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1. Previsão constitucional
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)
XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei
(...) (Grifos nossos.)
Pela atual concepção, o procedimento do júri encontra-se regulamentado nos arts. 406
O tribunal do júri é competente para o processo e julgamento dos crimes dolosos contra
a vida (art. 5º, XXXVIII, CF/1988). Assim, são considerados (tentados ou consumados):
homicídio doloso (art. 121, Código Penal – CP), induzimento, instigação ou auxílio a
suicídio ou a automutilação (art. 122, CP), infanticídio (art. 123, CP) e abortos (arts.
124, 125 e 126, CP).
Define-se, portanto, como sendo uma competência mínima, que não pode ser afastada
nem mesmo por emenda constitucional, haja vista que se trata de uma cláusula pétrea
(art. 60, § 4º, IV, CF/1988), o que, no entanto, não significa que o legislador ordinário
não possa ampliar o âmbito de competência do Tribunal do Júri. É isso, aliás, o que já
ocorre com os crimes conexos e/ou continentes.
Com efeito, por força do art. 78, inciso I, do CPP, além dos crimes dolosos contra a vida,
também compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes conexos, salvo em se
tratando de crimes militares ou eleitorais, hipótese em que deverá ocorrer a separação
obrigatória dos processos.
1.2. Composição
É formado por um juiz togado, que é seu presidente, e por 25 jurados, sete dos quais
compõem o Conselho de Sentença, com competência mínima para o processo e
julgamento dos crimes dolosos contra a vida, temporário, porquanto constituído para
sessões periódicas, sendo depois dissolvido, dotado de soberania quanto às decisões,
tomadas de maneira sigilosa e baseadas no sistema da íntima convicção, sem
fundamentação, de seus integrantes leigos.
1.3. Características
(a.1) decisões subjetivamente simples: são aquelas proferidas por órgão singular.
Exemplo: juiz de primeiro grau;
d) Decisões por maioria de votos: não sendo exigida a unanimidade dos votos, como
ocorre em outros ordenamentos.
Princípios constitucionais
Os princípios instituidores estão previstos no art. 5º, XXXVIII, da CF/1988. São também
cláusulas pétreas:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)
XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei,
assegurados:
a) a plenitude de defesa;
A ampla defesa, por sua vez, entende-se pela defesa técnica, relativa aos aspectos
jurídicos; como exemplo, pode-se citar o direito de trazer ao processo todos os
elementos necessários a esclarecer a verdade, o direito de omitir-se, calar-se, produzir
provas, recorrer de decisões, contraditar testemunhas, conhecer de todos atos e
documentos do processo etc.
O sigilo das votações impõe que a votação ocorrerá em sala especial ou, como é
comum, no salão em que ocorre a sessão do júri. O sigilo nas votações existe para dar
concretude ao princípio da soberania dos vereditos. O sigilo, na verdade, é instrumento
que concretiza a soberania e dá concretude ao princípio da soberania dos vereditos.
O terceiro princípio, basicamente, traz a ideia de que a decisão dos jurados não pode
ser modificada pelo juiz togado ou pelo tribunal que venha a apreciar um recurso.
Por fim, temos a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida que
representa uma competência mínima, que não pode ser reduzida pelo legislador
infraconstitucional.
Essa denúncia deve ser elaborada com fiel observância dos requisitos do art. 41 do CPP,
atentando-se o promotor de justiça para a explicitação do elemento subjetivo do agente,
obrigatoriamente doloso. Se, em regra, o judicium accusatione tem início com o
oferecimento da denúncia, daí não se pode conclui-lo pela impossibilidade de
ajuizamento de queixa-crime no âmbito do júri, como, por exemplo, no caso da ação
penal privada subsidiária da pública.
Ao final da primeira fase, o juiz terá quatro decisões possíveis de serem decretadas: a
pronúncia, impronúncia, absolvição sumária e a desclassificação.
3.1. Pronúncia
A pronúncia é tratada pela doutrina como uma decisão interlocutória mista não
terminativa. Decisão interlocutória porque não julga o mérito, ou seja, não condena
nem absolve o acusado; mista, porque põe fim a uma fase procedimental; e não
terminativa, porque não encerra o processo.
Com a reforma processual de 2008, o art. 418 do CPP passou a prever que “o juiz
poderá dar ao fato definição jurídica diversa da constante da acusação, embora o
acusado fique sujeito à pena mais grave”.
Como se percebe, o referido dispositivo legal cuida da emendatio libelli, de modo bem
semelhante ao previsto no art. 383 do CPP. Em tal hipótese, prevalece o entendimento
de que não é obrigatória a oitiva da defesa. Quanto à possibilidade da aplicação da
mutatio libelli, existia divergência na doutrina quanto a sua aplicação.
Atenção!
a) Recurso cabível
Quanto ao recurso cabível contra a decisão de pronúncia, não houve qualquer alteração
pela Lei nº 11.689/2008. A impugnação deve continuar sendo feita por meio do recurso
em sentido estrito (RESE), nos termos do art. 581, IV, do CPP.
b) Despronúncia
3.2. Impronúncia
Atenção!
a) Recurso
Com efeito, além das excludentes da ilicitude e da culpabilidade (art. 415, IV, CPP), que
continuam autorizando a absolvição sumária, tal decisão também passa a ser cabível
Antes da reforma processual de 2008, tais hipóteses não estavam elencadas como
causas de absolvição sumária, funcionando como motivo de impronúncia absolutória,
que fazia coisa julgada formal e material. De acordo com o art. 415 do CPP, o juiz
deverá, fundamentadamente, absolver o acusado quando:
O motivo para tal vedação é evidente: quando o agente é absolvido com base na
inimputabilidade decorrente de doença mental ou desenvolvimento incompleto ou
retardado (art. 26, caput, CP), temos a sentença absolutória imprópria em que será
imposta ao inimputável a medida de segurança (art. 386, parágrafo único, III, CPP, c/c
art. 97, caput, do CP).
Isso significa dizer que, ainda que surjam provas novas após o trânsito em julgado da
decisão de absolvição sumária, o acusado não poderá ser novamente processado pela
mesma imputação.
a) Recurso cabível
A Lei nº 11.689/2008, além de revogar o inciso VI do art. 581, que previa o cabimento
de recurso em sentido estrito contra a absolvição sumária, deu nova redação ao art.
416 do CPP, que passou a dispor que cabe apelação contra a sentença de absolvição
sumária.
3.4. Desclassificação
De acordo com o art. 419 do CPP, quando o juiz estiver convencido, em discordância
com a acusação, da existência de crime diverso dos referidos no § 1º do art. 74 do CPP
(homicídio, induzimento, instigação ou auxílio a suicídio, infanticídio e aborto, em suas
diversas modalidades) e não for competente para seu julgamento, remeterá os autos ao
juiz que o seja.
No que se refere à infração conexa, preceitua o parágrafo único do art. 81 do CPP que,
se o juiz desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver sumariamente o
acusado, de maneira que exclua a competência do júri, remeterá o processo ao juízo
competente.
Nesse caso, o juiz deve aguardar o julgamento do recurso voluntário que possivelmente
será interposto contra a desclassificação. Isso acontece porque é possível que o
Tribunal de Justiça (ou Tribunal Regional Federal – TRF) dê provimento ao recurso,
pronunciando o réu. Nesse caso, a competência para julgamento de ambos os delitos
(homicídio doloso e crime conexo) será do Tribunal do Júri.
4. Desaforamento
4.1. Hipóteses
Os motivos que autorizam o desaforamento estão elencados nos arts. 427 e 428 do CPP:
4.2. Legitimidade
De acordo com o disposto no art. 427 do CPP, o desaforamento pode ser decretado em
virtude de requerimento do MP, do assistente da acusação, do querelante ou do
acusado ou mediante representação do juízo competente.
Caso a medida não tenha sido solicitada pelo juiz presidente do Tribunal do Júri, deve o
relator do pedido providenciar sua oitiva. Ademais, de acordo com a Súmula nº 712 do
STF “é nula a decisão que determina o desaforamento de processo da competência do
júri sem audiência da defesa”.
4.3. Momento
Portanto, para que haja o julgamento de uma pessoa no Brasil, faz-se necessário
formalizar um processo, em que lhe seja assegurada a separação das funções de julgar,
acusar e defender e principalmente que se faça garantir a aplicação dos princípios da
ampla defesa e do contraditório.
Analisando a situação do país, não se tem como negar que grande parte dos réus são
pessoas pobres na forma prescrita em lei, ou seja, sem a mínima condição econômica
de pagar o patrocínio da causa.
Sabe-se que o CPP passou a viger desde 01.01.1942 e sofreu muitas alterações desde a
Art. 456. Se a falta, sem escusa legítima, for do advogado do acusado, e se outro não
for por este constituído, o fato será imediatamente comunicado ao presidente da
seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, com a data designada para a nova sessão.
(Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008.)
§ 1º Não havendo escusa legítima, o julgamento será adiado somente uma vez, devendo
o acusado ser julgado quando chamado novamente. (Incluído pela Lei nº 11.689, de
2008.)
O que se percebe pela leitura do referido dispositivo é que existe uma particularidade
de tentar evitar o aditamento indefinido e proposital da sessão de julgamento.
Pela leitura do art. 456, § 2º, do CPP, caso o advogado se ausente novamente na
próxima sessão, o juiz transferirá o patrocínio da defesa técnica para a Defensoria
Pública.
Importa registrar, por ser relevante, que não haverá obrigatoriedade de que na próxima
sessão de instrução e julgamento a defesa tenha que ser exercida pela Defensoria.
O que se impõe apenas é a cautela de intimação do órgão, no afã de impedir que haja
mais um aditamento.
Por isso, se o réu comparece à nova sessão acompanhado de advogado, seja o que se
ausentou na primeira sessão, seja outro que foi por ele constituído, caberá a tal
causídico a promoção de sua defesa.
O prazo mínimo previsto para a nova sessão de julgamento é de dez dias, conforme
previsão do art. 456, § 2º, do CPP.
É forçoso dizer que um lapso temporal tão curto implica na própria impossibilidade de
uma defesa técnica eficaz. O que vai de encontro ao que se espera da garantia
constitucional da plenitude de defesa. O tema objeto deste estudo, inclusive, já foi
analisado pelo Supremo Tribunal Federal: