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CARACTERÍSTICAS DAS PENAS PRINCIPAIS

→ previstas expressamente no tipo legal de crime


→ fixadas pelo juiz na sentença, independentemente de quaisquer outras

CARACTERÍSTICAS DA PENA DE PRISÃO

→ única: distinguem-se umas e outras apenas em função da sua maior ou menor duração
→ penas de curta duração (até 1 ano), de média duração (entre 1 e 5 anos) e de longa duração
(mais de 5 anos)
→ simples: não envolve como efeito necessário a perda de direito civis, profissionais ou políticos
→ não podem ter natureza perpétua, nem duração indefinida ou indeterminada art. 30º/1 CRP
→ duração mínima de 1 mês e duração máxima de 20 anos art. 41º/1 CP
→ em determinados casos previstos na lei, o limite máximo pode ser de 25 anos (concurso de
crimes, pena relativamente indeterminada e homicídio qualificado) art. 41º/2 CP
→ em caso algum pode ser excedido este limite máximo de 25 anos art. 41º/3 CP, ou seja, por
cada condenação numa pena (por crime singular ou concurso de crimes) ninguém pode estar
mais do que 25 anos preso.

CARACTERÍSTICAS DA PENA DE MULTA PRINCIPAL

→ pena alternativa: prevista no tipo legal de crime como alternativa à pena de prisão ou
→ pena autónoma: única prevista no tipo legal de crime
→ caráter pessoalíssimo
▪ responsabilidade criminal não é transmissível art. 30º/3 CRP: aquele que pagar a
pena de multa de outrem comete o crime de favorecimento pessoal
▪ responsabilidade criminal extingue-se com a morte art. 127º CP: a multa não é paga
com as forças da herança quando o condenado morre
→ número de dias de multa: limite mínimo é 10 dias e limite máximo é 360 dias art. 47º/1 CP;
em casos excecionais o limite máximo é 600 dias; no concurso de crimes, o limite máximo é
900 dias
→ quantitativo diário: limite mínimo é €5 e limite máximo é €500 art. 47º/2 CP

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CARACTERÍSTICAS DAS PENAS DE SUBSTITUIÇÃO

× aquelas que podem substituir qualquer uma das penas principais concretamente
determinadas, ou seja, são aplicadas em vez da pena principal.
→ penas de substituição em sentido próprio:
▪ substituem uma pena de prisão concretamente determinada
▪ penas não privativas da liberdade: pena de multa art. 45º CP, proibição do exercício
de profissão, função ou atividade art. 46º CP, suspensão da execução da pena de
prisão art. 50º ss. CP e prestação de trabalho a favor da comunidade art. 58º CP.
▪ em regra, a medida concreta da pena de substituição é determinada
autonomamente, segundo a culpa e as exigências de prevenção art. 71º CP.
→ pena de substituição da pena de multa: admoestação art. 60º CP.
→ até 2007, havia penas de substituição privativas da liberdade:
▪ regime de permanência na habitação – modo de execução da pena de prisão art.43º
CP.
▪ prisão por dias livres – abolida
▪ regime de semidetenção - abolida

CARACTERÍSTICAS DAS PENAS ACESSÓRIAS

× aquelas cuja aplicação pressupõe a fixação na sentença de uma pena principal ou de uma pena
de substituição, ou seja, são aplicadas juntamente com uma pena principal ou de substituição
→ pena referida ao facto
→ tem como pressuposto a culpa
→ limitada no tempo a partir de uma moldura penal
→ determinada em função da culpa e das exigências de prevenção art. 71º CP
→ princípio da não automaticidade dos efeitos das penas art. 65º CP e art. 30º/4 CRP
▪ CP 1982: fim dos efeitos automáticos das penas e intenção de criar penas acessórias;
na verdade criaram-se efeitos não automáticos das penas
▪ efeitos não automáticos das penas: aplicação depende da mediação do juiz; não
há uma relação entre os efeitos e a culpa do agente (e não pode haver pena sem
culpa); ligam-se mais à pena do que ao facto (e a pena tem de ser consequência do
facto); a pena tem de ser limitada no tempo

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▪ OPERAÇÕES DE DETERMINAÇÃO DA PENA

1) determinação da moldura penal (pena aplicável)

→ o juiz determina o tipo legal de crime preenchido pela conduta do agente, através da
subsunção dos factos num tipo legal de crime fundamental ou qualificado e aplica a respetiva
moldura penal
→ quando o tipo legal de crime prevê em alternativa pena de prisão e pena de multa, o juiz tem
de escolher a pena, segundo as exigências de prevenção (critérios de escolha da pena art. 70º
e 40º/1 CP); apesar da sanção privativa da liberdade constituir a última ratio art. 18º/2 CRP, o
juiz só deve aplicar a pena de multa em vez da pena de prisão, quando for manifesta a
inadequação da pena de prisão, pois se escolher a pena de prisão terá um maior leque de penas
de substituição ao seu dispor na operação final (critério de conveniência e de maior ou menor
adequação)
→ o juiz tem de atender a eventuais circunstâncias modificativas
▪ pressupostos que não dizem respeito ao tipo de ilícito, ao tipo de culpa ou à
punibilidade em sentido próprio, mas que contendem com a maior ou menor
gravidade do crime como um todo
▪ circunstância modificativa agravante geral – reincidência: agrava o limite mínimo
da moldura penal e aplica-se a qualquer crime arts. 75º e 76º CP
▪ circunstâncias modificativas atenuantes gerais – comissão por omissão art. 10º/3
CP, tentativa art. 23º/2 CP, cumplicidade art. 27º/2 CP e regime dos jovens adultos
art. 4º DL nº 401/82: atenua o limite máximo e o limite mínimo e aplica-se a
qualquer crime art. 73º CP (atenuação especial da pena)
▪ cláusula geral de atenuação especial da pena art. 72º CP
▪ concurso de circunstâncias modificativas: sistema de funcionamento sucessivo;
a segunda circunstância modificativa atua sobre a moldura penal encontrada com
atuação da primeira e assim sucessivamente; primeiro devem atuar as
circunstâncias modificativas atenuantes e só depois é que deve atuar a reincidência
(só desta forma é possível determinar a medida da pena do segundo crime como se
o agente não fosse reincidente; saber se está preenchido o requisito de o segundo
crime ser punido com pena de prisão efetiva superior a 6 meses; e saber quanto é a
agravação)

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2) determinação da medida concreta da pena (pena aplicada)

→ dentro da moldura penal encontrada, o juiz determina a pena concreta a aplicar, atendendo à
culpa do agente e às exigências de prevenção (critérios de medida da pena) art. 71º/1 CP
→ a culpa e as exigências de prevenção relacionam-se segundo o modelo de prevenção:
▪ art. 40º/1 CP: aplicação da pena visa a tutela de bens jurídicos (finalidades de
prevenção geral positiva), por isso a medida da pena é determinada a partir da
medida da necessidade de tutela dos bens jurídicos no caso concreto; a
necessidade de tutela dos bens jurídicos não é suscetível de medida exata
▪ moldura de prevenção geral: limite superior é o ponto ótimo da tutela dos bens
jurídicos; limite inferior é as exigências mínimas de defesa da ordem jurídica e da
paz social
▪ princípio da culpa: não há culpa sem pena, nem pena superior à medida da culpa,
ou seja, a culpa é pressuposto e limite da pena art. 40º/2 CP
▪ dentro da moldura de prevenção geral e atendendo ao limite máximo da pena
definido pela culpa, a medida concreta da pena é dada em função das exigências de
prevenção especial: a pena situa-se próxima do limite máximo ou do limite mínimo
consoante o agente seja muito ou pouco carecido de ressocialização
→ fatores de medida da pena
▪ circunstâncias do complexo integral do facto que relevam para a culpa e para as
exigências de prevenção
▪ art. 71º/2 CP: enumeração exemplificativa
▪ fatores relativos à execução do facto, à personalidade do agente e à conduta do
agente anterior e posterior ao facto
▪ ambivalentes: o mesmo fator pode relevar para determinar o grau de culpa e para
averiguar as exigências de prevenção
▪ duplamente ambivalentes: o mesmo fator tem um efeito agravante quando
considerado ao nível da culpa e um efeito atenuante quando considerado ao nível
da prevenção
→ princípio da proibição da dupla valoração: o juiz não pode utilizar as mesmas
circunstâncias que o legislador tomou em consideração quando estabeleceu a moldura penal

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do facto para determinar a medida concreta da pena, mas pode atender à intensidade ou aos
efeitos do preenchimento do tipo legal de crime.

3) escolha da pena (eventual)

→ o juiz tem de escolher entre pena principal e pena de substituição, segundo as exigências de
prevenção (critérios de escolha da pena art. 70º e 40º/1 CP); deve dar-se preferência à pena
não privativa da liberdade (sanção privativa da liberdade constitui última ratio art. 18º/2
CRP), quando, verificados os seus pressupostos de aplicação, esta realizar de forma adequada
e suficiente as finalidades preventivas da punição (critério de necessidade)

REINCIDÊNCIA

» caso especial de determinação da pena

» circunstância modificativa agravante geral arts. 75º e 76º CP

→ pressupostos formais:
▪ crimes dolosos art. 75º/1 CP
▪ crime 1 foi punido com pena de prisão efetiva superior a 6 meses; crime 2 seria
punido com pena de prisão efetiva superior a 6 meses, se o agente não fosse
reincidente art. 75º/1, 4 CP; não podem ter sido punidos com pena de substituição;
a pena de prisão efetiva pode ter sido executada em regime de permanência na
habitação; não se exige que o agente tenha efetivamente cumprido a pena
▪ condenação pelo crime 1 já transitou em julgado (decisão irrecorrível) quando o
agente pratica o segundo crime art. 75º/1 CP
▪ entre a prática do crime 1 e a prática do crime 2 não decorreram mais do que 5 anos
art. 75º/2, 1ª parte CP; caso contrário, o regime da reincidência prescreve; não conta
para efeito de prescrição da reincidência o tempo em que o agente esteve privado
da liberdade art. 75º/2, 2ª parte CP

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→ pressuposto material: maior culpa do agente; quando pratica o segundo crime, revela uma
atitude pessoal de desconsideração pela solene advertência contida na condenação anterior
art. 75º/1, 2ª parte CP
▪ o agente reincidente é aquele em relação ao qual se verificam maiores exigências
de prevenção especial (agente mais perigoso), mas o que justifica a sua punição
como reincidente é a sua maior culpa
▪ exige-se uma conexão íntima entre o crime anterior e o crime reiterado; temos de
estar perante factos de natureza análoga (atende-se, em regra, ao bem jurídico em
causa).

1) determinação da medida concreta da pena em que o agente seria condenado se não fosse
reincidente, segundo a culpa e as exigências de prevenção art. 71º CP.

→ operação duplamente instrumental:


▪ crime 2 punido com pena de prisão efetiva superior a 6 meses, se o agente não fosse
reincidente art. 75º/1 CP
▪ limite de agravação art. 76º/1, 2ª parte CP

2) construção da moldura penal da reincidência

→ art. 76º/1, 1ª parte CP


→ revela a natureza jurídica da reincidência enquanto circunstância modificativa agravante

3) determinação da medida concreta da pena dentro da moldura da reincidência, segundo a culpa e


as exigências de prevenção art. 71º CP e atendendo à maior culpa do agente por ser reincidente.

→ princípio da proibição da dupla valoração: o juiz agrava o limite mínimo da moldura penal e
encontra uma pena mais grave em nome da maior culpa do agente; quando construiu a
moldura da reincidência, valora o facto do agente ter desrespeitado a solene advertência
contida na condenação anterior; quando determina a medida concreta da pena, valora o grau
de desrespeito por esta advertência. Este princípio não impede que o juiz atenda à intensidade
da realização de um elemento do tipo ou à intensidade da violação de um dever determinante
da aplicação da moldura penal.

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4) agravação não pode exceder a medida mais grave da pena aplicada nas condenações anteriores art.
76º/1, 2ª parte CP

→ subtrai-se à pena da reincidência a pena a que o agente seria condenado se não fosse
reincidente
→ limite absoluto e externo justificado por uma ideia de proporcionalidade
→ quando o agente é condenado pelo primeiro crime numa pena muito baixa, pode acontecer
que a pena aplicada ao agente reincidente pelo segundo crime fique abaixo do limite mínimo
da molura de reincidência.

5) eventual substituição da pena (escolha da pena)

CONCURSO DE CRIMES

» caso especial de determinação da pena

→ pressuposto – concurso efetivo de crimes


▪ o mesmo agente pratica vários tipos legais de crimes ou pratica várias vezes o
mesmo tipo legal de crime art. 30º/1 CP antes de transitar em julgado a condenação
por qualquer um deles art. 77º/1 CP
→ sistema de pena única conjunta segundo o método do cúmulo jurídico

1) determinação da pena principal concreta para cada um dos crimes, segundo a culpa e as
exigências de prevenção art. 71º CP

2) construção da moldura do concurso art. 77º/2 CP

→ penas parcelares da mesma espécie (todas penas de prisão ou todas penas de multa)
▪ limite mínimo: pena concreta mais grave
▪ limite máximo: soma das penas concretas não superior a 25 anos de prisão ou a 900
dias de multa).
→ penas parcelares de espécie diferente (umas penas de prisão e outras penas de multa)

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▪ ou a pena de multa é convertida em prisão subsidiária (dias de multa reduzidos a
2/3 art. 49º/1 CP) para efeito de determinação da pena única conjunta
▪ ou o condenado paga a multa (o juiz determinou previamente o nº dias de multa e
o quantitativo diário); esta não entra no procedimento de determinação da pena
única conjunta; o condenado pode pagar a multa e evitar que esta se repercuta na
pena única conjunta art. 77º/3 CP

3) determinação da medida concreta da pena única conjunta dentro da moldura do concurso,


segundo a culpa e as exigências de prevenção art. 71º CP e o critério especial do art. 77º/1, 2ª parte CP
(consideração em conjunto dos factos e da personalidade do agente)

→ princípio da proibição da dupla valoração: o juiz já considerou os factos e a personalidade


do agente enquanto fatores de medida da pena quando determinou a pena concreta para cada
um dos crimes, mas aqui avalia os factos e a personalidade do agente tendo em conta a
totalidade dos crimes praticados

4) eventual substituição da pena única conjunta (escolha da pena)

CONHECIMENTO SUPERVENIENTE DO CONCURSO

→ finalidade do instituto: colmatar as deficiências do sistema de administração da justiça penal


▪ o agente cometeu mais do que um crime, mas no momento do julgamento o tribunal
desconhecia todos os crimes praticados

HIPÓTESE 1

→ crime 2 foi praticado antes do momento em que a condenação proferida art. 78º/1 CP
→ condenações pelos crimes 1 e 2 já transitaram em julgado art. 78º/2 CP
→ penas prescritas, cumpridas ou extintas não devem ser tidas em conta para a formação de uma
pena única conjunta
→ quando o juiz está a julgar o crime 2, o juiz limita-se a determinar a pena concreta para este
crime; mesmo que tenha conhecimento do crime 1, não pode determinar logo a pena única
conjunta do concurso

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→ depois do trânsito em julgado da condenação pelo crime 2, terá lugar uma nova audiência para
determinar a pena única conjunta do concurso
→ pena única conjunta anterior: o juiz anula a pena única conjunta anteriormente aplicada (se
for esse o caso) e determina uma nova pena única conjunta que abranja todos os crimes em
concurso
→ o juiz convoca as penas parcelares que foram anteriormente determinadas e constrói uma
nova moldura do concurso, dentro da qual determina a pena única conjunta
→ eventual desconto de pena anterior arts. 78º/1, parte final e 81º CP

HIPÓTESE 2

→ crime 2 foi praticado entre a condenação pelo crime 1 e o trânsito em julgado desta
→ interpretação da expressão “anteriormente àquela condenação” art. 78º/1 CP
→ posição de Maria João Antunes:
▪ a expressão refere-se ao momento em que a condenação foi proferida e não ao
momento do trânsito em julgado da condenação
▪ não estamos perante um caso de conhecimento superveniente do concurso
▪ este instituto visa corrigir falhas na justiça e, neste caso, não há qualquer falha de
administração da justiça, pois o tribunal, quando julgou o primeiro crime, não
poderia julgar o agente por um crime que este ainda não tinha praticado
▪ se se entender que os crimes cometidos entre a condenação e o trânsito em julgado
devem ser considerados para efeito de determinação de uma pena única conjunta,
cria-se um período de impunidade para o agente, pois este nunca vai ser condenado
numa pena superior a 25 anos
▪ para haver concurso o agente tem de ter praticado todos os crimes antes da
condenação; caso contrário, estamos perante um caso de execução sucessiva de
penas.
→ posição do STJ:
▪ a expressão refere-se ao momento em que a condenação transitou em julgado
▪ quando o agente pratica um crime entre a condenação anterior e o seu trânsito em
julgado, ainda se aplicam as regras do art. 78º CP

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CRIME CONTINUADO

→ o agente pratica vários crimes, mas o circunstancialismo externo que o arrasta para a
resolução criminosa diminui consideravelmente a sua culpa art. 30º/2 CP
→ princípio da exasperação: o tribunal determina a medida concreta da pena do crime
continuado dentro da moldura penal mais grave cabida aos diversos crimes que integram a
continuação, valorando dentro dessa moldura a pluralidade dos atos praticados art. 79º/1 CP
→ não pode dizer respeito a bens pessoais art. 30º/3 CP.

DESCONTO

→ caso especial de determinação da pena


→ o critério legal do desconto depende da natureza e da espécie de pena ou medida processual
a ser descontada e da pena em que o desconto vai ser imputado
→ o desconto de pena anterior é feito por inteiro ou de forma equitativa, consoante esta seja ou
não da mesma natureza da pena posterior art. 81º CP
→ o desconto de medida processual (detenção, prisão preventiva ou obrigação de permanência
na habitação) é feito por inteiro na pena de prisão art. 80º/1 CP

DISPENSA DE PENA

→ caso especial de determinação da pena


→ a sentença que decreta a dispensa de pena é condenatória, porque o tribunal declara o agente
culpado
→ o agente é condenado, mas não lhe é aplicada uma pena, porque no caso não se fazem sentir
exigências de prevenção, ou seja, a pena não é necessária art. 40º/1 CP
→ pressupostos:
▪ crime punível com pena de prisão não superior a 6 meses ou com pena de multa
não superior a 120 dias
▪ ilicitude do facto e culpa do agente são diminutas
▪ dano foi reparado
▪ não se opõe a exigências de prevenção
→ manifestação do princípio da culpa na sua vertente unilateral

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REGIME DE PERMANÊNCIA NA HABITAÇÃO

→ incidente de execução da pena de prisão


→ obrigação de o condenado permanecer na habitação com fiscalização por meios técnicos de
controlo à distância art. 43º CP
→ possibilidade de aplicação do regime de permanência na habitação é decidida depois de o juiz
ter determinado a medida concreta da pena e depois de ter optado pela não substituição
→ pressupostos:
▪ consentimento do condenado
▪ condenação em pena de prisão efetiva não superior a 2 anos
▪ realização, de forma adequada, das finalidades de execução da pena de prisão art.
40º/1 CP (pressuposto material)

LIBERDADE CONDICIONAL

→ incidente da execução da pena de prisão


→ o condenado que se encontre em liberdade condicional ainda está a cumprir pena de prisão.

→ metade da pena – pressupostos:


▪ consentimento do condenado art. 61º/1 CP e art. 176º/1 CEP
▪ mínimo 6 meses de pena de prisão efetiva art. 61º/2 CP
▪ juízo de prognose favorável: exigências de prevenção especial de socialização e
exigências de prevenção geral positiva (tutela do ordenamento jurídico) art. 61/2
alíneas a) e b) CP
→ 2/3 da pena – pressupostos:
▪ consentimento do condenado art. 61º/1 CP e art. 176º/1 CEP
▪ juízo de prognose favorável: exigências de prevenção especial de socialização;
exigências de prevenção geral positiva presumem-se cumpridas art. 61/3 e
61º/2/a) CP
→ 5/6 da pena – pressupostos:
▪ consentimento do condenado art. 61º/1 CP e art. 176º/1 CEP
▪ pena de prisão superior a 6 anos art. 61º/4 CP
▪ não se exige qualquer pressuposto materia

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→ renovação anual da instância art. 180º CEP
▪ possibilidade de liberdade condicional é apreciada de 12 em 12 meses desde a data
em que foi proferida a decisão anterior
▪ pressuposto material varia consoante estiver cumprida metade da pena, 2/3 ou 5/6
→ regime
▪ duração igual ao tempo de prisão que falte cumprir nunca superior a 5 anos art.
61º/5 CP
▪ decorrido o período de liberdade condicional, a pena é declarada extinta
▪ possibilidade de imposição de regras de conduta ou do regime de prova arts. 64º/1,
52º, 53º/1, 2 e 54º CP
▪ desconto por inteiro do tempo da prisão preventiva na metade da pena de prisão;
exemplo: agente condenado em 10 anos de prisão que esteve 2 anos em prisão
preventiva, pode sair em liberdade condicional ao fim de 3 anos de prisão efetiva.
→ revogação arts. 64º/1 e 56º/1/a) e b) CP
▪ execução da pena de prisão ainda não cumprida art. 64º/2 CP; subtrai-se ao
montante da condenação o tempo de prisão efetiva já cumprida e o período em que
o condenado esteve em liberdade condicional
▪ possibilidade de nova liberdade condicional relativamente à pena de prisão ainda
▪ não cumprida art. 64º/3 CP.

→ execução sucessiva de várias penas


→ 1º hipótese
▪ execução da pena a cumprir em primeiro lugar é interrompida, sem se fazer
qualquer juízo, quando estiver metade cumprida art. 63º/1 CP
▪ condenado começa a cumprir a segunda pena
▪ liberdade condicional é apreciável quando for possível fazê-lo simultaneamente em
relação a todas as penas art. 63º/2 CP, segundo os pressupostos formais e materiais
do art. 61º/1, 2 CP
▪ renovação anual da instância art. 180º CEP
▪ nova apreciação aos 2/3 da soma das penas arts. 63º/2 e 61º/3 CP
▪ liberdade condicional obrigatória aos 5/6 da soma das penas, se a soma exceder 6
anos de prisão art. 63/3 CP

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→ 2ª hipótese
▪ regime do art. 63º não se aplica quando a execução sucessiva de penas resulta da
revogação da liberdade condicional art. 63º/4 CP
▪ aplicam-se as regras gerais da liberdade condicional art. 61º CP à pena de prisão
resultante da revogação da liberdade condicional
▪ eventual liberdade condicional concedida em relação à primeira pena vai ser
cumprida na prisão, pois condenado começa a cumprir a segunda pena.
▪ segunda pena só começa a ser cumprida quando for concedida ao condenado
liberdade condicional em relação à primeira ou quando esta for totalmente
cumprida
▪ aplicam-se as regras gerais da liberdade condicional art. 61º CP à pena de prisão
pelo segundo crime

DETERMINAÇÃO EM CONCRETO DA PENA DE MULTA

→ Sistema dos dias de multa

1) determinação dos dias de multa art. 47º/1 CP

→ a multa é fixada em dias de acordo com os critérios gerais da culpa e das exigências de
prevenção art. 71º/1 CP e atendendo aos fatores de medida da pena art. 71º/2 CP
→ em princípio, o juiz não atende à situação económica do agente quando está a determinar o nº
de dias de multa, pois este fator de medida da pena tem tratamento autónomo na operação
seguinte (princípio da proibição da dupla valoração)
→ o juiz deve atender à situação económica do agente nesta operação nos casos em que a
condição económica do agente for determinante da sua culpa

2) determinação do quantitativo diário art. 47º/2 CP

→ o quantitativa diário é fixado tendo em conta a situação económica do agente e os seus


encargos pessoais, no momento da condenação
→ situações de carência de rendimentos próprios: o juiz deve atender à quantia que o agente
dispõe para proveito pessoal

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→ situações de rendimento mínimo de subsistência ou inferior: o juiz deve fixar o quantitativo
diário no mínimo legal, converter a multa em prisão subsidiária e suspender a execução desta,
impondo ao agente o cumprimento de deveres ou regras de conduta de conteúdo não
económico-financeiro art. 49º/1, 3 CP

3) determinação do modo concreto de pagamento da pena de multa (eventual)

EXECUÇÃO DA PENA DE MULTA PRINCIPAL E DE SUBSTITUIÇÃO

1) pagamento voluntário da quantia em que o agente foi condenado no prazo de 15 dias a contar da
notificação para pagamento

→ o juiz pode diferir o prazo ou permitir o pagamento a prestações, tendo em conta a situação
económico-financeira do condenado art. 47º/3 CP

2) requerimento pelo condenado do pagamento da multa através da prestação de dias de trabalho no


prazo de 15 dias a contar da notificação para pagamento art. 48/1º CP

→ STJ: regime do art. 48º CP aplica-se à execução da pena de multa principal e à execução da
pena de multa de substituição, mas o condenado só pode requerer a substituição da multa por
trabalho se a impossibilidade de pagamento não lhe for imputável
→ Maria João Antunes: substituição da multa por dias de trabalho é uma forma de pagamento
da pena de multa principal ou de substituição e, por isso, não está dependente da verificação
da impossibilidade de pagamento por motivo não imputável ao condenado

3) execução dos bens do condenado pelo tribunal se este tiver bens suficientes para pagar a multa; em
caso afirmativo, a multa fica paga

4) pena de multa principal não paga converte-se em prisão subsidiária (tempo de prisão corresponde
aos dias de multa reduzidos a 2/3) art. 49º/1 CP

→ condenado cumpre prisão subsidiária pelo tempo correspondente à multa não paga, ou seja,
o pagamento reflete-se proporcionalmente no tempo de prisão subsidiaria art. 49º/2 CP

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→ prisão subsidiária é uma sanção de constrangimento para o pagamento da pena de multa,
pelo que o agente pode a todo o tempo evitar a execução da prisão subsidiária pagando a
multa art. 49º/2 CP

5) pena de multa principal não paga converte-se em prisão subsidiária; suspende-se a execução da prisão
subsidiária; impõe-se o cumprimento de deveres e regras de conduta de caráter não económico-
financeiro art. 49º/3 CP

→ se o condenado cumprir os deveres e regras de conduta, a pena de multa é declarada extinta


→ caso contrário, o condenado cumpre prisão subsidiária

6) condenado cumpre a pena de prisão que foi aplicada na sentença e substituída por pena de multa art.
45º/2 CP

→ possibilidade de aplicação do regime de permanência na habitação e da liberdade condicional


→ condenado não pode posteriormente obstar ao cumprimento da pena de prisão pagando a
multa (art. 45º/2 CP não remete para o art. 49º/2 CP); esta é a consequência característica do
incumprimento da pena de multa de substituição.

7) suspende-se a execução da pena de prisão fixada na sentença e substituída por pena de multa; impõe-
se o cumprimento de deveres de conduta de caráter não económico-financeiro arts. 49º/3 e 45º/2 CP

→ se o condenado cumprir os deveres e regras de conduta, a pena é declarada extinta


→ caso contrário, tem de cumprir a pena de prisão fixada na sentença.

Nota: quando a pena de substituição é revogada, o agente tem de cumprir a pena de prisão na totalidade,
mesmo que já tenha pago parte da multa.

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INTERNAMENTO DE INIMPUTÁVEIS

→ medida de segurança privativa da liberdade


→ pressupostos art. 91º/1 CP
▪ prática de um facto ilícito típico
▪ declaração de inimputabilidade por anomalia psíquica art. 20º CP
▪ juízo de prognose desfavorável quanto à perigosidade criminal do agente
→ princípio da proporcionalidade: é necessário ponderar a gravidade do facto ilícito típico,
pois a medida de segurança só pode ser aplicada se for proporcionada à gravidade do facto e
à perigosidade do agente art. 40º/3 CP
→ duração
▪ internamento cessa quando cessar o estado de perigosidade criminal que lhe deu
origem art. 92º/1 CP
▪ duração da medida de segurança de internamento não pode ser previamente
determinada
▪ limite máximo: em regra, o internamento não pode exceder o limite máximo da
pena correspondente ao tipo do crime praticado art. 92º/2 CP e art. 30º/1 CRP
▪ possibilidade de prorrogação da medida de segurança, quando o fundado receio de
que o internado cometa novos factos da mesma espécie desaconselhe a libertação
art. 92º/3 CP e art. 30º/2 CRP
▪ duração mínima (3 anos): quando o facto praticado pelo inimputável corresponder
a crime contra as pessoas ou a crime de perigo comum puníveis com pena de prisão
superior a 5 anos; este limite não se aplica se, cessando a perigosidade, a libertação
se revelar compatível com a defesa da ordem jurídica e da paz social. art. 91º/2 CP
→ execução
▪ revisão da situação do internado art. 93º CP: tribunal aprecia eventual causa de
justificação da cessação da perigosidade criminal do agente a todo o tempo; 2 anos
após o início do internamento ou após a decisão que a manteve há apreciação
obrigatória; fica ressalvado o caso do art. 91º/2 CP
▪ reexame da medida de internamento art. 96º CP: o tribunal tem de apreciar a
subsistência dos pressupostos que justificaram a aplicação do internamento, se a
execução deste não se iniciar após 2 anos ou mais da decisão que o decretou; o

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tribunal confirma a medida decretada, suspende a execução da medida decretada
ou revoga a medida decretada
▪ liberdade para prova art. 94º CP: incidente da execução da medida de segurança
de internamento; se da revisão da situação do internado, o tribunal de execução das
penas concluir que a finalidade da medida de segurança pode ser alcançada em
meio aberto, o internado é colocado em liberdade para prova; imposição de deveres
e de regras de conduta; pressupõe a subsistência da perigosidade do agente, pois
caso contrário a medida de segurança de internamento cessava.
→ Suspensão da execução do internamento art. 98º CP
▪ medida de segurança de substituição não privativa da liberdade
▪ apreciada pelo tribunal da condenação
▪ imposição de regras de conduta necessárias à prevenção da perigosidade
▪ em regra, tem duração máxima correspondente à medida de segurança de
internamento, ou seja, cessa quando se verificar que cessou o estado de
perigosidade criminal que lhe deu origem.

VICARIATO NA EXECUÇÃO

→ art. 99º CP
→ execução de pena e de medida de segurança privativas da liberdade aplicadas ao mesmo
agente pela prática de factos distintos
→ medida de segurança de internamento é executada antes da pena de prisão a que o agente
tiver sido condenado
→ duração do internamento é descontada na duração da pena de prisão
→ agente é colocado em liberdade condicional se, efetuado o desconto, se encontrar cumprido o
tempo correspondente a metade da pena e a libertação se revelar compatível com a defesa da
ordem jurídica e da paz social
→ se a medida de segurança dever cessar antes de decorrido o tempo correspondente a metade
da pena, o tribunal pode, a requerimento do condenado, substituir o tempo de prisão que faltar
para a metade da pena (ou seja, para conceder a liberdade condicional), até ao máximo de 1
ano, por prestação de trabalho a favor da comunidade, se tal se revelar compatível com a
defesa da ordem jurídica e da paz social.

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[Escreva aqui]
FINALIDADES DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA

→ perigosidade criminal no agente – pressuposto da medida de segurança de internamento


▪ medida de segurança cumpre primordialmente uma finalidade de prevenção
especial de socialização, pois visa evitar que no futuro o agente pratique novos
factos ilícitos típicos
→ Figueiredo Dias: as medidas de segurança participam a título autónomo de uma finalidade
de prevenção geral de integração
▪ estabelecimento de um limite mínimo obrigatório de duração da medida de
segurança em certos casos e referência à possibilidade de libertação se tal se revelar
compatível com a defesa da ordem jurídica e da paz social art. 91º/2 CP
▪ art. 40º CP não distingue entre penas e medidas de segurança quando indica como
finalidades das sanções criminais as exigências de prevenção geral positiva e as
exigências de prevenção especial positiva
→ MARIA JOÃO ANTUNES: finalidade de prevenção geral positiva não releva de modo autónomo
nas medidas de segurança
▪ expectativas da comunidade quanto à validade da norma violada não são postas em
causa quando o facto é praticado por inimputável (ROXIN), ou seja, não há
verdadeiramente violação da norma e, consequentemente, necessidade de
reafirmar a sua validade, quando o facto ilícito típico é praticado por quem é
considerado inimputável por anomalia psíquica
▪ medida de segurança de internamento poder participar, ainda que a título não
autónomo, da finalidade de prevenção geral positiva
▪ art. 91º/2 CP não se aplica quando o agente não é perigoso no momento do
julgamento; se as medidas de segurança cumprissem de forma autónoma
finalidades de prevenção geral, estas ficariam por cumprir quando o agente já não
for considerado perigoso e não seja possível aplicar-lhe uma medida de segurança
▪ art. 91º/2 CP aplica-se apenas aos casos de imputabilidade diminuída art. 20º/2 CP; ficciona-se
a inimputabilidade de agente imputável para efeito de aplicação de uma medida de segurança;
aqui há violação de uma norma cuja validade importa reafirmar; aqui as exigências de
prevenção geral positiva relevam de forma autónoma, justificando a continuidade do
tratamento até aos três anos mesmo que
já tenha cessado a perigosidade; se o art. 20º/2 CP não existisse, aplicava-se ao agente uma pena
e não uma medida de segurança

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[Escreva aqui]

PENA RELATIVAMENTE INDETERMINADA

→ arts. 83º ss. CP


→ sanção de natureza mista: executada como pena até se mostrar cumprida a pena que
concretamente caberia ao crime e como medida de segurança a partir desse momento e até ao
seu limite máximo.

→ delinquência por tendência


▪ delinquência por tendência grave art. 83º/1 CP
▪ delinquência por tendência menos grave art. 84º/1 CP
▪ pressuposto material: culpa + perigosidade criminal do agente art. 83º/1, parte
final e art. 84º/1, parte final CP

1) determinação da pena concreta que caberia ao crime se o agente não fosse delinquente por
tendência, segundo a culpa e as exigências de prevenção art. 71º CP

2) determinar a pena relativamente indeterminada – limite máximo e limite mínimo art. 83º/2 CP ou
art. 84º/2 CP

→ tempo de pena efetivamente cumprido é determinado em função das regras de execução da


pena de prisão (funcionam até ao momento em que se mostrar cumprida a pena que
concretamente caberia ao crime cometido) e das regras das regras de execução da medida de
segurança de internamento (funcionam a partir deste momento e até ao limite máximo da
pena relativamente indeterminada)

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[Escreva aqui]
→ execução
→ liberdade condicional
▪ consentimento do condenado arts. 90º/1 e 61º/1 CP
▪ condenado cumpriu 2/3 da pena que concretamente caberia ao crime, ou seja,
quando atingido o limite mínimo da pena relativamente indeterminada
▪ mínimo de 6 meses de prisão efetiva arts. 90º/1 e 61º/2 CP
▪ juízo de prognose favorável quanto às exigências de prevenção especial arts. 90º/1
e 61º/3 CP
▪ renovação anual da instância até se mostrar cumprida a pena que concretamente
caberia ao caso art. 180º/2/a) CEP
▪ não há liberdade condicional obrigatória
▪ duração igual ao tempo que faltar para se atingir o limite máximo da pena
relativamente indeterminada, mas nunca superior a 5 anos art. 90º/2 CP
▪ quando durante o período de liberdade condicional é ultrapassada a pena que
concretamente caberia ao crime, temos um desvio à regra segundo a qual a pena
relativamente indeterminada é executada como medida de segurança a partir do
momento em que se mostrar cumprida a pena que concretamente caberia ao crime
→ a partir do momento em que está cumprida a pena que concretamente caberia ao crime, o
condenado é libertado porque foi atingido o limite máximo da pena relativamente
indeterminada ou por aplicação de regras de execução da medida de segurança de
internamento art. 90º/3 CP
▪ o condenado é libertado quando o tribunal verificar que cessou a perigosidade que
deu origem à aplicação da sanção e que justificou a continuação da execução da
mesma para além da pena que concretamente caberia ao caso arts. 90º/3 e 92º/1
CP
▪ revisão da situação do internado arts. 90º/3 e 93º/1, 2 CP
▪ liberdade para prova: perigosidade subsiste, mas o tribunal conclui que a finalidade
da pena relativamente indeterminada pode ser alcançada em meio aberto arts.
90º/3 e 94º
▪ atingido o limite máximo da pena relativamente indeterminada, o condenado sai
em liberdade mesmo que a sua perigosidade persista, pois não é aplicado o art.
92º/3 CP quanto à prorrogação da sanção art. 90º/3 CP

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