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Correlação entre acusação e sentença

 Objeto da acusação - imputação (fatos). Uma vez superado os requisitos de


admissibilidade dados pelo filtro da justa causa, deflagramos o procedimento, dentre
elas, a observação de diversas garantias, dentre elas, a garantia do contraditório.
o Fatos serão submetidos ao teste processual de validade e veracidade -
movimento do contraditório exercido pelas partes. Ao final da marcha
processual, o órgão judiciário será chamado a proferir o julgamento sobre a
veracidade dos fatos imputados.
 Sentença que se profere é o pronunciamento sobre a veracidade daquela
tese acusatória. Juiz indica de maneira fundamentada os fatos que
foram reconhecidos e que permaneceram imunes ao movimento da
dialética processual.
 Sentença é circunscrita aos fatos apontados.
 Emendatio libeli (art. 383, CPP)
o Art. 383: problema de definição jurídica, não de fato. Não há alteração de fato
entre o fato imputado e o fato relevado. Problema exclusivamente de adequação
penal típica. Juiz pode reconhecer aplicação de norma Y em vez de X, ainda
que efeitos jurídicos da norma Y sejam mais graves do que a norma
originalmente atribuída.
 "Réu se defende dos fatos, não da imputação jurídica" - reconhecida
como válida a justificar, portanto, a validade dessa visão. Súmula nº 83
do STJ reforça esse entendimento. "Moldura fática compatível com a
desclassificação".
o Na acusação inicial, o tipo penal atribuído não admitia a suspensão condicional
do processo e o novo tipo penal admite. Nesse caso, teria de aplicar todo o
procedimento da suspensão condicional do processo que não foi observado
anteriormente uma vez que não era cabível à luz do tipo penal anterior.
 O mesmo aplica-se caso o novo tipo penal resulte em alteração da
competência. Ex. caso seja para um crime com menor potencial
ofensivo, teria que remeter o caso para o juizado especial.
 Mutatio Libeli (art. 384, CPP)
o Problema de alteração dos fatos. Ou seja, a acusação, na forma de denúncia ou
queixa, atribuiu um fato, entretanto a instrução revela que o fato inicialmente
imputado não ocorreu exatamente daquela forma. Por isso, há uma certa
dissonância entre os fatos imputados e os fatos que são revelados pela marcha
processual.
o É permitido sentenciar diretamente? Reconhecendo, dessa forma, os fatos
revelados em vez dos fatos imputados. Esses fatos não constituíram objeto da
acusação, portanto, não foi canalizada a energia defensiva do acusado - esbarra
na garantia da ampla defesa e do contraditório. Mas, para além desse
fundamento, há fundamentos relacionados ao exame do sistema que se adota no
sistema penal - toca nas premissas do sistema acusatório. Juiz não pode exercer
movimentos processuais que são reservados ao órgão acusador - teria um atuar
inquisitório e não acusatório. O juiz não é órgão acusador.
 Se o juiz fizesse isso, violaria o princípio da correlação entre acusação
e sentença
o Exemplo 1. Subtração de coisa móvel  Subtração de coisa móvel mediante
ameaça.
 Juiz não proceder com sentença diretamente
 Mutatio libeli
o Exemplo 2. Conjunção carnal mediante violência  Conjunção carnal
mediante fraude
 Mutatio libeli
o Exemplo 3. Apropriar-se de coisa alheia móvel  Funcionário público que se
apropria de bem público
 Mutatio libeli
o Nos 3 problemas, percebe-se que há mudança do tipo penal, mas o ponto
central da mudança/análise em todos é a mudança do fato. O fato imputado não
coincide com o fato revelado.
o Art. 384
 MP deve aditar a denúncia ou queixa. Designar dia e hora para
continuação da audiência depois de ouvido o defensor do acusado.
 Possibilidade de nova instrução  Decisão
o Recusa - art. 28, CPP: caso o órgão acusador se recuse a proceder ao
aditamento, o juiz pode fazer uso do artigo 28 do CPP, o qual leva à provocação
do procurador geral. (normalmente utilizada quando o juiz não concorda com
as razões do inquérito processual).
 Se o procurador geral entender que não é caso de aditamento, os autos
retornam e o juiz julga com base nos termos da denúncia. Se o
procurador entender que é caso de aditamento, ele pode aditar ou
nomear um promotor de justiça (mais comum) para proceder com o
aditamento.
 Discussão sobre a permanência do art. 28 em um sistema acusatório,
absorvida pelo Pacote Anticrime - alterou essa dinâmica, porém a
eficácia dessas alterações foi suspensa por meio de ação de
inconstitucionalidade. Por isso, prevalecem os efeitos do artigo 28 do
CPP.
 Procedimento - "Emendatio e Mutatio Libelli" - Lei 11.719/2008
o Debates
 Sentença - art. 403, caput/ 534, caput
 Emendatio libeli (art. 383, caput)
 Sentença
 Proposta de suspensão
o Aceitação: homologação do acordo de suspensão
condicional do processo. Inicia período de prova.
o Recusa: sentença.
 Juízo competente
 Mutatio libeli (art 384, caput)
 5 dias para aditamento do MP
o Realiza aditamento - arrola até 3 testemunhas. Vista à
defesa - arrola até 3 testemunhas. Juiz realiza
interrogatório e, por fim, profere a sentença.
o Recusa aditamento
 Sentença direto (acho que se prende apenas aos
fatos imputados - checar)
 Provocar procurador geral
 Questão da culpa: mutatio libeli?

Atos decisórios
 Decisão que encerra o processo - sentença.
o Com julgamento de mérito
 Definitiva (sentido estrito): absolvição e condenação
 Definitiva (sentido lato): extinção da punibilidade
o Sem julgamento de mérito
 Terminativa - impronúncia, rejeição da denúncia ou queixa
 Decisão que não encerra o processo - interlocutória.
o Resolve o mérito (penal) de questões incidentes - interlocutória mista
(condicional, progressão de regime)
o Resolve questões incidentais de natureza processual - interlocutória simples
(prisão preventiva, medida cautelar)
 Despachos
o Não tem ou tem pouquíssimo conteúdo decisório

Sentença em sentido estrito

 Ato decisório de responsabilidade exclusiva do estado-juiz que soluciona o conflito


penal consagrando a prevalência do poder-dever punitivo (procedência) ou assegurando
a supremacia da liberdade jurídica (improcedência) tendo como parâmetro o direito
penal.
Classificação
 Natureza do provimento (preponderância)
o DECLARATÓRIA: Existência ou inexistência de relação ou situação jurídica.
Ex. concessão de habeas corpus.
o CONSTITUTIVA: Modifica ou estabelece nova situação jurídica - ex. revisão
criminal
o CONDENATÓRIA: afirma a procedência da pretensão punitiva e fixa a sanção
penal correspondente.
 Aspecto subjetivo:
o SIMPLES: proferida por órgão monocrático.
o PLÚRIMA - órgãos colegiados homogêneos - decisão de um recurso por
turmas, câmaras ou seções.
o COMPLEXA - proferida por julgadores de natureza diversa - sentença do
tribunal do júri.

 Requisitos (art. 381, CPP)


o Relatório - história relevante do processo
 Indicação das partes
 Síntese dos principais atos - certeza de que o juiz teve contato com todo
o material discutido
o Motivação - discurso justificativo da decisão. Fundamentos fáticos e jurídicos
relacionados com a imputação.
 Garantia constitucional
 Enfrentamento de todas as alegações/teses
 Tribunal do júri: jurados atuam por livre convicção - juiz não vai, nem
caberia fazer fundamentação sobre as respostas, porque os jurados são
soberanos. Respondem de maneira objetiva.
o Dispositivo - conclusão - síntese do comando decisório.
 Absolutório: fundamento normativo (art. 386, CPP); expedição de
alvará de soltura, se o caso (art. 386, p. único, I); cessação das medidas
cautelares (art. 386, p. único, II); medida de segurança (art. 386, p.
único, III).
 Medida de segurança - embora absolutória, vem acompanhada da
imposição de uma sanção penal. Sentença absolutória imprópria.
 Condenatória: sanção penal (art. 387, II); valor mínimo para reparação
dos danos (art. 387, IV); decretação ou cessação da prisão cautelar (art.
387, p. único); determinação do regime prisional deverá levar em conta
o tempo de recolhimento da prisão provisória (art. 387, p. 2º, com
redação dada pela Lei 12.736/2012); perdimento de bens relacionados
com o tráfico (art. 63, da lei 11.343/2006).
Sentença absolutória
 Art. 386, CPP
 Estar provada a inexistência do fato
o Fato naturalístico (material): certeza quanto à inocorrência
 Não haver prova da existência do fato
o Situação de dúvida quanto à existência do fato
 Não constituir o fato infração penal
o Fato naturalístico existe, porém não guarda adequação típica
o Problema de atipicidade penal
 Estar provado que o réu não concorreu para a infração penal
o Certeza quanto ao não envolvimento do réu no fato
 Não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal
o Prova dúbia e insuficiente de autoria e participação
 Existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena - arts. 20, 21,
22, 23, p. 1º do art. 28, todos do CP) ou mesmo se houver fundado dúvida sobre sua
existência (lei 11.690 de 09.06.2008). Obs. art. 26, caput, CP - exceção: hipótese de
inimputabilidade
 Não existir prova suficiente para a condenação - consagração do princípio da presunção
de inocência
 Classificação
o Sentença absolutória própria: improcedência da pretensão punitiva estatal -
variação do "grau" absolutório.
o Sentença absolutória imprópria: improcedência da pretensão punitiva já que não
há reprovabilidade penal da conduta do inimputável (art. 26, caput do CP). No
entanto, em virtude da periculosidade é necessária a imposição de uma medida
de segurança que tem a natureza de sanção penal, diversa das penas.
o

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