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Resumão AP1

Introdução: Acesso à justiça e a crise do judiciário


Surge em resposta ao crescente acesso à justiça, impulsionado pela promulgação da
Constituição Federal, a implementação do novo Código de Defesa do Consumidor e a
criação dos Juizados Especiais. Essas medidas representaram uma abertura de portas
para facilitar o acesso ao poder judiciário, tornando-o mais acessível e eficiente para os
cidadãos.
Os obstáculos foram paulatinamente sendo removidos, inclusive os custos, juizados especiais
e gratuidade da justiça promoveram um maior acesso à justiça. No entanto, o aumento da
judicialização sobrecarregou a estrutura judiciária, evidenciando a necessidade de mudanças.
Essas alterações são essenciais, mas enfrentam desafios devido aos custos envolvidos.
Justiça multiportas: Movimento feito pelo sistema judiciário com o objetivo de diminuir a
demanda, possuindo alternativas de adequação para encontrar métodos que sejam mais
adequados para resolver os conflitos, além do poder judiciário, é um design de disputas,
ver a melhor técnica para empregar, preparar a litigância.
Crise da justiça: O grande problema do poder judiciário é a morosidade da justiça, ou
seja, demora excessiva dos processos.
A morosidade é um desafio multifacetado, pois são muitos os fatores que contribuem para
ele, como:

Excesso de demandas

Deficiências legais (excesso de formalismo)

Excesso de recursos (dilatam para a demora excessiva, porém não podemos abrir mão
dele)

Postura das partes e dos advogados (protelar o processo, valendo-se de ações que
prejudiquem)

Baixa produtividade

Insuficiência material (comarcas que nem possuem juiz), as vezes o órgão não tem a
produtividade adequada para o tamanho de investimento e dos recursos existentes eles
não estão sendo bem aproveitados, já o outro órgão pode ter baixos investimentos, mas
uma produtividade adequada.

Nosso modelo clássico de solução de disputas é chamado de adjudicação, o que significa


que é baseado na força. Os nossos juízes tem um perfil técnico, são selecionados pelo

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conhecimento, ou seja, nosso modelo é verticalizado, juízes possuem decisões que são
impostas com o uso da força e não existe uma preocupação com a questão de
convencimento.
Existe uma tendência do cumprimento às decisões ou ao descumprimento? A tendência a
resistência ao cumprimento das decisões, é um déficit das decisões judiciais.
Essas resistências se mostram pelo automatismo recursal, que é quando as pessoas ficam
recorrendo, as decisões não foram legitimadas e a parte não aceita, utilizando-se dos
recursos. Além disso, existe também a crise no processo de execução, que ocorre quando
uma sentença não é cumprida dentro do prazo estabelecido. Nesse caso, o juiz
encarregado da execução busca o cumprimento forçado da decisão. A execução é a
segunda etapa do processo, e é crucial para garantir que as decisões sejam efetivamente
implementadas. Se a execução não for bem-sucedida, mesmo após uma vitória no processo,
onde os fatos são esclarecidos, isso pode levar a uma crise de autoridade, já que o juiz
profere uma decisão, mas a outra parte não se sente compelida a cumpri-la na prática.
Execução são baseadas em invasões patrimoniais, grande maioria das hipóteses juiz faz
a apreensão do bem e dinheiro, há tantos problemas na execução, que as execuções
terminam e o credor não consegue exercer o seu direito, tais como:

Há situações de insuficiência de patrimônio, indivíduo não tem condições de pagar,


sem patrimônio a execução fica suspensa. Problema do bom devedor

Fraudes aprofundam o problema da execução, muitas vezes os devedores cometem


fraudes e simulam situações que parecem que ela não tem o patrimônio.

Insuficiência dos meios executivos tradicionais, os meios atuais que a lei disponibiliza
pra fazer a busca patrimonial são insuficientes. Juízes decidiram que a lei tem que
começar a se mexer, ou seja, pessoa vai bloqueando a carteira de habilitação,
suspendendo esse direito, assim como apreensão de passaporte, proibição de participação
em concursos, são restrições de direitos.

Impenhorabilidades, quando você está na execução e os patrimônios quando achados


tem que ver se eles são penhoráveis. A impenhorabilidade diz que alguma parcela do
patrimônio não pode ser penhorável, pq a lei entende que é uma necessidade ao devedor
e sua família, casas, salários, bens essenciais na casa, motorista de app não pode penhorar
o carro, pq é o meio de trabalho.

O sistema que podemos chamar de "ganha-perde" funciona com base nesse modelo
verticalizado, onde o juiz determina um vencedor e um perdedor. Isso pode explicar os
problemas, já que o perdedor muitas vezes reluta em aderir à decisão. Por outro lado, os
métodos alternativos de resolução de conflitos surgem de um sistema de "ganha-ganha",

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onde as próprias partes buscam uma solução que beneficie a todos, ao invés de
dependerem de um terceiro para impor uma solução de fora. Esses métodos são mais
concensualizados, permitindo que as partes sejam protagonistas desde o início. Com isso, a
adesão deixa de ser baixa porque as partes começam a concordar com a decisão, não havendo
mais uma crise de autoridade, já que o juiz não precisa mais impor a decisão. Agora, as partes
se sentem mais responsáveis por suas próprias escolhas e resoluções.

Adr’s: alternative dispute resolution


É necessário desenvolver novas formas purificadoras de resolução de conflitos em contra
partida com a cultura da litigância (optar pelo pragmatismo ou optar por algo específico)
(EUA)
→ Negociação, conciliação, mediação e arbitragem

Globalização favoreceu a comunicação entre os sistemas.


Crise do judiciário : Com ela foi procurado métodos alternativos. Ex: civil law e súmula
vinculante, métodos alternativos.

Sobrecarga de processos, excesso de demandas (devido o acesso à justiça → questão


de ampliação da cidadania, favorável e jurisdição excessiva)

Insuficiência material (mal equipação dos órgãos judiciários e uniformização dos


órgãos judiciários precária, ou seja, os investimentos não proporcionados uniformemente.

Crise de autoridade/ excesso de recurso (demora para implementação do resultado da


decisão) → Perfil técnico dos juízes: não existe uma grande preocupação no
convencimento das partes (tendência de resistência ao cumprimento expontâneo,
maior tendência a recorrer, chamado de automatismo recursal)

Crise da execução: As execuções no processo civil em sua grande maioria vão resolver no
contexto patrimonial (problema → insuficiência patrimonial, suspensão de execução), fraudes
executivos (o alienador terá que provar a fraude, impenhorabilidade- no Brasil impenhorou
bens em…, a bens protegidos em exijo). Insuficiência dos modos de execução tradicionais-
medidas restritivas de direitos para pressionar os cumprimentos das decisões.
Esse contexto da crise vai providenciar a entrada desses métodos adequados, uma vez que
não se deve buscar um método alternativo, e sim métodos que solucionem
adequadamente cada conflito em conformidade com a sua natureza. Um sistema de
acordo adequado não funcionará bem se o problema do judiciário não for solucionado, irá
gerar uma coação a procura de outros métodos, é necessário haver múltiplas escolhas para
que as partes escolham sem coação o melhor método (sistema multiportas)

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Modelo de adjudicação: modelo ganha-perde, o perdedor tende a adotar uma postura de
resistência.
Modelo consensual: solução de conflitos via acordos, que presumia uma convergência de
vontade entre as partes (ganha-ganha), é chamado assim, visto que a ideia do acordo é um
consenso entre as partes, as quais são protagonistas. Não haverá automatismo e haverá
a perda paulatina da impotência dos recursos.

OBS: A arbitragem não é vocacionada ao acordo, porém é pautada na concessão, desse modo,
está dentro do modelo consensual, além de poder haver acordo na mesma.

Dentro das ADR’s (MASC’s):

Autocomposição: As próprias partes, auxiliadas ou não, irão construir a solução final do


conflito. Ex: negociação, conciliação e mediação.
Heterocomposição: Haverá um terceiro que decidirá o conflito. Ex: Modelo de
adjudicação (jurisdição clássica) e arbitragem.

ODR’s (online dispute resolution): métodos tecnológicos facilitadores dentro dos métodos
consensuais de solucionar conflitos.Há negociação via ODR’s, não é um método autônomo
e sim um negociador. Ex: e-bay.

Justiça multiportas:
Frank Sander- Dentro dos tribunais tradicionais seriam criados outros métodos de resolução
de conflitos, onde serão analisados a dimensão, custos, renda do conflito, podendo escolher o
melhor método.

Owen Fiss- “Contra o acordo”: há falhas estruturais nesse sistema multiportas, como:
diferença de recursos entre as partes, assim como conhecimento para fazer um acordo
em igualdade.

Obs: Jurisprudência lotérica causa falta de uniformização dos entendimentos


judiciários, o que pode trazer insegurança ao sistema.
ARBITRAGEM

Freddie Dieder: microssistema nacional de justiça multiportas é fruto de construção


“progressiva, não planejada e com vocação à não exaustividade”, o que permite constante
expansão

Freddie Dieder acredita que o nosso sistema multiportas foi uma construção paulatina,
ou seja, crescendo aos poucos. Ex: 1996-lei de arbitragem, CPC de 73 foi reformado e foi
previsto que a primeira sessão seria chamada de conciliação, tirando o nome “preliminar”.
CPC/2015 mudou para audiência de conciliação ou mediação, e foi editada a lei
13.140/2015, regulamenta o instituto da mediação, dizendo quando pode ser utilizado, quais

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os princípios, quem pode ser… Em 2021, a lei foi reformada, o legislador ampliou a
arbitragem, utilizando em questões trabalhistas e utilizar arbitragem envolvendo poder
público, ex: licitação- processo reconhecial. Foi uma construção não planejada, é um
sistema com vocação a não exaustividade, ou seja, foi fazendo aos poucos, sem saber
aonde iria chegar, ficando de portas abertas.

Retorno as origens (?) e “Custo Brasil”

Autotutela: tudo resolvido em fazer justiça com as próprias mãos.

Estado moderno: o Estado proíbe a autotutela e ele que ficará responsável por assumir o
monopólio do uso da força (jurisdição).

Masc’s: Retorno ao protagonismo as partes, dando autonomia da vontade.

Custo Brasil: Constatação que no Brasil todos os produtos custam mais caro, tais
motivos são: tributação, segurança (Falta dela, roubo de carga), o fato do judiciário tb é
um malefício, pq as pesoas não se sentem seguras, é lento, as pessoas não querem
investir. Arbitragem pode ajudar a diminuir esse problema do judiciário.
Arbitragem: Aspectos de teoria geral- Lei 9.307/96

Instituto que reflete a autonomia da vontade, fruto de um acerto entre as partes, as


partes em conflito de comum acordo optam por um contrato de arbitragem e vão
renunciar a jurisdição estatal e definem a arbitragem como método para solução do
conflito.

Conceito e natureza jurídica + Arbitrabilidade Objetiva e Subjetiva


Quem pode celebrar um contrato de arbitragem? E quais questões?

Arbitrabilidade Objetiva: Somente direitos patrimoniais disponíveis podem ser objeto


de contrato de arbitragem.
Arbitrabilidade Subjetiva: Somente as partes capazes podem celebrar esse contrato.

Direitos disponíveis: questões patrimoniais, direitos que você pode renunciar, fazer
concessões
Direitos indisponíveis: questões relacionadas a personalidade, a princípio que a parte
não pode abrir mão, e são divididos em 2:

Transacionáveis: apesar de indisponível, pode ser negociável. Ex: guarda da criança,


questões alimentícias

Não transacionáveis: não admite nenhum tipo de negociação. Ex: interdição- nomear
o curador

Arbitragem só direito patrimonial.

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Quais são os tipos de contrato de arbitragem?

Convenção de arbitragem:

Cláusula compromissoria: celebrada antes do conflito concreto surgido, antecipação da


submissão ao juízo arbitral, precisa estar ligada sempre a outro contrato, efetividade
limitada a cada contrato ou faz um adendo se referindo a ele. Ex: contrato de prestação de
serviços entre empresas, no momento que está fazendo o contrato, sem haver briga, apenas
prevenindo a situação, caso surja um conflito futuro sobre o contrato é definido que vai ser
por meio arbitral.
Cláusula Compromissoria dentro do contrato de adesão (típico do Direito ao
Consumidor, aquele cuja as cláusulas são celebradas apenas por um dos contratantes, só
tem o poder de aderir ou não)
Validade da cláusula compromissoria só vai valer se o consumidor assinar do lado da
cláusula, sem ser só no final a assinatura

Foi feito o contrato, ele assinou só no final, não assinou a cláusula, e quem tomou a iniciativa
da demanda for o consumidor é válido, vale o contrato, mas não vale a cláusula.

AD HOC: hábito privado

Institucional: caso em que as partes escolhem, opção preferível

Vazia: faz a pré submissão, mas não define por menores, caso surja o conflito ela vai ver
se é AD HOC ou institucional, define apenas depois do conflito, ela é cômoda no
momento, mas ela pode trazer problemas no final, pq pode surgir controvérsias lá na
frente, ou seja, não entrar em acordo pra ver quem vai julgar.

Se no futuro houver uma controvérsia, o artigo 7º prevê uma ação judicial que
um dos interessados vai ter que propor para uma instituição da arbitragem.
Juiz marca uma audiência, e na audiência as etapas serão: conciliação entre as
partes (acordo), se o acordo for obtido há a homologação do acordo e o processo
é finalizado. Se o acordo não for feito, juiz vai tentar mediar um acordo entre as
partes para a negociação do árbitro, caso haja o acordo, juiz vai homologar e
acabou. Mas, se mesmo assim não houver acordo, o juiz vai impositivamente
definir o árbitro.

Cheia: já define os detalhes (ja definem a instituição, ad hoc ou institucional).


Preferível , pq evita problemas futuros, ja que no futuro ja com o conflito terá que ser
decidido isso e se não chegarem no acordo, vai precisar propor uma ação judicial, para o
juiz decidir.

Art 3°, 4º e 9º

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Compromisso arbitral: aquele no qual a submissão ao juízo arbitral se da a um conflito
já instalado, não foi feito uma pré submissão, mas vai ser feito agora.
Autonomia da vontade: liberdade contratual é tão grande que a lei permite umas situações
em que ninguém imagina, por exemplo: Art 2º, LA

Arbitragem de direito: árbitro escolhido deve julgar conforme as leis vigentes no


país, conforme o juiz faria se fosse o caso, inclusive a autonomia da vontade diz qual
lei pode ser utilizada (ex: Código de defesa do consumidor), não viola a lei.

Arbitragem de equidade: as partes dão liberdade para o árbitro julgar conforme


princípios gerais do direito ou seu senso de justiça. Normalmente escolhida quando
as partes querem ou não que alguma norma brasileira não seja aplicada.

Perfil do árbitro (art 13, LA): lei diz que o árbitro deve ser uma pessoa com plena
capacidade civil, e ser uma pessoa de confiança de ambas as partes. Se a lei exigisse
alguma formação específica, ia acabar tendo causas em que não teriam pessoas totalmente
especiliazadas, por isso, as partes vão escolher.

Singular ou colegiado: Cabe as partes decidirem se querem um do árbitro ou


mais de um. As partes tem que considerar o custo, e o colegiado garante uma
decisão mais justa (mais caro), e um só árbitro tem mais risco (mais comum).

Causas de impedimento e suspeição (art 14): pode pedir afastamento, caso ele seja
parente, relação direta,…

Customização do procedimento (Art 21, LA): customiza no contrato ou aderem o


procedimento da câmara que foi escolhida. Se for da vontade das partes, elas podem
botar no contrato (ex: tirar algum passo)

Cláusula escalonada: existe a possibilidade de combinar arbitragem e mediação.


Arb-Med: primeiro se submetem a um juízo arbitral, o árbitro vai dar a sua decisão,
mas as partes nao saberão o teor, ai vão para a mediação, se na mediação houver o
acordo, sera valido esse acordo, sem acordo na mediação, valerá a decisão do árbitro.
Med-Arb: Inicia-se com mediação, se bem-sucedida, ocorre acordo; caso contrário,
converte-se automaticamente para arbitragem, com o árbitro decidindo.
Autocomposição inicial e heterocomposição final.

O artigo 7º da Lei 13.140/2015 veda a prática conhecida como "camaleão", onde a


mesma pessoa não pode atuar como mediador e árbitro em um mesmo processo, ou vice-
versa. Essa medida é adotada para evitar que as partes tenham receio de se abrir durante
a mediação, temendo que o mediador possa usar essas informações contra elas durante a
arbitragem, o que poderia prejudicá-las.

Resumão AP1 7
Vantagens da arbitragem: Art 23, LA

Celeridade: julgamento no juízo arbitral é mais rápido, o que assegura isso é o art 23,
que o árbitro tem o prazo de 6 meses para julgar. A Lei disse que o prazo é 6 meses, mas
pode botar no acordo, um prazo maior ou menor. Se o prazo não for respeitado, pode ser
causa de anulação do juízo arbitral e há o $ de volta.

Especialização dos árbitros: ideia de que quando escolhe o juízo arbitral, é escolher
alguém que tenha uma especialização sobre determinado assunto, aquele que
geralmente um juízo tradicional não possui. Perfil do árbitro: capacidade civil e
confiança das partes, isso já garante a especialização, pq vão escolher um profissional
adequado. As vantagens ajudam a compensar o alto custo, pq o julgamento é muito
rápido, trazendo segurança jurídica e ha uma especialização.

Sigilo (Art 2º, LA): Nos processos judiciais os processos são públicos, publicidade
permite que qualquer pessoa tenha acesso ao processo, a importância disso é uma forma
de transparência e prestação de contas (controle indireto). Na arbitragem é diferente,
partes podem botar no contrato que a arbitragem será sigilosa, sem que as pessoas
saibam os litígios entre as empresas. Se a câmara arbitral vazar informações é
quebra de contrato, tendo que responsabilizar a câmara.

Customização do procedimento: as partes podem moldar as etapas do procedimento


arbitral conforme o seu interesse.

Segurança jurídica: lei diz que a sentença arbitral tem a mesma eficácia e autoridade de
uma sentença judicial, lei equipara o juízo arbitral ao judicial, porém o juiz de direito tem
o poder da decisão e o poder coercitivo (impor a própria decisão), ou seja, pode se valer
da forca (monopólio estatal), o árbitro privado possui assemelhação, tem quase os
mesmos poderes, pq o arbitro so tem poder decisório, não tem o coercitivo, isso pq
ele é agente privado, a decisão dele é impositiva, mas não pode se valer da forca, a
sentença arbitral não cumprida fica sujeita a execução judicial da sentença arbitral.
A sentença arbitral é considerada um título executivo judicial, ou seja, torna-se um
documento hábil a instauração de uma execução judicial de sentença arbitral.

A execução judicial arbitral correrá em segredo de justiça, pq é uma forma de


não desmerecer a arbitragem.

Juiz não vai rejulgar a decisão, nesse caso, o juiz só está se valendo do seu
monopólio da forca, está sendo um mero instrumento, um meio para garantir o
que ja foi garantido pelo árbitro.

Cumprimento espontâneo das decisões arbitrais: as empresas que utilizam a arbitragem


querem ter uma respeitabilidade, mostrando que cumprem, do contrário ninguém mais

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vai fazer arbitragem com ela. Além disso, quem opta pela arbitragem, ja tem uma estrutura
de cumprimento espontâneo das decisões, ou seja, as chances maiores de cumprimento
acaba compensando a falta de poder coercitivo do árbitro privado.

Mecanismos de fortalecimento e de incentivo ao uso da arbitragem:

Art 485, VII, CPC: Caso haja um contrato de arbitragem, o processo judicial será
extinto sem resolução de mérito, isso fortalece pq da segurança jurídica que vai
correr no âmbito arbitral. A causa de extinção é quando o juiz acolher a alegação de
que existe uma convenção de arbitragem, a extinção não pode fazer de oficio (ser
provocado), so pode fazer quando uma das partes alegar, ou seja, pressupõe que
haja provocação.

Razões do pq o juiz não pode fazer de ofício:


Pq não tem como ele saber da existência do contrato e na falta de alegação, ou seja, se
ninguém alegar a existência do contrato ao juiz, o processo vai seguir normalmente, pq o
silêncio da parte é interpretado como uma espécie de renúncia tácita ao contrato de
arbitragem.

Art 19, LA: Árbitro deu a sentença, é possível recorrer? Não, pq a lei resguarda para não
precisar ir ao judiciário, não cabe recurso a decisão do árbitro, é uma forma de
fortalecer e dar segurança judiciária, isso pq não cabe ao judiciário, mas pode haver
recurso dentro do juízo arbitral. Não cabe recurso ao judiciário, so pode dentro do juízo
arbitral, se tiver no contrato.

A decisão do árbitro não depende de homologação judicial, ela produzirá efeitos


imediatos.

OBS: Art 32 e 33, LA- Ação anulatória autônoma: não pode recorrer ao judiciário para
falar sobre conteúdo, é uma ação autônoma para anular o procedimento arbitral. Vai
ser proposta na vara cível comum e vai ser levada para distribuição. Se o juiz julgar
procedente o pedido, ele vai anular o procedimento, vai mandar o contrato de volta ao
juízo arbitral, para que os defeitos sejam corrigidos para ser julgado na arbitragem.
O que pode ser alegado na ação anulatória? Vícios formais ou violação do contrato de
arbitragem (juiz vai anular tudo que já aconteceu). Ex: árbitro praticou corrupção, vendeu a
sentença ao adversário, vai pedir ação anulatória por corrupção, não é por conteúdo e sim por
vício. Árbitro que decidiu o conflito é diferente que foi escolhido, isso é quebra de contrato.
Sentença arbitral proferida fora do prazo (quebra de contrato). Quebra do sigilo, não é mera
discordância.
Pq a ação anulatória é diferente de recurso? Pq a acão é uma ação própria, uma ação
separada, recurso não é autônomo, não prologa o processo.

Resumão AP1 9
Na eventual execução judicial, o acusado vai ter direito a ampla defesa, mas é uma
defesa restrita, ou seja, só matérias de defesa típica da execução, ações executivas,
para fortalecer a arbitragem.

Tutela de urgência na arbitragem: Art 22-A, 22-B, LA

Risco de perecimento do direito.


Como funciona a tutela de urgência na arbitragem? Pede a quem? Possibilidades:

1. Arbitragem ainda não está instituída (existe o contrato, mas o procedimento a rigor
não iniciou ainda): medida será requerida ao juiz de direito. Tem que provar o funis
do bonis iuris. Parte tem 30 dias para dar inicio ao procedimento arbitral, se a parte não
der inicio, a medida urgente para de produzir efeitos. Depois que ela for proposta, o
árbitro tem o poder de manter, revogar, modificar a medida. Algumas instituições
arbitrais preveem árbitro de emergência, que quando aparecer situações de emergência,
ele que vai observar, assim não vai ter que ir ao judiciário, ou seja, caso não tenha
arbitragem instituída, pode fazer isso, lei não prevê isso. É um custo a mais.

2. Arbitragem está instituída, procedimento já começou e a parte se vê em uma


situação de emergência: cabe pedir ao próprio árbitro, sendo que ele não tem poder
coercitivo, logo ele vai determinar a medida, mas não vai poder efetivar, ai a efetivação
vai ser feita no judiciário, ele vai fazer uma carta arbitral e que ele espera ser
efetivada pelo juiz de direito.

Pré procedimento arbitral: não posso perder o tempo, precisa do modelo de urgência. A
medida urgente deve ser requerida ao judiciário, parte tem o prazo de 30 dias para dar
inicio ao procedimento arbitral sob pena de eficácia cessada a essa medida, quando o
procedimento for iniciado, cabe ao arbitro manter, revogar ou modificar a medida urgente.

Se o procedimento arbitral estiver instaurado, é so pedir ao árbitro.


A estabilização da tutela antecipada antecedente é compatível com a arbitragem?
O que é estabilização da tutela antecipada antecedente? Quando a parte quer recorrer uma
medida urgente, ela precisa fazer isso logo, para nao ter risco de perder o seu direito
Quais os 2 requisitos que a parte precisa ter para pedir a medida urgente? Fumus boni
Iuris- fumaça do bom direito, quando esta na situação emergencial não tem tempo para
aprofundar a questão, mas ao menos tem que comprovar a probabilidade da existência
do seu direito (Ex: pagamento mensal do plano de saúde, os procedimentos cobertos por ele)
e Periculum in mora- Perigo da demora, não posso esperar o tempo normal do processo
(Ex: laudo médico dizendo qual o procedimento sera feito e nao pode faltar a frase “caráter de
urgência”). A situação é um misto de evidência com urgência.

Resumão AP1 10
Tutela de urgência:

Tutela Antecipada: tem caráter satisfativo, quando a parte solicita a medida de


urgência é uma medida que ja resolve o problema da parte, satisfaz/salvaguarda o
direito dela. Prazo para entrar com o processo é de 15 dias. Ex: cirurgia emergencial,
retirada no nome do spc.

Tutela Cautelar: tem caráter assecuratório, a medida por agora não satisfaz o seu
direto, mas ela é necessária, é uma medida que é fundamental para que no futuro o
direito seja resguardado. Prazo para entrar com o processo é de 30 dias. Ex: pessoa esta
transferindo seus patrimônios para outros, e se eu for procurar patrimônio dele depois ele
nao vai ter, dentro da ação, peço arresto patrimonial (congela os bens), em uma ação
patrimonial, o arresto nao vai ser suficiente, mas essa medida vai auxiliar no futuro para
que o direito seja satisfeito. Parte requer testemunhas para a comprovação dos fatos que
ela alega, mas essa parte é so no final, porém a prova testemunhal é muito importante e
durante o processo a testemunha tem poucos dias de vida e você terá que recorrer uma
produção de provas antecipada, ouvir a testemunha não resolve o processo, mas assegura
condições para uma satisfação futura.

Essas medidas podem ser requeridas de 2 formas:

Incidental: Já tem a demanda principal proposta e ali dentro pede a medida de


urgência (geralmente na petição).

Antecedente: processo principal ainda não está proposto, posso ingressar com uma
especie de petição incompleta que se limita a requerer a medida urgente, caso a
medida seja concedida, a lei diz que você tem um prazo pra entrar com a ação
principal, e completa a petição que estava incompleta, sob pena de cessar a eficácia
da medida. Indicada para os casos de urgência muito acentuada, pq se a questão é
muito urgente, é mais fácil fazer um requerimento incompleto.

Na tutela antecipada antecedente, são abertos dois prazos: um para propor a ação
principal (15 dias), sob pena de caducar, e outro para o réu recorrer para cassar a
medida. Se a parte contrária não recorrer da decisão, entende-se que ela se conformou
com ela, dispensando a parte autora de propor a ação principal, conforme o artigo 304.
Quando a decisão estabilizar (parte não recorreu) quer dizer que houve coisa julgada? A
estabilização da decisão não é equivalente à coisa julgada, pois na estabilização não há
julgamento definitivo, nem referibilidade a outras decisões. A estabilização ocorre após
uma análise urgente, enquanto a coisa julgada implica um julgamento definitivo com
referência a outras decisões.

Resumão AP1 11
Onde entraria a tutela antecipada antecedente na arbitragem? A tutela antecipada
antecedente ocorre antes da instalação do juízo arbitral. A parte requer a tutela ao juiz
como preparação para a arbitragem, e este concede com a condição de que a parte inicie
o procedimento arbitral dentro de 30 dias, sob pena de a medida perder a eficácia. Cabe
ao árbitro controlar a regularidade da medida urgente.
Se a outra parte ficar inerte aplica o art 304 de modo a dispensar a parte? Lei não diz
expressamente nem que sim e nem que não. Se a outra parte ficar inerte, o entendimento
prevalecente é que a estabilização não é compatível com o juízo arbitral, e a parte
requerente terá que iniciar o processo arbitral. O árbitro é responsável por controlar a
regularidade da medida urgente.

A sistemática do 304, CPC, não se compatibiliza com a do 22-A, LA, pq a parte


normalmente deixará de recorrer da decisão urgente do juiz sabedora de que o 22-A
garante que o controle da regularidade da decisão do juiz caberá ao árbitro. Aplicar a
estabilização nesse caso seria suprir o controle arbitral e violar o 22-A.
Grau de vinculação do árbitro aos procedentes vinculantes: Com as reformas processuais,
o árbitro está cada vez mais obrigado a seguir os procedentes vinculantes, conforme o
artigo 927 do CPC, que estabelece a vinculação das súmulas do STF e STJ. Isso aumenta
o grau de vinculação e garante maior uniformidade nas decisões.
Os precedentes vinculantes se aplicam aos árbitros se a arbitragem for de direito, onde o
árbitro segue o ordenamento jurídico. Porém, se as partes optarem pela arbitragem de
equidade, o árbitro não está vinculado aos precedentes e tem liberdade para decidir sem
seguir estritamente o ordenamento jurídico.

Requisitos da sentença judiciária: Relatório- resumo dos fatos da causa, pra dar
transparência, ideia de que o juiz leu o processo, forma indireta de provar a parte que o juiz
leu. Fundamentação- explicitar suas razões (doutrina, jurisprudência). Dispositivo-
Conclusão, ultima linha da sentença.
Requisitos da sentença arbitral (art 26, LA):

Relatório

Fundamentação: árbitro é obrigado a indicar o tipo de arbitragem se é de direito ou


de equidade

Dispositivo

Tem que ter a data e o local em que ela foi proferida

O que acontece se deixar de botar algum desses? Há anulação da sentença arbitral (art 32 e
33, LA), tem que ir ao juiz e pedir, ou seja, ocorre junto ao poder judiciário.

Resumão AP1 12
Reconhecimento e execução da sentença arbitral estrangeira (art 34 e ss; LA):

É necessário propor uma homologação perante o STJ, nosso sistema é o do art 963, CPC.
Juízo de delibação: Para homologar uma sentença arbitral estrangeira, é necessário seguir o
processo de delibação perante o STJ, conforme o artigo 963 do CPC. Esse processo envolve
um controle formal da sentença, sem avaliar seu conteúdo, e requer cooperação
internacional e reciprocidade para a homologação do acordo.
Requisitos:

Citação do juízo de origem: se o réu foi citado (se foi respeitado o direito ao
contraditório e ampla defesa)

Competência: analisar se no juízo de origem era competente para julgar o conflito


conforme as leis locais

Respeito as garantias do processo

Tradução oficial: tem que ter tradutor oficial juramentado

Decisão não pode ofender a ordem publica brasileira: verifica-se que o juízo que
julgou estava com causas de impedimento de suspeição e no juízo de la ele podia julgar,
pq não tinha essa lei, mas o STJ entende que é uma ofensa a ordem pública.

Após o STJ reconhecer os requisitos para homologação da sentença arbitral estrangeira, é


concedido o Exequatur, permitindo sua execução no Brasil. O controle feito pelo STJ é
formal, sem avaliar o conteúdo da sentença, focando no respeito aos procedimentos e
requisitos para homologação.

Resumão AP1 13

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