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DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE E DETERMINAÇÃO DO REGIME

ESPÉCIES:
- Reclusão, Detenção e Prisão simples (Comporta os regimes semiaberto e
aberto, mas os condenados não podem ficar junto com os condenados por
crimes).
Reclusão e detenção são para os condenados por crimes e a prisão
simples é para os condenados por contravenção penal (Dec. Lei 3688/41,
art. 5º).
 Na verdade, como se observa, não há uma diferença ontológica entre
as penas, a não ser em relação aos regimes de execução.

Art. 33, CP
Pena de Reclusão:
É a pena cominada aos crimes mais graves.
Comporta o regime inicial fechado, semiaberto e aberto. Nos casos de
aplicação da Medida de Segurança propicia a internação.

Pena de Detenção:
Comporta o regime inicial semiaberto e aberto. Nos casos de medida de
segurança propicia o tratamento ambulatorial.

LIMITES:
Cada tipo penal estabelece seus limites (Art. 53, CP).
Entretanto, também temos o limite do artigo 75, CP, que diz respeito ao
tempo máximo de 30 anos para cumprimento de pena para os crimes e, o
artigo 10 do Dec. 3688/41, que estipula o prazo máximo de 5 anos para as
contravenções1.
1
Súm. 715/STF: A PENA UNIFICADA PARA ATENDER AO LIMITE DE TRINTA ANOS DE CUMPRIMENTO,
DETERMINADO PELO ART. 75 DO CÓDIGO PENAL, NÃO É CONSIDERADA PARA A CONCESSÃO DE
OUTROS BENEFÍCIOS, COMO O LIVRAMENTO CONDICIONAL OU REGIME MAIS FAVORÁVEL DE
FIXAÇÃO DE REGIMES

 A fixação dos regimes ocorre com base nos critérios do art. 59, CP
(conforme art. 33, § 3º, CP2), bem como em razão da quantidade de pena
e da reincidência.
- O art. 33, § 2º, CP dispõe que a fixação do REGIME INICIAL ocorrerá da
seguinte maneira:
A) Condenado a uma pena superior a 8 anosDEVERÁ começar a cumprir
no regime fechado.

B) Condenado não reincidente a uma pena superior a 4 e que não exceda


a 8 anos PODERÁcomeçar a cumprir no regime semiaberto.

C) Condenadonão reincidente a uma pena igual ou inferior a 4


anosPODERÁ começar a cumprir no regime aberto.

SÚMULAS e DECISÕES DESTE PONTO:

SÚMULA 440/STJ
Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento
deregime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da
sançãoimposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito.

SÚMULA 718/STF
A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não
constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do
que o permitido segundo a pena aplicada.
SÚMULA 719/STF

EXECUÇÃO.
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§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios
previstos no art. 59 deste Código.
A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena
aplicada permitir exige motivação idônea.

STF:
"É ilegal a fixação de regime fechado quando a pena é fixada em patamar
inferior a oito anos, e inexistirem circunstâncias judiciais desfavoráveis
contra o paciente ou fatos concretos a justificar a decisão." (HC 100.678,
rel. min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 4-5-2010,Primeira Turma,
DJE de 1º-7-2010.) No mesmo sentido: HC 109.344, rel. min. Luiz
Fux,julgamento em 18-9-2012, Primeira Turma, DJE de 15-10-2012. Vide:
HC 95.039, rel. min.Eros Grau, julgamento em 12-5-2009, Segunda Turma,
DJE de 7-9-2009; RHC 93.818, rel.min. Cármen Lúcia, julgamento em 22-4-
2008, Primeira Turma, DJE de 16-5-2009.

"Não há ilegalidade na fixação do regime prisional mais gravoso


considerando-se o acentuado grau de reprovabilidade da conduta, não
havendo, portanto, como se reconhecer o constrangimento, notadamente
quando existem nos autos elementos concretos, e não meras conjecturas,
que apontam a quantidade de droga e a apreensão de 'inúmeros objetos
utilizados para o tráfico' como circunstâncias suficientes para elevação da
pena-base com fundamento na culpabilidade." (RHC 101.278, rel. min.
Cármen Lúcia, julgamento em 27-4-2010, PrimeiraTurma, DJE de 21-5-
2010.)

"Condenação, em grau de recurso, a dois anos e três meses de reclusão


pela prática do crime tipificado no art. 33 da Lei 11.343/2006. Afirmação,
no acórdão, de que o paciente é primário, tem bons antecedentes e as
circunstâncias judiciais lhe são favoráveis. Fixação do regime fechado para
o cumprimento da pena. Incongruência: presentes o requisito objetivo --
quantidade de pena -- e subjetivos, o regime inicial do cumprimento da
pena é o aberto (art. 33,§ 2º, c, do CP). Direito, ainda, à substituição da
pena privativa de liberdade por outra restritivade direitos (art. 44, § 2º, do
CP). Ordem concedida." (HC 98.769, rel. min. Eros Grau,julgamento em
26-5-2009, Segunda Turma, DJE de 1º-7-2009.) No mesmo sentido:
HC111.665, rel. min. Gilmar Mendes, julgamento em 7-8-2012, Segunda
Turma, DJE de 17-8-2012.

"O regime inicial de cumprimento de pena superior a quatro anos e não


excedente a oito anosé o semiaberto, ressalvada a necessidade de
imposição de regime mais rigoroso (art. 33, § 2º,b, do CP). O § 3º do art.
33 estabelece que a determinação do regime inicial de cumprimentoda
pena far-se-á com observância dos critérios previstos no art. 59 do CP.
Hipótese em que ascircunstâncias judiciais são desfavoráveis ao paciente,
justificando a imposição de regime maissevero do que o previsto segundo
a pena aplicada." (HC 95.039, rel. min. Eros Grau,julgamento em 12-5-
2009, Segunda Turma, DJE de 7-9-2009.) No mesmo sentido: HC107.654,
rel. min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 11-10-2011, Segunda
Turma, DJEde 26-10-2011; HC 100.165, rel. min. Ellen Gracie, julgamento
em 8-6-2010, Segunda Turma,DJE de 1º-7-2010. Vide: HC 100.678, rel.
min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 4-5-2010, Primeira Turma, DJE
de 1º-7-2010.

REGRESSÃO DE REGIME:
 É a passagem do regime menos rigoroso para o regime mais rigoroso,
conforme expõe o artigo 1183 da LEP, nas seguintes hipóteses:
I –quando o condenado praticar fato definido como crime doloso ou falta
grave.
Súm. 526/STJ: O reconhecimento de falta grave decorrente do
cometimento de fato definido como crime doloso no cumprimento da pena
prescinde do trânsito em julgado de sentença penal condenatória no
processo penal instaurado para apuração do fato.

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Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a
transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado:
I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;
II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne
incabível o regime (artigo 111).
§ 1° O condenado será transferido do regime aberto se, além das hipóteses referidas nos incisos
anteriores, frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta.
§ 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior, deverá ser ouvido previamente o condenado.
II – quando sofrer condenação por crime anterior cuja pena, somada ao
restante da pena em execução, torne incabível o regime.
** É admitida a regressão por “saltos”.

PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO

 São sanções alternativas, previstas a partir do artigo 43, CP, que visam
evitar o encarceramento.
 São genéricas, autônomas e, de regra (posse de entorpecentes e
transação penal), aplicáveis em caráter substitutivo às penas privativas de
liberdade (PPL), não constando no preceito secundário do tipo
incriminador.
ESPÉCIES:
A) Prestação Pecuniária: Pagamento à vítima, dependentes ou a entidade
pública ou privada com destinação social;
- De 1 até 360 salários mínimos.

B) Perda de bens e valores: Transferência de bens e valores ao Fundo


Penitenciário Nacional: Recai sobre o patrimônio lícito do condenado e
não poderá ser superior ao montante do prejuízo causado ou proveito
obtido.

C) Prestação de Serviços à Comunidade: Realizado em entidades públicas


ou assistenciais.
- Uma hora por dia de condenação.

D) Interdição Temporária de Direitos: Privação, temporária, de


determinados direitos do apenado (exercício profissional, habilitação para
dirigir, frequentar determinados lugares etc.).
E) Limitação de final de semana: Permanecer aos finais de semana em
casa do albergado ou outro estabelecimento adequado por 5 horas.

MOMENTO DA SUBSTITUIÇÃO:
 Ocorrerá, em regra, na sentença condenatória, após o juiz fixar a pena
definitiva e o regime inicial de cumprimento.
Substituição na Execução: De acordo com o artigo 180 da LEP, pode o
juiz da execução substituir a PPL por PRD, quando a pena não for superior
a 2 anos + o condenado esteja cumprindo pena no regime aberto+ tenha
cumprido pelo menos ¼ da sua pena + seja recomendável a substituição
em razão dos seus antecedentes e personalidade.

REQUISITOS PARA A SUBSTITUIÇÃO NA SENTENÇA:


A) Objetivos:
* Crime doloso + PPL não superior a 4 anos + sem Violência ou Grave
Ameaça à pessoa.
* Crime culposo: qualquer pena.

B) Subjetivos:
*Réu não reincidente em crime doloso+ Culpabilidade,
Antecedentes, Personalidade, Conduta Social, Motivos do Crime e
Circunstâncias do Crime indicando que será suficiente.
*Réu reincidente: Será possível haver a substituição se não for
reincidente específico e, em face do crime anterior, a medida seja
recomendável.

REGRAS DE SUBSTITUIÇÃO:

A) Condenação não superior a um ano: Pode ser aplicada multa ou PRD


(menos PSC em penas não superiores a 6 meses).
B) Condenação superior a um ano: Pode ser aplicada uma PRD + Multa ou
duas PRDs.
C) Concurso de crimes:
*Concurso formal perfeito ou Crime Continuado: Verifica-se a
possibilidade de substituição após a exasperação.
*Concurso material ou formal imperfeito: O juiz analisa a
possibilidade de substituição, separadamente, para cada um dos crimes.

REVERSÃO (Conversão em PPL):


 Art. 44, §§ 4º e 5º.
- Obrigatória: Quando houver o descumprimento injustificado da medida.
Assim, será deduzido o que foi cumprido em PRD, respeitado o saldo
mínimo de 30 dias.
- Facultativa:Sobrevindo condenação a Pena privativa de liberdade (PPL)
por outro crime, o Juiz da execução decidirá sobre a conversão, podendo
deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a PRD anterior.

STJ - AGRAVO REGIMENTAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO. NÃO


CABIMENTO.EXECUÇÃO. SUPERVENIÊNCIA DE CONDENAÇÃO À PENA
PRIVATIVA DE LIBERDADE EM REGIME FECHADO. CONVERSÃO DA PENA
RESTRITIVA DE DIREITOS EM PRIVATIVA DE LIBERDADE. POSSIBILIDADE.
INCOMPATIBILIDADE DAS REPRIMENDAS. PRECEDENTES.
1. O Superior Tribunal de Justiça não admite mais a utilização do habeas
corpus como sucedâneo do meio processual adequado, sejam recursos
próprios ou mesmo a revisão criminal, salvo situações excepcionais, o que
aqui não se constata.
2. É pacífica a jurisprudência desta Corte Superior no sentido de que,
estando em curso a execução, na hipótese de superveniência de nova
condenação, deve-se admitir a manutenção da pena restritiva de direitos
desde que haja compatibilidade no cumprimento de ambas.
3. Agravo regimental improvido.(AgRg no HC 360.815/SP, Rel. Ministro
SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 06/09/2016, DJe
15/09/2016)

STJ PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS


CORPUS. 1. PENA CUMPRIDA EM REGIME ABERTO DOMICILIAR.
SUPERVENIÊNCIA DE CONDENAÇÃO.PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS.
COMPATIBILIDADE DE CUMPRIMENTO.PRECEDENTES. 2. AGRAVO
REGIMENTAL IMPROVIDO.
1. Deve se admitir a manutenção da pena restritiva de direitos, no caso
de superveniência de nova condenação, ou mesmo no caso de prévia
condenação, desde que haja compatibilidade no cumprimento de ambas,
ou seja, desde que a outra pena seja também restritiva de direitos, ou,
caso seja privativa de liberdade, que o regime fixado seja o aberto, a
possibilitar o cumprimento da pena substitutiva.
2. Agravo regimental improvido.(AgRg no HC 337.793/DF, Rel. Ministro
REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em
17/05/2016, DJe 24/05/2016)

PENA DE MULTA – Arts. 49-52

Consiste em um valor fixado pelo Juiz, que incide sobre o patrimônio do


condenado e será destinado ao Fundo Penitenciário Nacional.

- Cominação:
*Pode ser cominada como pena principal de forma isolada. (Ex: Art.
20, Lei 9434/97 – Remoção de órgãos)
* Pode ser cominada de forma alternativa. (Ex: Artigos 140; 146;
147; 150; 154; 155, § 2º, CP)
* Pode ser cominada cumulativamente. (Ex: Artigos 138; 139; 155,
CP)
* Pode, por fim, ser cominada em caráter substitutivo, conforme
artigo 44, § 2º (multa na aplicação da PRD) ou conforme artigo 60, § 2º
CP4.

- Critérios para a aplicação:


 Para o cálculo, o Código Penal adota o critério dias-multa, adotando-se
o método bifásico de aplicação.
1ª Fase - O Juiz fixará o número de dias-multa, que será entre 10 e 360
dias, levando-se em consideração os critérios do art. 59, CP.
2ª Fase – Determinar o valor de cada dia-multa, que será de 1/30 a 5 vezes
o salário mínimo, levando-se em consideração a situação econômica do
réu (art. 60, CP). Esse valor poderá ser aumentado até o triplo em caso de
necessidade.

- Pagamento da Multa:
 Ela deverá ser paga em até 10 dias após transitar em julgado a
condenação.
 Parcelamento: Poderá ser requerido pelo condenado com a pertinente
justificativa.
 Desconto em folha: Poderá ocorrer, não devendo incidir sobre os
recursos indispensáveis à sobrevivência do condenado.
 Execução da Multa: Será feita pela PGE ou PFN.

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MULTA SUBSTITUTIVA – Art. 60, § 2º, CP - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6
(seis) meses, pode ser substituída pela de multa, observados os critérios dos incisos II e III do art. 44
deste Código.

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