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Trata-se de ação ajuizada pela empresa NewArt Ltda. contra a Secretaria da Fazenda do
Estado do Piauí ("SEFAZ/PI"), em face da autuação da empresa, sofrida em 1º de março de
2022, para recolhimento do ICMS incidente sobre a venda dos arquivos digitais registrados em
NFT. Tais arquivos são a principal atividade econômica desenvolvida pela NewArt Ltda., que
adquire obras de artes digitais registradas em NFT para posterior revenda. A SEFAZ/PI
entendeu que tais vendas seriam entendidas como uma operação de circulação de mercadoria,
motivo pelo o qual incidiria o tributo supracitado. A NewArt, por sua vez, entendeu incabível
essa incidência, pois, de acordo com o entendimento de sua equipe jurídica, os NFTs não
poderiam ser caracterizados enquanto mercadorias.
A Constituição federal determina, no seu art. 155, inciso II, as hipóteses de incidência
do ICMS, sendo estas "as operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações
e as prestações se iniciem no exterior". Ressalta-se, entretanto, o caráter tipológico atribuído
pelo constituinte ao texto constitucional, ou seja, tais categorias previstas constitucionalmente
permitiam uma evolução ou a possibilidade de surgimento de novas características aos tipos
tributários ali presente. Por outro lado, as leis complementares definem e delimitam essas
hipóteses tributárias com intuito de conceituar, a qual é feita, no caso em tela, por meio da LC
nº 87/1996, que não define o que é mercadoria, o que nos força a recorrer à doutrina para
conceituá-la.
Além disso, o STF decidiu, em julgamento conjunto das ADIs 5.659/MG e 1.945/MT,
pela incidência da ICMS sobre as operações que envolvam o licenciamento ou cessão de direito
de uso de programas de computador sob a justificativa de que era indispensável para o fato
gerador do ICMS a transferência de propriedade do bem, o que não está presente nas operações
de software. Entretanto, está presente nas operações do caso em tela, e, sobretudo, o próprio
julgamento em questão não desqualificou a legitimidade da incidência do ICMS sobre bens
incorpóreos ou imateriais.