competiciones deportivas. Los cuerpos de las pugilistas eran atléticos y bien torneados
por el ejercicio diario Algunas de ellas llegaron a ser grandes y admiradas atletas que
quedaron inmortalizadas en estos mosaicos, portando la corona de la victoria y una rama
de laurel».20
20
A partir de Javier Ramos/Ampa Galduf «Operación bikini de las atléticas chicas romanas»:
http://arquehistoria.com/el-bikini-de-las-romanas-9158
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Imagem da popular série televisiva “Spartacus”, que reflete mais as tendências modernas
híper-sexualizadas do que da antiga Roma, onde as mulheres eram bem mais recatadas no
trajar, sobretudo em público
«El cine y últimamente la televisión nos tienen acostumbrados a mostrar a las romanas,
salvo excepciones, algo frívolas en su modo de vestir y de adornarse. Esto ha llevado a la
idea equivocada de que las mujeres romanas iban mostrando sus cuerpos, pero nada más
lejos de la realidad. Generalmente iban muy tapadas y, de hecho, en público y por la calle
no debían mostrar su cuerpo ni siquiera casi las manos y muy poco de la cabeza.
Evidentemente, como cualquier mujer, a las romanas también les gustaba vestir lo mejor
posible y, ante todo, mostrar con ello su status social, pero todo ello sin caer en la
obscenidad. Buena prueba de que eran coquetas lo tenemos en la reacción a la Lex Oppia,
cuya promulagación, en el contexto de la II Guerra Púnica, dio lugar a la prohibición a
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A MULHER EM ROMA
las mujeres de portar, entre otras cosas, cierta cantidad de joyas. Ante esta restricción las
matronas no dudaron en movilizarse y concentrarse en Roma para conseguir que se
derogase, como finalmente se hizo.
Sus maridos no parecían entender esa afición, como en el caso de este fragmento del
Satiricón de Petronio:
‘Ya veis -dice- los perifollos con que cargan las mujeres y nosotros,
como estúpidos las dejamos que nos desplumen […]’ Para no ser
menos, Centella, echando mano a un estuche de oro que llevaba colgado
al cuello y que ella llamaba su ‘buena estrella’, sacó unos pendientes y,
a su vez, los ofreció a la consideración de Fortunata: ‘Son -dice- un
regalo de mi señor marido; no hay otros mejores’. ‘¿Cómo? – salta
Habinas – ¿No me habrás desangrado para comprarte esas lentejuelas
de cristal?.Desde luego, si yo tuviera una hija, le cortaría las orejitas.
Si no hubiera mujeres lo tendríamos todo regalado […]’
En primer lugar, hemos de entender cuál era el ideal de mujer romana, que era el que
representaba la matrona (de la raíz mater-madre- se refiera a la mujer casada) que
solían ser las mujeres pertenecientes la alta sociedad patricia de Roma. Éste era un
modelo de mujer cuyo comportamiento, en todos los aspectos de la vida, debía ser
irreprochable. Era el paralelo femenino del buen romano, que se resume en la gravitas,
parsimonia pudicitias, certamen, pides, pietas y virtus (1). No es un modelo que nos
quede muy lejos, pues es el que heredó la tradición cristiana.
Desde pequeña, las niñas eran educadas para el matrimonio bajo la potestad de su padre
y, con el casamiento, pasaban a estar bajo el poder de su marido. Por tanto, la mujer
romana tendrá su espacio en el ámbito doméstico y la función esencial que tenía era la de
traer al mundo a nuevos ciudadanos y transmitirles el mos maiorum.
Si estos valores son exigibles a todas las mujeres, el concepto de matrona iba vinculado
además a la laboriosidad, a la austeridad en las costumbres, la fidelidad, la modestia, el
amor hacia su marido y sus hijos… Pero ni la educación ni la cultura estaban entre las
virtudes deseables para las matronas. Entre los méritos que distinguían a las matronas
romanas se encontraba de forma recurrente el del hilado (el trabajo de la lana era
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A MULHER EM ROMA
esencial, símbolo de la matrona por antonomasia y el huso y la rueca son dos de los objetos
que la novia llevará a su nuevo hogar en el día de la boda). Por tanto, la mujer se
ocupaba en hilar y tejer, dirigía la educación de los hijos, vigilaba la servidumbre y
llevaba una activa vida social acompañando a su marido.
Como en toda sociedad, la indumentaria era un símbolo de la clase y poder social. Viendo
a un romano por su vestimenta podríamos saber en cuestión de segundos si era pobre o
rico, y además viendo a dos romanos ricos podríamos saber también inmediatamente cuál
tiene un cargo público, cual es un patricio, y así una cantidad de distinciones
considerables. La ropa en Roma no solo nos permitía diferenciar al romano del no
romano, nos permite diferenciar al romano del romano.
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A MULHER EM ROMA
Las diferencias sociales se acentuaban en la ropa. No solo por una cuestión de materiales
y calidad sino también por una cuestión de simbología implícita en las prendas. Era la
misma sociedad la que imponía estas reglas de vestimenta que permitían ver el poder o
clase del individuo.
LA TOGA
La vestimenta habitual de los romanos, desde los tiempos más antiguos, era la toga.
Todos los ciudadanos que nacían libres la llevaban, de hecho, originariamente, la
llevaban tanto las mujeres como los hombres. Los extranjeros y esclavos la tenían
prohibida.
“Romanos, rerum dominos, gentem que togatam” (Romanos, señores del mundo, los que
visten con togas)
De esta forma tan peculiar definía Virgilio a los propios romanos, y es que la toga
terminó por convertirse en el símbolo supremo del desarrollo romano.
Habitualmente era una tela hecha de lana blanca, que indicaba la ciudadanía romana, si
bien habían diferencias de color según las edades, rangos y funciones: Toga virilis –la
que vestían aquellos que llegaban a la madurez ; Toga Praetexta – toga blanca con una
tira púrpura que llevaban los niños antes de adquirir la Toga Virilis; Toga Candida-
extremadamente blanca y brillante que los candidatos a las magistraturas vestían para
presentarse ante las asambleas; Toga Picta- ricamente decorada era utilizaba por los
generales victoriosos; Toga Pulla- Era una toga de luto, de color negro; Toga Trabea:
toda púrpura o blanca adornada de bandas púrpura, que usaban los cónsules,
caballeros,… como vestidura de gala. Las mujeres romanas no vestían toga, que de hecho
podía tener otras connotaciones como el adulterio o la prostitución.
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A MULHER EM ROMA
Las matronas romanas iniciaban el día con su aseo y vestido. Lo primero que hacían era
peinarse y maquillarse. Después pasaban a vestirse, y el tercer paso consistía en colocarse
su ingente cantidad de joyas: diademas, pendientes, brazaletes, collares,etc. Estas tareas
no las hacían ellas mismas sino que precisaba de la ayuda de sus sufridoras esclavas, las
ornatrices.
Por supuesto la mujer contaba con prendas exclusivas como la stola, un indicador de su
estado civil. Otra prenda de la mujer es la Palla, un velo o manto que la mujer utilizaba
para cubrir sus hombros, o formar una capucha cuando se encontraba en la calle.
Las túnicas, tomadas de los griegos, eran la ropa básica tanto para hombres como para
mujeres y fueron adaptadas a las diferentes necesidades de la sociedad. Hechas de lana
sin teñir cosida a los lados, era una prenda que llegaba hasta las rodillas en los hombres y
hasta media pierna o los tobillos en las mujeres. Era un pieza tan útil y cómoda que
rápidamente se convirtió en la prenda de trabajo, de vestir en la privacidad del hogar y la
ropa básica del soldado.
Las que más aprovecharon las túnicas fueron las mujeres. La stola era una variedad de
túnica que la mujer empezaba a vestir inmediatamente después del matrimonio, pero por
debajo las romanas también llevaban ropa interior.
LA ROPA INTERIOR
La Stola se ponía sobre túnicas interiores sin mangas llamadas Indusium que eran el
equivalente de la masculina Subucula (“bajo la túnica”). Con estas túnicas también se
dormía. En cuanto a los materiales se usaban lino, algodón y sobre todo lana.
Debajo del Indusium, a modo de ropa interior las mujeres solían utilizar los fascia
pectoralis, una banda de lino a modo corpiño que ayudaba a darle mayor firmeza al
busto. El strophium y la mamillare eran también dos prendas interiores utilizadas por las
mujeres. Estas eran más semejantes a los corpiños actuales. Estaban compuestas por
tiras de cuero que cubrían el busto sosteniéndolo y afirmándolo. En cuanto a la parte
inferior era similar al subligaculum masculino y su forma era muy parecida a las
actuales bragas.
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A MULHER EM ROMA
La Stola
La Stola, que era una pieza exclusiva de las matronas romanas, se confeccionaba con una
sólo pieza de tela con abertura central para introducir la cabeza o bien con dos trozos
unidos. Se abrochaba por medio de botones en las mangas, con fíbulas en los hombros o
simplemente sin abrochar, cosida. Podían ser de manga larga, de manga corta o sin
mangas y sus modelos eran mucho más elegantes, coloridos y elaboradas que las de los
hombres y se ataban con cinturones.
En cuanto al material con el que se confeccionaban solía ser lino, lana, algodón, si bien el
más apreciado era la seda, de brillantes colores y rematada con bordados en la parte de
inferior, en el cuello y laterales. Sus colores iban del blanco crema -el color natural de la
lana- al gris, el rojo y el purpura. Colores obtenidos con diferentes tinturas naturales. Se
distinguía y valoraba a las mujeres con muchos hijos. Cuando estas tenían más de tres
hijos podían vestir la stolae matronae que les otorgaba orgullo y prestigio en la sociedad.
Esta pieza era generalmente complementaba con la palla, de la que hablaremos, que era
un manto rectangular que podía ser utilizado como velo o bufanda. Realizada con finos
materiales y confección, variaba mucho dependiendo la clase social de la dueña.
Era normal adornar la stola con un patagium. Este era una especie de cinturón que se
ponía debajo del pecho sobre la stola no muy ajustado. Podían ser de diversos colores,
bordados a veces con hilo de oro, e incluso estar adornadas con incrustaciones de piedras
preciosas. Las mujeres de clase alta solían llevarla doradas o de púrpura, una tintura
bastante costosa, que indicaba una mayor dignidad y poder adquisitivo. Las mujeres que
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se habían casado varias veces (multivirae) añadían una parte en la zona inferior como
distintivo de dignidad por ello.
LA PALLA
Iba de la cabeza hasta los pies, ya que generalmente se utilizaba enganchado al pelo a
modo de velo, y se podía utilizar como bufanda, como chal o como capucha. Se colocaba
pasándolo sobre el hombro izquierdo y por debajo del derecho, recogiéndolo de nuevo con el
brazo izquierdo.(...).»21.
Por sua vez, o rosto era embelezado, usando-se maquilhagem com base em lamolina,
uma gordura extraída da lã virgem, sobre a qual se colocavam camadas vermelho-
terra, e os olhos podiam ser pintados, usando-se antimónio à volta dos mesmos, ou
hematite e outros minerais para dar brilho.
21
Alberola, Eva, "La indumentaria de las matronas romanas", in blogue "Una de Romanos", 08/01/2016.
Link (com fontes): https://unaderomanos.wordpress.com/2016/01/08/la-indumentaria-de-las-
matronas-romanas/
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O poeta Ovídio, na sua obra Arte de Amar, Livro III, dedica-se a aconselhar as
mulheres, designadamente recomendando-lhes formas de se apresentarem e de se
pentearem. (…) Por exemplo, sugeria às mulheres de rosto redondo que usassem um
penteado ao alto, mantendo as orelhas descobertas.
Já segundo o autor latino Luciano, do século II d.C., «as mulheres dedicam a maior
parte dos seus esforços à trança dos seus cabelos» (Amores, 38-41). As mulheres também
recorriam a colorações, sendo comum o uso da henna importada do Oriente e
socorriam-se de extensões ou perucas para os casos de insuficiência de cabelos.
Retrato feminino.
Retrato feminino. «Rostos
Proveniente da Villa romana
de Roma». Sita no Museu
de Milreu. Sita no MNA,
Arqueológico de Madrid.
Lisboa.
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Assim nos diz o moralista Tertuliano (160 A.D - 220 A.D), no seu A Moda
Feminina/Os Espectáculos:
«Vejo que algumas de vós que pintam os cabelos com açafrão chegam a envergonhar-se da
sua pátria, de não terem nascido na Germânia ou na Gália. Trocam, assim, a Pátria
pela cabeleira. Coisa ruim, coisa péssima a si mesmas pressagiam com a sua cabeça da
cor do fogo».
De destacar a sua beleza e o penteado em «ninho de vespa», tal como lhe chama a
bibliografia portuguesa, ou em «topete», como o classificam os estudos anglo-
saxónicos, germânicos e franceses. «Com efeito, a «mulher de Milreu» ostenta um
penteado dividido em duas secções, em que, numa delas, o cabelo sobressai na parte
frontal da cabeça, na forma de um diadema constituído por três fileiras de caracóis
sobrepostos, enquanto a parte de trás se forma com uma «mecha de cabelo enroscado em
carrapito sobre a nuca, descobrindo as orelhas». Os anéis obtinham-se com recurso a uma
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vara de encaracolar e mantidos com uma aplicação de cera de abelha. O topete era
mantido no seu lugar com o auxílio de uma fita de couro na parte de trás.
Segundo o estudo de J. L. de Matos, a parte que resta deveria fazer parte de um busto,
representando uma personagem anónima. Na ficha que se inclui no catálogo da exposição
«Religiões da Lusitânia», Cardim Ribeiro nota ainda que esta peça é a evidência da
forma como as elites municipais da Lusitânia meridional se relacionavam, nos séculos I
e II d.C., com as elites imperiais, adoptando tendências e seguindo modas, buscando
dessa forma o prestígio, pelo facto de as mesmas transmitirem a ideia de proximidade ao
poder.
Cardim Ribeiro caracteriza o retrato como a figuração de uma jovem mulher que exibe um
penteado típico da época tardo-flávia, «influência de Júlia, filha de Tito e esposa de
Domiciano». Com efeito, alguns autores afirmam que a moda destes penteados teria sido
iniciada por membros da casa imperial, designadamente Júlia Titi (65-91 d.C.) e
Domícia Longina (?-140 d.C.), respectivamente a filha de Tito (39-81 d.C.) e a mulher
de Domiciano (51-96 d.C.). Daí que, partindo dos princípios do «retrato verista»
romano, a esmagadora maioria das figuras assim representadas fosse identificada com as
duas princesas imperiais. Outros estudos, alguns mais recentes, porém, têm concluído que
algumas das representações até aqui identificadas como as mulheres da família imperial
serão, na verdade, retratos privados e anónimos»23.
O século III assiste à moda do cabelo usado com "o risco ao meio" caindo para os
lados em ondas fortemente modeladas e apanhado depois numa série de tranças que
ascendem até à parte superior do crânio.
23
Nuno Simões Rodrigues, cit. a partir de: «Peça do Mês de Dezembro 2013» do Museu Nacional de
Arqueologia. Foto: José Luis Jesus Martins. Link:
http://ml.ci.uc.pt/arquivos_antigos/archport/archport_20_11_2006_a_31_12_2014/msg17300.html
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Informação obtida no Museu Nacional de Arqueologia, a cujo acervo pertence
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romana absorbe y adapta muchos de los aspectos más característicos de los pueblos
conquistados. La moda, los peinados y los adornos, también forman parte de las cultura.
Tintes, rizos, bucles, ondas al agua, trenzas, joyas, moños altos, cintas de colores, tupés,
postizos forman parte del peinado de la mujer durante el Imperio. En las
representaciones de las mujeres romanas, rara vez se ven mechones sueltos ( y nunca
flequillos) y si se usan en peinados, suelen ser para diosas y no para mujeres respetables.
Las encargadas de realizar estas obras de arte con pelo, eran unas esclavas dedicadas al
adorno de las señoras “las ornatrices” quienes entre peines, agujas, hilo para sujetar los
mechones, liendreras y espejos debían sufrir bastante con sus exigentes amas» 25.
«Las mujeres romanas, especialmente las mujeres de la corte y las patricias eran muy
coquetas. Las emperatrices, cuyos bustos eran acuñados en denarios, monedas de bronce,
antoninianos, etc., marcaban tendencia y les surgían muchas imitadoras.
La coquetería llegaba a tal extremo que los escultores se veían obligados a realizar pelucas
en mármol muy fino para colocar en la cabeza de anteriores esculturas siguiendo las
instrucciones de sus caprichosas clientas. Además de utilizar pelucas realizadas con
cabello de esclavas, utilizaban muchos accesorios para realzar el peinado tales como:
25
Monteagudo, Arantxa, "Investigación Bona Dea: Peinados de las mujeres romanas basados en
diversos bustos", 2013. Link: http://grupobonadea.blogspot.pt/2013/04/investigacion-bona-dea-
peinados-de-las.html
26
Cit. a partir de: http://alfonso-traianus.blogspot.pt/p/peinados-de-las-emperatrices-romanas-en.html
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Eram usados múltiplos adereços, desde anéis, muitas vezes com pedras, colares e
pingentes, brincos, pulseiras, mesmo de tornozelo, braceletes e diademas, camafeus,
valendo a pena, em Portugal, entre tantos outros, conhecer o acervo do Museu de
Conímbriga.
27
Sobre este assunto remetemos ao artigo «Lex Oppia, las protestas de las mujeres romanas contra la
exhibición de riquezas» (s. autor), publicado pela Revista de História. Link:
http://revistadehistoria.es/lex-oppia-las-protestas-de-las-mujeres-romanas/
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Nessa primeira fase do Império o ouro sendo escasso, era utilizado na cunhagem de
moeda, permitindo o comércio internacional. Com o crescimento do Império,
gradualmente o seu uso na ourivesaria vai aumentando, como acimas referimos.
Pode dizer-se que a ourivesaria romana vive de formas relativamente simples, mas
de grande perfeição técnica. Umas das novidades introduzidas pelos romanos foram
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Os anéis eram adereços de uso comum, quer em homens, quer em mulheres, e alguns
deles tinham mesmo uma função apotropaica.
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«Camafeu com busto feminino em relevo, século I d.C. De cornalina de cor de salmão
escuro e de forma oval. O busto apresenta-se em posição frontal e cabeça a três quartos
ligeiramente inclinada para a direita. Poderá tratar-se de uma Ménade ou de
Cassandra?» (segundo G. Cravinho, op. cit/Matriznet).
Las mujeres, y sobre todo las patricias, se mostraron rendidas ante el poderoso hechizo de
los aromas. Podían elegir entre el Narcissium , el Nardicum, Sucinum (miel, aceite de
palma, cinamomo, mirra y azafrán) o el Foliatum, un perfume este último que Marcial
estimaba como fuente de perdición económica para los maridos debido a su altísimo
precio»29.
28
Ver «Alcácer, Terra de Deusas», Esmeralda Gomes, Marisol Aires Ferreira e António Rafael Carvalho,
2008, Câmara Municipal de Alcácer do Sal
29
Bofill Monés, Maribel, "El perfume en la Roma clásica", in Arraona Romana. Link:
http://arraonaromana.org/ArticlesNoticies.php?id=140#.VpBMjxWLTIV
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A propósito dos cuidados femininos, diz-nos ainda Tertuliano (c. 160 -. 225 d.C), no
século II: «De facto, embora não se deva acusar a beleza - a qual é a graça do corpo, o
acabamento da modelação divina, um agradável vestimento da alma - ela haverá, no
entanto, que ser temida, nem que seja por causa dos ultrajes e das violências daqueles que
andam atrás dela» (op. Cit., p: 57).
Este primeiro grande teórico cristão sobre o papel dos sonhos – apesar de
montanista, portanto semi-herético, e dos seus temores face ao conteúdo diabólico
dos sonhos –, dizia ainda sobre o contacto físico com as Mulheres: “Enfim, na própria
febre do prazer extremo, pelo qual é emitido o suco gerador, não sentimos que também se
escapa de nós algo da nossa alma, ao ponto de contrairmos langor e debilidade, ao mesmo
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Sobre o aspecto físico que agradava aos romanos, foi diferindo, de acordo com as
épocas. Sobre o tema remeto para um trabalho recentemente publicado, cuja leitura
nos elucida bastante sobre o assunto: «En época arcaica gustaban más las mujeres de
“modelo” mediterráneo, ya que se asocian con algo exótico, de cabello oscuro y mirada
profunda, pero con el paso del tiempo y la ampliación de fronteras así como la llegada de
esclavas nórdicas fue cambiando el “modelo” mediterráneo por un “modelo” nórdico,
de tez clara y cabellos largos y rubios. Aparte de Ovidio otro de los autores clásicos
que nos deja entrever que el modelo cambió al de mujer nórdica es Catulo, ya que fue el
primero en celebrar la belleza femenina nórdica a través de su amada Lesbia. Este cambio
se produce aproximadamente en tiempos de Julio César. Ya en tiempos de Augusto las
mujeres se tiñen de rubio con “hierbas traídas de Germania”.
Pero ¿cómo debe de ser esa mujer rubia ideal? Pues según Ovidio tiene que tener brazos y
piernas esbeltos y armoniosos, pies pequeños, manos finas y dedos largos y la piel rosada
o muy clara. En definitiva, muy diferente al modelo arcaico, probablemente asociado a
las mujeres sabinas raptadas por los romanos, unas mujeres sencillas y que se quedaban
en casa haciendo las labores propias de los principios de una moral antigua, a saber,
cuidar de la casa y de los hijos. Por el contrario, el nuevo modelo, gustaba de ropas y
joyas caras, son muy elegantes y les gusta agradar a los hombres y entregarse a ellos.
Para un hombre romano, la mujer ideal tiene que tener tres características: un cuerpo
opulento y atractivo, ser joven y provocar deseo, y su cuerpo tiene que poder describirse
con tres colores: el blanco, el rojo y el amarillo (rubio)»30.
30
A partir de: García, Daniel Pérez. "Cotidiana vitae: el arte de ligar en la antigua Roma". In:
http://www.temporamagazine.com/cotidiana-vitae-el-arte-de-ligar-en-la-antigua-roma/
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Los papeles de las mujeres que aparecen en los mosaicos se pueden clasificar en tres
grandes grupos, según los investigadores. En primer lugar, se pueden encontrar los
papeles de esposa, madre e hija que reflejan la fidelidad, la preocupación por los hijos y
la obediencia sin oposición a los padres (ejemplos positivos en la época), aunque también
se documentan representaciones de conductas opuestas en un sentido aleccionador que
parecen aludir a las temibles consecuencias de quienes así se comportan. En segundo
lugar, otras representaciones evocan a partir del desnudo el erotismo e incluso, frente a la
unión civilizada en el marco del matrimonio, la unión salvaje, que garantiza placer y
disfrute. En tercer y último lugar, algunas representaciones mitológicas parecen reflejar
una alusión a una sensibilidad diferente, como el caso de determinadas heroínas
dispuestas a todo antes de caer en brazos de un varón, aunque sea un dios, o el de las
amazonas practicando la caza y compitiendo con héroes de gran celebridad.
"Resulta curioso comprobar - indica la profesora Luz Neira - cómo en muchas de estas
representaciones, con independencia de su papel, se incide en la figura femenina como
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Este projecto convida, assim, à reflexão sobre «el significado de las representaciones
musivas y su relación con la ideología de las elites en el Imperio Romano. "Teniendo en
cuenta que en origen los mosaicos pavimentaban las estancias de residencias de los
miembros más privilegiados de las elites, cuya opinión habría sido fundamental en la
elección de escenas y motivos, destacaría la evocación de estereotipos muy concretos, fruto
en muchos casos de una elección premeditada y consciente por parte de los domini",
señala Luz Neira. De esta forma, esta investigación pretende resaltar la idea de que
aquellos estereotipos, cuya validez aparece reforzada por su propia antigüedad, responden
a una construcción y difusión interesadas, lo que nos aporta incluso más luz sobre la
mentalidad de las elites que sobre las diversas situaciones y circunstancias que
experimentaron las mujeres en el contexto histórico de la Roma imperial»31.
31
Link:
http://portal.uc3m.es/portal/page/portal/actualidad_cientifica/noticias/representaciones_mujeres_ro
manos
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Além dos mosaicos, também os frescos nos dão múltiplos exemplos realistas da vida
das mulheres em Romana, fornecendo riquíssima informação quando à vida
quotidiana, mas também quanto às formas de trajar e habitar o interior da casa.
32
Citado em "Alcácer, Terra de Deusas", 2008, Alcácer do Sal, a partir Gouvevitch, Raepsaet-Charlier, "A
Mulher na Roma Antiga", 2005, pp. 26-27.
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CANTARELLA, Eva, "Tacita Muta: la donna nella città antica", Editori Riuniti,
Roma, 1985.
http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/3907/1/ulfl080840_tm.pdf
http://www.trea.es/material/descargas/Prolopoliticaygenero.pdf
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KAMPEN, Natalie, “Image and status: Roman working women in Ostia”, Ed.
Mann, Berlim, 1981.
OVIDIO, “El arte de amar; Remedios de amor; Cosméticos para el rostro femenino”,
Ed. Espasa. Madrid, 2001.
Índice:
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