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Tópico gerador: PROCEDIMENTOS

PROCESSO QUAIS SÃO OS


X TIPOS DE
PROCEDIMENTO PROCEDIMENTOS
Processo é conceituado pela doutrina como o instrumento de que se vale o
Estado para exercer a jurisdição, ou seja, para aplicar a lei ao caso
concreto. GÊNERO
Procedimentos, por outro lado, é o modo pelo qual se desenvolve o
processo. ESPÉCIES

PROCESSO = INSTRUMENTO PARA A DEVIDA APLICAÇÃO DO DP


Até agora, na nossa disciplina, vimos mais questões relacionadas ao
processo: sujeitos processuais; espécies de ação penal; prisões e
liberdade; justiça penal negociada; etc. mais relacionado ao conteúdo

PROCEDIMENTO: a forma de desenvolvimento do processo; os caminhos


pelo qual segue, sequência de atos processuais (rito processual); mais
relacionado a forma como se exterioriza
QUAIS AS ESPÉCIES DE PROCESSO?

ART. 394 DO CPP:

O procedimento será comum ou especial.

§ 1o O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo:

I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4

(quatro) anos de pena privativa de liberdade; PROCEDIMENTO PADRÃO, MAIORIA DOS

CRIMES QUE SERÃO OBJETO DE AÇÃO PENAL

II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro)

anos de pena privativa de liberdade; POUCAS DIFERENÇAS DO ANTERIOR.

III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei. JECRIM,

LEI 9.099/95
SOMENTE ESTES TRÊS PROCEDIMENTOS ANTERIORES? NÃO!

EXISTEM OS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS

ONDE ESTÃO PREVISTOS: CP OU LEIS ESPECIAIS

JÚRI: PROCEDIMENTO ESPECIAL PREVISTO NO PRÓPRIO CP


Nos processos de competência do Tribunal do Júri, o procedimento
observará as disposições estabelecidas nos arts. 406 a 497 deste Código.

OBS: Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial, sumário e


sumaríssimo as disposições do procedimento ordinário.
Ou seja, no silêncio do procedimento especial sobre algum ponto, há esta
regra de subsidiariedade expressa – aplicação do ordinário.
Júri: previsão na Constituição Federal
Previsão desde 1822 no Brasil
Doutrina entende como uma garantia fundamental do acusado – cláusula pétrea
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa; mais que ampla, plena. Apesar de não se ter bem o contorno claro da
extensão.
A plenitude de defesa é exercida no Tribunal do Júri, onde poderão ser usados todos os meios de
defesa possíveis para convencer os jurados, inclusive argumentos não jurídicos, tais como:
sociológicos, políticos, religiosos, morais etc.
Obrigação expressa do Juiz Presidente: art. 497, dissolver o conselho de sentença quando o réu
estiver indefeso.
PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. TRIBUNAL DO JÚRI. JULGAMENTO
EM PLENÁRIO. DEFENSOR DATIVO. SUSTENTAÇÃO ORAL DE NOVE MINUTOS. RÉU INDEFESO. NULIDADE ABSOLUTA.
RECONHECIMENTO. ANULAÇÃO DO PROCESSO. I - A Constituição Federal assegura, no art. 5º, inciso XXXVIII, alínea a, nos julgamentos
realizados pelo Tribunal do Júri, a plenitude de defesa. A preocupação do constituinte foi corroborada pelo CPP, mediante a previsão de regra
que determina a dissolução do Conselho de Sentença na hipótese do Juiz Presidente verificar que o acusado está indefeso. II - No caso
concreto, além do advogado dativo ter utilizado somente nove minutos para a sustentação oral, não fez menção à tese da legítima defesa
invocada pelo réu em seu interrogatório e que foi, de certa forma, encampada por testemunha presencial dos fatos durante o juízo de
acusação. Limitou-se o causídico a pugnar pelo afastamento das qualificadoras. III - Alem disso, dispensou a oitiva de referida testemunha
faltante em plenário, prejudicando inequivocamente a defesa do réu. IV - Portanto, referidas circunstâncias indicam a ausência de defesa
técnica, suficientes para justificar a aplicação da primeira parte da Súmula 523/STF e, por conseguinte, a anulação do julgamento. Recurso
ordinário provido.(STJ - RHC: 51118 SP 2014/0221546-6, Relator: Ministro FELIX FISCHER, Data de Julgamento: 11/06/2015, T5 - QUINTA
TURMA, Data de Publicação: DJe 04/09/2015)
b) o sigilo das votações; garantia aos jurados de não sofrer pressões indevidas,
cláusula de incomunicabilidade, diferente do júrí americano (no qual são tomadas
decisões unânimes – guilty/not guilty); dispõe o art. 466, em seu § 1º, que o juiz
presidente também advertirá os jurados de que, uma vez sorteados, não poderão
comunicar-se entre si e com outrem, nem manifestar sua opinião sobre o
processo,
o 4x0 para a votação (parágrafos do art. 483 CPP);
os jurados e determinados sujeitos processuais serão levados a uma sala secreta,
em que se dará a votação dos quesitos.
c) a soberania dos veredictos; via de regra as decisões sobre o mérito da causa
não são reformadas pelos Tribunais; via de regra somente as do juiz-presidente;
possibilidade de voltar para novo jurí em caso de apelação, porém o princípio não
é absoluto. Ex revisão criminal. De acordo com entendimento do Supremo
Tribunal Federal (STF), a condenação penal definitiva imposta pelo júri é passível
de desconstituição mediante revisão criminal, de forma que não é legítimo,
nesses casos, invocar a cláusula constitucional da soberania do veredito do
conselho de sentença.
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; OBS:
essa é uma regra de competência mínima, poderia a lei ordinária ampliar? SIM
Sendo assim, os crimes dolosos são: homicídio simples e qualificado (artigo 121, §§ 1º e 2º do CP),
induzimento, instigação ou auxílio a suicídio (artigo 122 parágrafo único do CP), infanticídio (artigo
123 do CP), aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento (artigo 124 do CP), aborto
provocado por terceiro (artigo 125 e 126  do CP) e as formas qualificadas dos crimes anteriores
(artigo 127 do CP).
A competência para o processo e julgamento do latrocínio é do juiz singular e não do
Tribunal do Júri (Súmula 603/STF).
De certa forma já houve uma ampliação pelo próprio CPP, em razão das regras
de conexão referentes ao júri (art. 74§1 e 78)
Desse modo, resta salientar que se um crime doloso contra a vida for praticado com
conexão a outro crime que não é de competência do Tribunal do Júri, caberá ao Júri
o julgamento tanto do crime doloso contra a vida, quando do crime comum.
EMENTA: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - HOMICÍDIO QUALIFICADO E SEQUESTRO - ANÁLISE
DO CRIME CONEXO - COMPETÊNCIA DO JÚRI. O crime de sequestro, conectado ao doloso contra a
vida, deverá ser submetido ao Júri Popular, competente para julgar o evento em sua integralidade. TJ-MG
- Rec em Sentido Estrito: 10607180034862001 MG, Relator: Paulo Calmon Nogueira da Gama, Data de
Julgamento: 11/12/2019, Data de Publicação: 18/12/2019
PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI
BIFÁSICO (1 FASE = JUIZ – SE CHEGAR NA 2 FASE = 1 JUIZ E
DEPOIS JUIZ + JURADOS)
O procedimento adotado pelo Júri é especial, pois possui duas fases. A primeira fase
refere-se ao período anterior ao julgamento.
1ª fase - “judicium accusationis” ou juízo de acusação ou sumário de culpa. Tem por
objeto um juízo prévio de admissibilidade da acusação para então ser remetido
através de uma decisão de PRONÚNCIA ao Tribunal do Júri
A primeira fase do procedimento do Tribunal do Júri tem por objetivo verificar se o
acusado será ou não submetido a julgamento pelos jurados. É feita uma espécie de
“análise inicial” ou “filtragem”, visando a impedir o avanço de acusações infundadas,
ou que não sejam de competência do Tribunal do Júri – caso em que serão remetidas
ao juízo natural. Com isso, evita-se também o risco de uma condenação, pois os
jurados, leigos que são, podem não ter condições de realizar essa análise técnica que
será feita pelo juiz sumariante.
Aqui quem atua é o Juiz criminal
Roteiro da 1ª fase (parecido com o ordinário, com algumas alterações, a exemplo da
absolvição sumária ser ao final da instrução preliminar e não após a resposta à acusação):

1. Oferecimento da denúncia ou queixa


2. Recebimento da denúncia ou queixa
3. Citação do acusado e apresentação de resposta escrita
4. Réplica da acusação (previsão expressa no procedimento do júri)
5. Audiência de instrução e alegações finais (orais)
6. Decisão – para ir a júri pronúncia, mas podem ter outras (impronuncia,
absolvição sumária e desclassificação, veremos depois com calma).
NESTA FASE VIGE O PRINCÍPIO IN DUBIO PRO SOCIETATE
Nos termos do art. 413, § 1º, do Código de Processo Civil, a decisão de pronúncia consiste
em um simples juízo de admissibilidade da acusação, satisfazendo-se, tão somente, pelo
exame da ocorrência do crime e de indícios de sua autoria, não demandando juízo de
certeza necessário à sentença condenatória, uma vez que as eventuais dúvidas, nessa fase
processual, resolvem-se em favor da sociedade – in dubio pro societate. (AgRg no AREsp
1387190/PE, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 26/05/2020,
DJe 03/06/2020).

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