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SESSÃO DE ESTUDO DO CÓDIGO

PENAL ANGOLANO

TÍTULO III

CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DO FACTO

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SESSÃO DE ESTUDO DO CÓDIGO
PENAL ANGOLANO
SUMÁRIO: CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DO FACTO
I- Disposições preliminares
II -Penas principais e de substituição
III -Penas acessórias
IV- Escolha e medida da pena
V - Prorrogação da pena

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CONSEQUÊNCIAS
JURÍDICAS DO FACTO

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CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS
DO FACTO
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
A enumeração de todas as
consequências jurídicas do facto ilícito,
consta do art.39.º

Quanto as pessoas colectivas, a


enumeração vem descrita no artigo no
art. 43.º

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CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS
DO FACTO
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

A aplicação das penas e das medidas de


segurança visa a protecção de bens
jurídicos essenciais à subsistência da
comunidade e a reintegração do agente
na sociedade (art. 40.º).

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CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS
DO FACTO
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Artigos 59.º e 60.º da Constituição da
República.

CPPA
Não haja pena de morte;
Nem medidas de segurança privativas de
liberdade com carácter perpétuo ou de duração
ilimitada ou indefinida (art.41.º).
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CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS
DO FACTO
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
•A culpa é o pressuposto irrenunciável de
aplicação de qualquer pena.

•A perigosidade criminal é o pressuposto


irrenunciável da aplicação de qualquer
medida de segurança.

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PENAS PRINCIPAIS E DE
SUBSTITUIÇÃO
• A pena de prisão tem, em regra, a duração
mínima de 3 meses e a duração máxima de 25
anos.

• A pena não pode exceder o limite máximo de


35 anos, ainda que por efeito de reincidência,
de concurso de crimes ou de prorrogação da
pena (art.44.º)

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PENAS PRINCIPAIS E DE SUBSTITUIÇÃO
Prisão aplicada em medida não superior a 6 meses é substituída (art.45.º) :

Multa, por igual número de dias;

Prestação de trabalho a favor da comunidade;

Suspensão da execução da pena.

• A prisão não é substituída, quando a sua execução for exigida pela


necessidade de prevenir o cometimento de futuros crimes.

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PENAS PRINCIPAIS E DE SUBSTITUIÇÃO
A prisão aplicada em medida não superior a 5 meses, que não tenha
sido substituída por multa, pode o Tribunal (art. 46.º):

Determinar que a pena seja cumprida em período de fim-de-semana.

Anuência do condenado e realização de forma adequada dos fins da


punição.
Cada período de fim de semana equivale ao cumprimento de 5 dias da
pena aplicada.

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PENAS PRINCIPAIS E DE SUBSTITUIÇÃO

Local cumprimento da prisão em fins-de-


semana:

Estabelecimento prisional mais próximo do


domicilio do condenado;

Qualquer outro estabelecimento, quer seja


policial ou de outra natureza.

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PENAS PRINCIPAIS E DE SUBSTITUIÇÃO

•Caso o condenado não compareça no


estabelecimento que lhe for indicado para
cumprimento da pena, sem justificação
aceite pelo tribunal ou dele se ausentar
sem autorização do tribunal, o regime de
prisão em fins-de-semana pode ser
revogado, passando o condenado a
cumprir a pena em regime de prisão
contínua.
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PENAS PRINCIPAIS E DE SUBSTITUIÇÃO

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PENAS PRINCIPAIS E DE SUBSTITUIÇÃO
A pena de multa é fixada em dias, sendo o limite mínimo 10 dias e o
máximo 360 dias (art. 47.º)

Cada dia de multa corresponde a uma quantia entre 75 URP e 750 URP.
(o tribunal fixa em função da situação económica e financeira do
condenado e dos seus encargos pessoais.

A multa pode ser substituída por dias de trabalho a requerimento do


condenado.

A multa não paga pode ainda ser convertida em prisão subsidiaria

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PENAS PRINCIPAIS E DE SUBSTITUIÇÃO
O tribunal pode suspender a execução da prisão
aplicada em medida não superior a 3 anos (art. 50.º):

Personalidade do agente;
Condições da sua vida;
Conduta anterior e posterior ao crime;
Circunstâncias do crime.

concluir que a censura do facto e a ameaça da prisão


realizaram de forma adequada e suficiente as
finalidades da punição.
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PENAS PRINCIPAIS E DE SUBSTITUIÇÃO
A suspensão da execução da prisão pode estar
subordinada :

Cumprimento de deveres (art. 51.º);

Observância de regras de conduta(art.52.º).

Consequências da falta de cumprimento das condições


da suspensão (art.53.º).

 Causas da revogação da suspensão (art. 54.º).

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PENAS PRINCIPAIS E DE SUBSTITUIÇÃO
Se ao agente for aplicada pena de prisão em
medida não superior a 1 ano o tribunal pode
(art.56.º):

Substituir a referida pena por prestação de


trabalho a favor da comunidade (realiza de forma
adequada e suficiente as finalidades da punição).
• A prestação de trabalho (gratuito)é fixada entre
36 e 380 horas (dias úteis, sábados, domingos,
feriados)
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PENAS PRINCIPAIS E DE SUBSTITUIÇÃO
• O tribunal pode limitar-se a proferir uma admoestação judicial quando
ao agente for aplicada pena de multa em medida não superior a 120
dias.

• A admoestação só tem lugar se o dano tiver sido reparado (art. 58.º).

• Sempre que o tribunal entenda que a presença dos país ou de outros


membros da família do arguido é necessária para conceder eficácia à
admoestação judicial, deve convocá-los para a audiência

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PENAS PRINCIPAIS E DE SUBSTITUIÇÃO
A liberdade condicional é uma pena de substituição na
execução da pena de prisão.

A aplicação da liberdade condicional depende


(art.59.º):

Do cumprimento de metade da pena, dois terços ou, no


mínimo, 6 meses.

Do consentimento do condenado

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PENAS ACESSÓRIAS
Proibição do exercício de funções (pelo período de 3
anos) aplica-se:
 titular de cargo público,
 funcionários públicos
 Agente da administração pública.
 crime punível com pena de prisão superior a 3 anos.
praticado com manifesto abuso de funções e grave
violação dos seus deveres funcionais, se revelar indigno
e não merecedor da confiança necessária para o
exercício desse cargo e das funções a ele inerentes.
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PENAS ACESSÓRIAS
Não conta para o prazo de proibição o tempo em
que o agente estiver privado da liberdade por força de
medidas de coacção processual, pena ou medidas de
segurança.

Sempre que o titular de cargo público, funcionário


público ou agente da administração pública for
condenado pela prática de crime, o tribunal comunica
a condenação à autoridade de que depende

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ESCOLHA E MEDIDA DA PENA
Princípio da preferência das penas não detentivas,
face às detentivas.

Quando ao crime forem aplicáveis em alternativa uma


pena privativa de liberdade e uma pena não privativa
de liberdade, o tribunal deve dar preferência à
aplicação desta última.
A menos que ela não permita realizar, de forma
adequada e suficiente, as finalidades da punição.

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ESCOLHA E MEDIDA DA PENA
Por sua vez, os critérios para a determinação,
pelo tribunal da medida concreta da pena
dentro dos limites fixados na lei (art.70.º), são:
a culpa do agente e as exigências de
prevenção.

 Deve-se ter sempre em conta as


circunstâncias agravantes e atenuantes.

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ESCOLHA E MEDIDA DA PENA

O novo CPPA continua a submeter as circunstâncias


agravantes ao princípio da legalidade e da tipicidade,
enumerando-as taxativamente «São unicamente
circunstâncias agravantes» ( n.º 1 do artigo 71.º).

Quanto às circunstancias atenuantes, a enumeração


é exemplificativa, competindo aos juízes avaliar e
determinar o que é susceptível de diminuir a ilicitude
do facto, a culpabilidade do agente e a necessidade da
pena (n.º 2 do art. 71.º),

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ESCOLHA E MEDIDA DA PENA

As circunstancias modificativas alteram a


medida legal da pena aplicável ao crime em
relação ao qual se verificam (art. 72.º)

Havendo inúmeras circunstâncias


qualificativas (modificativas) estabelecidas na
Parte Especial, considerou-se útil introduzir a
regra do n.º 2 , definindo-se o critério de
escolha da circunstância que se aplica em
concreto.
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ESCOLHA E MEDIDA DA PENA

O tribunal atenua especialmente a pena


quando existirem circunstâncias
anteriores, contemporâneas ou
posteriores ao crime, que diminuam de
forma acentuada a ilicitude do facto , a
culpa do agente ou a necessidade da
pena (art. 73.º)

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ESCOLHA E MEDIDA DA PENA
Novo CPPA, a atenuação especial opera-se por
redução nos limites, mínimo e máximo, das molduras
ou por substituição da prisão por multa, (art. 74.º).

EX: Crime de Rapto art. 175.º n.º 2, pena de prisão 5 a


15 anos

limite máximo 15 anos (reduzido em 1/3)


limite mínimo 5 anos (reduzido em 1/5)

Nova pena aplicável: 1 a 5 anos de prisão


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ESCOLHA E MEDIDA DA PENA
O novo CPPA (art.75.º) vai até à possibilidade de
isentar da pena o condenado, mesmo declarando-o
culpado, quando:
 Crime punível com pena de prisão não superior a 6
meses ou com multa não superior a 120 dias,
 A ilicitude do facto e a culpa do agente forem
diminutas,
 O dano tiver sido reparado
Dispensa da pena se não opuserem razões de
prevenção geral e/ou especial .

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ESCOLHA E MEDIDA DA PENA
É reincidente todo aquele que, por qualquer forma,
cometer mais de um crime doloso punível com pena de
prisão superior a 1 ano, depois de já ter sido
definitivamente condenado em pena de prisão efectiva
superior a 1 ano.
Mas isso não basta para a reincidência qualificar o
crime.
É ainda necessário que, de acordo com as
circunstâncias, o agente mereça ser censurado pelo
facto de a condenação ou condenações anteriores «não
lhe terem servido de suficiente advertência contra o
crime».
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ESCOLHA E MEDIDA DA PENA
A reincidência com o valor modificativo
da moldura penal faz descaso da natureza
dos crimes cometidos em reiteração,
abrange no seu conceito não só a
reincidência em sentido estrito como a
figura da sucessão do Código de 1886, e
não é aplicável nem às multas nem aos
crimes negligentes.

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ESCOLHA E MEDIDA DA PENA
• O Novo CPPA consagrar a punição do concurso de
crimes com uma só pena, isto é, uma pena unitária,
(art. 78.º ).

• Fixadas as penas parcelares concretamente aplicadas


ao agente por cada crime por ele cometido, o
processo fica reduzido a duas operações de grande
simplicidade: a determinação da moldura penal ou
penalidade do cúmulo e a graduação
(individualização) da pena única dentro daquela
moldura e de acordo com o critério legalmente
definido.
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ESCOLHA E MEDIDA DA PENA
•O limite mínimo da moldura penal é a
mais elevada das penas parcelares
aplicadas e o limite máximo obtém-se
pela soma das penas parcelares.
•Se a soma ultrapassar os 35 anos,
procede-se à sua redução para esse
limite, passando, em tal caso, os 35 anos
a constituir o limite máximo da moldura
abstracta.
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ESCOLHA E MEDIDA DA PENA
• EXEMPLO:
Homicídio Qualificado, condenado em 20 anos de prisão.
Sequestro , condenado na pena de 12 anos de prisão.
Tráfico de Pessoas, condenado na pena de 8 anos de prisão.

Limite mínimo: 20
Limite máximo: 40 (redução para 35 anos).

Pena aplicável: 20 a 35 anos de prisão

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PRORROGAÇÃO DA PENA
Os artigos 84.º e seguintes consagram regras
especiais de aplicação de penas relativamente
indeterminadas, através da prorrogação da
pena aplicada aos delinquentes por tendência
e aos alcoólicos e equiparados.

 imputáveis perigosos: pessoas de quem se


possa sensivelmente esperar que, uma vez em
liberdade, continuem a cometer crimes.

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PRORROGAÇÃO DA PENA

As penas em que foram condenados


os imputáveis perigosos podem,
verificados os pressupostos, ser
prorrogadas por dois períodos
sucessivos de 3 anos.

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