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CASSIANO MENKE
11/07/2020 09:32
Ocorre, todavia, que esse entendimento deve ser repensado. Ele, como se
disse, está apoiado em bases inconstitucionais e misti-cadas.
E não se diga que os arts. 116, parágrafo único, e 149, VII, do CTN
estabeleceriam essa permissão ao poder público. Decididamente não o
estabelecem. Note-se, nesse aspecto, que tais dispositivos, juntos, permitem
:
que a administração tributária desconsidere atos e negócios do contribuinte
apenas nas hipóteses em que há vícios de validade e de verdade no agir do
particular.
Não é demais lembrar, ainda, que o CTN não estabelece de-nições próprias
de simulação, dissimulação, fraude e invalidade para “-ns tributários”. Por
isso que, no âmbito -scal, deve prevalecer a de-nição que o Código Civil
Brasileiro (CCB) -xou para esses institutos de Direito Privado, conforme,
aliás, determina o art. 109 do CTN.
Com efeito, a ideia em voga aponta para uma imediata descon;ança com
práticas que visem à economia de tributos, ideia essa introjetada pelos órgãos
responsáveis pela arrecadação tributária, que, mediante um trabalho de
convencimento bem elaborado, suprimiram da discussão a premissa de que
parte o seu posicionamento, qual seja, a de que existiria a necessidade de um
“propósito negocial” – ou seja, de alguma razão extratributária nos arranjos e
rearranjos societários. Trata-se, contudo, de evidente falácia, uma vez que a
premissa é sim discutível, e o ardil foi colocá-la justamente fora de
questionamentos.
2019, p. 70.
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