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FACULDADE EVANGÉLICA RAÍZES

Direito Processual Penal III

DOS PROCEDIMENTOS APLICÁVEIS AOS PROCESSOS PENAIS

Diferença entre Jurisdição, Ação, Processo e Procedimento

Tal diferenciação é conceitual e tem ordem prática, sendo essencial na


terminologia técnica. Simplificadamente:

1-) A Jurisdição é uma atividade, um poder e um dever Estatal de dizer o


direito, substituindo a vontade das partes por uma sentença.

É uma das funções do Estado. É o poder que APENAS O ESTADO tem de


aplicar o jus puniendi, visando a pacificação social. Na jurisdição penal
encontra-se a obrigatoriedade do Poder Judiciário de pronunciar
concretamente a aplicação do direito objetivo e as normas da ordem
jurídica em relação à pretensão punitiva e executória.

Segundo Eugenio Raúl Zaffaroni, a Jurisdição penal é o poder que o Estado


tem de resolver o conflito entre a pretensão punitiva e os direitos
decorrentes da liberdade do indivíduo.

2-) A Ação é o direito subjetivo e abstrato que todos tem de, provocando o
juízo, pedir a tutela jurisdicional de seus direitos.

3-) O Processo é o instrumento pelo qual o Estado-Juiz exerce a Jurisdição


no caso concreto, devendo ser encarado sob o prisma de sua finalidade que
é o provimento judicial final, com a solução da controvérsia e a
concretização do direito. É a entrega efetiva da prestação jurisdicional do
Estado.

4-) O Procedimento é a forma de desenvolvimento do processo, indicando o


caminho percorrido com uma sequência lógica, concatenada e paulatina de
atos processuais que se diferenciam entre uma espécie procedimental e
outra. Em análise última, é a forma pelo qual o processo é instaurado, se
desenvolve e é encerrado.

Do Devido Processo Legal, do Contraditório e da Ampla Defesa no


Processo Penal

O rito processual, independentemente de sua natureza, deve sempre


pautar-se pela obediência ao princípio do Devido Processo Legal, com a
observância absoluta do contraditório e da ampla defesa.

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Não obstante tal fato é correto concluir que, em sede de processo penal, a
ampla defesa, com a exigência da defesa efetiva, parece ser, mais do que o
contraditório, a sua nota mais característica, sobretudo na perspectiva da
efetiva tutela dos direitos e garantias individuais.

Nesse aspecto específico, vale ressaltar que a ampla defesa no processo


penal se subdivide em dois:

1-) A defesa pessoal (autodefesa): É a defesa realizada pelo próprio


investigado / acusado, quando de seus interrogatórios. Nessa oportunidade
o acusado tem o direito de dar a sua versão dos fatos, de indicar os
elementos que ele considera necessários e suficientes à elucidação correta
dos fatos. É Facultada ao investigado / acusado que pode, entretanto,
valer-se de seu direito constitucional ao silêncio.

2-) Defesa Técnica: É a defesa realizada pelo advogado. É fundamentada


em elementos técnicos, jurídicos e probatórios. É obrigatória e no processo
penal deve realmente ser efetiva sob pena de nulidade.

DOS PROCEDIMENTOS

No que concerne aos procedimentos em geral, que são a tônica do Dir.


Processual Penal III, estes não oferecem maiores desafios, bastando uma
leitura e alguns comentários para entender-se o procedimento como um
todo. Não obstante, em alguns casos, como por exemplo no rito do júri,
alguns aspectos ganham especial relevância e devem mais profundamente
analisados.

O processo penal e seus procedimentos são, em regra, declaratórios e


condenatórios. Contudo, temos em regime de exceção, ações penais que
não tem tal cunho, pelo contrário. Ex.: Habeas Corpus / Revisão Criminal.

No que tange ao surgimento de nova norma de direito processual penal,


tem-se o seguimento da regra de toda legislação processual, ou seja, a sua
imediata aplicação, desde a sua vigência. Deve-se perceber que a
retroatividade da lei processual penal não segue, mesmo em bonam partem,
os mesmos critérios da retroatividade da lei penal. Contudo vale, por fim,
frisar o que diz o artigo 6º da Lei de Introdução ao CPP:

Art. 6º As ações penais, em que já se tenha iniciado a


produção de prova testemunhal, prosseguirão, até a
sentença de primeira instância, com o rito estabelecido na
lei anterior.

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DO PROCEDIMENTO COMUM E DO PROCEDIMENTO ESPECIAL

De início, é de se observar a impropriedade terminológica adotada pelo


Código de Processo Penal quando abre o regramento procedimental.

O Livro II e o Capítulo I, do referido ordenamento traz a seguinte


terminologia respectivamente: DOS PROCESSOS EM ESPÉCIE e DO
PROCESSO COMUM.

O legislador, ao utilizar os termos “processos em espécie” e “processo


comum”, não se atenta para a correta conceituação de processo e
procedimento, conforme acima exposto. Assim, o correto seria intitular:
DOS PROCEDIMENTOS EM ESPÉCIE e DO PROCEDIMENTO COMUM.

Tanto esta impropriedade restou flagrante que quando das reformas de


2008 no Código de Processo Penal o Capítulo II do Livro II que tratava DO
PROCESSO DOS CRIMES DA COMPETÊNCIA DO JÚRI passou a ser DO
PROCEDIMENTO RELATIVO AOS PROCESSOS DA COMPETÊNCIA DO
TRIBUNAL DO JÚRI, procedimento especial este que compõe o programa
de procedimentos tratados nesta disciplina.

Posto isso, dispõe o art. 394 do CPP que o procedimento


será comum ou especial.

O Procedimento Especial é todo aquele previsto no âmbito do Código de


Processo Penal ou de Leis Especiais para as hipóteses legais específicas,
incorporando regras próprias de tramitação processual visando à apuração
dos crimes que constituem o objeto de sua disciplina. Exemplos:

* Procedimento dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos


(arts. 513 a 518);
* Procedimento dos crimes contra a honra (arts. 519 a 523);
* Procedimento relativo aos processos de competência do tribunal do júri
(arts. 406 a 497);
* Procedimento da Lei de Drogas (Lei 11.343/2006);
* Procedimento dos crimes de competência originária dos tribunais (Lei
8.038/1990) etc.

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Já o Procedimento Comum é o rito padrão ditado pelo Código de Processo


Penal e na Lei 9099/95, para ser aplicado residualmente, ou seja, na
apuração de crimes para os quais não haja procedimento especial previsto
em lei (art. 394, § 2.º). De acordo com o art. 394, § 1.º, do CPP, o
procedimento comum subdivide-se em três espécies, condicionando-se a
respectiva aplicação à quantidade da pena máxima cominada in abstrato e,
conforme o caso, à natureza da infração. Consistem nos Procedimentos
comum: a) ordinário; b) Sumário1 e; c) Sumaríssimo2, que serão
estudados adiante.

Assim, não há que se falar que o Procedimento Comum é aquele definido


no Código de Processo Penal e os Procedimentos Especiais são aqueles
definidos em Leis Extravagantes e/ou Especiais.

O procedimento do Júri, Especial, está consagrado no âmbito do Código de


Processo Penal. Já o Procedimento Comum Sumaríssimo está consagrado
na Lei 9099/95.
1
CPP.
2
Lei 9099/95. Procedimento dos Juizados Especiais Criminais.

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