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1. Considerações iniciais
O júri é positivado no art. 5º, XXXVIII da Constituição Federal de 1988 como cláu-
sula pétrea.
Nesse sentido, o júri é um direito fundamental de participação do povo na administração
da justiça.
Além disso o júri é uma garantia fundamental de julgamento por pessoas comuns, ao
praticarmos um crime doloso contra a vida.
ATENÇÃO
Para o STF, a defesa não pode invocar a legítima defesa da honra para justificar o femi-
nicídio daquele que supostamente foi traído e, por isso, mata a esposa ou tenta matá-la.
Ou seja, para o Supremo, a legítima defesa da honra não é, tecnicamente, legítima defesa,
pois há um claro excesso. Por isso, caso o advogado venha a invocar esse argumento no
plenário, o júri será nulo.
Cabe ao Ministério Público apelar. Além disso, o Tribunal de Justiça, ao anular o júri, reme-
terá o réu a um novo julgamento, com outros jurados.
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Teoria e Prática em Direito Processual Penal – Procedimento do Júri
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Vale lembrar que, de uma forma de outra, o jurado sairá do júri antipatizado pelos familia-
res e interessados de uma das partes. Por isso, para evitar qualquer tipo de pressão contra
o jurado é que existe o sigilo das votações.
Nesse sentido, o sigilo deve ser visto da seguinte maneira:
a) Sigilo de ambiente: os jurados votam os quesitos em uma SALA ESPECIAL, evitando
qualquer tipo de pressão;
b) Sigilo do voto: os jurados votam de forma impessoal, já que o voto não é identificado.
ATENÇÃO
Atualmente a UNANIMIDADE está vetada. Logo, quando da leitura dos votos dos jurados,
assim que o juiz togado abre quatro votos em determinado sentido, a considera-se que a
maioria foi obtida, sendo os demais votos descartados.
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Dessa forma, evita-se o que acontecia antigamente, quando eram abertos todos os votos
e as pessoas poderiam, dessa forma, saber que todos os jurados votaram para condenar
ou para absolver o réu.
O mérito da decisão dos jurados deve ser respeitado pelos demais órgãos do Poder Judi-
ciário. Isso porque de nada adiantaria instaurar um júri se, em seguida, em grau de recurso,
essa decisão dos jurados pudesse ser alterada.
No entanto, é importante lembrar que a soberania dos veredictos não é absoluta, visto
que existem duas formas de mitigação:
a) Quando os jurados decidem de forma MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA
DOS AUTOS, caberá a interposição de apelação. O provimento do recurso autoriza que
o TJ invalide o julgamento, com a remessa do réu a um novo júri, com outros jurados (art.
593, CPP).
b) Quando a decisão condenatória do júri transita em julgado e é injusta, a procedência
da REVISÃO CRIMINAL autoriza que o TJ absolva aquele que foi injustamente condenado
(art. 626, CPP).
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Obs.: ou seja, na revisão criminal, aquele que foi injustamente condenado pelo júri pode
ser absolvido, isso quando o erro tiver sido grosseiro (ex.: sujeito condenado por ho-
micídio consumado, mas a vítima foi encontrada viva tempos depois).
2.4. Princípio da competência MÍNIMA para o julgamento dos crimes dolosos contra
a vida, tentados ou consumados
O júri tem competência para julgar os crimes de homicídio, infanticídio, aborto e o auxílio,
induzimento ou instigação ao suicídio. Esses são os quatro tipos de crimes dolosos contra a
vida, que são positivados nos arts. 121 a 128 do CP. O professor destaca que o auxílio, indu-
zimento ou instigação à automutilação, apesar de constar dentro desse intervalo do CP, não
é tecnicamente um crime doloso contra a vida.
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Vale lembrar que os crimes culposos e alguns crimes qualificados pela morte não são de
competência do Tribunal do Júri.
Além dos crimes dolosos contra a vida, o júri vai julgar as demais infrações comuns inter-
ligadas por conexão ou continência (ex.: estupro, lavagem de dinheiro etc.).
Advertência: quando a infração de menor potencial ofensivo é interligada ao crime doloso
contra a vida, ela vai a júri, respeitando-se a composição civil e a transação penal.
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Vale lembrar que a existência de morte não necessariamente enquadra o crime como
doloso contra a vida. É o que ocorre com a lesão corporal seguida de morte, que é crime
contra a pessoa, e com o latrocínio, que é crime contra o patrimônio (vide Súmula 603, STF).
�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Nestor Nérton Fernandes Távora Neto.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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Teoria e Prática em Direito Processual Penal – Procedimento do Júri II
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3. CARACTERÍSTICAS DO JÚRI
O Tribunal do Júri é composto por um juiz togado e por 25 juízes leigos (jurados).
Dos jurados presentes, devem ser sorteados sete jurados, para integrar o CONSELHO
DE SENTENÇA (art. 447, CPP).
No Tribunal do Júri, não há hierarquia entre os jurados e o juiz presidente (togado). Cada
um desempenha a sua função, mas sem hierarquia.
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Por conta dessa característica, o júri vai funcionar por determinados períodos do ano, de
acordo com a lei de cada estado.
Enquadramento terminológico:
a) Reunião do júri: ela retrata os meses do ano em que o júri atua (os meses em que o
júri não atua são os de abstenção);
b) Sessão do júri: é o ato solene em que o processo é submetido a julgamento. Ou seja,
em um mês de reunião é possível que ocorram várias sessões do júri.
A partir dessa característica, está proibida a unanimidade. Logo, com quatro votos em
determinado sentido, a maioria foi obtida e, com isso, o réu pode ser condenado ou absolvido.
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Teoria e Prática em Direito Processual Penal – Procedimento do Júri II
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4. PROCEDIMENTO DO JÚRI
Observações importantes:
1) Admite-se a ação privada subsidiária da pública nos crimes dolosos contra a vida;
2) Os requisitos da inicial estão no art. 41 do CPP, podendo-se arrolar, sob pena de
preclusão, até oito testemunhas para cada crime.
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preparada e ministrada pelo professor Nestor Nérton Fernandes Távora Neto.
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Teoria e Prática em Direito Processual Penal – Procedimento do Júri III
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4. PROCEDIMENTO DO JÚRI
Obs.: vale lembrar que, no caso do júri, não existe a possibilidade de absolvição sumária
do réu após a resposta à acusação. Na realidade, o juiz abre vistas ao promotor e,
em seguida, marca a audiência de instrução e julgamento.
Conteúdo do saneador:
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• sanar nulidades;
• deliberar sobre as diligências probatórias requeridas pelas partes;
• marcar a audiência de instrução, debates e julgamento da 1º fase do júri.
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Estrutura da audiência:
�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Nestor Nérton Fernandes Távora Neto.
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Teoria e Prática em Direito Processual Penal – Procedimento do Júri IV
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4. PROCEDIMENTO DO JÚRI
iii) Vedações:
• agravantes;
• atenuantes;
• causas de diminuição de pena da parte especial do Código Penal;
• concurso de crimes.
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Teoria e Prática em Direito Processual Penal – Procedimento do Júri IV
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Vale lembrar que esse fenômeno é chamado de eloquência acusatória. Assim, cabe ao
advogado recorrer da decisão e alegar a correspondente nulidade.
Situação prisional: o réu só poderá ser preso ao ser pronunciado, isso se os requisitos
do art. 312 do CPP (prisão preventiva) estiverem presentes e, se não forem mais adequadas,
as medidas cautelares pessoais diversas da prisão.
Ou seja, quando o réu é pronunciado, isso não significa que ele será automaticamente
preso, como decorrência direta da pronúncia.
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vi) Crimes conexos: a pronúncia pelo crime doloso contra a vida engloba a pronúncia
pelos eventuais crimes conexos, que também serão levados a júri.
vii) Sistema recursal: a decisão de pronúncia comporta recurso em sentido estrito (art.
581, IV, CPP).
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III – 2 – 2ª decisão: uma vez que estiverem ausentes os indícios de autoria e/ou prova
da materialidade, caberá ao juiz proferir a decisão de IMPRONÚNCIA.
i) Conceito: é a sentença que extingue o processo SEM JULGAMENTO DE MÉRITO,
por ausência de lastro probatório que justifique a remessa do réu aos jurados (art. 414, CPP).
ii) Definitividade: a impronúncia não faz coisa julgada material, ou seja, não decalra a
inocência de ninguém. Logo, surgindo NOVAS PROVAS antes da extinção da punibilidade,
caberá uma NOVA DENÚNCIA, ou seja, um novo processo.
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Conclusão: a impronúncia segue a cláusula “rebus sic stantibus” (como as coisas estão).
iii) Sistema recursal: a decisão de impronúncia comporta APELAÇÃO (art. 416, CPP).
Conclusão:
1. Tal recurso não goza de efeito suspensivo. Logo, o réu preso será imediatamente
libertado;
2. A defesa pode apelar da impronúncia pleiteando a absolvição sumária (art. 415, CPP).
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III – 3- 3ª decisão: diante da CERTEZA DA INOCÊNCIA, cabe ao juiz proferir a decisão
de ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA (art. 415, CPP).
i) Conceito: é a sentença que reconhece a inocência do réu, diante de juízo de CER-
TEZA, sem a necessidade de remetê-lo aos jurados.
ii) Hipóteses: elas estão previstas no art. 415 do CPP, pressupondo a CERTEZA de ao
menos um dos seguintes argumentos:
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• negativa de autoria;
• inexistência do fato;
• excludente de tipicidade;
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Teoria e Prática em Direito Processual Penal – Procedimento do Júri IV
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• excludente de ilicitude;
• excludente de culpabilidade.
Obs.: o professor destaca que esse tema da advertência acima já foi cobrado em peças de
provas da OAB.
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Teoria e Prática em Direito Processual Penal – Procedimento do Júri V
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Final da 1º Fase do Júri, 4º decisão: é possível que não exista dolo de matar, cabendo
ao juiz proferir a decisão de desclassificação (art. 419, CPP).
Conceito de decisão desclassificatória: é a decisão interlocutória mista não termina-
tiva que encerra a 1º fase do júri com a remessa dos autos ao juízo competente, pois o crime
não integra a competência constitucional dos jurados.
Situação prisional: o réu preso fica à disposição do juízo competente.
Sistema recursal: a decisão é desafiada por recurso em sentido estrito (art. 581, II, CPP).
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Advertência: ocorrendo a impronúncia, a desclassificação ou a absolvição sumária,
se existirem crimes conexos, serão remetidos aos juízo competente (art. 81, parágrafo
único, CPP).
2º Fase do Júri: “judicium causae” (fase de julgamento perante os jurados).
Obs.:
• Pressuposto lógico: pressupomos a existência da decisão de pronúncia.
• Início da 2º fase do júri: inicia a 2º fase com a preclusão da pronúncia, devido à não
ter sido recorrido ou ao recurso interposto definitivamente julgado.
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• Intimação do réu da decisão de pronúncia: o réu será intimado pessoalmente. Toda-
via, não sendo encontrado, será intimado por edital, e o processo prosseguirá nor-
malmente (art. 420, parágrafo único, CPP).
• Imutabilidade da pronúncia: após a preclusão, como regra, a pronúncia é imutável.
Todavia, ocorrendo um fato novo superveniente, a decisão pode ser alterada. Exem-
plo: Morte da vítima após a preclusão da pronúncia por tentativa de homicídio.
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a) 1º passo: cabe ao juiz intimar a acusação para apresentar o seu requerimento de dili-
gências probatórias, gozando do prazo de 5 dias (art. 422, CPP).
Obs.: podem ser arroladas até 5 testemunhas para cada crime imputado.
b) 2º passo: cabe ao juiz intimar a defesa para apresentar o seu requerimento de provas,
gozando do prazo de 5 dias, podendo arrolar até 5 testemunhas para cada crime.
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c) 3º passo: os autos são conclusos ao juiz para sanear o processo.
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Teoria e Prática em Direito Processual Penal – Procedimento do Júri V
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Obs.: conteúdo do saneador: sanar nulidades, deliberar sobre as diligências requeridas pelas
partes, acostar aos autos um relatório, como síntese de tudo que ocorreu (o relatório
será entregue aos jurados, junto com uma cópia da pronúncia), marcar a audiência de
instrução, debates e julgamento da 2º fase do júri, chamada de Sessão Plenária.
Obs.: se o quórum não for atingido, a sessão será remarcada, convocando-se jurados su-
plentes. A abertura da sessão sem quórum mínimo gera a nulidade do processo (art.
564, III, “i”, CPP).
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Obs.: os jurados não podem conversar entre si ou com terceiros sobre os fatos que integram
o julgamento. A quebra do dever de incomunicabilidade ocasiona a nulidade do pro-
cesso (art. 564, III, “j”, CPP).
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