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Processo Penal

Quais os princípios do Processo Penal?


 Princípio da oficialidade
O impulso da tramitação processual penal compete ao MP.
Contudo, existem distinções entre o exercício da ação penal nos crimes públicos,
semipúblicos e particulares (art.48ºdo CPP).
Nos crimes públicos e semipúblicos a intervenção do MP também é distinta na medida
em que nos crimes semipúblicos, o MP só pode iniciar o inquérito após apresentação de
queixa dos respetivos titulares. Após a apresentação da queixa tudo decorre como se o
crime fosse público. Nos crimes particulares, para além da apresentação da queixa por
parte do respetivo titular, a intervenção do MP encontra-se dependente da acusação
particular deduzida pelo assistente. Quanto aos crimes públicos, cabe sempre ao MP
promover a ação penal. (arts.49º ao 53º do CPP)
 Princípio da legalidade
O MP deve orientar-se pelo princípio da legalidade, na medida em que lhe compete
representar o Estado e neste sentido tem o dever de promover o processo sempre que
adquira a notícia de um crime, bem como deduzir acusação após a atividade
investigatória. Cabe ainda referir que o MP não é obrigado a submeter o arguido a
julgamento, na realidade pode decidir-se pelo arquivamento ou pela suspensão
provisória do processo (arts.280º e 281º do CPP).
 Princípio da acusação
É um dos princípios fundamentais do processo penal e está consagrado no art.32º/5
CRP.
Traduz-se no princípio do acusatório, segundo o qual não compete ao Tribunal por sua
iniciativa dar início a uma investigação criminal, pelo que as entidades que acusam e
que julgam terão que ser distintas. Por força deste princípio, cada uma das fases
processuais, terá de ser presidido por entidades distintas, existindo uma separação de
poderes entre os diferentes órgãos (arts.283º e 285º do CPP).
 Princípio do inquisitório
O processo penal português é essencialmente de estrutura acusatória, o que não nos quer
dizer que não existem elementos do princípio inquisitório, e assim podemos afirmar
que, hoje a publicidade que se faz face a alguns processos, prejudica o decorrer normal
de toda a tramitação. Isto é, por vezes o inquisitório “vem moldar” a ação penal.
 Princípio do contraditório
De acordo com o art.32º/5 da CRP toda a audiência de julgamento, está subordinada ao
contraditório.
O juiz terá de atender da mesma forma à defesa e à acusação. Também o art.327º/2 do
CPP prevê que os meios de prova apresentados no decurso da audiência são submetidos
ao contraditório, ainda que tenham sido apresentados oficiosamente pelo Tribunal.
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 Princípio da investigação da verdade material


Traduz-se no poder/dever do Tribunal, de proceder oficiosamente ou a requerimento
das partes, a todos os meios de prova cujo conhecimento se averigue necessário à
descoberta da verdade, arts.323º e 340º/1 do CPP.
 Princípio da igualdade
Segundo o qual a ação penal deve estar estruturada de modo a garantir que a acusação e
a defesa, disponham de iguais direitos e deveres. O arguido tem possibilidade de usar
todos os meios necessários à constituição da sua defesa.
 Princípio da concentração
O processo penal tem uma tramitação unitária, art.32º/2 da CRP. Determina ainda que o
indivíduo deve ser julgado no mais curto prazo possível, de acordo com os meios de
defesa. Este princípio está ligado com o princípio da celeridade processual.
 Princípio da livre apreciação de prova
Cabe ao juiz, que é a entidade julgadora, julgar de acordo com a experiência e com a
sua convicção, face aos meios de prova apresentados, art.127º do CPP. Quanto à prova
há três tipos:
 testemunhal;
 pericial;
 documental.

 Princípio “in dúbio pro reo”


Todo o arguido se presume inocente até ao transito em julgado de sentença em
condenação. Este princípio decorre da presunção constitucional da inocência, art.32º da
CRP.
Em suma, em caso de dúvida o tribunal deve decidir pela inocência do arguido.
 Princípio da publicidade
Todo o processo criminal deve ser público e tem como finalidade evitar a desconfiança
da comunidade quando o funcionamento dos Tribunais e da realização de justiça. Esse
princípio manifesta-se nos arts.86º e 321º do CPP.
 Princípio da oralidade
Toda a atividade processual deve ser exercida oralmente na presença de agentes
processuais. Por outro lado, a proibição da valoração da prova não produzida em
audiência (art.355º do CPP), traduz-se numa das principais demonstrações da oralidade.
 Princípio da imediação
Relaciona-se com o princípio da oralidade e incide no contacto pessoal entre os
julgadores e os diversos meios de prova (art.355º/1 do CPP).
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 Princípio da recorribilidade
Traduz-se na possibilidade de recorrer das decisões judiciais (art.399º do CPP)

Natureza do crime
 Crime Público
Neste tipo de crimes, o MP promove oficiosamente o processo penal dando início à
fase de inquérito (art.48º do CPP). Após proceder às diligências do inquérito, o MP
decide com plena autonomia se o indivíduo deverá ou não ser submetido a
julgamento, a falta de promoção do processo pelo MP constitui nos termos do
art.48º do CPP uma nulidade insanável que deve ser oficiosamente declarada em
qualquer fase do procedimento (art.119º, alínea b do CPP).
Não sendo obrigatório, o assistente pode vir a ser constituído, sendo que assume
uma posição de colaborador do MP. Ressalve-se que, tendo sido deduzida acusação
pelo MP por crime público, o assistente poderá também deduzir acusação pelos
factos acusados pelo MP, por parte deles ou por outros que não importem alteração
substancial (art.284º/1 do CPP).
Exemplos: Homicídio, Incitamento ou ajuda ao suicídio, Infanticídio, Participação
em Rixa, Sequestro, Roubo, Extorsão, Bigamia
 Crime Semipúblico
Neste tipo de crimes, a promoção do processo penal está sempre dependente de
apresentação de queixa por parte do ofendido ou de outras pessoas a quem a lei
confere esse direito (arts.49º do CPP e 113º do CP). Os crimes semipúblicos são a
primeira restrição ao caráter oficioso e obrigatório da promoção da queixa. Após
apresentação de queixa o MP inicia a fase de inquérito e toda a tramitação se
desenvolve como se o processo fosse público. Também no âmbito destes crimes o
ofendido pode constituir-se assistente, embora não seja obrigatória, (art.68º do
CPP). Se o MP deduzir acusação por um crime semipúblico, o assistente poderá
também deduzir acusação pelos mesmos factos acusados pelo MP, por parte deles ou
por parte de outros que não impliquem alteração substancial dos factos. A acusação
pelo assistente é facultativa e quando é deduzida é sempre subordinada à acusação
do MP.
Exemplos: Ofensa à integridade física simples, Ameaça, Violação de domicílio ou
perturbação da vida privada, Introdução em lugar vedado ao público, Violação de
correspondência ou de telecomunicações, Gravações e fotografias ilícitas, Furto,
Dano, Burla
 Particular
Exige obrigatoriamente apresentação de queixa pelo ofendido ou pelas pessoas a
quem a lei confere esse direito. (art.50º do CPP e arts.113º e 117º do CP)
• Manifestação da intensão de constituição de assistente;
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• A própria constituição de assistente (arts.50º/1, 68º/2 e 246º/4 do CPP);


• Dedução da acusação particular (arts.50º/1 e 285º/1 do CPP). Aqui estamos na
presença da restrição consagrada no art.48º do CPP, que estipula a oficialidade e
obrigatoriedade de promoção do processo penal pelo MP. Nos crimes particulares é
o ofendido que se constitui assistente a sustenta a acusação em julgamento. Após a
fase de inquérito, que decorre da apresentação de queixa, o MP notifica o assistente
para que este deduza acusação particular (arts.262º e 285/1 do CPP). Depois do
assistente apresentar a acusação particular, o MP poderá acusar pelos mesmos, por
parte deles ou por parte de outros que não importem uma alteração substancial a que
é acusado pelo MP que se encontra subordinada à acusação do assistente. Se por sua
vez o assistente se abstiver de acusar, o MP arquiva o processo por falta de
legitimidade para prosseguir com a ação penal.
Exemplos: Difamação, Injúria, Ofensa à memória de pessoa falecida, Dano, Alteração de
marcos, Infidelidade

Queixa/Denúncia
 Notícia do crime
A notícia do crime é condição indispensável para abertura do inquérito e
consequentemente para o início da atividade de investigação criminal pelo MP, com
exceção para os crimes semipúblicos e particulares, art.262º/2 do CPP. Depois do
MP tomar conhecimento da prática do crime deverá fazer uma prévia apreciação dos
factos, de forma a avaliar as regras da legitimidade, após que nos crimes públicos
deverá logo iniciar um inquérito. Se se tratar de um crime semipúblico ou particular,
devem atender-se aos requisitos do art.49º e ss., pelo que faltando o preenchimento
de alguns destes requisitos, o MP não poderá promover a ação penal pela prática das
infrações em causa.
No que se refere à notícia do crime, importa atender ao art.241º do CPP, sendo que
o MP adquire essa informação:
pelos órgãos de polícia criminal;
por conhecimentos próprio, e;
 mediante denúncia. (arts.241º ao 246º do CPP)
 A queixa
A queixa consiste na expressão de vontade do titular do respetivo direito,
manifestado por requerimento na forma e prazo previsto na lei. A queixa tem
carácter facultativo e é passível de desistência. O exercício do direito de queixa,
art.20º da CRP. Nos crimes semipúblicos e particulares, a apresentação de queixa é
condição essencial para que o MP possa iniciar o procedimento criminal, arts.48º,
49º e 50º do CPP. No caso de flagrante delito, por crime semipúblico a detenção só
se mantém quando de seguida o titular do direito respetivo exercer o direito de
queixa, art.255º/1 e 3, 1ª parte do CPP. Quando o ofendido não possua
discernimento para entender o alcance do exercício do direito de queixa, ou se por
outro lado morreu sem ter renunciado à queixa, poderá ocorrer a mediação do
queixoso em lugar do ofendido. Nesta situação o MP remete o processo para
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mediação em qualquer momento do inquérito, se se comprovar terem existindo


indícios da prática do crime, de quem o arguido foi o seu agente, devendo o MP
designar um mediador e remeter-lhe as informações que considera adequadas
referentes ao arguido e ao ofendido bem como uma descrição sumária do objeto do
processo. Ressalve-se que a remessa do processo para uma mediação poderá ser
feita a requerimento do ofendido, do arguido ou por iniciativa do MP. Conforme
resulta dos arts.113º e 117º do CP, tem legitimidade para apresentar a queixa, nos
crimes semipúblicos e particulares:
 O ofendido, considerando-se como tal, o titular dos interesses que a lei quis
proteger (não confundir o ofendido com o lesado, na medida em que este
último apenas abrange as pessoas civilmente afetadas pela infração penal,
art.130º do CP).
 Se o ofendido morrer sem ter apresentado queixa ou ter renunciado a ela, o
respetivo direito de queixa pertence a outras pessoas (o cônjuge sobrevivo
não separado judicialmente, ascendentes e descendentes; se o ofendido por
menor de 16 anos poderá o seu representante lega exercer esse direito, nos
termos do art.133/4 do CP), sendo que só assim não será se alguma delas
tiver comparticipado no crime (ver o art.72º do CP no que concerne à
indemnização civil). O MP pode dar início ao procedimento no prazo de 6
meses a contar da data em que tiver conhecimento do facto e dos seus
autores, e sempre que o interesse do ofendido assim o justifique, art.113º/5
do CP. Nos casos de menoridade poderá o queixoso, após perfazer 16 anos,
dar início ao procedimento criminal se esse direito de queixa não foi na
altura exercido.
Lugar onde se pode apresentar queixa:
MP (art.49º/1 do CPP).
Órgãos judiciais competentes (art.53º/2 do CPP).
Quanto à extinção do direito de queixa, o prazo da extinção e da prescrição são
autónomos e não devem ser confundidos. Assim, quanto à prescrição, tem-se o art.118º
e ss. do CP. O prazo de extinção do direito de queixa é em sim um prazo de caducidade,
em nenhuma circunstância se suspende ou interrompe. O regime da extinção do direito
de queixa também se aplica nos termos do art.117º do CP. Quanto ao prazo de extinção
o art.115º/1 e 2 do CP, refere que é de 6 meses. Quanto à renúncia ao abrigo do
art.116º/1 do CP, o direito de queixa não pode ser exercido se o titular do direito de
queixa a ele tiver renunciado, exemplo art.72º/2 do CPP. A renúncia pressupõe por
outro lado, que o crime já tenha sido praticado e que o direito da queixa ainda não tenha
sido exercido. Quanto à desistência o queixoso pode desistir da queixa desde que não
haja oposição do arguido, art.116º/2 do CP. Importa referir que a homologação de
assistência da queixa por parte do MP é que releva, art.49º e ss. Logo que se tenha
conhecimento da desistência de queixa, a autoridade judiciária notifica o arguido para
em 5 dias se pronunciar relativamente à oposição. O seu silêncio equivale à não
oposição. Se o arguido se opuser à desistência, o processo prossegue como se o crime
fosse público. O principal efeito da desistência da queixa é que essa desistência
aproveita aos demais, salvo oposição deles, art.116º/3 do CP.
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 Concurso de infrações
Sempre que ocorra uma situação em que se verifique um concurso de infrações, o MP
tem legitimidade para promover o processo quanto a alguma, ou algumas delas,
devendo ter-se em consideração:
 O MP deve promover imediatamente o processo naqueles crimes que tiver
legitimidade, se o procedimento criminal pelo crime mais grave não depender de
queixa ou acusação particular ou se os crimes forem de igual gravidade, art.52º
do CPP.
 Se o crime pelo qual o MP pode promover o processo for de menor gravidade, as
pessoas a quem a lei confere o direito de queixa ou acusação particular, são
notificadas para declararem se querem ou não usar desse direito. Se não
pretenderem apresentar queixa ou nada disserem, o MP promove o processo
apenas pelos crimes dos quais tem legitimidade para o fazer, art.52 do CPP.

 Denúncia
A denúncia corresponde a uma comunicação prática de um crime ao MP, na forma
estabelecida por lei para efeitos de prosseguimento criminal. Após receber a denúncia, o
MP deve apreciar o requerimento e dar-lhe seguimento. Esta pode ser feita por escrito
ou oralmente, art.264º do CPP, (caso a denúncia não tenha sido assinada, é apenas uma
irregularidade, art.123º do CPP)
Irregularidade ≠ Nulidade
É suprida. Não tem qualquer efeito.
 Declaração de constituição de assistente
Sempre que o crime seja público ou semipúblico o declarante pode anunciar na
denúncia que deseja declarar-se assistente. No entanto, tratando-se de um crime
particular essa declaração é obrigatória, devendo neste caso, o órgão da polícia criminal
alertar o denunciante para os procedimentos. O requerimento para a constituição de
assistente, tratando-se de um crime particular deve ser apresentado no prazo de 10 dias a
contar da data da denúncia, sob pena de o MP arquivar o inquérito e precludir o direito
de queixa, art.116º do CP e art.68º do CPP.
 Participação
É a manifestação de vontade, normalmente por parte de uma autoridade, de que seja
instaurado o procedimento criminal, distinguindo-se a queixa, principalmente pela
qualidade da entidade que impulsiona o procedimento. Compete também ao MP receber
as participações e apreciar o seguimento a dar-lhes, isto nos termos do art.53º/2, alínea
a do CPP.
Nota: Sempre que o procedimento depender da participação de qualquer autoridade, é
necessário dar conhecimento do facto ao MP para que este promova o processo,
art.49º/1 do CPP. A participação é à semelhança da queixa e da denúncia uma condição
de procedência, uma vez que sem ela, o MP carece de legitimidade para promover o
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processo. A participação pode ser apresentada pelo titular do respetivo direito, por
mandatário judicial ou por mandatário munido de poderes especiais.
 Assistente
Está previsto no art.68º do CPP. É o sujeito processual que intervém no processo penal
como colaborador do MP, cuja atividade subordina a sua intervenção com vista à
investigação dos factos jurídicos com relevo no âmbito criminal, tendo por fim a
condenação dos seus autores. A constituição de assistente é obrigatória nos crimes
particulares e facultativa nos crimes públicos e semipúblicos.
 Distinção entre assistente e outras figuras afins
O ofendido é titular do interesse que a lei especialmente quis proteger com a
incriminação, distinguindo-se do assistente porque não é sujeito processual, sendo
um mero participante processual. O lesado aquele que sofreu os danos ocasionados
pelo crime, pode coincidir e coincide com o ofendido e por isso, pode também
constituir-se assistente. Na sua condição de lesado apenas pode intervir no processo
como parte civil, formulando o pedido de indemnização cível. O queixoso assume
especial relevância no âmbito dos crimes semipúblicos e particulares, sendo uma
figura determinante para o desencadear do procedimento criminal.
 Legitimidade para a constituição de assistente
Podem constituir-se assistentes no processo penal:
1. As pessoas e entidades a quem as leis especiais conferirem esse direito,
art.68º/1 do CPP;
2. Os ofendidos, que são os titulares dos interesses protegidos;
3. As pessoas de cuja queixa ou acusação particular dependa o procedimento;
4. Alíneas seguintes do nº1 do art.68º do CPP
 Representação jurídica
Nos termos no disposto no art.70º/1 do CPP, os assistentes são sempre
representados por advogado. Com o requerimento que se formula o pedido de
admissão como assistente, deve juntar-se procuração forense, sob pena do
requerimento ser indeferido por falta do pressuposto de representação judiciária
do requerente. Os requerimentos são sempre assinados pelos titulares e os
assistentes podem sempre ser acompanhados por advogado nas diligências em
que intervierem, art.70º/3 do CPP.
 Intervenções processuais do advogado Artigos do CPP (ler): - 89º; -
113º/9; - 116º/3; - 165º/3; - 271º/3; - 294º.

 Prazo
A constituição de assistente é obrigatória, devendo o respetivo requerimento ter
lugar no prazo de 10 dias a contar do momento em que o denunciante declara
que deseja constituir-se assistente, arts.68º/2 e 246º/4 do CPP.
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 Crimes públicos e semipúblicos


Aqui a constituição de assistente é facultativa, podendo a sua intervenção
dar-se em qualquer altura do processo desde que se requeira ao juiz
(art.68º/3 do CPP):
a) Até 5 dias antes do início do debate instrutório ou da audiência de
julgamento;
b) Nas situações previstas nos arts.284º e 287º do CPP. Isto é, se o ofendido
pretender deduzir acusação por crime público ou semipúblico terá de
obrigatoriamente constituir-se assistente e poderá fazê-lo até 10 dias após a
notificação de acusação do MP deduzindo em simultâneo a respetiva
acusação. Contudo, o ofendido poderá apenas requerer a sua constituição
como assistente e ainda assim não deduzir acusação. Se o ofendido requerer
a abertura de instauração terá de se constituir assistente se não o fez até esse
momento, para este efeito dispõe do prazo de 20 dias a contar da acusação
ou do arquivamento do inquérito. Não se constituindo assistente no prazo
devido, o ofendido é apenas um mero participante processual, se tiver
deduzido o pedido de indemnização cível é parte cível.
 Decisão
A decisão sobre a constituição de assistente é sempre da competência de um juiz
e nunca o MP. O juiz depois de dar ao MP e ao arguido a possibilidade de se
pronunciarem sobre o requerimento, decide por despacho que é logo notificado
aqueles (art.68º/4 do CPP). Na decisão o juiz deverá verificar a legitimidade do
requerente, o prazo do requerimento, o requerente ser representado por
advogado e ter pago a taxa de justiça.
 Posição Processual
Os assistentes têm a posição de colaboradores do MP, cuja atividade subordinam a
sua intervenção no processo, art.69º/1, ou seja, existem situações em que o
assistente pode intervir no processo penal com autonomia, contudo em caso algum
poderá desempenhar as funções/poderes do MP, nomeadamente os poderes de
investigação na fase de inquérito para fundamentar a acusação.
Existem, contudo, algumas exceções na lei:
 Os crimes particulares, em que a atividade do MP está condicionada à
apresentação de queixa, à constituição de assistente e à redução de acusação
particular;
 Os crimes semipúblicos e que a atividade do MP está dependente de
apresentação da queixa pelos titulares do direito respetivo;
 Os crimes públicos e semipúblicos em que o assistente pode deduzir
acusação independentemente do MP, arts. 69º/2, alínea b e 24º/1 do CPP;
 Ainda nos crimes públicos e semipúblicos o assistente pode requerer a
abertura da instrução relativamente a factos pelos quais o MP não tenha
deduzido acusação;
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 Existe ainda a possibilidade de o assistente requerer a intervenção do


Tribunal de júri, art.13º do CPP;
 É também possível ao assistente invocar a incompetência do Tribunal nos
termos do art.32º/1 do CPP

Partes Civis
As partes civis encontram-se reguladas nos arts.71º a 84 do CPP. A prática de um ilícito
criminal pode consistir num facto constitutivo de responsabilidade civil, caso viole
interesses suscetíveis de reparação patrimonial nos termos da lei civil. O pedido de
indemnização civil, deduzido no processo penal, é uma verdadeira ação cível transferida
para o processo penal. Assim, as partes na ação cível são todas aquelas que deduziram
ou contra quem foi deduzido o pedido de indemnização cível, sendo-lhes aplicados os
princípios do processo civil.
 Pedido no próprio processo – Princípio de adesão, art.71º do CPP
A regra geral é que o pedido de adesão que advém da prática do ilícito criminal,
é sempre pedido nesse mesmo processo crime. Só assim não o sendo, nos casos
especialmente previstos na lei, este é o princípio da adesão obrigatória da ação
cível à ação penal e nestes casos excetuam-se as situações em que a lei permite
que o pedido seja feito em separado.
 Pedido em separado, art.72º do CPP Poder-se-á optar entre pedir a
indemnização no próprio processo ou em separado, não obstante as limitações
do art.72º/1 do CPP. No que se refere ao lesado, quem tiver sido informado de
que pode deduzir pedido de indemnização cível, nos termos do art.75º/1 do
CPP, ou que de alguma forma se considere lesado, pode manifestar no processo
até ao encerramento do inquérito o propósito de o fazer (ver art.77º do CPP).

Inquérito
Fase processual destinada à investigação da existência de um crime, bem como ao
apuramento dos seus agentes, respetivas responsabilidades, à descoberta e recolha de
provas e terminará com uma decisão sobre a acusação, art.262º/1 do CPP.
Finalidades acessórias: o apuramento dos danos causados pelos crimes, identificação
dos responsáveis pela indemnização.
Cabe ainda a fundamentação da aplicação de medidas de coação e garantia patrimonial,
nos termos do art.196º e ss. do CPP. (arts.196º ao 203º do CPP)
A notícia do crime é o momento em que desencadeia o inquérito, arts. 48º, 241º e 262/2
do CPP. Ressalvem-se as seguintes exceções:
 Os crimes semipúblicos, que dependem de participação ou acusação particular,
art.49º e 50º do CPP, em que a promoção do processo penal por parte do MP
está dependente do exercício do direito de queixa por parte dos respetivos
titulares, art.113º e 117º do CP. Caso não seja apresentada queixa ou
participação, o MP carece de legitimidade para abrir o inquérito;
 Se a notícia for de crime público, o MP terá que obrigatoriamente abrir
inquérito, havendo concurso de crimes, prevalece o art.52º do CPP;
Processo Penal

 Se perante a notícia do crime o MP obtiver a certeza que o crime não pode ser
punível, também não poderá desencadear processo, art.53º/2, alínea a do CPP.
No âmbito do inquérito destacam-se os princípios da oficialidade, legalidade,
acusação, inquisitório, contraditório, publicidade (excetuando-se as situações de
segredo de justiça).
Competência do inquérito
A direção do inquérito cabe ao MP, assistido pelos órgãos de polícia criminal que atuam
sobre a sua direção e na sua dependência funcional. Para além de dirigir o inquérito, o
MP possui as funções previstas nos art.50º/2 e 53º do CPP.
NOTA (órgãos de polícia criminal): São todas as entidades e agentes policiais a quem
caiba diligenciar todos os atos ordenados por uma autoridade judiciária ou determinados
pelo MP. Os órgãos de polícia criminal são sempre competentes para procederem em
investigações e devempraticar os atos cautelados e necessários com vista assegurar os
meios de prova, art.249º/1 do CPP.
(arts.264º e 266º do CPP - competências do MP para a realização do inquérito)
 Nulidade
Constitui nulidade insanável, que deve ser oficiosamente declarada em qualquer
fase do processo, a falta de promoção do processo pelo MP, nos termos do
art.48º do CPP, bem como a falta de inquérito nos casos em que a lei determine
a sua obrigatoriedade (art.119º, alínea b do CPP).
A falta ou a insuficiência de alguns atos de inquérito constitui uma nulidade
dependente de arguição, art.120º/2 alínea d do CPP.

Atos de inquérito
 Atos praticados pelo MP
Ele pratica todos os atos com vista à descoberta dos agentes em ordem a proferir
os seus fins, arts.262º/1, 267º, 268º e 271º do CPP.
 Atos delegados nos órgãos de polícia criminal
Nos termos do art.270º/ 1 e 2 do CPP, o MP pode conferir aos órgãos de polícia
criminal o encargo de procederem a quaisquer diligências e investigações
relativas ao inquérito. Porém, para além dos atos que são de exclusiva
responsabilidade do juiz de instrução, existem outros atos que não podem ser
delegados e que são:
 O reconhecimento de depoimentos ajuramentados, art.138º/3 do CPP;
 A ordem de efetivação de perícia, art.154º do CPP;

Instrução
É a fase processual que ocorre entre o inquérito e o julgamento, tendo o seu regime
regulado no art.286º e ss., do CPP.
A instrução visa a comprovação judicial de deduzir a acusação ou arquivar o inquérito,
com vista a submeter ou não, o arguido a julgamento. Consoante o resultado da
atividade investigatória, o MP encerra a fase de inquérito, arquivando o processo nos
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termos do art.277º do CPP, ou em alternativa, deduz acusação nos termos do art.283º


do CPP, ou profere um dos despachos previstos no art.280º, do CPP.
Tratando-se de crime particular, ou o arguido e o assistente se conformam com a decisão
de arquivamento do processo ou de acusação, ou não se conformam e requerem a
abertura de instrução (isto para os crimes particulares), nos termos do art.285º, do CPP.
Assim, a fase de instrução termina com um despacho de pronúncia ou não pronúncia,
ela é formada por um conjunto de atos de instrução que o juiz entenda diligenciar e por
um debate instrutório, no qual podem participar o MP, o arguido, o defensor, o assistente
e os seus representantes.
Em regra, as partes civis estão excluídas de participar no debate instrutório, dado que a
instrução se destina à comprovação judicial de arquivar ou acusar, nada tendo a ver com
a responsabilidade quanto ao pedido de indemnização cível. Ao contrário do inquérito,
que é dirigido pelo MP, a instrução é dirigida pelo juiz, art.288º/1, do CPP. O juiz de
instrução pode no entanto, ser assistido pelos órgãos de polícia criminal, a quem pode
conferir o encargo de procederem a quaisquer diligências e investigações relativas à
instrução.
As regras de competência relativas ao Tribunal são aplicáveis ao juiz de instrução,
art.288º/2, do CPP. Nenhum juiz pode intervir em julgado, recurso ou pedido de
revisão de processos em que tiver presidido a debate instrutório.
Quanto à abertura de instrução, esta pode ser requerida no prazo de 20 dias a contar da
notificação da acusação. Contudo, quando a notificação, isto é, o procedimento se
revelar de excecional complexidade, nomeadamente pelo número de ofendidos e
arguidos, o juiz pode ordenar o prazo de 30 dias.
Quanto à finalidade, pretende-se que com a abertura de instrução que o arguido
demostre a sua discordância relativamente à acusação e nesse sentido o arguido
pretende que o juiz ao proferir despacho, não venha acusado ou pronunciado de forma a
ser submetido a julgamento.
Quanto ao encerramento da instrução, o juiz deverá encerrar a instrução nos prazos
máximos de 2 meses, se houver arguidos presos ou sobre a obrigação de permanência
na habitação, ou de 4 meses em alternativa se não houver arguidos presos. Contando-se
o prazo a partir do requerimento para a abertura de instrução.
A prisão preventiva extingue-se quando desde o seu início tiverem decorridos 8 meses,
sem que tendo havido lugar em instrução tenha sido proferida decisão instrutória,
art.215º, al. b), do CPP.
Encerrado o debate instrutório, o juiz profere despacho de pronúncia ou não pronúncia,
que é logo ditado para a ata.
Despacho de pronúncia e não pronúncia
Se até ao encerramento da instrução tiverem sido recolhidos indícios suficientes de se
terem verificado os pressupostos de que depende a aplicação ao arguido de uma pena ou
medida de segurança, o juiz por despacho, pronúncia o arguido pelos respetivos factos,
caso contrário profere despacho de não pronúncia.
Processo Penal

Em qualquer das situações, o juiz começa por atender às nulidades e outras questões
prévias ou incidentes que sejam do seu conhecimento. O objeto de despacho de
pronúncia deverá ser substancialmente o mesmo da acusação formal, ou implícito no
requerimento de instrução, considerando que o juiz está libertado pelos factos que
constam da acusação (princípio da vinculação temática).
Quando for proferido despacho de pronúncia o juiz deve proceder ao reexame dos
pressupostos de prisão preventiva, bem como da obrigação de permanência na
habitação, art.213º/1, al. b), do CPP. Sem prejuízo desse poder fundamental, às razões
de facto e de direito que resulta, da acusação ou no requerimento de abertura de
instrução é correspondentemente aplicável o disposto na acusação pública, art.308º e
283º/2 e 3, do CPP.

Julgamento
A matéria do julgamento encontra-se regulada nos arts.311 a 380, do CPP.
Concluído o inquérito, osautos ficam à guarda do MP ou são remetidos ao Tribunal
competente para instrução e julgamento.
O julgamento sendo a fase nuclear do processo penal, tem lugar logo após a dedução de
acusaçãopelo MP (nos crimes públicos e semipúblicos) ou ainda após o despacho de
pronúncia se esta tiversido requerida.
O julgamento contém três momentos:
1. A instrução, na qual se produz a prova destinada a comprovar os factos alegados;
2. A discussão, que consiste essencialmente na apreciação crítica da prova sobre a
matéria de facto que seja relevante para a decisão da causa;
3. O julgamento propriamente dito, que visa a decisão do mérito final sobre o processo.
Na fase de julgamento vigoram vários princípios de que se destacam, o princípio do juiz
natural, da investigação ou verdade material, da oralidade, do contraditório, da livre
apreciação da prova e in dúbio pro reo.
Atos preliminares à audiência
Relativamente ao saneamento do processo, independentemente de ter havido instrução,
tendo sidos recebidos os autos no Tribunal, o presidente pronuncia-se sobre nulidades e
outras questões prévias ou incidentais, que por si obstem a apreciação de mérito da
causa de que possa desde logo conhecer, art.311º, do CPP.
Aqui deverá apreciar-se por um lado:
a) A competência do Tribunal, sendo que se este não for competente o processo não
deverá avançar, art.10º, do CPP;
b) Legitimidade daquele que deduziu acusação (MP ou assistente).
Caso não tenha havido instrução e se o processo foi remetido para julgamento, o
presidente pode despachar no sentido de rejeitar a acusação, caso a considere
manifestamente infundada, art.311º/2, al. a), do CPP. Por outro lado, o presidente
Processo Penal

também não deverá aceitar a acusação do assistente ou do MP, na parte em que ela
represente uma alteração substancial dos factos,arts.284º/1 e 285º/4, do CPP.
(Ver art.399º, do CPP)
Do despacho que determina a realização da audiência após as questões resolvidas na
fase de saneamento do processo, deverá constar em termos precisos, o dia, a hora, e
local para a realização da audiência.
Sempre que o arguido se encontrar em prisão preventiva, a data da audiência, dever ser
fixada com precedência sobre qualquer outro julgamento, art.312º/3, do CPP.
Este despacho tem que conter alguns elementos sob pena de nulidade, art.313º/1, do
CPP. Cumpre ainda referir que este despacho terá de ser notificado com antecedência
mínima de 30 dias, ao MP, ao arguido, ao seu defensor, etc., art.314º/1, do CPP.
Referência às notificações por editais
Se após terem sido realizadas as diligências necessárias à notificação do despacho que
designar odia para a audiência e ainda assim não seja possível entrar/notificar o arguido,
este é notificado por editais para se apresentar em juízo num prazo até 30 dias, sob pena
de ser declarado contumaz.
Os editais contêm indicações que visam a identificação do arguido, do crime que lhe é
imputado, das disposições legais que o punem e a comunicação de que se não se
apresentar no prazo legal é declarado contumaz.
A notificação edital é feita mediante a fixação de um edital na porta da última residência
do arguido e sempre que tal se mostre conveniente poderá ser ordenada a notificação
edital através da publicação de anúncios em dois números seguidos de um dos jornais
com maior circulação.
Declaração de contumácia
A declaração de contumácia pressupõe que o arguido nunca tenha tido qualquer
intervenção no processo e que o seu paradeiro seja desconhecido, a declaração de
contumácia implica a suspensão imediata dos posteriores termos do processo até à
apresentação do arguido seguida de detenção, arts.320 e 335º/3, do CPP.
O despacho que declarar a contumácia, é obrigatoriamente registado, art.337º/5, do
CPP.

Deveres gerais na audiência


Os deveres de conduta e todos os intervenientes processuais encontram-se previstos nos
arts.85º, 87º, 323º, al. e) e 324º, do CPP.
Tratando-se de arguido, vale o disposto no art.325º do CPP. Quanto a advogados e
defensores, vejam-se os artigos 326º do CPP e arts.67º, 75º e 109º do EOA.
A audiência é pública sob pena de nulidade insanável, salvo os casos em que o
presidente por despacho fundamentado, decidir a exclusão ou a restrição da publicidade.
Processo Penal

Atendendo ao disposto nos arts.321º/3 e 326º/1 al. e), ambos do CPP, essa decisão é
sempre antecedida de audição contraditória dos sujeitos processuais.
A contraditoriedade
O presidente deve sempre garantir o contraditório e impedir a formulação de questões
legalmente inadmissíveis, art.323º, al. f), do CPP.
Continuidade
Aqui cabe dizer que a audiência deve decorrer de forma contínua até ao encerramento.
Ao abrigo da concentração temporal não deverá haver interrupções.
 Interrupções
São admissíveis nas audiências as interrupções estritamente necessárias,
nomeadamente as que se destinam a alimentação e repouso dos participantes.
Essa interrupção depende sempre de despacho fundamentado do presidente,
notificado a todos os intervenientes processuais, art.328º/5, do CPP.
 Adiamento
Por outro lado, o adiantamento previsto no nº 3 do art.328º, do CPP, consagra
que o adiamento da audiência é possível, sempre que a interrupção não se mostre
suficiente para a remoção de quaisquer obstáculos. Por exemplo, quando se
mostre necessário proceder à produção de qualquer meio de prova que não se
encontre disponível no momento em que a audiência decorre. Também quando
for necessário proceder a relatórios sociais ou de inserção social.
Em caso de adiamento, a audiência retoma-se a partir do último ato processual
praticado na audiência, art.328º/4, do CPP. Cumpre referir que o adiamento da
audiência depende sempre do despacho do presidente, art.205º, da CRP.
O adiamento não deve exceder 30 dias, na medida em que pode estar em causa a
perda da eficácia da produção da prova oral que já consta no processo,
art.328º/6 do CPP.

Efeitos da falta de comparência


Se no início da audiência não estiver presente o MP ou o defensor, o presidente procede
à substituição dos ausentes, sob pena de nulidade insanável. Em Processo Penal, é
obrigatória a existência de defensor na audiência, discussão e julgamento, sob pena de
nulidade insanável, art.334º/4, do CPP.
Quanto à falta dos assistentes e das partes civis, a audiência prossegue sendo o faltoso
admitido a intervir logo que comparecer. Cumpre referir que faltando o representante
das partes civis, isto não implica o adiamento o que significa que a ação civil pode
correr à inteira revelia das partes.
No que se refere à falta do assistente, testemunhas, peritos, etc., também não há lugar ao
adiamento da audiência e são todos eles representados pelos mandatários constituídos,
art.331º/1, do CPP. De salientar ainda, que as faltas injustificadas desencadeiam os
processos previstos no art.116º, do CPP.
Processo Penal

 A presença e a falta do arguido no processo penal


Em regra, é obrigatória a presença do arguido na audiência nos termos do
art.332º, do CPP.
No entanto, existem situações em que é admitida a realização da audiência na
sua ausência, nomeadamente os casos de doença pelo arguido. Nos termos do
art.32º/6, da CRP, a lei define os casos em que pode haver dispensada a
presença do arguido. Contudo a audiência de julgamento só pode realizar-se na
ausência do arguido, se este:
o Tiver prestado termo de identificação e residência, com defensor
constituído, arts.196º/3, al. d) e 333º, do CPP;
o Não comparecer na data designada, tendo sido notificado do despacho,
com a comunicação de que se faltar, a audiência terá lugar na sua
ausência;
Sempre que o Tribunal considere absolutamente indispensável a presença do arguido,
interrompe ou adia a audiência se isso se mostrar necessário, art.334º/3, do CPP.
Sempre que a audiência tiver lugar na ausência do arguido, este é representado por
defensor, art.334º/4, do CPP.
Havendo conexão de processos, os arguidos presentes e ausentes são julgados
conjuntamente, salvo se o tribunal tiver por conveniente a separação de processos.
A sentença é notificada ao arguido ausente por força do disposto no art.334º/6, do CPP.
Caso ocorra falta injustificada de comparência do arguido, este deve ser condenado ao
pagamento de uma coima entre 2 a 10 UC.
Produção de prova em audiência
Constituem objeto de prova todos os factos juridicamente relevantes para existência ou
inexistência de crime, bem como a punibilidade ou não do arguido e a determinação da
pena ou da medida de segurança. Se houver pedido de indemnização cível, constitui
objeto da prova, os factos relevantes para a determinação da responsabilidade civil. Em
regra, a produção de prova em Tribunal assenta nos factos trazidos aos autos. Contudo,
se o Tribunal assim o entender, poderá requerer outros meios de prova nos termos do
art.340º/1 e 2, do CPP, (princípio da oficiosidade).
Todos os meios de prova são submetidos ao princípio do contraditório, mesmo que
tenham sido produzidos pelo Tribunal, art.327º, do CPP. Os requerimentos de prova são
indeferidos de despacho nas seguintes situações:
 Quando a prova for legalmente inadmissível, art.340º/3, do CPP;
 Quando for notório que as provas requeridas são supérfluas ou irrelevantes.
Considerando o princípio da proibição da valoração da prova não valem em julgamento,
nomeadamente para formação de convicção do Tribunal, quaisquer provas que não
tenham sido produzidas em Tribunal. Ressalve-se, porém, as provas contidas em atos
processuais cuja leitura, visualização ou audição em audiência sejam permitidas,
arts.356º e 357º, do CPP.
Processo Penal

O Tribunal só pode proferir sentença condenatória, se tiver plena convicção de que o


arguido praticou o crime, ficando com dúvidas o juiz deve absolver com base no
principio in dúbio pro reo.
A ordem de produção de prova é a seguinte (art.341º, do CPP):
1. Declaração do arguido, arts.342º a 345º, do CPP (a produção de prova começa com
adeclaração do arguido e termina com ela);
2. Apresentação dos meios de prova indicados pelo MP, assistente e lesado;

3. Apresentação pelos meios de prova apresentados pelo arguido e pelo responsável


cível. Esta ordem só pode ser alterada pelo presidente ao abrigo do art.323º, do CPP,
(poderes de disciplina e direção).
Declaração do arguido
(arts.341º, 342º e 343º, do CPP)
O arguido é obrigado a prestar declarações sobre a existência de processos pendentes e a
sua entidade. O presidente deve informar sempre o arguido, de que tem o direito a
prestar declarações em qualquer momento da audiência. Contudo, o seu silêncio não
poderá desfavorecê-lo.
O arguido poderá tomar uma das seguintes posições:
• Não prestar declarações;
• Confessar os factos em que assenta a acusação;
• Negar os factos da acusação, ou;
• Prestar um depoimento confuso.
Confissão - art.344º/1, 2 e 3, do CPP.
Assistente e partes civis - arts.346º/1 e 2, 347º/1 e 2 e 356º/1 a 6, do CPP
Testemunhas
O rol de testemunhas de defesa deve ser indicado na contestação ou no prazo a que ela
houver lugar, art.315º, do CPP.
O rol de testemunhas só pode ser alterado nos termos do art.316, do CPP e tem que ser
comunicado às partes até 3 dias antes da data fixada para a audiência arts.315º, 348º/2 e
6 e 356º/6, do CPP.
A prova testemunhal que é também apreciada segundo a livre convicção do julgador,
art.127º, do CPP.
Prova pericial (arts.151º e ss., do CPP)
De todo o tipo de provas esta é a que menos dúvidas levanta.
(ver art.351º/1, do CPP)
Processo Penal

A prova pericial presume-se subtraída à livre convicção do julgador e nesse sentido,


sempre que a convicção do julgador venha a divergir do depoimento do perito, terá de
haver fundamentação para a divergência art.163º/2, do CPP.
Prova documental
O regime da prova documental encontra-se nos arts.164º a 170º, do CPP.
A prova documental traduz uma declaração, sinal ou notação corporizada em escrito ou
através de qualquer meio técnico, nos termos gerais da lei penal, art.255º/al. a), b) e c),
do CP. Também aqui deverá ser assegurado o princípio do contraditório, art.165º, do
CPP.
(Ver arts.283º/3, al. f), 284º/2 e 285º/3)
O valor provatório da prova documental consta do art.169º, do CPP, nos termos do qual
devem considerar-se provados os factos materiais que neles constem. Tratando-se de
documento particular, o seu valor provatório é também apreciado nos termos gerais do
art.127º, do CPP.
Se no decurso da audiência se verificar uma alteração não substancial dos factos, o
presidente oficiosamente ou a requerimento, comunica a alteração ao arguido e
concede-lhe o tempo estritamente necessário para a preparação da defesa. Só assim não
será, se a alteração tiver derivado de factos alegados na defesa. Da mesma forma se
deve proceder quando o tribunal alterar a qualificação jurídica dos factos descritos na
acusação ou na pronúncia, art.358º, do CPP.
No que se refere à alteração substancial dos factos, esta para além de não poder ser
tomada em conta pelo tribunal para o efeito de condenação do processo em curso, não
implica a extinção da instância, art.359º, do CPP.
Contudo, é de salientar que é nula a sentença que venha a condenar por factos diversos
ou distintos dos descritos na acusação ou na pronúncia e fora dos casos e das condições
previstas no art.359º do CPP.
(ver art.379º/1 al. b), do CPP)

Alegações orais
Finda a produção de prova, concede-se a palavra sucessivamente ao MP, aos advogados
dos assistentes e das partes civis e ao defensor para alegações orais nas quais exponham
as conclusões de facto e de direito que hajam extraído da prova produzida, arts.323º al.
g) e 360º, do CP.
As alegações orais não são um meio de prova, mas sim uma síntese conclusiva das
provas produzidas.
Últimas declarações do arguido e encerramento da discussão
Após as alegações orais, o presidente pergunta ao arguido se tem algo mais a dizer em
sua defesa, art.361º, do CPP.
Processo Penal

Com efeito, corresponde à última oportunidade de exercício do direito de defesa antes


da deliberação da decisão do Tribunal. Aqui poderá, neste momento, o arguido
reafirmar a sua inocência e mostrar o seu arrependimento. De seguida o presidente
declara encerrada a discussão, sendo que se segue a deliberação, arts.361º/1, 365º e ss.
e 371º, do CPP.
(Ver arts.362º a 364º, do CPP)

Sentença

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