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Princípio da recorribilidade
Traduz-se na possibilidade de recorrer das decisões judiciais (art.399º do CPP)
Natureza do crime
Crime Público
Neste tipo de crimes, o MP promove oficiosamente o processo penal dando início à
fase de inquérito (art.48º do CPP). Após proceder às diligências do inquérito, o MP
decide com plena autonomia se o indivíduo deverá ou não ser submetido a
julgamento, a falta de promoção do processo pelo MP constitui nos termos do
art.48º do CPP uma nulidade insanável que deve ser oficiosamente declarada em
qualquer fase do procedimento (art.119º, alínea b do CPP).
Não sendo obrigatório, o assistente pode vir a ser constituído, sendo que assume
uma posição de colaborador do MP. Ressalve-se que, tendo sido deduzida acusação
pelo MP por crime público, o assistente poderá também deduzir acusação pelos
factos acusados pelo MP, por parte deles ou por outros que não importem alteração
substancial (art.284º/1 do CPP).
Exemplos: Homicídio, Incitamento ou ajuda ao suicídio, Infanticídio, Participação
em Rixa, Sequestro, Roubo, Extorsão, Bigamia
Crime Semipúblico
Neste tipo de crimes, a promoção do processo penal está sempre dependente de
apresentação de queixa por parte do ofendido ou de outras pessoas a quem a lei
confere esse direito (arts.49º do CPP e 113º do CP). Os crimes semipúblicos são a
primeira restrição ao caráter oficioso e obrigatório da promoção da queixa. Após
apresentação de queixa o MP inicia a fase de inquérito e toda a tramitação se
desenvolve como se o processo fosse público. Também no âmbito destes crimes o
ofendido pode constituir-se assistente, embora não seja obrigatória, (art.68º do
CPP). Se o MP deduzir acusação por um crime semipúblico, o assistente poderá
também deduzir acusação pelos mesmos factos acusados pelo MP, por parte deles ou
por parte de outros que não impliquem alteração substancial dos factos. A acusação
pelo assistente é facultativa e quando é deduzida é sempre subordinada à acusação
do MP.
Exemplos: Ofensa à integridade física simples, Ameaça, Violação de domicílio ou
perturbação da vida privada, Introdução em lugar vedado ao público, Violação de
correspondência ou de telecomunicações, Gravações e fotografias ilícitas, Furto,
Dano, Burla
Particular
Exige obrigatoriamente apresentação de queixa pelo ofendido ou pelas pessoas a
quem a lei confere esse direito. (art.50º do CPP e arts.113º e 117º do CP)
• Manifestação da intensão de constituição de assistente;
Processo Penal
Queixa/Denúncia
Notícia do crime
A notícia do crime é condição indispensável para abertura do inquérito e
consequentemente para o início da atividade de investigação criminal pelo MP, com
exceção para os crimes semipúblicos e particulares, art.262º/2 do CPP. Depois do
MP tomar conhecimento da prática do crime deverá fazer uma prévia apreciação dos
factos, de forma a avaliar as regras da legitimidade, após que nos crimes públicos
deverá logo iniciar um inquérito. Se se tratar de um crime semipúblico ou particular,
devem atender-se aos requisitos do art.49º e ss., pelo que faltando o preenchimento
de alguns destes requisitos, o MP não poderá promover a ação penal pela prática das
infrações em causa.
No que se refere à notícia do crime, importa atender ao art.241º do CPP, sendo que
o MP adquire essa informação:
pelos órgãos de polícia criminal;
por conhecimentos próprio, e;
mediante denúncia. (arts.241º ao 246º do CPP)
A queixa
A queixa consiste na expressão de vontade do titular do respetivo direito,
manifestado por requerimento na forma e prazo previsto na lei. A queixa tem
carácter facultativo e é passível de desistência. O exercício do direito de queixa,
art.20º da CRP. Nos crimes semipúblicos e particulares, a apresentação de queixa é
condição essencial para que o MP possa iniciar o procedimento criminal, arts.48º,
49º e 50º do CPP. No caso de flagrante delito, por crime semipúblico a detenção só
se mantém quando de seguida o titular do direito respetivo exercer o direito de
queixa, art.255º/1 e 3, 1ª parte do CPP. Quando o ofendido não possua
discernimento para entender o alcance do exercício do direito de queixa, ou se por
outro lado morreu sem ter renunciado à queixa, poderá ocorrer a mediação do
queixoso em lugar do ofendido. Nesta situação o MP remete o processo para
Processo Penal
Concurso de infrações
Sempre que ocorra uma situação em que se verifique um concurso de infrações, o MP
tem legitimidade para promover o processo quanto a alguma, ou algumas delas,
devendo ter-se em consideração:
O MP deve promover imediatamente o processo naqueles crimes que tiver
legitimidade, se o procedimento criminal pelo crime mais grave não depender de
queixa ou acusação particular ou se os crimes forem de igual gravidade, art.52º
do CPP.
Se o crime pelo qual o MP pode promover o processo for de menor gravidade, as
pessoas a quem a lei confere o direito de queixa ou acusação particular, são
notificadas para declararem se querem ou não usar desse direito. Se não
pretenderem apresentar queixa ou nada disserem, o MP promove o processo
apenas pelos crimes dos quais tem legitimidade para o fazer, art.52 do CPP.
Denúncia
A denúncia corresponde a uma comunicação prática de um crime ao MP, na forma
estabelecida por lei para efeitos de prosseguimento criminal. Após receber a denúncia, o
MP deve apreciar o requerimento e dar-lhe seguimento. Esta pode ser feita por escrito
ou oralmente, art.264º do CPP, (caso a denúncia não tenha sido assinada, é apenas uma
irregularidade, art.123º do CPP)
Irregularidade ≠ Nulidade
É suprida. Não tem qualquer efeito.
Declaração de constituição de assistente
Sempre que o crime seja público ou semipúblico o declarante pode anunciar na
denúncia que deseja declarar-se assistente. No entanto, tratando-se de um crime
particular essa declaração é obrigatória, devendo neste caso, o órgão da polícia criminal
alertar o denunciante para os procedimentos. O requerimento para a constituição de
assistente, tratando-se de um crime particular deve ser apresentado no prazo de 10 dias a
contar da data da denúncia, sob pena de o MP arquivar o inquérito e precludir o direito
de queixa, art.116º do CP e art.68º do CPP.
Participação
É a manifestação de vontade, normalmente por parte de uma autoridade, de que seja
instaurado o procedimento criminal, distinguindo-se a queixa, principalmente pela
qualidade da entidade que impulsiona o procedimento. Compete também ao MP receber
as participações e apreciar o seguimento a dar-lhes, isto nos termos do art.53º/2, alínea
a do CPP.
Nota: Sempre que o procedimento depender da participação de qualquer autoridade, é
necessário dar conhecimento do facto ao MP para que este promova o processo,
art.49º/1 do CPP. A participação é à semelhança da queixa e da denúncia uma condição
de procedência, uma vez que sem ela, o MP carece de legitimidade para promover o
Processo Penal
processo. A participação pode ser apresentada pelo titular do respetivo direito, por
mandatário judicial ou por mandatário munido de poderes especiais.
Assistente
Está previsto no art.68º do CPP. É o sujeito processual que intervém no processo penal
como colaborador do MP, cuja atividade subordina a sua intervenção com vista à
investigação dos factos jurídicos com relevo no âmbito criminal, tendo por fim a
condenação dos seus autores. A constituição de assistente é obrigatória nos crimes
particulares e facultativa nos crimes públicos e semipúblicos.
Distinção entre assistente e outras figuras afins
O ofendido é titular do interesse que a lei especialmente quis proteger com a
incriminação, distinguindo-se do assistente porque não é sujeito processual, sendo
um mero participante processual. O lesado aquele que sofreu os danos ocasionados
pelo crime, pode coincidir e coincide com o ofendido e por isso, pode também
constituir-se assistente. Na sua condição de lesado apenas pode intervir no processo
como parte civil, formulando o pedido de indemnização cível. O queixoso assume
especial relevância no âmbito dos crimes semipúblicos e particulares, sendo uma
figura determinante para o desencadear do procedimento criminal.
Legitimidade para a constituição de assistente
Podem constituir-se assistentes no processo penal:
1. As pessoas e entidades a quem as leis especiais conferirem esse direito,
art.68º/1 do CPP;
2. Os ofendidos, que são os titulares dos interesses protegidos;
3. As pessoas de cuja queixa ou acusação particular dependa o procedimento;
4. Alíneas seguintes do nº1 do art.68º do CPP
Representação jurídica
Nos termos no disposto no art.70º/1 do CPP, os assistentes são sempre
representados por advogado. Com o requerimento que se formula o pedido de
admissão como assistente, deve juntar-se procuração forense, sob pena do
requerimento ser indeferido por falta do pressuposto de representação judiciária
do requerente. Os requerimentos são sempre assinados pelos titulares e os
assistentes podem sempre ser acompanhados por advogado nas diligências em
que intervierem, art.70º/3 do CPP.
Intervenções processuais do advogado Artigos do CPP (ler): - 89º; -
113º/9; - 116º/3; - 165º/3; - 271º/3; - 294º.
Prazo
A constituição de assistente é obrigatória, devendo o respetivo requerimento ter
lugar no prazo de 10 dias a contar do momento em que o denunciante declara
que deseja constituir-se assistente, arts.68º/2 e 246º/4 do CPP.
Processo Penal
Partes Civis
As partes civis encontram-se reguladas nos arts.71º a 84 do CPP. A prática de um ilícito
criminal pode consistir num facto constitutivo de responsabilidade civil, caso viole
interesses suscetíveis de reparação patrimonial nos termos da lei civil. O pedido de
indemnização civil, deduzido no processo penal, é uma verdadeira ação cível transferida
para o processo penal. Assim, as partes na ação cível são todas aquelas que deduziram
ou contra quem foi deduzido o pedido de indemnização cível, sendo-lhes aplicados os
princípios do processo civil.
Pedido no próprio processo – Princípio de adesão, art.71º do CPP
A regra geral é que o pedido de adesão que advém da prática do ilícito criminal,
é sempre pedido nesse mesmo processo crime. Só assim não o sendo, nos casos
especialmente previstos na lei, este é o princípio da adesão obrigatória da ação
cível à ação penal e nestes casos excetuam-se as situações em que a lei permite
que o pedido seja feito em separado.
Pedido em separado, art.72º do CPP Poder-se-á optar entre pedir a
indemnização no próprio processo ou em separado, não obstante as limitações
do art.72º/1 do CPP. No que se refere ao lesado, quem tiver sido informado de
que pode deduzir pedido de indemnização cível, nos termos do art.75º/1 do
CPP, ou que de alguma forma se considere lesado, pode manifestar no processo
até ao encerramento do inquérito o propósito de o fazer (ver art.77º do CPP).
Inquérito
Fase processual destinada à investigação da existência de um crime, bem como ao
apuramento dos seus agentes, respetivas responsabilidades, à descoberta e recolha de
provas e terminará com uma decisão sobre a acusação, art.262º/1 do CPP.
Finalidades acessórias: o apuramento dos danos causados pelos crimes, identificação
dos responsáveis pela indemnização.
Cabe ainda a fundamentação da aplicação de medidas de coação e garantia patrimonial,
nos termos do art.196º e ss. do CPP. (arts.196º ao 203º do CPP)
A notícia do crime é o momento em que desencadeia o inquérito, arts. 48º, 241º e 262/2
do CPP. Ressalvem-se as seguintes exceções:
Os crimes semipúblicos, que dependem de participação ou acusação particular,
art.49º e 50º do CPP, em que a promoção do processo penal por parte do MP
está dependente do exercício do direito de queixa por parte dos respetivos
titulares, art.113º e 117º do CP. Caso não seja apresentada queixa ou
participação, o MP carece de legitimidade para abrir o inquérito;
Se a notícia for de crime público, o MP terá que obrigatoriamente abrir
inquérito, havendo concurso de crimes, prevalece o art.52º do CPP;
Processo Penal
Se perante a notícia do crime o MP obtiver a certeza que o crime não pode ser
punível, também não poderá desencadear processo, art.53º/2, alínea a do CPP.
No âmbito do inquérito destacam-se os princípios da oficialidade, legalidade,
acusação, inquisitório, contraditório, publicidade (excetuando-se as situações de
segredo de justiça).
Competência do inquérito
A direção do inquérito cabe ao MP, assistido pelos órgãos de polícia criminal que atuam
sobre a sua direção e na sua dependência funcional. Para além de dirigir o inquérito, o
MP possui as funções previstas nos art.50º/2 e 53º do CPP.
NOTA (órgãos de polícia criminal): São todas as entidades e agentes policiais a quem
caiba diligenciar todos os atos ordenados por uma autoridade judiciária ou determinados
pelo MP. Os órgãos de polícia criminal são sempre competentes para procederem em
investigações e devempraticar os atos cautelados e necessários com vista assegurar os
meios de prova, art.249º/1 do CPP.
(arts.264º e 266º do CPP - competências do MP para a realização do inquérito)
Nulidade
Constitui nulidade insanável, que deve ser oficiosamente declarada em qualquer
fase do processo, a falta de promoção do processo pelo MP, nos termos do
art.48º do CPP, bem como a falta de inquérito nos casos em que a lei determine
a sua obrigatoriedade (art.119º, alínea b do CPP).
A falta ou a insuficiência de alguns atos de inquérito constitui uma nulidade
dependente de arguição, art.120º/2 alínea d do CPP.
Atos de inquérito
Atos praticados pelo MP
Ele pratica todos os atos com vista à descoberta dos agentes em ordem a proferir
os seus fins, arts.262º/1, 267º, 268º e 271º do CPP.
Atos delegados nos órgãos de polícia criminal
Nos termos do art.270º/ 1 e 2 do CPP, o MP pode conferir aos órgãos de polícia
criminal o encargo de procederem a quaisquer diligências e investigações
relativas ao inquérito. Porém, para além dos atos que são de exclusiva
responsabilidade do juiz de instrução, existem outros atos que não podem ser
delegados e que são:
O reconhecimento de depoimentos ajuramentados, art.138º/3 do CPP;
A ordem de efetivação de perícia, art.154º do CPP;
Instrução
É a fase processual que ocorre entre o inquérito e o julgamento, tendo o seu regime
regulado no art.286º e ss., do CPP.
A instrução visa a comprovação judicial de deduzir a acusação ou arquivar o inquérito,
com vista a submeter ou não, o arguido a julgamento. Consoante o resultado da
atividade investigatória, o MP encerra a fase de inquérito, arquivando o processo nos
Processo Penal
Em qualquer das situações, o juiz começa por atender às nulidades e outras questões
prévias ou incidentes que sejam do seu conhecimento. O objeto de despacho de
pronúncia deverá ser substancialmente o mesmo da acusação formal, ou implícito no
requerimento de instrução, considerando que o juiz está libertado pelos factos que
constam da acusação (princípio da vinculação temática).
Quando for proferido despacho de pronúncia o juiz deve proceder ao reexame dos
pressupostos de prisão preventiva, bem como da obrigação de permanência na
habitação, art.213º/1, al. b), do CPP. Sem prejuízo desse poder fundamental, às razões
de facto e de direito que resulta, da acusação ou no requerimento de abertura de
instrução é correspondentemente aplicável o disposto na acusação pública, art.308º e
283º/2 e 3, do CPP.
Julgamento
A matéria do julgamento encontra-se regulada nos arts.311 a 380, do CPP.
Concluído o inquérito, osautos ficam à guarda do MP ou são remetidos ao Tribunal
competente para instrução e julgamento.
O julgamento sendo a fase nuclear do processo penal, tem lugar logo após a dedução de
acusaçãopelo MP (nos crimes públicos e semipúblicos) ou ainda após o despacho de
pronúncia se esta tiversido requerida.
O julgamento contém três momentos:
1. A instrução, na qual se produz a prova destinada a comprovar os factos alegados;
2. A discussão, que consiste essencialmente na apreciação crítica da prova sobre a
matéria de facto que seja relevante para a decisão da causa;
3. O julgamento propriamente dito, que visa a decisão do mérito final sobre o processo.
Na fase de julgamento vigoram vários princípios de que se destacam, o princípio do juiz
natural, da investigação ou verdade material, da oralidade, do contraditório, da livre
apreciação da prova e in dúbio pro reo.
Atos preliminares à audiência
Relativamente ao saneamento do processo, independentemente de ter havido instrução,
tendo sidos recebidos os autos no Tribunal, o presidente pronuncia-se sobre nulidades e
outras questões prévias ou incidentais, que por si obstem a apreciação de mérito da
causa de que possa desde logo conhecer, art.311º, do CPP.
Aqui deverá apreciar-se por um lado:
a) A competência do Tribunal, sendo que se este não for competente o processo não
deverá avançar, art.10º, do CPP;
b) Legitimidade daquele que deduziu acusação (MP ou assistente).
Caso não tenha havido instrução e se o processo foi remetido para julgamento, o
presidente pode despachar no sentido de rejeitar a acusação, caso a considere
manifestamente infundada, art.311º/2, al. a), do CPP. Por outro lado, o presidente
Processo Penal
também não deverá aceitar a acusação do assistente ou do MP, na parte em que ela
represente uma alteração substancial dos factos,arts.284º/1 e 285º/4, do CPP.
(Ver art.399º, do CPP)
Do despacho que determina a realização da audiência após as questões resolvidas na
fase de saneamento do processo, deverá constar em termos precisos, o dia, a hora, e
local para a realização da audiência.
Sempre que o arguido se encontrar em prisão preventiva, a data da audiência, dever ser
fixada com precedência sobre qualquer outro julgamento, art.312º/3, do CPP.
Este despacho tem que conter alguns elementos sob pena de nulidade, art.313º/1, do
CPP. Cumpre ainda referir que este despacho terá de ser notificado com antecedência
mínima de 30 dias, ao MP, ao arguido, ao seu defensor, etc., art.314º/1, do CPP.
Referência às notificações por editais
Se após terem sido realizadas as diligências necessárias à notificação do despacho que
designar odia para a audiência e ainda assim não seja possível entrar/notificar o arguido,
este é notificado por editais para se apresentar em juízo num prazo até 30 dias, sob pena
de ser declarado contumaz.
Os editais contêm indicações que visam a identificação do arguido, do crime que lhe é
imputado, das disposições legais que o punem e a comunicação de que se não se
apresentar no prazo legal é declarado contumaz.
A notificação edital é feita mediante a fixação de um edital na porta da última residência
do arguido e sempre que tal se mostre conveniente poderá ser ordenada a notificação
edital através da publicação de anúncios em dois números seguidos de um dos jornais
com maior circulação.
Declaração de contumácia
A declaração de contumácia pressupõe que o arguido nunca tenha tido qualquer
intervenção no processo e que o seu paradeiro seja desconhecido, a declaração de
contumácia implica a suspensão imediata dos posteriores termos do processo até à
apresentação do arguido seguida de detenção, arts.320 e 335º/3, do CPP.
O despacho que declarar a contumácia, é obrigatoriamente registado, art.337º/5, do
CPP.
Atendendo ao disposto nos arts.321º/3 e 326º/1 al. e), ambos do CPP, essa decisão é
sempre antecedida de audição contraditória dos sujeitos processuais.
A contraditoriedade
O presidente deve sempre garantir o contraditório e impedir a formulação de questões
legalmente inadmissíveis, art.323º, al. f), do CPP.
Continuidade
Aqui cabe dizer que a audiência deve decorrer de forma contínua até ao encerramento.
Ao abrigo da concentração temporal não deverá haver interrupções.
Interrupções
São admissíveis nas audiências as interrupções estritamente necessárias,
nomeadamente as que se destinam a alimentação e repouso dos participantes.
Essa interrupção depende sempre de despacho fundamentado do presidente,
notificado a todos os intervenientes processuais, art.328º/5, do CPP.
Adiamento
Por outro lado, o adiantamento previsto no nº 3 do art.328º, do CPP, consagra
que o adiamento da audiência é possível, sempre que a interrupção não se mostre
suficiente para a remoção de quaisquer obstáculos. Por exemplo, quando se
mostre necessário proceder à produção de qualquer meio de prova que não se
encontre disponível no momento em que a audiência decorre. Também quando
for necessário proceder a relatórios sociais ou de inserção social.
Em caso de adiamento, a audiência retoma-se a partir do último ato processual
praticado na audiência, art.328º/4, do CPP. Cumpre referir que o adiamento da
audiência depende sempre do despacho do presidente, art.205º, da CRP.
O adiamento não deve exceder 30 dias, na medida em que pode estar em causa a
perda da eficácia da produção da prova oral que já consta no processo,
art.328º/6 do CPP.
Alegações orais
Finda a produção de prova, concede-se a palavra sucessivamente ao MP, aos advogados
dos assistentes e das partes civis e ao defensor para alegações orais nas quais exponham
as conclusões de facto e de direito que hajam extraído da prova produzida, arts.323º al.
g) e 360º, do CP.
As alegações orais não são um meio de prova, mas sim uma síntese conclusiva das
provas produzidas.
Últimas declarações do arguido e encerramento da discussão
Após as alegações orais, o presidente pergunta ao arguido se tem algo mais a dizer em
sua defesa, art.361º, do CPP.
Processo Penal
Sentença