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Sumário

1. Crimes Hediondos (Lei 8.072/90) .......................................................................................................... 2

1.1. Artigos mais abordados em prova ................................................................................................... 2

1.2. Parte Penal e Processual ................................................................................................................. 2

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1. CRIMES HEDIONDOS (LEI 8.072/90)

1.1. Artigos mais abordados em prova

Nesta parte, apresento a vocês os tópicos, da Lei de Crimes Hediondos, mais cobrados em
concursos públicos, através de um quadro comparativo. A pesquisa foi feita em cima de várias questões de
2010 a 2020. Servirá para orientar vocês nos estudos!

Artigos da Lei em estudo Percentuais aproximados


Art. 1 50%
Art. 2 40%
Art. 8 6%
Demais 4%

1.2. Parte Penal e Processual

Considerações Iniciais

Esta lei é uma das mais cobradas em concursos públicos. É preciso saber que a Lei 13.964/10
(pacote anticrime) fez mais de dez alterações nesta norma, que apesar de pequena, há muitas informações
relevantes. Vamos inicia pelas principais diferenças entre os crimes comuns e os crimes hediondos. Aqui não
teremos o quadro resumo, pois os itens propostos não se enquadram nesta lei.

Parte Penal e Processual

Crime Comum Crime Hediondo (ou equiparado)


Como regra, admite fiança. Não admite fiança.
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É possível a liberdade provisória. É possível a liberdade provisória.
É possível a concessão de anistia, graça e Não é possível a concessão de anistia, graça e
indulto. indulto.
A prisão temporária terá o prazo de 5 dias, A prisão temporária terá o prazo de 30 dias,
prorrogável por igual período. prorrogável por igual período.
Para que ocorra a progressão de regime nos Nos crimes hediondos e equiparados, os novos
crimes não hediondos, os novos percentuais de parâmetros, de cumprimento de pena, para a
cumprimento de pena: progressão são os seguintes:

- nos crimes praticados sem violência ou grave - 40%, para o réu primário e 60% para o
ameaça à pessoa, a progressão de regime reincidente em crime hediondo ou equiparado;
dependerá do cumprimento de 16% da pena,
para o réu primário, e de 20% para o - 50%, para o réu primário e 70% para o
reincidente; reincidente em crime hediondo ou equiparado
com resultado morte, vedado o livramento
- nos delitos cometidos com violência ou grave condicional em ambos os casos.
ameaça à pessoa, a progressão de regime
dependerá do cumprimento de 25% da pena,
para o réu primário, e de 30%, para o apenado
reincidente em crime cometido com violência ou
grave ameaça à pessoa.
A pena do art. 288 do CP (associação criminosa) A pena do art. 288 do CP (associação criminosa)
é de 1 a 3 anos. será de 3 a 6 anos quando a associação for para a
prática de crimes hediondos ou equiparados.

Segundo Nucci, há basicamente três critérios para classificarmos os crimes hediondos. São eles:
enumerativo; judicial subjetivo e legislativo definidor. O primeiro que foi usado pela lei 8.072/90, pois o art.
1º da lei enumera os crimes hediondos.

→ Aplicação em concurso

(2018 - FCC - DPE-AM - Defensor Público – Reaplicação) À luz do que dispõe o direito
brasileiro sobre os crimes hediondos,
A) somente recebem essa classificação os crimes consumados em razão do princípio da
reserva legal.
B) é obrigatória a fixação de regime inicial fechado para o cumprimento da pena.
C) todas as modalidades de tráfico de drogas são equiparadas a crime hediondo, o que
não ocorre no crime de associação para o tráfico.
D) sua prática autoriza a majoração da pena-base acima do mínimo legal.

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E) existe vedação legal expressa à concessão dos institutos da graça e do indulto.

Considerações:
São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no
2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados. Na letra “B”,
apesar dessa previsão na lei de crimes hediondos é inconstitucional a obrigação de iniciar
a pena em regime fechado. Já na letra “C”, a associação para o tráfico e o tráfico de
drogas privilegiado não são equiparados a hediondos. Na letra “D”, o fato de ser
hediondo não é condição suficiente para o juiz majorar acima da pena base. Já na letra
“E”, o art. 2º menciona que os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: anistia, graça e indulto.
Alternativa: E.

(CESPE - DEPEN - Agente Penitenciário) No tocante à Lei n.º 10.826/2003 e aos crimes
hediondos, julgue os itens que se seguem.
Considere que um indivíduo, reincidente, seja condenado, definitivamente, a quinze anos
de reclusão em regime inicial fechado, devido à prática de crime hediondo. Nessa
situação, é correto afirmar que esse indivíduo somente progredirá de regime do
cumprimento da pena após cumprir nove anos de reclusão.

Considerações:
Hoje, nos crimes hediondos e equiparados, os novos parâmetros, de cumprimento de
pena, para a progressão são os seguintes:
- 40%, para o réu primário e 60% para o reincidente em crime hediondo ou equiparado;
- 50%, para o réu primário e 70% para o reincidente em crime hediondo ou equiparado
com resultado morte, vedado o livramento condicional em ambos os casos.
Não fala qual foi o delito, mas levando em consideração os 60%, pela reincidência, seriam
9 anos mesmo.
Alternativa: Correta.

(2018 - NUCEPE - PC-PI - Delegado de Polícia Civil) Acerca dos Crimes hediondos, marque
a alternativa CORRETA.
A) São considerados hediondos o Infanticídio e o Estupro.
B) A tentativa de homicídio simples ou de homicídio qualificado constituem-se crimes
hediondos.
C) É possível a liberdade provisória aos autores de crimes hediondos e equiparados.
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D) Dependendo da gravidade do crime, é cabível ao juiz classificar o crime como
hediondo.
E) Tratando-se de crime hediondo ou equiparado, o condenado por crime de tortura, em
qualquer modalidade, deverá iniciar o cumprimento da pena em regime fechado.

Considerações:
Infanticídio não é crime hediondo. Homicídio Simples não é crime hediondo. Mas,
homicídio na forma qualificada é crime hediondo. O STF impede estabelecer regime
prisional com base em caráter hediondo do crime, ou seja, mesmo que o crime praticado
seja hediondo, deve-se levar em consideração o art. 33° do CP, conforme foi fixada a
seguinte tese do STF em caráter de repercussão geral: “É inconstitucional a fixação ex
lege, com base no artigo 2º, parágrafo 1º, da Lei 8.072/1990, do regime inicial fechado,
devendo o julgador, quando da condenação, ater-se aos parâmetros previstos no artigo
33 do Código Penal”. O rol de crimes hediondos está previsto taxativamente em lei, NÃO
tendo o juiz liberdade alguma, mediante a gravidade do crime, determiná-lo se é
hediondo ou não, uma vez que, como já dito, a hediondez do crime é fixada
expressamente por lei.
Alternativa: C.

(2018 – CESPE - PC-MA - Delegado de Polícia Civil) De acordo com as disposições legais
referentes aos crimes hediondos,
A) o agente do crime de sequestro relâmpago qualificado com o resultado morte está
sujeito a prisão temporária, por ser tal crime considerado hediondo.
B) a prática não consumada, ou seja, tentada, do crime afasta o caráter hediondo do tipo
penal.
C) cumpridos os requisitos legais, será cabível a substituição da pena privativa de
liberdade por pena restritiva de direitos.
D) é cabível ao magistrado classificar como hediondo um crime em razão de sua
gravidade ou forma de execução.
E) a liberdade provisória, em crimes dessa natureza, é direito subjetivo do autor,
condicionado ao pagamento de fiança.

Considerações:
O chamado sequestro relâmpago qualificado com o resultado morte não é crime
hediondo. O critério adotado pelo legislador brasileiro para a identificação dos crimes
hediondos foi o critério legal ou enumerativo, assim, estando previsto o delito no rol do

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art. 1° da Lei 8.072/90 o crime é hediondo, independente da existência de consumação do
delito.
Outra informação importante é que o STF, em sede de controle difuso, afirmou a
possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade oriunda da prática de crime
hediondo por pena restritiva de direitos. Segundo o STF a Constituição Federal não
permite a prisão ex lege, ou seja, exclusivamente por força de lei, sendo assim é
inconstitucional qualquer lei que vede, de forma abstrata e genérica, a liberdade para
determinados crimes.
Alternativa: C.

Os crimes hediondos são considerados ainda que não sejam consumados, ou seja, podem ser
considerados hediondos os crimes tentados. Essa é a previsão legal do art. 1°, da Lei n° 8.072/90.

Vamos destacar todo art. 1º da Lei, pois assim vão conseguir acompanhar as considerações que
iremos fazer sobre as decisões do STF e do STJ.

lei seca grifada

Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no


2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda
que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V,
VI, VII e VIII);
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2º) e lesão corporal seguida
de morte (art. 129, § 3º), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts.
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de
Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição;
II - roubo:
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V);
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo
emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B);
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º);

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III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal
ou morte (art. 158, § 3º);
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lº, 2º e 3º);
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º);
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º);
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º).
VII-A – (VETADO)
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins
terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B, com a redação dada pela
Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998).
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou
adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).
IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo
comum (art. 155, § 4º-A).
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou consumados:
I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de
1956;
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art. 16 da
Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22
de dezembro de 2003;
IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, previsto no art.
18 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
V - o crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de crime hediondo ou
equiparado.

→ Aplicação em concurso

(2018 – UFPR - COREN-PR – Advogado) São crimes hediondos nos termos da Lei nº 8.072,
de 1990, EXCETO:
A) provocar aborto sem o consentimento da gestante.
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B) entregar a consumo produto cosmético adquirido de estabelecimento sem licença da
autoridade sanitária competente.
C constranger pessoa maior de 18 (dezoito) anos a ter conjunção carnal mediante grave
ameaça, sem resultar na morte da vítima.
D) atrair pessoa com 16 (dezesseis) anos à prostituição.
E) portar arma de fogo de uso restrito ao uso pelas forças armadas.

Considerações:
Perceba que do rol que eu destaquei, anteriormente, não há o crime de aborto. Fiquem
atentos na letra E, pois, com a nova redação o legislador só mencionou o crime de porte
de arma de uso proibido.
Alternativa: A.

(FGV - TJ-PI - Analista Judiciário - Oficial de Justiça e Avaliador) Constituem crimes


hediondos, EXCETO:
A) homicídio em atividade típica de grupo de extermínio praticada por um agente só;
B) epidemia com resultado morte;
C) favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou
adolescente ou de vulnerável;
D) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal;
E) lesão corporal seguida de morte, quando praticada contra integrante do sistema
prisional.

Considerações:
Perceba que do rol que eu destaquei, anteriormente, não há o crime de envenenamento
de água potável ou substância alimentícia ou medicinal. Fiquem atentos na letra E, pois,
com a nova redação o legislador só mencionou o crime de porte de arma de uso proibido.
Alternativa: D.

Visto de forma geral, vamos, agora, detalhar esses crimes. Primeira coisa que vocês devem saber é
que o crime de homicídio simples e privilegiado não são hediondos. E o crime de homicídio qualificado-
privilegiado?

O homicídio qualificado-privilegiado não é crime hediondo, não se lhe aplicando norma que
estabelece o regime fechado para o integral cumprimento da pena privativa de liberdade (Lei n. 8.072/90,
artigos 1º e 2º, parágrafo 1º)

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lei seca grifada

Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no


2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda
que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V,
VI, VII e VIII);

APROFUNDANDO

O STJ entende que onde há privilégio não existe hediondez. Portanto, o homicídio
qualificado-privilegiado não é considerado hediondo, pois o privilégio é sempre de
natureza subjetiva, revelando motivos do sujeito ativo do crime e os motivos preponderam
sobre a qualificadora.

Em 2015, foi publicada a Lei n° 13.104/15, que prevê o feminicídio como qualificadora do crime de
homicídio; e inclui o feminicídio no rol dos crimes hediondos. Além dessa alteração, a Lei n° 13.142/15
também inseriu o homicídio, quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que
cometido por um só agente; o homicídio qualificado contra autoridade ou agente (arts. 142 e 144 da CF/88),
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública; e a lesão corporal dolosa de
natureza gravíssima e lesão corporal seguida de morte quando praticadas contra as pessoas mencionadas
anteriormente. Entretanto, a lei do pacote anticrime (Lei 13.964/19) inseriu todas essas qualificadoras no
inciso I do art. 1º.

→ Aplicação em concurso

(CESPE - 2020 - MPE-CE - Técnico Ministerial) Mário, após ingerir bebida alcoólica em
uma festa, agrediu um casal de namorados, o que resultou na morte do rapaz, devido
à gravidade das lesões. A moça sofreu lesões leves.
A partir dessa situação hipotética, julgue o item a seguir.
Se, após a apuração dos fatos, a morte do rapaz caracterizar homicídio simples doloso, a
conduta de Mário não será classificada como crime hediondo.

Considerações:
Vejamos:
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Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei
nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio,
ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II,
III, IV, V, VI, VII e VIII);
Alternativa: Correta.

(2020 - Prefeitura de Boa Vista - RR - Guarda Civil Municipal) Daniel é Delegado da


Polícia Civil e encabeça investigação sobre múltiplos assassinatos ocorridos na
periferia do município HO. Como fruto dessas investigações, descobre que o autor de
três crimes é VR, alcunha “Caolho”, pertencente a grupo de extermínio que atua em
alguns bairros do município. Nos termos da Lei nº 8.072/90, pode ser afirmado que:
A) os homicídios praticados são caracterizados como crimes hediondos
B) os homicídios praticados pela ausência de qualificação não são hediondos
C) os homicídios praticados não são hediondos, pois praticados por um agente
D) os homicídios praticados são hediondos por serem praticados em comunidades
pobres

Considerações:
Vejamos:
Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei
nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio,
ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II,
III, IV, V, VI, VII e VIII);
Alternativa: A.

lei seca grifada

Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no


2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2º) e lesão corporal seguida
de morte (art. 129, § 3º), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts.
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de
Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição;

Art. 129 (...)


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Lesão corporal de natureza grave
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Lesão corporal de natureza gravíssima
§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.

Cuidado, pois não é contra qualquer pessoa. Tanto lesão grave bem como a gravíssima têm que ser
praticadas contra autoridade ou agente descrito nos artigos 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes
do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição.

→ Aplicação em concurso

(2018 - VUNESP - PC-BA - Delegado de Polícia) Considere o seguinte caso hipotético.


A Força Nacional está atuando legalmente em Salvador. O civil “X”, irmão de um
Policial Militar do Estado de São Paulo que integra a Força Nacional, residente na
referida cidade, se envolveu em acidente de trânsito sem vítimas, ao abalroar o
veículo do condutor “Y”. Após se identificar como irmão do Militar do Estado
integrante da Força Nacional, foi violentamente agredido por “Y”, que confessou ter
assim agido apenas por saber dessa condição. As agressões provocaram lesões
corporais gravíssimas no civil “X”. Diante do exposto, é correto afirmar que o crime
praticado por “Y”
A) não é considerado hediondo, pois a legislação contempla apenas o crime de homicídio
doloso perpetrado contra o Militar do Estado.
B) é considerado hediondo, apenas por se tratar de uma lesão corporal dolosa de
natureza gravíssima, independentemente da condição da eventual vítima.
C) não é considerado hediondo, pois a legislação não contempla lesão corporal dolosa de
natureza gravíssima como crime hediondo.
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D) é considerado hediondo, pois o civil “X” foi vítima de lesão corporal dolosa de
natureza gravíssima apenas por ser irmão de Militar do Estado em razão de sua função.
E) somente seria considerado hediondo se o crime de lesão corporal dolosa de natureza
gravíssima fosse perpetrado contra o próprio Militar do Estado em razão de sua função.

Considerações:
Tanto lesão grave bem como a gravíssima têm que ser praticadas contra autoridade ou
agente descrito nos artigos 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
terceiro grau, em razão dessa condição.
Alternativa: D.

lei seca grifada

Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no


2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
II - roubo:
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V);
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego
de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B);
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º);

Não é qualquer crime de roubo que será hediondo. Vejamos quais serão:

Roubo
Art. 157 (...)
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de
uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo.
§ 3º Se da violência resulta:
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;
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II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.

lei seca grifada

Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no


2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal
ou morte (art. 158, § 3º);

Mesma coisa aqui, só será hediondo quando ocorrer o chamado sequestro relâmpago.

Art. 158 (...) § 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e


essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de
reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou
morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente.

lei seca grifada

Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no


2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lº, 2º e 3º);

Todas as formas de extorsão mediante sequestro serão crimes hediondos.

Extorsão mediante sequestro

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Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer
vantagem, como condição ou preço do resgate:
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
§ 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor de
18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou
quadrilha.
Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 3º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.

→ Aplicação em concurso

(2018 - VUNESP - PC-BA - Investigador de Polícia) A Lei dos crimes hediondos (Lei n°
8.072/90), embora não forneça o conceito de crime hediondo, apresenta um rol dos
crimes que se enquadram em seus dispositivos, entre os quais se pode destacar
A) instigação ao suicídio.
B) lesão corporal de natureza grave.
C) incêndio qualificado pela morte.
D) extorsão mediante sequestro.
E) violação sexual mediante fraude.

Considerações:
Extorsão mediante sequestro é crime hediondo.
Alternativa: D.

( FUNIVERSA - PC-DF - Delegado de Polícia) A respeito dos crimes hediondos, assinale a


alternativa correta com base na legislação de regência.
A) O crime de epidemia com resultado morte não é considerado hediondo.
B) Os crimes hediondos são insuscetíveis de anistia, graça e indulto, embora lhes seja
admitida fiança.
C) A pena do condenado por crime hediondo deverá ser cumprida em regime
integralmente fechado, apesar de haver precedente jurisprudencial em que se admite o
cumprimento da pena em regime inicialmente fechado.
D) Se o crime hediondo de extorsão mediante sequestro for cometido por quadrilha ou
bando, o coautor que denunciá-lo à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado,
será beneficiado com a redução da pena de um a dois terços.
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E) Entre os crimes hediondos previstos na lei, apenas as condutas consumadas são
consideradas hediondas; as tentadas configuram a modalidade simples de crime.

Considerações:
A letra "D" é a nossa resposta. Fica evidente que o art. 159, § 4º, menciona que "se o
crime é cometido por quadrilha ou bando, o co-autor que denunciá-lo à autoridade,
facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços." A
letra "A" está errada, pois vimos que o crime de epidemia com resultado morte é
considerado hediondo. Na letra "B", os crimes hediondos não são passiveis de fiança.
Apesar de uma decisão isolada do Ministro Marco Aurélio, é inconstitucional (STF) o
cumprimento da pena em regime inicialmente fechado. Já na letra "E", serão
considerados hediondos os crimes elencados na Lei na forma consumada ou tentada.
Alternativa: D.

lei seca grifada

Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no


2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º);

Todas as formas de crime de estupro serão crimes hediondos.

Estupro
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção
carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de
18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§ 2o Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos

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APROFUNDANDO

Segundo o STF, a causa de aumento prevista no art. 9º da Lei de Crimes Hediondos foi
tacitamente revogada pela Lei nº 12.015/2009, considerando que esta Lei revogou o art.
224 do CP, que era mencionado pelo referido art. 9º.
Se um indivíduo foi condenado, antes da Lei nº 12.015/2009, pela prática de estupro
contra menor de 14 anos com a incidência da causa de aumento do art. 9º da Lei de Crimes
Hediondos, esta majorante deverá ser retirada de sua condenação por força da novatio
legis in mellius (art. 2º, parágrafo único, do CP).
Diante da revogação do art. 224 do CP pela Lei nº 12.015/2009, ainda que o fato delituoso
seja anterior a esta alteração, é o caso de se decotar da pena do condenado o acréscimo
baseado no art. 9º da Lei nº 8.072/90.

APROFUNDANDO

Segundo o STJ, os crimes de estupro e atentado violento ao pudor, mesmo que cometidos
antes da edição da Lei nº 12.015/2009, são considerados hediondos, ainda que praticados
na forma simples. Em outras palavras, seja antes ou depois da Lei nº 12.015/2009, toda e
qualquer forma de estupro (ou atentado violento ao pudor) é considerada crime hediondo,
sendo irrelevante que a prática de qualquer deles tenha causado, ou não, lesões corporais
de natureza grave ou morte.

lei seca grifada

Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no


2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º);

Todas as formas de crime de estupro serão crimes hediondos.

16
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14
(catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que,
por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a
prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
§ 4o Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

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Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no


2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º).

Somente com resultado morte!

Epidemia
Art. 267 (...)
§ 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro.

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Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no


2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins
terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B, com a redação dada pela
Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998).

Todas as formas do crime de falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto


destinado a fins terapêuticos ou medicinais serão crimes hediondos.
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Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins
terapêuticos ou medicinais
Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins
terapêuticos ou medicinais:
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa.
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em depósito
para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto
falsificado, corrompido, adulterado ou alterado.
§ 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos, as
matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em
diagnóstico.
§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º em
relação a produtos em qualquer das seguintes condições:
I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente;
II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso anterior;
III - sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua
comercialização;
IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade;
V - de procedência ignorada;
VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária competente.

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Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no


2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou
adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).

Todas as formas do crime favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de


criança ou adolescente ou de vulnerável serão crimes hediondos.

Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou


adolescente ou de vulnerável.

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Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração
sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência
mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou
dificultar que a abandone:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos.
§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também
multa.
§ 2o Incorre nas mesmas penas:
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18
(dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo;
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem as práticas
referidas no caput deste artigo.
§ 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da condenação a
cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento.

→ Aplicação em concurso

(2018 - CESPE - Polícia Federal - Delegado de Polícia Federal) Em cada item que se segue,
é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada com
relação a crime de tortura, crime hediondo, crime previdenciário e crime contra o idoso.
Paula, proprietária de uma casa de prostituição, induziu e passou a explorar sexualmente
duas garotas de quinze anos de idade. Nessa situação, o crime praticado por Paula é
hediondo e, por isso, insuscetível de anistia, graça e indulto.

Considerações:
Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou
adolescente ou de vulnerável é crime hediondo.
Alternativa: Correta.

(2019 - FCC - TJ-MA - Analista Judiciário – Direito) Segundo o que dispõe a legislação
nacional acerca dos crimes hediondos (Lei n° 8.072/1990),
A) o feminicídio não consta do rol dos crimes hediondos.
B) o crime de favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de
criança ou adolescente ou de vulnerável é hediondo.
C) o crime de corrupção é definido como hediondo de acordo com o ordenamento
jurídico.

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D) o delito de exposição a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia, ou praticar
qualquer ato tendente a impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea é
hediondo, conforme o Código Penal.
E) o crime de lesão corporal dolosa, em nenhuma de suas modalidades, é, para efeito da
lei brasileira, hediondo.

Considerações:
Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou
adolescente ou de vulnerável é crime hediondo.
Alternativa: B.

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Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no


2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo
comum (art. 155, § 4º-A).

No furto, somente teremos o crime hediondo quando for qualificado pelo emprego de explosivo ou
de artefato análogo que cause perigo comum.

Art. 155 (...)


§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de
explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.

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Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no


2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:
Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou consumados:
I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de
1956;
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II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei
nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de
dezembro de 2003;
IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, previsto no art.
18 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
V - o crime de organização criminosa, quando direcionado à prática de crime hediondo ou
equiparado.

O parágrafo único do art. 1º traz algumas novidades, são elas: o crime de comércio ilegal de armas
de fogo; o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição; e o crime de organização
criminosa, quando direcionado à prática de crime hediondo ou equiparado. Entretanto, fiquem atentos,
pois, no crime de posse de arma de fogo do art. 16 do Estatuto do Desarmamento, apesar de já ser
considerado hediondo, o legislador (através do chamado pacote ante crime) só mencionou arma de fogo de
uso proibido.

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Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas


afins e o terrorismo são insuscetíveis de:
I - anistia, graça e indulto;
II - fiança.
§ 1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado.
§ 2º (Revogado)
§ 3º Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu
poderá apelar em liberdade.
§ 4º A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei no 7.960, de 21 de dezembro de 1989,
nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual
período em caso de extrema e comprovada necessidade.

APROFUNDANDO

21
O Plenário do STF, ao julgar o HC 111.840/ES, declarou incidentalmente a
inconstitucionalidade do § 1º, do art. 2º, da Lei nº 8.072/90, com a redação que lhe foi
dada pela Lei nº 11.464/2007, afastando, dessa forma, a obrigatoriedade do regime inicial
fechado para os condenados por crimes hediondos e equiparados, incluído aqui o crime de
tortura. Dessa forma, não é obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o
cumprimento da pena no regime prisional fechado.

- A hediondez ou a gravidade abstrata do delito não obriga, por si só, o regime prisional
mais gravoso, pois o juízo, em atenção aos princípios constitucionais da individualização da
pena e da obrigatoriedade de fundamentação das decisões judiciais, deve motivar o
regime imposto observando a singularidade do caso concreto.
Assim, é inconstitucional a fixação de regime inicial fechado com base unicamente na
hediondez do delito.
STF. 1ª Turma. ARE 935967 AgR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 15/03/2016.
STF. 2ª Turma. HC 133617, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 10/05/2016.

- É inconstitucional a fixação ex lege, com base no art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/1990, do
regime inicial fechado, devendo o julgador, quando da condenação, ater-se aos
parâmetros previstos no artigo 33 do Código Penal.
TF. Plenário. ARE 1052700 RG, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 02/11/2017.

Importante esse último posicionamento do STF, que foi mais recente, pois cada caso será
um caso. Vejamos as regras do art. 33 do Código Penal:

Reclusão e detenção
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou
aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de
transferência a regime fechado.
§ 1º - Considera-se:
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou
média;
b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou
estabelecimento similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento
adequado.
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva,
segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as
hipóteses de transferência a regime mais rigoroso:

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a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime
fechado;

b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda
a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos,
poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.
§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com
observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código.

→ Aplicação em concurso

(CESPE - PG-DF – Procurador) Com referência às penas e à sua aplicação, julgue os


seguintes itens.
Desde que o STF declarou incidentalmente a inconstitucionalidade do artigo 2º , § 1º, da
Lei n. o 8.072/1990 (“A pena por crime previsto neste artigo [crime hediondo] será
cumprida inicialmente em regime fechado”), não é mais obrigatória a fixação do regime
inicial fechado para o condenado pelo crime de tráfico de entorpecentes, podendo a pena
privativa de liberdade ser substituída por restritivas de direitos quando o réu for primário
e sem antecedentes e não ficar provado que ele se dedique ao crime ou esteja envolvido
com organização criminosa.

Considerações:
O STF declarou incidentalmente a inconstitucionalidade, assim, não é mais obrigatória a
fixação do regime inicial fechado para o condenado pelo crime de tráfico de
entorpecentes, podendo a pena privativa de liberdade ser substituída por restritivas de
direitos quando o réu for primário e sem antecedentes e não ficar provado que ele se
dedique ao crime ou esteja envolvido com organização criminosa.
Para qualquer crime, é importante, também, ficar atento ao posicionamento do STF
abaixo:
“É inconstitucional a fixação ex lege, com base no art. 2º, § 1º, da Lei 8.072/1990, do
regime inicial fechado, devendo o julgador, quando da condenação, ater-se aos
parâmetros previstos no artigo 33 do Código Penal.”
Alternativa: Correta.

(2019 - CESPE - TJ-AM - Analista Judiciário – Direito) Júnia, de quatorze anos de idade,
acusa Pierre, de dezoito anos de idade, de ter praticado crime de natureza sexual
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consistente em conjunção carnal forçada no dia do último aniversário da jovem. Pierre,
contudo, alega que o ato sexual foi consentido.
A respeito dessa situação hipotética, julgue o item a seguir, tendo como referência
aspectos legais e jurisprudenciais a ela relacionados.
Se Pierre for condenado por estupro, o regime de cumprimento de pena será
integralmente fechado, por se tratar de crime hediondo.

Considerações:
Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá
apelar em liberdade.
Alternativa: Correta.

lei seca grifada

Art. 3º A União manterá estabelecimentos penais, de segurança máxima, destinados ao


cumprimento de penas impostas a condenados de alta periculosidade, cuja permanência
em presídios estaduais ponha em risco a ordem ou incolumidade pública.

Esses presídios são destinados ao cumprimento de penas impostas a condenados de alta


periculosidade. Pois a permanência em presídios estaduais põe em risco a ordem ou incolumidade pública.
Outra coisa, com a Lei 10.792/2003, o art. 86, § 1º, da LEP, passou a dispor que a União poderá construir
estabelecimento penal em local distante da condenação para recolher os condenados, quando a medida
justifique no interesse da segurança pública ou do próprio condenado.

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