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Anotações da Aula 29/03

3 ETAPAS DE EVOLUÇÃO EM ROMA


 1ª etapa - Legis Actiones: período bastante marcado por um aspecto sacramental. Havia a necessidade de
comparecer perante o pretor, o qual era uma autoridade do estado que realizava apenas a organização do
conflito, e ambas as partes deviam conduzir com exatidão em relação ao sacramento - "maneiras
previstas" - para poder expressar suas pretensões (qualquer erro invalidava a demanda). Pretor tomava um
compromisso das partes ("você se compromete a cumprir com a decisão?") para findar o acordo. O
acordo (litis contestatio - esse termo não é sinônimo de defesa, era o compromisso no qual as partes
findavam de que cumpririam a decisão) era necessário no contexto de um Estado com pouca
força/firmeza.
o Depois da tomada do compromisso, a função do pretor terminava. As partes eram, então,
conduzidas para o chamado iudex, um cidadão romano parte da comunidade e ciente dos valores
e procedimentos aceitos nela. Era ele quem decidia o conflito. Decisão tinha essa legitimidade
reforçada pela litis contestatio, porque as duas partes já haviam se comprometido a fazer com que
a decisão fosse cumprida.

 2ª etapa - Período Formulário: Há ainda o desdobramento em duas partes, porém existe maior ênfase na
parte sacramental (necessidade de exatidão nos modos formais de expressão da pretensão - como
pretendia se realizar a administração do conflito e os fatos). Havia formas previamente estabelecidas, que
deveriam ser seguidas nesse procedimento.

 3ª etapa - Unificação de Instâncias


o Estado Romano vai consolidando sua força e poder, de maneira que se chega ao órgão judiciário -
fenômeno processual semelhante com o que temos atualmente. Não é mais necessário realizar
compromisso de aceitar a decisão, Estado admite do início ao fim o fenômeno processual. A
própria autoridade judicial vai ouvir as pretensões de ambas as partes e decidir sobre o conflito.
Uma vez dada a decisão, fará com que a decisão seja cumprida.
o Unificação de instâncias e fim de bipartição de etapas - Nas outras fases, o pretor decidir era uma
excepcionalidade (tornou-se regra).
o Quando chegamos ao século III a.C., passamos a visualizar um fenômeno de justiça pública, no
qual o próprio estado incorpora todo o fenômeno processual sob sua autoridade, inclusive a
solução do conflito. Antes, era um cidadão que decidia o conflito, nessa etapa, a decisão cada vez
mais é apropriada pelo órgão estatal - o que podemos chamar, dessa forma, de justiça pública.
o A partir desse pleno poder do estado, o Estado regula o poder e decide. Cada vez, percebeu-se
que o Estado expressava a iurisdictio (jurisdição), pois, para decidir precisava-se olhar o direito
material, verificar o que a regra preconiza e, com base nisso, definir qual a parte favorecida no
conflito do caso concreto. Atividade, mediante a qual, os juízes conhecem os fatos, recebem as
informações das partes interesses e, em vista do fato e do que é preconizado pela regra material,
realizam a solução da controvérsia.
o Acompanhada da vedação à autotutela torna-se necessário o fornecimento da estrutura
jurisdicional cabível para a resolução do conflito (serviço jurisdicional). Atividade que realiza a
solução dos casos conflitos trazidos até o juiz.
o Para que essas soluções de controvérsia possam ser realizadas, precisaremos utilizar o processo.
O que é, portanto, o processo? Instrumento por meio do qual os órgãos jurisdicionais atuam
para pacificar as pessoas conflitantes, eliminando o conflito e fazendo cumprir o preceito
jurídico pertinente.

 Critério fornecido pela lei material - ela diz quem é o vencedor. A decisão possuí a
solução.

 Esforço na diminuição da importância da forma para garantir em maior intensidade o


efeito pacificador.

 TEORIA DA INSTRUMENTALIDADE DO PROCESSO. O principal


doutrinador é o Sr. Cândido Dinamarco. A jurisdição - serviço estatal para buscar
a solução de conflitos - tem 3 escopos (finalidades/objetivos): (i) escopo social
[de pacificação]¹ por meio da decisão; (i) escopo político, ligado a própria
realização da força estatal² e a afirmação desse poder; e (iii) escopo jurídico,
aplicar a norma de direito material.

 ¹: Evitar a desagregação decorrente da impunidade (caos). Evitar eternização de


conflito. Fazer existir no lugar do conflito uma solução.

 ²: Enquanto o Estado não tem força, o particular vai impondo a própria vontade.
Meta secundária relacionada a uma consciência dos direitos que temos.
Crescimento da importância dos precedentes e decisões judiciais - incremento de
força. Aproximação do Common Law e Civil Law.
o Para que seja viável o fenômeno processual, é necessário um Estado forte - com poder! Poder é a
capacidade de decidir e de impor a decisão.

 Não basta pacificar, nem dizer quem tem razão - deve-se decidir com justiça. No Brasil, tem
determinados setores em que o Estado não entra (i.e. até a empresa de luz precisa pedir autorização para
os traficantes da área). Enquanto estiver positivada, a lei é a solução de justiça - decidir com justiça é
aplicar a norma de direito material.

 Estado cria ordenamento processual, sistema de justiça (enxerga-se normas jurídicas sobre o modo de
desenvolvimento do processo). A questão processual se insere no âmbito do direito público, relações nas
quais o Estado se faz presente.

Anotações da Aula - 05/04/2022

Métodos de Solução de Conflitos

 Além do método jurisdicional, temos outros métodos de resolução de conflito: i.e. autotutela, não é
adequada, pois representa, frequentemente, uso de violência - forçar a realização da própria vontade. Ideia
geral de vedação da autotutela no ordenamento (exercício arbitrário das próprias razões é crime!). Em
algumas situações, será permitido: legítima defesa, por exemplo, porém é necessária que haja proporção
entre a agressão e a forma de defender.
o Situação de autocomposição: partes chegam ao equilíbrio, harmonia, sem necessidade de
intervenção de um terceiro.
 O nome técnico de acordo recebe o nome de transação (art. 840 do C.C.)
o Heterocomposição - existe um terceiro. Mediação e conciliação. Tem-se uma terceira pessoa que
ajuda a chegar ao acordo.
 Há, ainda, a possibilidade de uma arbitragem, que não se confunde com a
heterocomposição. Na arbitragem, o árbitro decide quem tem razão, não concilia.
 No processo, também há uma decisão - decide-se sobre o bem da vida. Mecanismos processuais para
executar o direito já assegurado. A diferença da arbitragem é que a decisão vem do Estado - uma pessoa
habilitada pelo Estado para decidir (juiz atua com o poder do próprio estado). Na arbitragem, advém da
vontade das partes a eleição dos árbitros.
o Se deixar os outros como alternativos e trazer o processo como estatisticamente frequente, o
processo será mais procurado. Por isso, é correto dizer, em vez de alternativos, métodos
adequados de solução de conflitos - logo, será o método mais apropriado para a resolução
daquele conflito do caso concreto.
o Possibilidade de ir a juízo pra obrigar a parte a funcionar à arbitragem (submeter ao mecanismo).
o Deficiências do processo:
 Demora
 Custo
 Excesso de formalidade: essencialmente. Forma prevalece sob a substância.
 Importância de mecanismos para diminuir crises - modos de mitigar esses problemas.

Mecanismo de deformalização

 Juizados Especiais (Lei 8.099/90): Tipo de processo com menos aspectos formais detalhados -

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