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Silas Santos Antonio Junior

AS DIFERENÇAS ENTRE O RITO ORDINÁRIO E O RITO SUMARÍSSIMO


NO PROCESSO DO TRABALHO

Projeto de Artigo Técnico


apresentado como parte
integrante à 1ª avaliação.
Disciplina Processo de
Conhecimento Trabalhista,
ministrada pelo Professor Océlio
JC Morais, da turma 08NNA do
curso de Direito da Unama.

Área de Conhecimento: Direito do


Trabalho

Belém- PA
2023.1
INTRODUÇÃO
O rito processual é o caminho que norteia os procedimentos a serem
utilizados do início ao fim do processo, com o intuito de auxiliar, organizar
e facilitar a chegada ao desfecho final.
O rito adotado na ação influencia desde como se dará o seu ajuizamento,
responsável pela organização dos atos processuais praticados, onde dê
condições de julgamento para o magistrado no proferimento da sentença.
Ou seja, a forma pela qual o processo irá tramitar será dado de acordo
com as especificidades necessárias à sua adoção.
Com isso, não se tratando de uma ação de procedimentos especiais, se
dará continuidade no procedimento comum, obedecendo os ritos
previstos no ordenamento jurídico.
Com aspecto nos ritos do processo do trabalho, é importante salientar
que temos três tipos de ritos previstos no nosso ordenamento jurídico,
sendo eles: Rito Sumário, Rito Sumaríssimo e Rito Ordinário. Devendo
enfatizar-se que a aplicabilidade dos ritos se dá através do valor da
causa e pela pessoa apresentada no polo da ação.
Entretanto, o Rito sumário, por ser um rito onde não possui instância
recursal, salvo se aplicada em matéria constitucional, e por também ter
seus procedimentos englobados no rito sumaríssimo, acabou se
tornando pouco utilizado no direito do trabalho.
A importância dos ritos se da na intenção de proteger as garantias do
devido processo legal considerando suas formalidades essenciais
conforme disposto no Art 5 º , LIV da Constituição Federal.
Contudo, se dá início as diferenças entre os principais ritos utilizados no
ordenamento jurídico com especificidade no direito do trabalho.
RITO SUMARISSÍMO
O rito sumaríssimo está previsto no art. 852-A a 852-I da CLT e se aplica
ao valor da causa caso seja maior que 2 e não supere 40 salários-
mínimos vigentes na data do ajuizamento da ação.
Este rito, visa simplificar o tramite processual para causas que não
ultrapasse o valor de 40 salários-mínimos, com fundamento nos
princípios da celeridade, da simplicidade, da efetividade do processo, da
diminuição da dilação e menos formalidades do processo.
Importante pontuar que ficam excluídas do rito sumaríssimo as
demandas em que é parte a Administração Pública Direta (União,
Estados e Municípios), fundações e autarquias, conforme estabelece o
art. 852-A da CLT.
Neste rito é permitido às Sociedades de Economia Mista e Empresas
Públicas.
Contudo, precisamos ressaltar alguns requisitos à admissibilidade deste
rito.

Pedido certo ou determinado e líquido:


Este pedido deve apresentar um valor monetário que se dará como valor
da causa, devendo esta dentro dos requisitos tradicionais da petição
inicial.
Citação no rito sumaríssimo:
Não há citação por Edital já que a citação no Rito Sumaríssimo acontece
por carta com Aviso de Recebimento, daí vem a necessidade de se ter o
nome e o endereço completo da parte contrária para que a citação possa
ser realizada de forma assertiva.
Tempo de apreciação:
Será apreciada pelo juiz no prazo máximo de 15 dias do seu
ajuizamento, conforme o art 852-B, III da CLT. Podendo ser alterado o
prazo apenas mediante a justificativa do juiz.
RITO ORDINÁRIO
O Rito Ordinário tem fundamentação no art. 840 da CLT e é utilizado
quando o valor da causa ultrapassar 40 salários-mínimos com vigência
na data do ajuizamento.
É o rito mais utilizado, pois permite com que tenha maior conhecimento
sobre o caso, utilizado em processos mais complexos. Diferente do que
acontece no Rito Sumaríssimo, a administração pública direta (União,
Estados e Municípios), fundações e autarquias podem ser demandas no
Rito Ordinário.
Este rito é mais complexo e demorado, em razão da quantidade superior
de atos processuais a serem praticados, importante ressaltar alguns
requisitos e características à admissibilidade deste rito.
A citação poderá ser feita por edital, o relatório de sentença será
obrigatório sem prazo máximo para que o juiz venha proferi-la, não
sendo respeitados os critérios iniciais, haverá possibilidade de emenda,
neste rito a sentença caberá recurso para instancia superior cabendo as
hipóteses do art. 869 da CLT.
No rito ordinário, mesmo havendo a possibilidade da realização de uma
audiência unificada de conciliação, instrução e julgamento, o magistrado
usualmente opta por dividir seu processamento em 3 audiências, sendo:
de conciliação inicial, instrução e julgamento.
Importante ressaltar que, após a realização da audiência de julgamento,
o magistrado poderá prolatar a sentença posteriormente, sem a
indicação de prazo.
Com a publicação da Lei 13.467/2017, conhecida como a Reforma
Trabalhista, algumas mudanças vieram sobre a determinação dos
pedidos.
Diz o parágrafo 1º do art. 840 da CLT que sendo escrita, a reclamação
deverá conter a designação do juízo, a qualificação das partes, a breve
exposição dos fatos de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser
certo, determinado e com indicação de seu valor, a data e a assinatura
do reclamante ou de seu representante. Ou seja, mesmo em rito
ordinário, deverá se dar o valor certo e líquido da causa.

DIFERENÇAS ENTRE RITOS SUMARISSÍMOS E ORDINÁRIOS


 Valor da causa
No rito sumaríssimo teremos o valor da causa de 2 até 40 salários-
mínimos, já no rito ordinário teremos ações com o valor superior a 40
salários-mínimos.
 Demandas
No rito sumaríssimo não serão admitidas a administração pública direta
(União, Estados e Municípios) Fundações e Autarquias, já no rito
ordinário serão admitidas de forma padrão.
 Citação por edital
Não será aplicado em rito sumaríssimo, somente em rito ordinário. No
rito sumaríssimo deverá ser feito edital por carta com aviso de
recebimento.
 Descumprimento de requisitos na inicial
No rito sumaríssimo o descumprimento de requisitos a inicial resultara o
arquivamento do processo e possíveis custas processuais pela parte, já
no ordinário se dará a possibilidade de emenda a inicial, com a
possibilidade de corrigir o vicio para dar continuidade ao processo.
 Incidentes e exceções
Quando ocorridos no processo, no rito sumaríssimo deverão ser decididas
ainda na audiência uma vez que seus atos processuais devem cumprir o
principio da celeridade. Por outro lado, no rito ordinário, estes incidentes
poderão ser decididos posteriormente a audiência, ficando a critério do juiz.
 Réplica
No rito sumaríssimo, a replica devera ser feita no momento da audiência de
forma verbal e cumprindo o tempo estipulado no procedimento. No rito
ordinário, ficará a critério do juiz, podendo ser feito de forma escrita ou verbal,
dependendo da situação em que melhor atenderá a necessidade vista pelo juiz.
 Tempo para apreciação
O tempo utilizado para apreciação do processo em rito sumaríssimo deverá ser
de 15 dias, devendo o juiz justificar caso este prazo seja excedido. No rito
ordinário, não há um prazo definido à apreciação dos autos processuais.
 Tempo para sentença
O tempo utilizado para proferimento da sentença em rito sumaríssimo é de 30
dias, no rito ordinário não delimitação de prazo sentencial.
 Tipo de audiência
No rito sumaríssimo a audiência será una, respeitando o princípio da
celeridade, dando ao juiz o julgamento do processo ainda nesta mesma
audiência. Já no procedimento ordinário poderá ser una, inicial e instrução,
dividindo o processo a critério do juiz, podendo também ter a replica posterior,
conforme melhor entendimento do juiz.
 Testemunhas
As testemunhas arroladas no processo serão em quantidade de até duas no
procedimento sumaríssimo, devendo em caso de falta a parte apresentar a
comprovação de convite. No rito ordinário, poderá ser utilizadas até três
testemunhas, não sendo obrigada a comprovação, exceto em casos onde o juiz
determinar a obrigatoriedade da presença da testemunha.
 Relatório de sentença
Será dispensado o relatório em rito sumaríssimo, sendo obrigatório a
apresentação pelo juiz apenas no rito ordinário.
 Recurso em 2ª instancia
Somente será aplicado recurso em rito sumaríssimo se houver contrariedade a
súmula do TST, a alguma súmula vinculante do STF ou violação direta a
Constituição Federal. Em procedimento ordinário somente nas hipóteses do art.
896 da CLT.
 Recurso em execução
Será utilizado o recurso de revista na fase de execução no rito sumaríssimo
somente por afronta a constituição federal, já no rito ordinário dentro das
hipóteses do art. 896 §§ 2º e 10º da CLT.
CONCLUSÃO
O ajuizamento de forma equivocada das ações trabalhistas pode trazer
inúmeros prejuízos ao processo e aos envolvidos, por isso a importância do
devido conhecimento sobre os procedimentos que envolvem o ordenamento
jurídico preservam a garantia do devido processo legal, na intenção de
cumprir seus princípios e atos processuais.

O aumento dos valores atribuídos à causa são acompanhados pela demora,


burocratização e extensão dos ritos, sendo o ordinário àquele que se atribui a
estas causas mais complexas.

Com isso, cabe as pessoas presente no ordenamento jurídico se atentar para


aos requisitos de cada procedimento processual, incluindo as inovações
trazidas pelo ordenamento jurídico, como processos que outrora se
encaixavam no procedimento ordinário, passarem a se enquadrar no rito
sumaríssimo de forma mais célere uma vez que passa ser decidido de forma
mais rápida com uma única audiência.

Conhecendo a importância dos ritos, sabemos que a não aplicabilidade de


forma adequada poderá acarretar até a extinção do mérito ou o arquivamento
e pagamento de custas, devendo então ter o devido cuidado pela
responsabilidade mantida nas mãos de quem é de direito.

Contudo, as diferenças entre os ritos se dão em uma busca do ordenamento


jurídico em encontrar soluções ainda mais eficazes, na intenção de trazer
melhorias aos atos processuais, aumentando assim a capacidade de
resolução de problemas mais complexos.
REFERENCIAS

SANTOS, Melissa. Manual do advogado. Artigo: 10º de abril, 2017.

JUS BRASIL. Diferença entre ritos do processo trabalhista. 2017.

HANGYBELL. Fernanda. Quais são os ritos trabalhistas. Artigo: 28 de maio de


2021.

3MIND JURIDICO. Ritos trabalhistas. Artigo: 13 de junho de 2022

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