Você está na página 1de 24

Resumão AP1

1. Conceito

Concurso de crimes: quando o agente mediante uma ou várias condutas, pratica duas
ou mais infrações penais, pode existir unidade ou pluralidade de condutas.

Diferença entre concurso de pessoas : No concurso de pessoas tem-se uma pluralidade de


agentes e unidade de fato.
Diferença entre concurso aparente de normas: No concurso aparente de normas tem-se a
pluralidade aparente de normas e unidade de fato.
Há três
sistemas de aplicação da pena:

Cúmulo material: determina a soma das penas aplicadas para cada um dos delitos.
Adotado pelo CP. Art 69 e segunda parte do 70

Sistema da exasperação – Aplica-se ao agente somente a pena da infração penal


mais grave, acrescida de determinado percentual. Adotado pelo cp

Sistema da absorção – Aplica-se somente a pena da infração penal mais grave entre
todas as praticadas, sem que haja qualquer aumento. (consunção: crime meio e crime
fim).

Espécies: Concurso formal, concurso material e crime continuado.


Concurso material: O agente pratica duas ou mais condutas e produz dois ou mais
resultados. Art 69, CP
Espécies:

Homogêneo - quando todos os crimes praticados são idênticos.

Heterogêneo - quando os crimes praticados são diferentes.

Sistema de aplicação da pena: Aplica-se o sistema do CÚMULO MATERIAL.


(soma as penas)

Concurso formal: O agente pratica uma só conduta e produz dois ou mais resultados.
Art 70, CP
Espécies:

Homogêneo - mesmos resultados

Heterogêneo - resultados diferentes

Resumão AP1 1
Perfeito (próprio) – o agente pratica uma única conduta e acaba por produzir dois
resultados, embora não pretendesse realizar ambos, ou seja, não há desígnios
autônomos (intenção de, com uma única conduta, praticar dolosamente mais de um
crime). Responde pelo crime mais grave com um acréscimo

Imperfeito (impróprio) – o agente vale-se de uma única conduta para, dolosamente,
produzir mais de um crime. Somam-se as penas.

Sistema de aplicação da pena: REGRA – Sistema da exasperação: pena do crime


mais grave, aumentada (exasperada) de 1/6 até a metade. Como definir a
quantidade de aumento? De acordo com a quantidade de crimes praticados.
EXCEÇÕES:
• Concurso formal impróprio (imperfeito) – Nesse caso,
aplica-se o sistema do cúmulo material.
• Cúmulo material benéfico – Ocorre quando o
sistema da exasperação se mostra prejudicial ao réu.

Crime continuado: O agente comete o mesmo crime várias vezes, em diferentes ocasiões,
mas dentro de um único contexto temporal e espacial, sendo considerado uma única
infração penal devido à continuidade da conduta criminosa. Art 71, CP.

Requisitos:

Pluralidade de crimes da mesma espécie

Condições objetivas semelhantes

Unidade de designo (de acordo com a teoria adotada)

Crimes da mesma espécie: A corrente que prevalece, inclusive no STJ, é a de que crimes da
mesma espécie são aqueles previstos pelo mesmo tipo penal, na forma simples,
privilegiada ou qualificada, consumados ou tentados. Além disso, devem tutelar o
mesmo bem jurídico.

Teoria objetiva: é dispensável a vontade de aplicar os delitos em continuação, bastando que


as condições objetivas semelhantes estejam presentes. Adotada pelo CP

Convexão entre as condutas delitivas:


Fator espaço: Os crimes devem ser cometidos no mesmo local. JURISPRUDÊNCIA: os
crimes praticados em cidades distintas, porém vizinhas.

Fator tempo: Espaço máximo de 30 dias entre os crimes praticados.


Modo de execução: Jurisprudência entende que agir solitário em um crime e com comparsas
em outro impede o reconhecimento do crime continuado.

Resumão AP1 2
OBS: É admissível Crime continuado entre delitos culposos, crimes tentados ou consumados,
comissivos ou omissivos, nas contravenções penais, bem como nos delitos que ofendem bens
personalíssimos.

Súmulas: 711 e 723 STF


Súmula 711, STF: Se, durante a execução do crime continuado, sobrevir lei nova mais
gravosa ao réu, esta última será aplicada, pois considera-se que o crime continuado está
sendo praticado enquanto não cessa a continuidade delitiva
Súmula 723, STF: Não se admite a suspensão condicional do processo por crime
continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo
de um sexto for superior a um ano.

APLICAÇÃO DA PENA: A pena pode ser conceituada como a resposta que a sociedade dá
ao indivíduo que transgride a ordem jurídico-penal estabelecida e consiste na privação ou
restrição de um bem jurídico do condenado (liberdade, patrimônio etc.), de forma a castigá-
lo e reeducá-lo.
O CP adotou o critério trifásico para a fixação da pena, ou seja, o juiz, ao apreciar o caso
concreto, quando for decidir a pena a ser imposta ao réu, deverá passar por 03 (três) fases:
1 fase: fixará a pena-base; 2 fase: fará a apuração das circunstâncias atenuantes e
agravantes; 3 fase: se encarregará da aplicação das causas de aumento e diminuição da
pena para que, ao final, chegue ao total de pena que deverá ser cumprida pelo réu.
A fixação do quantum da pena servirá para o juiz fixar o regime inicial de seu cumprimento
obedecendo as regras do artigo 33 do CP (regimes fechado, semiaberto e aberto) bem como
para decidir sobre a concessão do sursis e sobre a substituição da pena privativa de liberdade
por restritiva de direitos ou multa.
Cálculo da pena:

Art 68- Trifásico:


1- Pena Base (art 59- circunstancias judiciais)

2- Pena Provisória (art 61 a 66- circunstancias atenuantes e agravantes )


3- Pena Definitiva (causa de aumento e de diminuição)

Fixação da pena: Art 59- Culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade, motivos
do crime, circunstancias do crimes, consequências do crime, comportamento da vítima. Juiz
para chegar a pena aplicada (sentença pelo juiz), ele tem que ter ido pela cominada (aplicada
no tipo).

2. Circunstâncias judiciais ou inominadas (1 fase)

Resumão AP1 3
Na 1 fase a pena NÃO pode extrapolar/ultrapassar a metade

Pena não pode ir a quem (menos) do mínimo.

Circunstâncias judiciais:
a) Culpabilidade: é o grau de reprovação que recai sobre a conduta do agente e do
crime;

b) Antecedentes: são as boas e as más condutas da vida do agente; até 05 (cinco) anos
após o término do cumprimento da pena ocorrerá a reincidência e, após isso, as condenações
por este havidas serão tidas como maus antecedentes; Art 63- reincidência, maus atendentes
aquilo que não serve de reincidência. Passados 5 anos do novo delito é maus antecedentes,
não reincidência.

c) Conduta social: conduta do agente no meio em que vive (família,…)

d) Personalidade: são as características pessoais do agente, a sua índole e periculosidade.


e) Motivos do crime: fatores que levaram o agente a praticar o crime,

f) Circunstâncias do crime: refere-se à maior ou menor gravidade do delito em razão do


modus operandi (instrumentos do crime, tempo de sua duração, objeto material, local da
infração, etc.);

g) Consequências do crime: é a intensidade da lesão produzida no bem jurídico


protegido em decorrência da prática delituosa;

h) Comportamento da vítima: é analisado se a vítima de alguma forma estimulou ou


influenciou negativamente a conduta do agente, caso em que a pena será abrandada.

Art 59- a cada característica que o indivíduo vir a possuir das circunstâncias é
aumentado 1/6

3. Circunstâncias atenuantes e agravantes (2 fase)

Agravante: + 1/6

Atenuantes: - 1/6

Regras: cidadão tem várias agravantes, essa agravantes só podem ir ao máximo


STJ Súmula no 231 - 22/09/1999 - DJ 15.10.1999
“A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do
mínimo legal.”
Para Bitencourt, a
Súmula 231 do STJ carece de adequado fundamento jurídico, afrontando, inclusive, os
princípios da individualização da pena e da legalidade estrita.

Resumão AP1 4
explicar a atenuante na prova, fazendo jus, e dizer que não vai usar/ aplicar por causa da
sumula “deixo de aplicar a atenuante em razão da súmula”.

Circunstâncias atenuantes: Art 65- circunstâncias que sempre atenuam a pena.


I) ser o agente menor de 21, na data do fato, ou maior de 70 anos, na data da sentença de 1°
grau;
II) o
desconhecimento da lei: só pra diminuir a pena, não é tirar a pena
III)
ter o agente cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral: valor moral
é aos sentimentos do agente e valor social é o que interessa à coletividade;
d) ter o agente procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime,
evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano:
ocorre a consumação e, posteriormente, o agente evita ou diminui suas consequências;
e) ter o
agente cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem
de autoridade superior, ou sob influência de violenta emoção, provocada por ato injusto
da vitima: observa-se as regras do artigo 22 do CP (coação irresistível e ordem hierárquica);

f) ter o agente confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime: se o


agente confessa perante a autoridade policial, porém se retrata em juízo tal atenuante não é
aplicada;
g) ter o
agente cometido o crime sob influência de multidão em tumulto, se não o provocou: é
aplicada desde que o tumulto não tenha sido provocado por ele mesmo.

Circunstâncias agravantes: art 66

a) reincidência: artigo 63, do CP, que: volta a delinquir depois de sentença penal transitado
em julgado.
“Verifica-se a reincidência quando o
agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no
estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.”
b) ter o agente cometido o crime por motivo fútil ou torpe:
motivo fútil é aquele de pouca importância (desproporcional) e motivo torpe é aquele
repugnante (desprezível, ia receber por isso);
c) ter o
agente cometido o crime para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a
impunidade ou vantagem de outro crime: nessa circunstância tem que existir conexão entre
os dois crimes;

Resumão AP1 5
d) ter o agente cometido o crime à traição, por emboscada, ou mediante dissimulação, ou
outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido: essa circunstância
será aplicada quando a vítima for pega de surpresa; a traição ocorre quando o agente usa de
confiança nele depositada pela vitima para praticar o delito; a emboscada ocorre quando o
agente aguarda escondido para praticar o delito e a dissimulação ocorre quando o agente
utiliza-se de artifícios para aproximar-se da vítima;
e) ter o agente cometido o crime com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro
meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum: se refere ao meio empregado
para a prática delituosa;
tortura ou meio cruel é aquele que causa imenso sofrimento físico e moral à vítima; meio
insidioso é aquele que usa de fraude ou armadilha e, por fim, perigo comum é o que coloca
em risco um número indeterminado de pessoas;
f) ter o agente cometido o crime contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge:
abrange qualquer forma de parentesco, independente de ser legítimo, ilegítimo, consanguíneo
ou civil;
g) ter o agente
cometido o crime com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas,
de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei
específica: o abuso de autoridade refere-se a relações privadas; relações domésticas são
as existentes entre os membros de uma família; e coabitação tanto autor quanto vítima
residem sob o mesmo teto;

h) ter o agente cometido o crime com abuso de poder ou violação de dever inerente a
cargo, ofício, ministério ou profissão: o abuso de poder se dá quando o crime é praticado
por agente público, não se aplicando se o delito constituir em crime de abuso de autoridade;
as demais hipóteses referem-se quando o agente utilizar-se de sua profissão para praticar o
crime;
i) ter o
agente cometido o crime contra criança, contra maior de 60 (60 anos e 1 dia) anos, ou
contra enfermo ou mulher grávida: são pessoas mais vulneráveis, criança é o que possui
idade inferior a 12 (doze) anos da idade;
j) ter o agente cometido o crime quando o ofendido estava sob imediata proteção da
autoridade:
aumenta-se a pena pela audácia do agente em não respeitar à autoridade;
k) ter o agente cometido o crime em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer
calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido: se dá pela insensibilidade do
agente que se aproveita de uma situação de desgraça, pública ou particular, para
praticar o delito;

Resumão AP1 6
l) ter o agente cometido o crime em estado de embriaguez preordenada: ocorre
quando o agente se embriaga para ter coragem para praticar o delito.
Agravantes no concurso de pessoas: Art 62

a) promove, organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes: pune-
se aquele que promove ou comanda a prática delituosa, incluindo o mentor intelectual
do crime;
b) coage ou induz outrem à execução material do crime: existe o
emprego de coação ou grave ameaça a fim de fazer com que uma outra pessoa pratique
determinado delito;

c) instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em


virtude de condição ou qualidade pessoal: instigar é reforçar uma idéia já existente,
enquanto determinar é uma ordem; a autoridade referida nesta circunstância pode ser
pública ou particular; as condições ou qualidades pessoais que tornam a pessoa não-
punível pode ser a menoridade, a doença mental, etc.;
d) executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa: a
paga é o pagamento antes da execução do delito, enquanto a recompensa é o pagamento
após a execução.

Concurso de circunstâncias atenuantes e agravantes:


havendo o concurso entre as circunstâncias agravantes e as atenuantes o magistrado não
deverá compensar uma pela outra e sim ponderar-se pelas circunstâncias preponderantes
que são aquelas que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do
agente e da reincidência. Observe-se que o código exemplifica como preponderante as
circunstâncias subjetivas.

4. Causas de aumento e diminuição ( 3 fase)

Podem diminuir aquém do mínimo legal, bem como aumentar além do máximo legal.
Aqui o juiz vai fixar a pena definitiva.

Diferenças entre as causas de aumento e diminuição e as agravantes e atenuantes:


a) Em relação à colocação no Código Penal

1. As agravantes e as atenuantes genéricas localizam-se somente na Parte Geral do CP.

2. As majorantes e as minorantes situam-se tanto na Parte Geral quanto na Parte


Especial.

b) Em relação ao “quantum” de variação

1. As agravantes e as atenuantes não fixam a quantidade de aumento ou de diminuição,


deixando-a ao “prudente arbítrio” do julgador.

Resumão AP1 7
2. As majorantes e as minorantes, por sua vez, estabelecem, em quantidade fixa ou
variável, o quantum de variação da pena.

c) Em relação ao limite de incidência

1. As atenuantes e as agravantes não podem conduzir a pena para fora dos limites,
mínimo e máximo, previstos no tipo penal infringido.

2. As minorantes podem reduzir a pena para aquém do mínimo cominado ao tipo


penal violado.

3. As majorantes podem elevar a pena para além do máximo cominado no tipo penal
infringido, enquanto para outra corrente minoritária, as majorantes não podem ultrapassar
aquele limite.

SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA: Benefício concedido ao condenado em


determinadas circunstâncias, de forma que ele não cumpre a pena, mas submete-se a
um período de fiscalização.
Requisitos
Objetivos:

. qualidade da pena: deve ser privativa de liberdade.


.
quantidade da pena: não superior a dois anos (regra), se o condenado for maior de 70
anos (sursis etário) ou enfermo (sursis humanitário), admite-se a suspensão condicional
da pena que não ultrapasse 04 anos (art.77, § 2°, do CP). Nos crimes ambientais, o sursis
pode ser aplicado aos condenados à pena não superior a três anos.
.
impossibilidade de substituição por pena restritiva de direitos: A pena privativa de
liberdade não deve ter sido substituída por restritiva de direitos – Sursis só cabe quando
não for possível a substituição por penas restritivas de direitos.

Subjetivos:
-Não reincidência em crime doloso – Essa é a regra. EXCEÇÃO: Se a pena aplicada tiver
sido a de multa, poderá haver a suspensão condicional da pena.

Condenado irrecorrivelmente pela prática de crime doloso que cometeu novo crime doloso
após o trânsito em julgado não pode obter o sursis logo, doloso e doloso não pode.
No entanto:
. culposo e doloso pode;
. doloso e culposo pode;
. contravenção penal e crime doloso pode (CP, art. 63);

Resumão AP1 8
. condenação anterior a pena de multa e doloso pode (CP, art. 77, § 1o);
. se entre os crime dolosos tiver se operado a prescrição da reincidência (CP, art. 64, inc. I),
pode;

-Circunstâncias judiciais (art 59, CP) favoráveis ao agente: maus antecedentes impedem
a concessão do sursis.

4. Espécies de Sursis

A) Etário: condenado é maior de 70 anos a data da sentença concessiva. O sursis pode ser
concedido desde que a pena não exceda a 4 anos, aumentando-se, em contrapartida, o
período de prova para um mínimo de 4 e um máximo de 6 anos.
Com a entrada em vigor da Lei no 9.714/98, estendeu-se o
benefício também para os condenados cujo estado de saúde justifique a suspensão (sursis
humanitário), mantendo-se os mesmos requisitos do sursis etário.
Condenados aidéticos, tuberculosos, paraplégicos ou aqueles que tenham sua saúde
seriamente abalada poderão ser beneficiados com o sursis, evitando-se, o agravamento da sua
situação que certamente aconteceria se fosse jogado no cárcere.
B) Simples: é aquele em que, preenchidos os requisitos mencionados, fica o réu sujeito,
no primeiro ano de prazo, a uma das condições previstas no art. 78, § 1o, do CP
(prestação de serviços à comunidade ou limitação de fim de semana).
O condenado não reparou o dano e as circunstâncias judiciais (art 59) não lhe são muito
favoráveis. É o sursis comum, a regra.

C) Especial: o condenado fica sujeito as condições mais brandas previstas cumulativamente


no art. 78, § 2o, do CP (proibição de frequentar determinados lugares; de ausentar-se da
comarca onde reside sem autorização do juiz; e comparecimento pessoal e obrigatório a
juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades).
Para ficar sujeito a essas condições mais favoráveis, o
sentenciado deve, além de preencher os requisitos objetivos e subjetivos normais,
reparar o dano e ter as circunstâncias judiciais previstas no art. 59 inteiramente
favoráveis para si.
Período de prova :É o prazo em que a execução da pena privativa de liberdade imposta
fica suspensa mediante o cumprimento das condições estabelecidas.
O
período de provas do sursis etário varia de 4 a 6 anos; nas demais espécies varia de 2 a 4
anos.

Revogação do sursis

Resumão AP1 9
Revogação obrigatória: O juiz está obrigado a proceder à revogação. Ocorre nos casos
de:

Condenação, por sentença irrecorrível, por crime doloso.

OBS.: Jurisprudência: se foi imposta apenas a multa por esse novo crime, não há revogação
obrigatória.

Não reparação do dano ou não pagamento da pena de multa (quando for possível ao
agente pagar)

Descumprimento de condição imposta (condições do art. 78,§1o, do CP).

Revogação facultativa: O juiz não está obrigado a revogar o benefício, podendo optar
por advertir novamente o sentenciado, prorrogar o período de prova até o máximo ou
exacerbar as condições impostas (art. 707, par. ún., do CPP c/c o art. 81 § 2o, do CP).
Ocorre nos casos:

Superveniência de condenação irrecorrível pela prática de contravenção penal ou


crime culposo, exceto se imposta pena de multa;

descumprimento das condições legais do sursis especial (art. 78, § 2o);

descumprimento de qualquer outra condição não elencada em lei imposta pelo juiz
(art. 79, condições judiciais).

Prorrogação automática

O art. 81, § 2, do CP dispõe que: “Se o beneficiário está sendo processado por outro crime
ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento
definitivo”.
A lei fala em “processado” logo, a mera instauração de inquérito policial não dá causa à
prorrogação do sursis. No momento em que o agente passa a ser processado (denúncia
recebida) pela prática de qualquer infração penal, a pena, que estava suspensa
condicionalmente, não pode mais ser extinta, sem que se aguarde o desfecho do processo.

A prorrogação, portanto é automática. Não importa se o juiz determinou ou não a prorrogação


antes do término do período de prova.
No exato momento em que a denúncia pela prática de crime ou contravenção foi recebida,
ocorre a automática prorrogação.
Motivo: não é a pratica de crime ou de contravenção penal que acarreta a revogação do
benefício, mas a condenação definitiva pela sua prática. É preciso, portanto, aguardar o
resultado final do processo para saber se haverá ou não a revogação.

Audiência admonitória: É a audiência de advertência que tem como única finalidade


cientificar o sentenciado das condições impostas e das consequências de seu

Resumão AP1 10
descumprimento. É ato ligado à execução da pena, logo, só pode ser realizada após o
trânsito de julgado da decisão condenatória (cf. art. 160 da LEP):

Art. 160. Transitada em julgado a sentença condenatória, o Juiz a lerá ao condenado, em
audiência, advertindo-o das conseqüências de nova infração penal e do descumprimento das
condições impostas.”
A sua realização antes desse momento
viola o princípio constitucional da presunção da inocência (art. 5o, inc. LVII), pois, antes
da certeza de sua culpa o acusado não pode ser advertido.
Se o condenado não comparece a audiência, o juiz entende que ele nao está interessado no
sursis penal e faz a execução da pena e acarreta a revogação do benefício.
Sursis e Revelia

A revelia do acusado durante o processo não impede a concessão do benefício da suspensão


condicional da pena. Se o réu não comparecer injustificadamente à audiência admonitória
após ser intimado pessoalmente ou por edital com prazo de 20 dias, a suspensão ficará sem
efeito e a pena será executada imediatamente, conforme estabelecido nos artigos 161 da LEP
e 705 do CPP.
Extinção sem oitava do MP
Ao MP incumbe a fiscalização da execução da pena e da medida de segurança, oficiando
no processo executivo e nos incidentes da execução (art. 67 da LEP). Em consequência, a
decisão que declarar extinta a pena, sem a prévia manifestação do MP é nula.

Art. 67. O Ministério Público fiscalizará a execução da pena e da medida de segurança,
oficiando no processo executivo e nos incidentes da execução.”
LIVRAMENTO CONDICIONAL : Consiste em uma antecipação provisória da
liberdade do condenado, satisfeitos certos requisitos e mediante determinadas condições.

Distinção com o Sursis


No livramento condicional, o sentenciado inicia o cumprimento da pena privativa
obtendo, posteriormente, o direito de cumprir o restante em liberdade sob certas
condições.
No
sursis, a execução da pena é suspensa mediante a imposição de certas condições e o
condenado não chega a iniciar o cumprimento da pena imposta.
Além disso, no livramento o período de prova corresponde ao restante da pena enquanto na
suspensão condicional esse período não corresponde à pena imposta.

Resumão AP1 11
Requisitos
Objetivos:

a) qualidade da pena: deve ser privativa de liberdade;


b)
quantidade da pena: deve ser igual ou superior a 2 anos;

c) reparação do dano (salvo impossibilidade);


d) cumprimento de parte da pena:
mais de 1/3, desde que tenha bons antecedentes e não seja reincidente em crime doloso;
mais de 1/2 se reincidente em crime doloso;
entre 1/3 e 1/2 se tiver maus antecedentes, mas não for reincidente em crime doloso;
mais de 2/3 se tiver sido condenado por qualquer dos crimes previstos na Lei no 8.072/90
(Lei de Crimes hediondos).

Subjetivos:
a)
bom comportamento durante a execução da pena
b)
não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses
c)
bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído
d)
aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto e
e) nos crimes previstos na Lei no 8.072/90,
não ser reincidente específico.
Procedimentais:
a) requerimento do sentenciado, de seu cônjuge ou parente em linha reta ou, ainda, proposta
do diretor do estabelecimento ou do conselho penitenciário (art. 712 do CPP);
b) parecer do conselho penitenciário (quando dele não partir a proposta) e do MP;
c) relatório minucioso do diretor do estabelecimento penal a respeito do caráter do
sentenciado, seu procedimento durante a execução da pena, suas relações com familiares e
estranhos e, ainda, sobre sua situação financeira, grau de instrução e aptidão para o
trabalho (art. 714 do CPP).
Condições do livramento
. Obrigatórias: art. 132, § 1o, da LEP.

proibição de ausentar-se da comarca sem comunicação ao juiz;

comparecimento periódico a fim de justificar atividade;

Resumão AP1 12
obter ocupação lícita dentro de prazo razoável.

. Facultativas: art. 132, § 2o da LEP.

não mudar de residência sem comunicação ao juiz e à autoridade


incumbida de fiscalizar;

recolher-se à habitação em hora fixada;

não frequentar determinados lugares.

. Judiciais:

nada impede que o juiz fixe outras a seu critério (art. 85 do CP).

Condição legal indireta:

são as causas de revogação do livramento. Assim são chamadas


porque indiretamente acabam por constituir-se em condições negativas.

Revogação do livramento
Obrigatória:

Condenação irrecorrível à pena privativa de liberdade

Por crime cometido durante o benefício

Por crime anterior – Nesse caso, só será revogado se a soma das penas formar um
montante que impeça a concessão do benefício

Facultativa:

Condenação irrecorrível, por crime ou contravenção, sendo aplicada à pena não


privativa de liberdade;

Descumprimento das condições impostas.

Opções do juiz na revogação facultativa: poderá escolher entre qualquer destas: revogar o
benefício, advertir novamente o sentenciado e exacerbar as condições impostas.
Efeitos da revogação do livramento
a) por crime praticado durante o benefício: não se desconta o tempo em que o
sentenciado esteve solto e deve cumprir integralmente a sua pena, só podendo obter
novo livramento com relação à nova condenação.
Atenção: antes de iniciar o período de prova, o sentenciado foi advertido pelo juiz de que
deveria comportar-se, ficando ciente de suas obrigações (cf. art. 137 da LEP).
Se, após ter sido advertido, praticou crime, isso significa que traiu a confiança do juízo, não
sendo merecedor de nenhuma benesse. Assim, vai cumprir preso todo o tempo

Resumão AP1 13
correspondente ao período de prova, sendo irrelevante o período que cumpriu em liberdade. E
sobre esse mesmo período não poderá obter novo livramento.
b) por crime anterior ao benefício: é descontado o tempo em que o sentenciado esteve solto,
devendo cumprir preso apenas o tempo que falta para completar o período de prova. Além
disso, terá direito a somar o que resta da pena com a nova condenação calculando o
livramento sobre esse total (art. 88 do CP e art. 141 da LEP).

Atenção: no caso, não houve quebra do compromisso assumido ao ingressar no benefício,


uma vez que se trata de crime praticado antes desse momento. Assim, a lei dá um tratamento
diferenciado ao sentenciado, permitindo que ele conte, como tempo de cumprimento de pena,
o período que cumpriu em liberdade e, ainda, que some o restante que vai cumprir preso com
a pena imposta na nova condenação para, sobre esse total, calcular novo livramento;
c) por descumprimento das condições impostas: não é descontado o tempo em que esteve
solto e não pode obter novo livramento em relação a essa pena, uma vez que traiu a confiança
do juízo.
Extinção da pena : artigo 89 do Código Penal: “o juiz não poderá declarar extinta a pena,
enquanto não passar em julgado a sentença em processo a que responde o liberado, por crime
cometido na vigência do livramento”.
No momento em que o sentenciado começa a ser processado, o
período de prova prorroga-se até o trânsito em julgado da decisão deste processo para
que se saiba se haverá ou não revogação do benefício.

Só haverá prorrogação se o processo originar-se de crime cometido na vigência do


livramento e não de crime anterior.
Por uma razão: a condenação por crime praticado antes do benefício não invalida o tempo em
que o sentenciado esteve em liberdade condicional; logo seria inútil prorrogar o livramento
além do período de prova, pois a pena já estaria cumprida.
Da mesma forma, é importante lembrar que a mera instauração de inquérito policial não
acarreta a prorrogação do benefício, pois a lei fala só em processo.

Livramento condicional antes do trânsito em julgado


O STJ já admitiu essa hipótese em casos nos quais o acusado já se encontrava preso
provisoriamente por mais tempo do que o necessário para o benefício.
Revogação sem a prévia oitava do condenado :É inadmissível a revogação do livramento
condicional sem a prévia oitiva do condenado e a oportunidade de defender-se.

Resumão AP1 14
EFEITOS DA CONDENAÇÃO: referem-se às consequências legais que uma pessoa
enfrenta após ser condenada por um crime
A doutrina classifica os efeitos da sentença condenatória como:
1) Efeito principal: Imposição da pena (privativa de liberdade, restritiva de direitos, pena
de multa) ou de medida de segurança;
2) Efeitos secundários:

De natureza penal:

impede, em regra, a concessão de sursis em novo crime praticado pelo agente;

pode revogar o sursis por condenação anterior;

pode revogar o livramento condicional;

pode gerar reincidência;

aumenta o prazo da prescrição da pretensão executória;

interrompe a prescrição da pretensão executória


quando caracterizar a reincidência;

pode causar a revogação da reabilitação.

De natureza extrapenal: Fora dos efeitos penais. Subdividem-se em Genéricos e


Específicos
Efeitos Genéricos: São automáticos, não precisam ser mencionados na sentença (art 91)
Observações:

a) Tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;


Se o indivíduo é condenado na esfera penal, é evidente que na área cível gerará obrigação
(indenização).

A sentença condenatória transitada em julgado torna-se titulo executivo no juízo cível,


sendo desnecessário rediscutir a culpa do causador do dano (art. 63 do CPP). No juízo
cível somente se discute o montante da reparação, em liquidação de sentença.

O valor do dinheiro pago à vítima ou a seus dependentes em caso de substituição da pena


por prestação pecuniária deve ser descontado do montante da indenização. (Gera
como uma obrigação de indenizar o dano, área civil ira discutir o valor, a indenização ja
esta certa se o réu ja pagou uma prestação pecuniária a vitima, ira ser descontado)

Em não se tratando de sentença condenatória, deverá o prejudicado propor ação ordinária


de indenização para reparação do dano causado pelo ato ilícito. (Se o indivíduo não foi

Resumão AP1 15
condenado penalmente, na área civil vai ter que ressarcir a vitima)

O mesmo pode acontecer quando não ocorrer condenação por causa da prescrição, de
arquivamento de inquérito, de transação penal da Lei 9.099/95.

Quando o ofendido for pobre, o Ministério Público tem legitimidade para propor a ação
civil ex delicto (legitimação extraordinária). (MP tem legitimidade para propor ação civil
fruto de um delito)

Em caso de sentença absolutória, também é possível a propositura da ação no cível,


EXCETO quando o Juízo Criminal reconhecer que:

1. o fato não aconteceu;

2. que o acusado não foi o autor do fato; e

3. ou que atuou sob excludente de criminalidade.

Essas decisões acima também fazem coisa julgada no juízo cível.


b) A perda em favor da União (confisco) dos instrumentos do crime, desde que seu uso,
porte, detenção, alienação ou fabrico, constituam fato ilícito, ressalvado o direito do
lesado ou de terceiro de boa-fé;
Observações:

Confisco é a perda ou privação de bens do particular em favor do Estado.

Instrumentos são os objetos, coisas materiais empregadas para a realização do


crime.

A corrente majoritária entende que o dispositivo não se aplica em casos de condenação


por contravenção, mas tem decisões admitindo o confisco em crimes e contravenções.

As propriedades rurais e urbanas utilizadas para cultura ilegal de plantas psicotrópicas


(art. 243, caput, CF) e todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em
decorrência do tráfico ou da exploração do trabalho escravo (parágrafo único do art. 243,
CF).

A perda dos instrumentos do crime é automática. No entanto, é incabível este confisco


quando celebrada a transação penal prevista no art. 74 da Lei n. 9.099/95. Da mesma
forma se ocorrer o arquivamento, absolvição ou extinção da punibilidade pela prescrição
da pretensão punitiva.

c) A perda em favor da União (Confisco), do produto e do proveito do crime ou de


qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato
criminoso, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé.
Observações:

Resumão AP1 16
Produto é a vantagem direta auferida pela prática do crime (ex. relógio furtado).

Proveito é a vantagem decorrente do produto (o dinheiro obtido com a venda do


relógio).

O produto do crime deve ser devolvido ao lesado ou terceiro de boa-fé, somente se


realizando o Confisco pela União se permanecer ignorada a identidade do dono ou
não for reclamado o bem ou valor.

Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito


do crime quando estes não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior.
(Art. 91, § 1o do CP)

Na hipótese do § 1o, as medidas assecuratórias previstas na legislação processual


poderão abranger bens ou valores equivalentes do investigado ou acusado para posterior
decretação de perda. (Art. 91, § 2o do CP)

d) A suspensão dos direitos políticos, enquanto durarem os efeitos da condenação (art.


15, III, da CF).

Enquanto não for extinta a pena, independente da modalidade aplicada, o condenado


fica privado de seus direitos políticos, não podendo sequer exercer o direito de voto.

a aparente contradição existente entre o art. 15, inciso III (que prevê a suspensão dos
direitos políticos e, por consequência, a perda do mandato eletivo) e o art. 55, VI, da
CF (que condiciona a perda do mandato eletivo dos parlamentares federais à
deliberação pela Casa respectiva por maioria absoluta, mesmo por sentença criminal
transitada em julgado).

e) O Código de Transito Brasileiro prevê como efeito extrapenal da condenação nos


crimes nele tipificados, que o condenado perderá sua habilitação ou permissão, ficando
obrigado a submeter-se a novos exames para que possa voltar a dirigir, de acordos com
as normas estabelecidas pelo Contran. Trata-se de efeito extrapenal automático, que
independe de expressa motivação na sentença.
(Para todos os crimes nele tipificados e o individuo vai precisar fazer novos exames no
detran, efeito automático do CTB)

Efeitos específicos: Devem ser expressamente declarados na sentença e só podem ser


aplicados em determinados crimes (art. 92, parágrafo único, do CP).
a) a perda do cargo, função pública ou mandato eletivo quando aplicada pena privativa
de liberdade igual ou superior a 1 ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou
violação de dever para com a Administração Pública.

Resumão AP1 17
IPC

Ex. Crimes funcionais (arts. 312 a 326 do CP).


Observações:

Se a condenação for em crime de tortura, a Lei n. 9.455/97, em seu art. 1o, §5o, impõe
também a perda do cargo, função ou emprego público, qualquer que seja a pena imposta,
e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada; (se um
funcionário público cometer um crime de tortura tb se impõe a perda do cargo e ele
não vai poder se submeter ao concurso novamente do emprego)

No caso de preconceito de raça ou de cor praticado por servidor público, também


ocorrerá este efeito, se o Juiz declarar na sentença (art. 18, da Lei n. 7.716/89). (

O art. 55, VI, da CF, determina a perda do mandato de deputado ou senador que
sofrer condenação definitiva. Independentemente da quantidade de sanção, a suspensão
dos direitos políticos e a perda do mandato eletivo, decorre da condenação criminal.

O funcionário perde a função, mas não fica impossibilitado de, posteriormente, ser
investido em outra

b) A perda do cargo, função pública ou mandato eletivo quando for aplicada pena
privativa de liberdade por tempo superior a 4 anos, qualquer que tenha sido o crime
cometido; IPC
c)
Incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou da curatela nos crimes
dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do
mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou
curatelado;
Exigem-se quatro requisitos:
1) crime doloso; 2) sujeito a pena de reclusão; 3) contra outrem igualmente titular do
mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou
curatelado como vítimas; 4) declaração expressa na sentença.
Observações:

Nos crimes de maus-tratos (art. 136) e abandono de incapaz (art. 133), não pode ser
aplicado esse efeito, pois a pena prevista é de detenção. Se a vítima falecer ou sofre
lesão grave, a pena passa a ser de reclusão, hipótese em que poderá ser aplicado o efeito
condenatório.

No caso de morte do filho, o efeito é aplicado em relação aos demais filhos.

Resumão AP1 18
O dispositivo também é aplicado ao crime de tortura, previsto no art. 1, inciso II da
Lei n. 9.455/97(reclusão, de 2 a 8 anos).

Ainda que reabilitado, a capacidade não poderá ser exercida em relação ao filho,
tutelado ou curatela do ofendido pelo crime.

d) A inabilitação para dirigir veículo, quando este é utilizado como instrumento para a
prática de crime doloso (homicídio doloso, lesões dolosas, etc).
Exigem-se três requisitos:

1. crime doloso;

2. veículo como instrumento do crime;

3. declaração expressa na sentença.

Trata-se de efeito permanente, que somente pode ser cancelado mediante


reabilitação criminal.

Não confundir esta inabilitação com a suspensão de permissão, autorização ou


habilitação para dirigir veículo aplicável nos crimes de trânsito.

REABILITAÇÃO:
Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença definitiva,
assegurando ao condenado o sigilo dos registros sobre o seu processo e condenação.
Parágrafo único - A reabilitação poderá, também, atingir os efeitos da condenação, previstos
no art. 92 deste Código, vedada reintegração na situação anterior, nos casos dos incisos I e
II do mesmo artigo.”
Conceito: instituto que objetiva restaurar a dignidade pessoal e facilitar a reintegração
do condenado à comunidade, que já deu mostras de sua aptidão para exercer livremente sua
cidadania.”
Nos termos do art. 93, a reabilitação
atinge também os efeitos extrapenais da condenação, vedada, entretanto, a reintegração
no cargo, função, mandado eletivo e titularidade do pátrio poder, tutela ou curatela, nas
hipóteses dos incisos I e II do art. 92.
Importante mencionar que o instituto da reabilitação criminal não tem o condão de apagar
a reincidência, mas sim de garantir seu sigilo, de modo a possibilitar àquele que praticou
um crime e cumpriu sua pena, o direito a reinserção em sociedade.
A reabilitação tem o
intuito de ressocializar e esta tem como objetivo o direito à humanização do período de

Resumão AP1 19
transição da vida condicionada na instituição carcerária, ao direito a uma nova vida em
paz com a sociedade. Desse modo, aquele que delinquiu e cumpriu sua pena, passa a ser o
centro de reflexão sobre a ótica dos direitos humanos.
“Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia em que for
extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o período de
prova da suspensão e o do livramento condicional, se não sobrevier revogação, desde que o
condenado:
I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido;
II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom
comportamento público e privado;
III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta impossibilidade de
o fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a renúncia da vítima ou
novação da dívida.
Parágrafo único - Negada a reabilitação, poderá ser requerida, a qualquer tempo, desde que
o pedido seja instruído com novos elementos comprobatórios dos requisitos necessários.
Requisitos:
❖Condenação definitiva;
❖Que já tenha transcorrido 2 anos da data da extinção da pena; ou do início do período de
provas no caso do sursis e do livramento condicional, que não tenham sido revogados;
❖Que o sentenciado tenha tido domicílio no país durante estes 2 anos.
❖Que durante esse prazo o condenado tenha dado demonstração efetiva de bom
comportamento público e privado;
❖Que tenha ressarcido a vitima do crime ou que demonstre a impossibilidade de faze-lo ou,
ainda, que exiba documento no qual a vítima renuncie à indenização.
Em relação a exigência de que o sentenciado tenha tido domicílio no país durante estes 2
anos, Cezar Roberto Bitencourt entende que representa uma limitação indevida e
desnecessária no ius libertatis do indivíduo que, cumprida ou extinta a pena, tem o
direito de locomover-se por onde, como e quando quiser.
Efeitos: A reabilitação pode produzir dois efeitos:
a)
Sigilo sobre os registros criminais do processo e da condenação.
Este efeito é obtido imediata e automaticamente após o cumprimento da pena, por expressa
previsão no art. 202 da LEP. Não constitui cancelamento, mas apenas impede a sua
divulgação, afora as hipóteses expressamente ressalvadas.
b) Suspensão dos efeitos extrapenais específicos.
A lei veda a recondução ao cargo e a recuperação do pátrio-poder, ficando a consequência da

Resumão AP1 20
reabilitação limitada à volta da habilitação para dirigir veiculo.

Pode o agente, após a reabilitação, passar a exercer cargo, função ou mandado eletivo,
mas está vedada a sua recondução ao cargo anterior.
Também
recupera o exercício do pátrio-poder, mas somente em relação aos filhos que não foram
vítimas do crime.
Sem restrição nenhuma pode habilitar-se para dirigir veículos.
Revogação: Pode ser decretada de ofício ou a requerimento do Ministério Público. Ocorre se
sobrevier condenação que torne o reabilitado reincidente, a não ser que essa condenação
imponha apenas pena de multa.

Art. 95 - A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, se
o reabilitado for condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de
multa.”
Competência: é do Juízo da condenação e não o da execução, uma vez que a reabilitação
só pode ser concedida após o término da execução.
Observações:

A morte do reabilitando extingue o processo por falta de interesse jurídico no


prosseguimento.

A reincidência não é apagada pela reabilitação, pois ela só desaparece após o decurso de
mais de 5 anos entre a extinção da pena e a prática de novo crime.

Negada a reabilitação ela pose ser requerida a qualquer tempo, desde que com novos
elementos. (Art. 94, parágrafo único).

AÇÃO PENAL:

1. Espécies de ação penal:

O Estado confere a iniciativa do desencadeamento da ação penal ao Ministério Público ou à


própria vítima, dependendo da modalidade de crime praticado.
Portanto, para cada delito previsto em lei existe a prévia definição da espécie de ação penal –
de iniciativa pública ou privada. Por isso, as próprias infrações penais são divididas entre
aquelas de ação pública e as de ação privada.
Ação penal pública: É aquela em que a iniciativa de seu desencadeamento é exclusiva do
Ministério Público (órgão público), nos termos do art. 129, I, da CF. Art 100. Regra: que a
ação penal seja pública e incondicionada (promotor de justiça tomando ciência ja pode
iniciar investigação), salvo quando a lei expressamente diz outra coisa

Resumão AP1 21
Em razão disso,
havendo indícios de autoria e de materialidade colhidos durante as investigações,
mostra- se obrigatório o oferecimento da denúncia (peça inicial neste tipo de ação).
A ação pública apresenta as seguintes modalidades:

Incondicionada – o exercício da ação independe de qualquer condição especial. É a


regra do processo penal, uma vez que, no silêncio da lei, a ação será pública
incondicionada.

Além dos princípios gerais da ação, que se aplicam a todo e qualquer tipo de ação penal, a
ação pública rege-se ainda por cinco princípios que lhe são específicos: obrigatoriedade (MP
esta obrigado a denunciar, se nao fizer está precarizando), indisponibilidade (MP precisa ir
ate o fim, ainda que peça absolvição), oficialidade (denuncia ofertada pelo MP),
indivisibilidade (tem que ofertar denuncia a todos os participantes do crime) e
intranscendência (ação nao pode transcender aos indivíduos).

Condicionada: a propositura da ação penal depende da prévia existência de uma


condição especial (representação da vítima ou requisição do Ministro da Justiça). MP
fica no aguardo do ofendido ou de sua representação (6 meses)
Nesse último tipo de ação penal a lei, junto ao próprio tipo penal, necessariamente deve
mencionar que só se procede mediante representação ou requisição do Ministro da
Justiça.

a titularidade é do Ministério Público que só pode oferecer a denúncia se estiver presente


no caso concreto a representação da vítima ou a requisição do Ministro da Justiça, que
constituem, assim, condições de procedibilidade. Exemplos:
Art. 145. Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo
quando, no caso do art. 140, § 2o, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I
do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso
II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código.

Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação
penal pública condicionada à representação.
Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante
ação penal pública incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa
vulnerável.
Regras para a representação:

A representação pode ser endereçada ao Juiz, ao Ministério Público e à Autoridade


Policial;

Resumão AP1 22
A representação pode ser ofertada pessoalmente ou por procurador com poderes
especiais;

Pode ser apresentada mediante declaração escrita ou verbalmente, mas, na última


hipótese, deve ser reduzida a termo (é oral apenas na origem).

O direito de representação deve ser exercido no prazo de 6 meses a contar do dia em que
a vítima ou seu representante legal descobrem quem é o autor do delito (art. 38 do CPP).
IPC!!!
O prazo que a lei confere é para que a representação seja oferecida, podendo o MP oferecer
denúncia mesmo após esse período.
A vítima pode retirar a representação, de forma a impossibilitar o oferecimento de
denúncia pelo MP, mas o CPP só permite que seja feita até o oferecimento da denúncia
(art. 25 do CPP).
1.2. Ação Penal Privada: É aquela em que é promovida pela queixa do ofendido ou de
quem tenha qualidade para representá-lo. (art 100, paragrafo 2º). Peça inicial se chama
queixa-crime. Crimes privados: injuria, calúnia e difamação.

Exclusiva – a iniciativa da ação penal é da vítima, mas, se esta for menor ou incapaz, a
lei permite que a ação seja proposta pelo representante legal.
Em caso de morte da vítima, a
ação poderá ser proposta por seus sucessores (cônjuge, companheiro, ascendente,
descendente ou irmão). E, se a ação já estiver em andamento por ocasião do
falecimento, poderão eles prosseguir na ação.

Os princípios que regem a ação penal privada são: oportunidade, disponibilidade,


indivisibilidade e intranscendência.
a lei expressamente menciona que somente se procede mediante queixa. (Art 145)

Personalíssima – a ação só pode ser proposta pela vítima.


Se ela for menor, deve-se aguardar que complete 18 anos. Se for doente mental, deve-se
aguardar eventual restabelecimento. Em caso de morte, a
ação não pode ser proposta pelos sucessores. Se já tiver sido proposta na data do
falecimento, a ação se extingue pela impossibilidade de sucessão no polo passivo.
Nesse tipo de infração a lei esclarece que
somente se procede mediante queixa do ofendido. Exemplo:

CÓDIGO PENAL
Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento
Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-
lhe impedimento que não seja casamento anterior:

Resumão AP1 23
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser
intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou
impedimento, anule o casamento.

Subsidiária da Pública – é a ação proposta pela vítima em crime de ação pública,


possibilidade que só existe quando o Ministério Público, dentro do prazo que a lei
lhe confere não apresenta qualquer manifestação. Quando o MP perde o prazo (5
dias réu preso) (15 dias para réu solto)
De acordo com o art. 46 do CPP, o prazo para oferecimento de denúncia é de 5 dias, se o
indiciado estiver preso, e de 15 dias se estiver solto, a contar da data em que foi recebido
o inquérito policial.

Após o prazo do MP, a vítima tem 6 meses para ajuizar a queixa-crime.


Se a vítima não ingressar com a ação supletiva dentro de 6 meses, não haverá extinção da
punibilidade porque o crime, em sua natureza, é de ação pública. Assim, após esses 6
meses, a vítima não mais poderá oferecer queixa subsidiária, mas o MP ainda poderá
oferecer a denúncia.

Resumão AP1 24

Você também pode gostar