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Apontamentos Direito das Obrigações I

Direito das Obrigações I (Instituto Politécnico de Castelo Branco)

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S.L. - Direito das Obrigações I - 1º ano – 2º semestre

Avaliação:

2 frequências:
- 14 de Abril
- 19 de Maio

- validar sumários que estarão Lá as páginas estudadas na aula


(relativamente ao manual indicado pelo professor)

Bibliografia:

 Bibliografia obrigatória - ANTUNES VARELA, João de Matos, Das


Obrigações em Geral, Vol. I, Almedina, Coimbra, reimpressão da 10a
edição, 2017; - ANTUNES VARELA, João de Matos, Das Obrigações
em Geral, Vol. II, Almedina, Coimbra, Reimpressão da 7.a edição,
2017; 2.

 Bibliografia Complementar - COSTA, Mário Júlio de Almeida,


Contrato-promessa , Uma síntese do regime vigente , 9a ed. Revista
e atualizada, Almedina, Coimbra, 2007;

 COSTA, Mário Júlio de Almeida, Direito das Obrigações, 12.a Edição-


Reimpressão, Almedina, Coimbra, 2020;

 JUSTO, A Santos, Studia Iuridica 76, Direito Privado Romano, Vol. II


(Direito das Obrigações), Coimbra Ed., 6a edição, 2017;

 LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito das Obrigações, vol I,


Reimpressão da 16a ed. Almedina 2022;

 OLIVEIRA, Nuno Manuel Pinto, Direito das Obrigações, vol. I,


Almedina, Coimbra, 2005;

 SILVA, João Calvão da, Sinal e contrato-promessa, reimpressão 15a


ed. Almedina, Coimbra, 2021

- Código Civil – levar sempre para a aula, o manual não é obrigatório


levar.

Conjunto de normas jurídicas, conjunto relações crédito

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Conjunto relações crédito – É um direito subjectivo atribuído que


corresponde a uma obrigação que tem com outra pessoa. Exemplo: se o
comprovativo é o senhor Manuel, eu fico com obrigação de pagar, e o
senhor Manuel fica com o direito de receber o valor.

Obrigações – serve para garantir que o credor receba a prestação.

Objectivo das obrigações – Pagar o preço e receber o produto.

Cumprimento das obrigações – ao pagar o preço, a obrigação


extingue-se.

Direitos reais – são duradouros.

Obrigação em sentido sintético jurídico.

Dever jurídico – é uma ordem que é imposta a uma determinada


pessoa, que tem o dever de cumprir esse comportamento senão cumprir
terá sanções. Exemplo: se a pessoa não paga o valor da TV no dia
seguinte ou se não pagar, não cumpriu o seu dever a que estava obrigado
a cumprir. O vendedor pode ir junto do Tribunal pedir para uma ação para
que a pessoa que lhe pague a TV, que vai a tribunal apreender a TV com
uso da força do Tribunal a pessoa terá sanções jurídicas.

- Dever jurídico não é igual ao dever obrigacionais, o dever jurídico é mais


abrangente.

Estado de sujeição – é o lado passivo do direito administrativo.

Direito protestativo – é um poder conferido à outra pessoa de criar,


notificar ou extinguir relações jurídicas e a outra pessoa nada pode fazer.
Exemplo: casamento – 2 pessoas são casadas viram uma delas pode pedir
o divórcio, se já estiverem separados há 1 ano seguido. Artigo 1781 do
código civil e artigo 1550 do código civil – certidão de passagem.

Princípio liberdade contratual – dentro dos limites da lei as partes têm


a faculdade de fixar livremente o conteúdo dos contractos, celebrar
contractos diferentes.

Ónus jurídico – Comportamento necessário de um direito ou realização


de um interesse próprio.

Ónus – é a necessidade de entender um determinado comportamento,


não é um dever e não vai beneficiar de benefícios.

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- Deveres/direitos ou poderes funcionais. Exemplo: deveres cívicos dos


cônjuges; poder paternal.

Direitos subjectivos – É a situação jurídica consagrada por uma norma


do qual o titular tem direito a um determinado acto face ao destinatário.

Obrigação – é o vínculo jurídico que obriga, a outra a realização de uma


prestação. Não abrange só o lado passivo (Devedor) como o lado activo
(credor).

Prestação – é uma actividade.

Obrigações autónomas – nasce sem nenhum vínculo anterior.

Manual – matéria dada até a página 70.

Elementos constitutivos da obrigação

Existem 3:
 sujeitos (titulares da obrigação relacional),
 objecto da obrigação (o que é devido – prestação debitória) e por
fim
 o vínculo (conjunto de poderes que liga o credor ao devedor)

Sujeitos – o que são? Titulares da obrigação relacional (activo e passivo).


O credor, o que tem direito a receber a prestação, o que tem interesse em
receber o que tem direito, o credor é titular de um direito subjectivo e por
isso mesmo tem o poder de exigir o cumprimento da prestação por parte
do devedor, pode ser de forma voluntária ou não. Caso não cumpra de
forma voluntária. O credor tem formas de exigir o pagamento com o
recurso a outros meios. Os meios que ordem jurídica põem ao direito do
credor, podem ser usados ou não por ele, o credor é livre de exigir ou não
o cumprimento da prestação, sem que lhe seja imposta qualquer sanção.
Significa que ao se ser credor e caso alguém não nos pague, se
porventura não pagar, podemos usar os meios jurídicos para o “uso da
força” – condenação (para pagar a quantia, caso não pague podem ser
executados as posses do devedor)
O crédito pode ser transmitido para terceiros ou ser substituído por outro
objecto. Não é obrigatório instaurar a acção executiva - art.º 837 Código
civil.

O credor é o sujeito activo da prestação, o devedor é a pessoa que tem a


obrigação de cumprir a prestação. O Credor tem uma posição de
supremacia, o devedor tem uma posição de subordinação jurídica. Uma
vez que é sob o devedor que recaem as sanções previstas na lei.
Quando não se cumpre a obrigação é um acto ilícito civil, não se esta a
cumprir a lei. E o credor ao abrigo do 817 do CC fica com o poder de
executar o património do devedor.

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As relações obrigacionais distinguem-se das relações reais.

Os direitos reais opõem a um número determinado de pessoas (ex.: a


nossa carteira, os outros não lhe podem mexer) os direitos obrigacionais
são normalmente entre duas pessoas.

Para que exista uma obrigação temos que obrigatoriamente de saber


quem é o devedor e o credor, isto designa a obrigatoriedade. Se não se
souber quem é o credor não existe obrigação. No momento em que se
constitui a obrigação, poderemos não saber quem é o credor, mas tem
que ser determinável – art.º 511 do CC.

Exemplos: art.º 459 nº1 do CC – o Valentino loureiro quando se


candidatou à câmara municipal anunciou publicamente (promessa
publica) que se ganhasse dava um frigorifico a todos os lares da região.
Há aqui uma obrigação uma vez que é um anúncio publico ele é obrigado
a dar os frigoríficos. Neste caso não se determina quem é à partida o
credor, contudo após análise valida-se que são os lares da região.

Art.º 452 do CC – nomear um terceiro para ocupar a sua posição


contratual, ex.: CPCV em que compro uma casa, mas nas escrituras vai
uma outra pessoa em meu lugar.

Podemos não saber quem é o credor da obrigação (quem tem o direito de


comprar) contudo no momento da celebração do contracto tem que se
saber quem é o credor, não sabendo é uma obrigação nula.

A obrigação é singular quando de um lado há apenas um credor e um


devedor.

A obrigação pode ser plural tendo vários credores e devedores, ou só


haver um credor e vários devedores ou vice-versa.

Podemos ter modificação de sujeitos nas obrigações, a obrigação manter-


se a mesma, mas os sujeitos passarem a ser outros, mudar só um deles
ou ambos, sujeito A é credor de B, o B deve 1000€, o A morre, os
sucessores do A passam a ser os credores (descendentes que podem ser
os 2 filhos por ex.).

Art.º 577 do CC – na sequência da crise de 2011, algumas entidades


bancárias estiveram à beira da insolvência (ex. Novo Banco, Montepio)
muitas destas instituições cederam milhares de créditos a outras
entidades financeiras (créditos em risco) que foram vendidos a outros,
tendo sido alterado o credor – Cessão de créditos.

Art.º 589 do CC – se não for o devedor a cumprir a obrigação e for outra


pessoa, essa pessoa passa a ser o devedor.

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Art.º 627 do CC – alugar uma casa, o senhorio pede um fiador, o principal


devedor é quem arrenda, mas se ele não pagar e não tiver património que
permita pagar a renda, será o fiador a pagar a mesma. Não pagando a
renda e não tendo património o senhoria ira solicitar o pagamento ao
fiador, levando ao art.º 644 do CC levando a que o fiador passe a ser o
devedor.

Art.º 595 e seguintes do CC – 2 irmãs que assumiram o pagamento de


uma divida que não lhes pertencia, o credor pedia milhares de € a uma
empresa de rações e as filhas do dono, contactaram o credor e as
mesmas assumiram a divida em nome do pai que era o titular da
empresa. - Assunção de divida.

Novação objectiva – art.º 857 do CC – quando se dá uma nova obrigação


extinguindo-se a anterior entre o devedor e o credor (muda a obrigação,
mas mantém-se os sujeitos).

O objecto da obrigação:

O que é devido, a chamada prestação “debitória”, prestação que é devida


pelo devedor, é um comportamento que pode ser positivo ou negativo.
Facer – fazer
Non facere – não fazer

A prestação consiste numa actividade ou acção de um devedor, (por ex.:


transporte de mercadorias, dar uma consulta) – prestação positiva

Contudo por ser ou permissão ou omissão – non facere – não fazer


(assumir a obrigação de não vender um produto da concorrência, não usar
algo que lhe é dado para guardar (ex.: uma mala, só guardar e não usar) –
comportamento negativo.

Objecto
Objecto de obrigação pode ser imediato ou mediato – o imediato
consiste na actividade que é devida (entrega de algo) comportamento
exigido ao devedor. O objecto mediato consiste no objecto em si (ex.: na
entrega da mala, a entrega é o objecto imediato e a mala é o objecto
mediato).

Modalidades da prestação:

Podem ser facto ou coisa, a de facto consoante o objecto de obrigação se


esgota em facto ou coisa.

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Prestação de facto - acontecem quando o objecto de prestação se


esgota em facto, assumem importância de ponto de vista económico.
(Estudo de viabilidade económica – prestação de facto)

Prestação de coisa – acontecem quando o objecto da prestação é uma


coisa - entregar uma mala é uma prestação de coisa. Ex: art.º 1031 do CC.
– prestação de coisa (imóvel ou objecto).

Se estas prestações não forem cumpridas o credor pode instaurar uma


execução para prestação de facto, se não cumprir uma prestação de coisa
e não cumprir, o credor pode instaurar uma execução para entrega de
coisa certa.

Art.º 868 do processo código civil - citação do executado (ver online) –


cumprir um facto, o credor, pode requerer a prestação por outrem de o
facto for fungível (pode ser cumprida por outra sem prejuízo para credor),
ou seja, se alguém não cumprir pode ser cumprido por outra pessoa. Ex:
empreiteiros, vai ser executados os bens do primeiro empreiteiro para
pagar ao segundo empreiteiro.

Execução de coisa – art.º 859 do código processo civil – o credor instaura


processo de execução, sendo que o objecto é extraído ao devedor e dado
ao credor.

Prestações de facto positivo – consoante se traduzem numa acção ou


omissão. Ex: enquanto solicitador, prestamos uma prestação de facto
positiva, porque nos obrigamos a prestar uma actividade.

Prestação de facto negativa – quando o devedor se compromete a não


fazer (não vender certo produto, não transmitir conhecimentos a
empresas concorrentes) ou prestação de facto a consentir ou a tolerar
outrem, comprometemo-nos a que o credor pratique actos (ex.: terreno ao
lado de casa que pode ser usado para jogos ou festas durante x tempo).

Prestação é de Facto ou de Coisa consoante o objecto que se esgota


num facto ou numa coisa.

Prestações de facto positivo ou negativo, prestações Material ou jurídicos


consoante estejamos no objecto.
Um facto material é um facto jurídico.

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Por ex.: se Eu estou obrigado a pintar esta sala dizemos que é uma
prestação de facto material porque eu estou a prestar uma prestação de
facto, mas incorporo matéria na prestação de facto1 que eu estou a fazer.
Por outro lado, se eu estou obrigado a fazer uma prestação de facto
jurídico, por exemplo um patrocínio forense, a actividade do solicitador,
de um advogado ou do contracto de mandato

art.º 1157 CC – Noção – Mandato é o contracto pelo qual uma das


partes se obriga a praticar um ou mais actos jurídicos por conta da outra.

Exemplo de prestação de facto material - empreitada.


Artº1207 CC – Noção -Empreitada é o contracto pelo qual uma das partes
se obriga em relação à outra a realizar certa obra, mediante um preço.

Prestações de facto de direito como promessa de facto próprio tem uma


particularidade. Normalmente a prestação de facto refere-se a um facto
de um devedor.

Mas eu posso também uma coisa diferente. Eu posso prometer que um


terceiro irá realizar prestação de facto.

Suponho que uma pessoa casada no regime de adquiridos, por exemplo.


Quer vender uma casa? Mas para vender a casa? O que é que ela precisa?

Art.º 1682º – A do CC - Alienação ou oneração de imóveis e de


estabelecimento comercial
1- Carece de consentimento de ambos os cônjuges, salvo se entre eles
vigorar o regime de separação de bens:
a) A alienação Oneração, arrendamento ou Constituição de outros
direitos pessoais de gozo sobre imóveis próprios ou comuns.
b) A alienação, oneração ou locação de estabelecimento comercial
próprio ou comum.
2 - A alienação, oneração, arrendamento ou Constituição de outros
direitos pessoais de gozo sobre a casa de morada de família carece
sempre do consentimento de ambos os cônjuges.

Isto significa que mesmo que esteja casado no regime de comunhão de


adquiridos e tenha bens próprios bens que são só do próprio, este não
pode vender sem que a esposa autorize. Pode querer vender uma casa, e
pode prometer vender essa mesma casa através de um contracto de
promessa, compra e venda e pode prometer que a esposa dará o
consentimento no dia da Escritura para que a venda seja válida.

Se a esposa não der o consentimento, a sanção é a anulação dos do


negócio jurídico, artª 1687 do CC.

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O negócio pode fazer-se na mesma, só que está viciado. Pode ser anulado
logo que a esposa tenha conhecimento. A esposa pode vir pedir a
anulação do negócio e este fica invalidado.

O que é que é uma prestação de facto de terceiros?


Com promessa de facto própria.

Uma pessoa pode prometer que outra vai realizar uma prestação
de facto? Neste caso, vai dar o consentimento, isto é válido. Pode ser
feito, aliás conforme artigo 398, número 2 do CC “A prestação não
necessita de um valor comunitário, mas deve correspondera um interesse
do credor, digno de protecção legal.”
Portanto, as promessas de facto terceiro são válidas.

E qual a eficácia desta promessa? Se a esposa não cumprir, terá


que indemnizar outra pessoa?
Artigo 406, número 2 do CC estabelece que “Em relação a terceiros, o
contracto só produz efeitos nos casos e termos especialmente previstos
na lei.”
A promessa não vincula o terceiro.

Quais as consequências do não cumprimento da promessa feita?


Se esposa não der o consentimento?
Tudo depende do que se tiver acordado com a outra pessoa. Nos acórdãos
sobre esta matéria verifica-se que os órgãos distinguem as obrigações de
meios. Nas obrigações de resultado tem a ver com aquilo que tiver
acordado com outra pessoa.

Primeira hipótese: eu apenas me obriguei a tentar que a minha mulher


dê o seu consentimento, não me responsabilizando na hipótese de a
minha mulher não querer ou não poder cumprir. Não haverá nenhum
sansão para mim. Portanto, obrigação de meios.
Se eu me obriguei a tentar que a minha mulher dê o seu consentimento,
obriguei-me a um resultado. Eu tenho que indemnizar a outra parte. É
chamada obrigação de resultado. Caso a minha mulher não queira, não
posso
Se Eu me obriguei a um resultado. Obriguei-me a garantir que o terceiro
preste esse mesmo facto prometido.

Regimes de casamento e separação de bens:

Regime da comunhão geral de bens - Pouco frequente actualmente.


Segundo o qual todos os bens trazidos antes do casamento e fora do
casamento, passam a ser bens comuns.
Regime da comunhão de adquiridos - Os bens passam a ser comuns
apenas os adquiridos após o casamento.
Regime da separação de bens - há uma separação patrimonial. Ou
seja, não há bens comuns. Apenas há bens próprios.

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Para consultar jurisprudência: www.dgsi.pt base de dados oficial dos


tribunais.

Prestações de coisa.

São 3 modalidades:
Primeira modalidade das Prestações de coisa tem a ver com artigo 408
nº1 do código civil, doutrina dominante, obrigação de dar. Por regra, o
nosso direito a Transmissão do direito de propriedade ocorre por mero
efeito do contracto.

Artigo 408 contractos com eficácia real número 1 do CC - A Constituição


ou a transferência de direitos reais sobre coisa determinada dá-se por
mero efeito do contracto, salvo as excepções previstas na lei.

Significa que, se quisermos comprar um prédio urbano, um palheiro, uma


fábrica etc. nós outorgámos a escritura pública ou documento particular
autenticado, se quisermos adquirir o direito de propriedade de uma coisa
imóvel.

Art.º 875 do CC -Forma - Sem prejuízo do disposto eleitos em lei especial.


O contrato de compra e venda de bens imóveis só é válido se for
celebrado por escritura pública ou por documento particular autenticado

Se comprarmos uma casa entre 2 particulares, escrito um papel qualquer,


esse documento não é válido. A venda seria nula. A não observância da
forma legal implica a nulidade do negócio jurídico.
A nulidade está prevista nos artigos 219º e 220 do CC.

Artigo 219º do CC - Liberdade de forma-A validação da declaração


negocial não depende da observância de forma especial, salvo quando a
lei exigir.
Artigo 220 do CC - inobservância da forma legal- a declaração negocial
que careça da forma legalmente prescrita é nula quando outra não seja a
sensação, especialmente prevista na lei.

Resumindo a nossa lei Impõe para alguns negócios jurídicos a observância


de determinadas formalidades, como é o caso da compra e venda de
imóveis. O nosso ordenamento jurídico considera que estes são os bens
mais importantes e, portanto, nós não podemos transmitir bens reais
como imóveis de qualquer forma, por uma questão de segurança, de
certeza.
Se não for cumprida esta formalidade, o negócio é nulo.

Quais são as consequências da nulidade?


Artigo 289 do CC -Efeitos da declaração de nulidade e da anulação –

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1. Tanto a declaração de nulidade como a anulação do negócio têm efeito


retroactivo, devendo ser restituído tudo o que tiver sido prestado ou, se a
restituição em espécie não for possível, o valor correspondente.
2. Tendo alguma das partes alienado gratuitamente coisa que devesse
restituir, e não podendo tornar-se efectiva contra o alienante a restituição
do valor dela, fica o adquirente obrigado em lugar daquele, mas só na
medida do seu enriquecimento.
3. É aplicável em qualquer dos casos previstos nos números anteriores,
directamente ou por analogia, o disposto nos artigos 1269.º e seguintes.

Portanto, tem de devolver o dinheiro recebido e a casa tem que ser


devolvida. Não há direito a juros. É como se o negócio nunca tivesse
existido.

Artigo 408 do CC.


A regra que está estabelecida no nosso direito é que a propriedade se
transmite no momento em que se celebra o contracto de compra e venda.
Portanto, se eu quiser comprar um apartamento?
No momento em que celebro a escritura pública passo a ser proprietário
do apartamento, mesmo que a chave não tenha sido entregue. Naquele
preciso momento eu passo a ser o proprietário. O direito de propriedade
transmite-se por mero efeito do efeito do contracto. Não é necessário o
acto de entrega da coisa. Por isso é que a doutrina fala em obrigação de
dar.

Obrigação de dar é quando se transfere por mero efeito do contracto


um direito real sobre a coisa.

A doutrina fala também em obrigação de entregar.


Exemplo:
Artigo, 1031do CC. Enumeração.
São obrigações do locador:
a) Entregar ao locatário a coisa locada
b) Assegurar-lhe o gozo desta para os fins a que a coisa se destina.

É Quando não entregamos a coisa, mas transferimos a mera posição da


mesma, a mera guarda, a mera utilização, o mero uso da coisa.
Só se transmite estes mesmos poderes de utilização da coisa.
Não se transmite o direito de propriedade da coisa.
Art.º 1031 alínea a) do CC. O locador tem obrigação de entregar ao
locatário a coisa. Ou seja, vamos admitir que estamos no âmbito do
arrendamento urbano. O senhorio que arrenda um apartamento está
obrigado a entregar a coisa arrendada ao arrendatário para que ele possa
utilizar. Mas não se está a transmitir nenhum direito real, não se está a
transmitir nenhum direito de propriedade.
Isto é uma relação obrigacional de um contracto de arrendamento
celebrado entre ambas as partes em que o senhorio continua a ser
proprietário do imóvel, apenas faculta utilização do mesmo.

Por fim, a chamada obrigação de restituir.

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Acontece quando o credor recupera novamente a detenção da coisa, ou


seja quando no final do contracto o locatário tem que me devolver a coisa
locada - Artº1038 – Enumeração - i) do CC “Restituir a coisa locada findo o
contracto.”

O mesmo se passa no comodato, o que é o contracto comodato?


Artº1129 -Noção – Comodato é o contracto gratuito pelo qual uma das
partes entrega à outra certa coisa, móvel ou imóvel, para que se sirva
dela, com a obrigação de a restituir

Prestação de facto material - nesta prestação de facto implica algo


material. Exemplo: artigo 1207º do CC
Prestação de facto jurídico- incorpora a prática de actos jurídicos.
Exemplo: artigo 1157º do CC

Prestações de facto terceiro como promessa de facto próprio -


uma pessoa pode prometer que outra pessoa vai autorizar a venda da
casa. As promessas de terceiro são válidas

Obrigação de meios - Se eu apenas me obriguei a desenvolver uma


série de tarefas a convencer o cônjuge a assinar o contracto de compra e
venda da casa, não haverá qualquer sanção.

Obrigação de resultado - Se eu garanti que o meu cônjuge ia assinar e


consentir o contracto de compra e venda e o meu cônjuge não puder ou
não quiser assinar, então aí terei de indemnizar a outra parte do
contracto, ou seja a pessoa que quer comprar a casa.
Nas prestações de coisa fala-se em três modalidades:
A primeira modalidade está relacionada com o artigo 408º do CC-
obrigação de dar
A obrigação de entregar- artigo 1031º a) do CC e é a segunda modalidade
das prestações de coisa. Exemplo: uma pessoa que arrenda uma casa é
obrigada a entregar ao locatário a coisa locada.
A obrigação de restituir- é quando no final do contracto, o locatário tem a
obrigação de devolver a coisa locada- artigo 1038 i) e 1129 do CC. Esta é
a última modalidade das prestações de coisa.

Prestações de coisa futura - artigo 211º do CC. As coisas futuras


abrangem coisas que não estão no poder disponente, ou então a coisa
existe, mas o mesmo não tem direito.

Diferença entre regime de venda de bens futuros e o regime de venda de


bens alheios
Regime de venda de bens futuros- artigo 893º do CC. Exemplo: O sujeito A
vende um carro a sujeito B, no entanto o mesmo carro ainda não está na
posse do sujeito A, com tudo o mesmo pensa em adquirir o carro em 15
dias.

Prestações de coisa futura

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A prestação de coisa pode ter respeito a uma coisa que é futura. Uma
coisa que não existe naquele momento. Ou que existe, mas não está na
disposição do vendedor naquele momento. Por isso é que
Artº 211 do CC - Coisa futuras
São coisas futuras as que não estão em poder do disponente ou a que
este não tem direito ao tempo da declaração negocial.
A noção de coisas futuras abrange, portanto, 2 coisas distintas.
Por exemplo, o agricultor pode vender em Março toda a produção de uvas
que vai ter em Setembro. Mas a verdade é que elas ainda não existem.

Próximo deste regime está outro que é o regime de venda de bens


alheios. O regime de Venda de coisa futura têm protecção legal. Mas a lei
não permite que eu venda uma coisa que não é minha.

Art.º 892 do CC - Nulidade da venda.


É nula a venda de bens alheios sempre que o vendedor careça de
legitimidade para a realizar; mas o vendedor não pode opor a nulidade ao
comprador de boa fé, como não pode opô-la ao vendedor de boa fé o
comprador doloso.

Art.º 893º do CC - Bens alheios com bens futuros


A venda de bens alheios fica, porém, sujeita ao regime da venda de bens
futuros, se as partes os considerarem nesta qualidade.

1º Exemplo do agricultor que em Março vende as futuras uvas que terá


em Setembro. Contra as expectativas do agricultor existe uma
tempestade e arruína totalmente a colheita. Estamos então perante a
impossibilidade de cumprimento por parte do agricultor que não consegue
prestar a coisa, mas por causa que não lhe é imputável, ou seja, ele não
tem culpa nenhuma. Ele fez tudo bem, regou, protegeu, cuidou. Fez tudo
o que estava previsto no contracto.

Artigo 795º do CC - Contractos bilaterais.


1. Quando no contracto bilateral uma das prestações se torne impossível,
fica o credor desobrigado da contraprestação e tem o direito, se já a tiver
realizado, de exigir a sua restituição nos termos prescritos para o
enriquecimento sem causa.
2. Se a prestação se tornar impossível por causa imputável ao credor, não
fica este desobrigado da contraprestação; mas, se o devedor tiver algum
benefício com a exoneração, será o valor do benefício descontado na
contraprestação.

2º Exemplo do agricultor que em Março vende as futuras uvas que terá


em Setembro. Contra as expectativas do agricultor existe uma
tempestade e arruína apenas parcialmente a colheita.

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Art.º 793 do CC - Impossibilidade parcial.


1. Se a prestação se tornar parcialmente impossível, o devedor exonera-
se mediante a prestação do que for possível, devendo, neste caso, ser
proporcionalmente reduzida a contraprestação a que a outra parte estiver
vinculada.
2. Porém, o credor que não tiver, justificadamente, interesse no
cumprimento parcial da obrigação pode resolver o negócio.

Voltando ao exemplo do automóvel as consequências estão previstas no


que ele se obrigou se ele apenas se obrigou a fazer todos os esforços para
que ele viesse a adquirir o automóvel. Obviamente que se ele não
consegue adquirir o automóvel, a obrigação extingue-se. Direito é bom
senso.

É possível atribuir carácter aleatório ao contracto. É muito comum nos


negócios entre os agricultores e as grandes superfícies. Significa que o
risco corre sempre por conta do comprador. Por exemplo, sou agricultor,
tenho 2 hectares e celebro um contracto com o continente, segundo o
qual toda a minha produção de uvas será entregue ao continente. Em
contrapartida, eu recebo no ano anterior 1.000.000 de euros.
Isto significa que eu tenho que cumprir um caderno de encargos
nomeadamente, as regas e outras práticas necessárias na plantação para
o bom crescimento das uvas.
Se eu cumprir este caderno de encargos, eu recebo sempre 1.000.000 de
euros, mesmo que a produção seja o dobro do expectável ou seja metade
do espectável, ou não tenha uma única uva. O risco corre sempre conta
do comprador, ou seja, estou a vender uma coisa futura que ainda não
existe. Mas eu vou receber sempre 1.000.000 de euros mesmo que não
entregue uma única uva, desde que a culpa não me seja imputável.

Art.º 880 nº2 do CC


Se as partes atribuírem ao contracto carácter aleatório, é devido o preço,
ainda que a transmissão dos bens não chegue a verificar-se.

Regime de venda de bens alheios

Art.º 892º do CC
É nula a venda de bens alheios sempre que o vendedor careça de
legitimidade para a realizar; mas o vendedor não pode opor a nulidade ao
comprador de boa-fé, como não pode opô-la ao vendedor de boa fé o
comprador doloso.

O regime de venda de bens alheios consiste na venda de um bem que não


pertence ao vendedor e por isso a venda torna-se nula.

Artigo 795º do CC- (Contractos bilaterais)

Exemplo: Um agricultor assina contracto com o Continente, o agricultor


terá de vender uma certa quantidade de uvas ao supermercado, no
entanto acontece uma chuva de granito, o qual danifica as uvas que

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seriam vendidas ao supermercado. Neste caso será impossível vender as


uvas e por isso o agricultor fica desobrigado a vender o produto ao
Continente, no entanto se o mesmo já tiver pago pelo produto, o
agricultor terá que devolver a quantidade paga.

Artigo 793º do CC - (Impossibilidade parcial)

Exemplo: O Continente resolve pagar uma certa quantia por mil toneladas
de uvas, no entanto metade da quantidade estraga-se. Neste caso o
Continente paga apenas metade da quantidade ou o agricultor terá que
devolver metade da quantia paga pelo supermercado.

Carácter aleatório - artigo 880º nº2 - o risco é sempre corrido por parte
do comprador, uma vez que o mesmo terá de pagar a mesma quantia,
independentemente do produto estiver em boas condições ou em más
condições.
Exemplo: O Continente paga 1 milhão de euros por uma certa quantidade
de um produto. O supermercado terá de pagar sempre 1 milhão de euros
independentemente se não houver produto suficiente, se o produto está
em boas condições ou em péssimas condições.

Prestações instantâneas, duradouras, fraccionárias ou repartidas

Prestações instantânea - aquela em que a prestação se esgota naquele


momento

Prestações duradouras - são prestações que se prolongam no tempo e


a duração temporal tem influência decisiva no objecto da prestação.
Exemplos: quanto mais eu gasto de gás mais eu tenho de pagar.
Estas prestações subdividem-se em duas modalidades: prestações de
execução continuada- são aquelas que se prolongam no tempo exemplo:
fornecedor do gás, da água, electricidade.

A segunda modalidade são as prestações reiteradas, periódicas ou de


contracto sucessivo- são aquelas que se prolongam exemplos: pagamento
da renda por parte do arrendatário, pagamento da electricidade, da água
etc.

Prestações fraccionadas ou repartidas - o objecto da prestação está


fixado desde o inicio e o tempo não influencia no objecto da prestação.
Exemplos: quero comprar um televisor de mil euros e acordo com o
vendedor que vou pagar o televisor em prestações iguais e sucessíveis de
10 meses (100 euros em cada prestação)

É o tempo que estabelece o objecto da prestação: Prestações


Instantâneas, Duradouras ou fraccionadas/ repartidas tem regimes
jurídicos diferentes.

1 - Prestações instantâneas - são aquelas que a prestação se esgota


no momento. Eu estou obrigado a entregar-vos o livro entregue o livro.

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Prestação instantânea. Se Eu pago o preço do televisor de uma só vez é


uma prestação instantânea.

2 - Prestações duradouras - São Prestações que se prolongam no


tempo. Dependem do factor tempo. A duração temporal tem influência
decisiva na prestação. Portanto, é o Tempo que vai fixar o objecto da
prestação. Por exemplo, fornecedor de gás, água, EDP, senhorio. Quanto
mais tempo demorar maior é a obrigação.

As prestações duradouras subdividem se em 2 modalidades:


A) -Prestações de execução continuada.
São aquelas que se prolongam ininterruptamente no tempo.
Exemplo: fornecedor de gás, água, electricidade, senhorio.

B) Prestações reiteradas. Periódicas ou contracto sucessivo.


São aquelas que se renovam em prestações singulares sucessivas.
Exemplo: Pagamento da renda por parte do arrendatário todos os meses
tem que o fazer, o caso do pagamento à água todos os meses ou
periodicamente tem que pagar água, gás, electricidade.

3 - Prestações fraccionadas ou repartidas


Porque é que são diferentes das prestações duradouras? Porque as
prestações fraccionadas ou repartidas, apesar de serem também
obrigações cujo cumprimento se prolongam no tempo, o termo da
obrigação está fixado desde o início. Ou seja, a duração do contracto não
tem influência Na prestação.
Exemplo: Quero comprar um televisor custa 1000 EUR, eu acordo com o
vendedor que vou pagar em 10 prestações iguais e sucessivas de 100
EUR cada. É verdade que são prestações que se prolongam no tempo, no
entanto, o objecto. Da obrigação está fixado desde o início.

Retroactividade.
A retroactividade tem a ver com a resolução do contracto.
Artigos 432º e seguintes do CC

O que é que significa resolver um contracto com efeitos


retroactivos?
Por exemplo, eu vou resolver um contracto porque o artigo que me foi
entregue não tens qualidades apregoadas, não serve para o fim que
estava anunciado. É de senso comum que enquanto consumidores
podemos resolver o contracto.
E a resolução do contracto tem efeitos retroactivos?
Significa que eu devolvo uma coisa e tenho direito a receber o preço de
volta. Portanto, se eu acordar comprar um televisor que custa 1000 EUR
em prestações de 100 EUR cada uma e se eu chegar ao fim de 6 meses e
chegar à conclusão que o televisor não serve, porque tem um defeito
Irresolúvel. Não serve para o fim a que se destina. Eu tenho o direito a
resolver o contracto. Significa que eu já paguei, por exemplo, 6 prestações
tenho direito a que me seja devolvido 600 EUR e, por sua vez, tenho que
entregar o televisor.

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É o regime geral da resolução do contracto. Isto aplica-se a prestações


duradouras mas não se aplicam aos contractos de execução periódica,
fraccionadas ou repartidas

Artº 434 Nº2 do CC


Nos contractos de execução continuada ou periódica, a resolução não
abrange as prestações já efectuadas, excepto se entre estas e a causa da
resolução existir um vínculo que legitime a resolução de todas elas.

Em termos práticos, significa que a resolução só se aplica quanto às


futuras prestações, porque nos contractos de execução continuada ou
periódica as prestações têm Independência entre si ex.: gás e EDP.
Pagamos o preço respeitante ao mês anterior. Se resolvermos um
contracto, não pode ter efeitos retroactivos porque já recebemos a
electricidade, e já a pagámos. A retroactividade não pode abranger as
prestações que já foram efectuadas.

Se comprámos um televisor a prestações sabemos de antemão quanto é


que vamos pagar de início. Só que estamos a pagar em prestações que se
prolongam no tempo. E se deixarmos de pagar as prestações. Qual é o
regime jurídico se aplica?

Art.º 781º do CC - Dívida liquidável em prestações.


Se a obrigação puder ser liquidada em 2 ou mais prestações, a falta de
realização de uma delas importa o vencimento de todas.
(nem sequer precisa de estar no contracto. Resulta da lei)

Há um regime especial em que o não pagamento não implica O


vencimento das restantes.

Art.º 934 do CC - Falta de pagamento de uma prestação.

Vendida a coisa a prestações com reserva de propriedade e feita a sua


entrega ao comprador, a falta de pagamento de uma só prestação que
não exceda a oitava parte do preço não dá lugar à resolução do contracto
nem se quer haja ou não reserva da propriedade. Importa a perda do
benefício do prazo relativamente às prestações seguintes. Sem embargo
de Convenção em contrário.

Reserva de propriedade – o direito de propriedade só se transmite com


o pagamento da última prestação.
Nas prestações repartidas, se eu não pagar 2 prestações, deve-se valor
total.

Nas relações duradouras, por exemplo, se o inquilino não pagar a renda


não se vencem as outras rendas. Acrescem 20% de indemnização, se o
senhorio exigir.

Art.º 1041 do CC - Mora do locatário.

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1 - Constituindo-se o locatário em mora, o locador tem o direito de exigir,


além das rendas ou alugueres em atraso, uma indemnização igual a 20%
do que for devido, salvo se o contracto for resolvido com base na falta de
pagamento.

Mas o senhorio não tem direito a que eu lhe pague as rendas futuras é a
diferença do regime.

Atraso no pagamento de uma renda - artigo 1041º nº1. Isto está


relacionado com as prestações de execução continuada.

Prestações fungíveis e não fungíveis

Prestações fungíveis - são aquelas que podem ser prestadas por outra
pessoa que não as previstas no art.º 767 do CC.

Prestações não fungíveis – Art.º 767 nº 2 do CC – não pode ser prestado


por outra pessoa a não ser o devedor.

Art.º 207 do CC– coisas fungíveis.


São fungíveis as coisas que se determinam pelo seu género, qualidade e
quantidade, quando constituam objecto de relações jurídicas.

Exemplo pratico:
Quando solicitamos uma entrega de algo em casa não nos interessa quem
é que vai entregar (ou seja prestação fungível)
Ex.: uma pintura se eu só quiser aquela pessoa, só essa o poderá fazer
logo é prestação não fungível.

Quando é não fungível e o devedor não o cumpre, há uma impossibilidade


do incumprimento da obrigação. Mas, por exemplo, se a pessoa morre ou
fica incapacitado, essa obrigação extingue-se segundo o art.º 791 do CC.
Mas considerando que a pessoa não morre ou não fica incapacitado, ou
seja, o devedor não cumpre porque não quer cumprir, (art.º 817 do CC)
poderemos enveredar por 2 caminhos:
- sanção pecuniária compulsória (art.º 829 A do CC) portanto a lei permite
ao credor que o tribunal fixe um valor pecuniário por cada dia de atraso
no cumprimento da prestação, levando a que o devedor tente realizar a
obrigação mais rapidamente.
- instaurar uma prestação de facto, aferíamos na execução o prejuízo que
advém do não cumprimento da obrigação e aí o tribunal instaura o
processo e será efectuada a execução de facto, será vendida o património
da pessoa para que seja paga a indemnização (Art.º 868 do CPC)

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Segundo o art.º 828 do CC se for fungível poderá ser prestado por outra
pessoa aquele serviço, é efectuado uma execução da prestação de facto.

CASO PRÁTICO 1
Armando é produtor de cereais.
No entanto, como tem enfrentado grandes dificuldades no escoamento da
sua produção de cereais, a ponto de se encontrar em dificuldades
financeiras, decidiu efectuar o seguinte contracto com uma grande
superfície:
“Pela quantia de um milhão de euros anuais, pagos antecipadamente, no
dia 1 de Janeiro de 2007 entregará toda a sua produção cerealífera, tendo
sido atribuído carácter aleatório ao contracto.”

1) Acontece que no ano de 2007 a produção foi 5% do que seria normal,


por causa não imputável ao agricultor. A grande superfície quer o
dinheiro de volta, uma vez que afirma que a produção obtida não serve
os seus interesses.

Diga qual o regime aplicável e quais os direitos de cada uma das partes?

Resposta:
Está em causa um contracto de compra e venda de coisas futuras, que de
acordo com o art.º 211 do CC, são coisas futuras, que não só não existem,
como aquelas que não existem mas ainda não estão disponíveis, mas que
conta que no futuro estejam disponíveis. Ou seja, a venda é licita, uma
vez que é uma venda de bens futuros e que o vendedor conta em ter
estes bens mais tarde. Não sendo uma venda de bens alheios, sendo que
é possível vender algo que não é nosso desde que asseguremos ao
comprador que a iremos ter – art.º 893.
Neste tipo de contractos são definidas uma série de tarefas por parte do
comprador para com o vendedor, neste caso o mesmo cumpriu, contudo
por algo que lhe é alheio não conseguiu ter mais produção.
Neste caso atribui-se carácter aleatório ao contracto, pelo que há risco por
quem compra, ou seja, é devido o preço ainda que a transmissão dos
bens não se chegue a verificar. Este tipo de negócio é muito comum, em
que é definido que tudo o que se produz é vendido por um valor fixo
anual, independentemente do que é produzido (se a mais ou menos). O
vendedor recebe sempre o valor desde que não tenha culpa do facto de
não ter conseguido ter mais produção, previsto no art.º 880 n.º2 do CC.
Logo neste caso concreto a grande superfície não tem que ser ressarcida
uma vez que tinha carácter aleatório, o mesmo aconteceria se houvesse
muita mais produção, o valor pago seria sempre o mesmo.

2) E se não tivesse carácter aleatório?

Resposta:
Se as partes não tivessem atribuído carácter aleatório ao contracto e a
produção se se tivesse estragado o vendedor só é obrigado a entregar

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5%, contudo a grande superfície só terá de pagar o proporcional ao que


recebeu, ou seja o agricultor só entrega a produção que teve é só
receberia por essa mesma produção, segundo o art.º 793 n.º1 do CC.

- Tratando-se de um contracto bilateral (art.º 795 do CC) e que neste caso


toda a produção se estraga devido a uma tempestade, trata-se de uma
causa não imputável ao vendedor, logo não tem nada para entregar,
contudo terá que devolver todo o valor que recepcionou por parte da
grande superfície.

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Áudio 03 03 2023

Elementos constituintes da OBRIGAÇÃO:


- Sujeito
- Objecto
- Vínculo

Art.º 397ª CC
Obrigação é o vínculo jurídico por virtude do qual uma pessoa fica adstrita
para com outra à realização de uma prestação.

Vínculo – conjunto de poderes que são conferidos ao credor com os


correlativos deveres que são impostos ao titular passivo da obrigação que
é o devedor.

O vinculo é o elemento essencial da relação obrigacional. È uma relação


de obrigação juridia.

- Credor tem o poder de exigir a prestação;


- Devedor tem o dever de pagar a prestação; O devedor não pode optar
por cumprir ou não cumprir.
- Sanção é aplicada ao devedor que se encontra em mora (atraso) ou em
incumprimento definitivo. A sanção é aplicada a requerimento do credor
que se encontra lesado por a obrigação não ter sido cumprida.

CUMPRIMENTO VOLUNTÁRIO E NÃO VOLUNTÁRIO

A obrigação existe para ser cumprida.

A prestação pode ser exigida pelo credor ao devedor judicialmente ou


extrajudicialmente (fora dos tribunais).
A prestação extrajudicialmente é feita pela interpelação ao cumprimento
através do envio de uma carta registada dirigida ao devedor para que
este cumpra a obrigação, entregue a quantia pecuniária, dentro de
determinado prazo. Se o devedor cumprir na sequência da interpelação, a
obrigação extingue-se.

Se o devedor não cumprir voluntariamente após a interpelação, o credor


tem o poder recorrer aos tribunais a fim de obter uma colaboração do réu
do pagamento, afim de obter um documento que lhe permitirá
posteriormente instaurar uma acção executiva para o pagamento.

Significa que o credor não pode fazer justiça pelas próprias mãos.

Se um comerciante vender um artigo, no momento da venda ( contrato) o


artigo deixa de ser do comerciante e passa a ser do devedor. Se o

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devedor não paga o preço estipulado não pode o comerciante ir a casa do


devedor buscar a cadeira.
Tem de proceder em conformidade, mandando notificação ao devedor e
se este não pagar poderá proceder judicialmente.

Ou seja, o comerciante poderá instaurar uma acção executiva. Mediante o


montante que está em causa poderá instaurar-se uma execução para o
pagamento de quantia certa (para alguém que ficou de pagar um
determinado montante e não cumpriu), uma execução para entrega de
uma coisa certa (quando alguém ficou de entregar uma coisa e não
entregou) ou uma execução para prestação de serviços (para alguém que
ficou de prestar um serviço e não cumpriu).

A execução começa pela penhora dos bens, os bens são vendidos e o


produto da venda servirá para pagar ao credor. – Art.º 817º do CC, Art.º
601º do CC

Art.º 601º do CC

“Pelo cumprimento da obrigação respondem todos os bens do devedor


susceptíveis de penhora, sem prejuízo dos regimes especialmente
estabelecidos em consequência da separação de patrimónios.”

Art.º 807º do CC
“1. Pelo facto de estar em mora, o devedor torna-se responsável pelo
prejuízo que o credor tiver em consequência da perda ou deterioração
daquilo que deveria entregar, mesmo que estes factos lhe não sejam
imputáveis.

2. Fica, porém, salva ao devedor a possibilidade de provar que o credor


teria sofrido igualmente os danos se a obrigação tivesse sido cumprida
em tempo.”

3 elementos que integram o vínculo:

- Direito à prestação (explanado anteriormente)

Só o credor tem o poder de exigir e só o credor é que pode usar as


providências que a lei coloca ao seu dispor
Exemplo: agressão do património do devedor, pedir ao Estado que
apreenda o património do devedor, proceda à venda para que o credor
seja ressarcido da prestação a que tem direito.

Existe outra providência a que o credor pode recorrer. O direito à


prestação manifesta-se também no facto do devedor não ser livre em
optar por cumprir ou não cumprir.
O não cumprimento por parte do devedor é considerado um acto ilícito,
contrário à lei por isso quando somos devedores e não cumprimos
existem consequências nefastas para o devedor.

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Momento da celebração do contrato – Art.º 408º do CC

Exemplo:
O comprador compra um televisor no dia 3 e o vendedor compromete-se
a entregá-lo no dia 6. A partir do momento da venda o televisor é
propriedade do comprador e o devedor passa a ser o vendedor. Caso
exista um furto no dia 5, quem tem de se queixar e atuar contra o furto,
de agir contra o ladrão é o comprador pois o comerciante já não tem
legitimidade porque o televisor já não lhe pertence.

Art.º 807º do CC.

O devedor é sancionado quando está em atraso.

Outra sanção que existe para o devedor é o pagamento dos juros.

Art.º 806º do CC
“1. Na obrigação pecuniária a indemnização corresponde aos juros a
contar do dia da constituição em mora.
2. Os juros devidos são os juros legais, salvo se antes da mora for devido
um juro mais elevado ou as partes houverem estipulado um juro
moratório diferente do legal.
3 - Pode, no entanto, o credor provar que a mora lhe causou dano
superior aos juros referidos no número anterior e exigir a indemnização
suplementar correspondente, quando se trate de responsabilidade por
facto ilícito ou pelo risco.

Quais as consequências do atraso do cumprimento?

terceira situação:
O simples facto de nos atrasarmos no cumprimento da obrigação implica
o dever de indemnizar o credor devido aos danos que daí advirem.

Art.º 804 e 808ª do CC

Art.º 804 do CC
1. A simples mora constitui o devedor na obrigação de reparar os danos
causados ao credor.
2. O devedor considera-se constituído em mora quando, por causa que
lhe seja imputável, a prestação, ainda possível, não foi efectuada no
tempo devido.

Art.º 808ª do CC
1. Se o credor, em consequência da mora, perder o interesse que tinha na
prestação, ou esta não for realizada dentro do prazo que razoavelmente
for fixado pelo credor, considera-se para todos os efeitos não cumprida a
obrigação.
2. A perda do interesse na prestação é apreciada objectivamente.

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Existem duas situações neste artigo:

-Estou em atraso, mas ainda posso cumprir, o cumprimento ainda é


possível.

-Outra situação é quando posso cumprir, mas o credor já não está


interessado na prestação.

Na sequência do artigo 808º do CC temos os art.º 432º do CC e seguintes


regulam a resolução dos contratos.

Nós temos direito a resolver o contrato quando a outra parte não cumpre,
de forma grave, as obrigações que a declaração contratual estabelecia.

A propósito disto…

Art.º 438º do CC estabelece a mora da parte lesada e diz que se o


devedor estiver em atraso não pode invocar os seus direitos
supervenientes do contrato.

Ex.: Devido à pandemia houve alterações significativas nos contratos,


como por exemplo os preços foram modificados, prazos foram
modificados porque houve uma alteração superveniente das
circunstancias que era completamente imprevista. Os contratos foram
modificados com base nesta legislação. O que está aqui estabelecido é
que se o devedor já estiver em incumprimento nesta altura não poderá
beneficiar destas alterações.

Esta norma jurídica penaliza o devedor que não cumpre.

Dever de prestar

O devedor está obrigado a realizar a prestação sob pena de que se não o


fizer está sujeito às sanções previstas para o efeito no ordenamento
jurídico.
O dever de prestar é um dever jurídico e é um meio de satisfazer o
interesse alheio. Uma pessoa fica obrigada sob força da lei a realizar
aquele comportamento sob pena de que se não o fizer está sujeito a
sanção.

O dever de prestar distingue-se de:

Donativos usuais – Art.º 940 º n.º 2 do CC

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“2. Não há doação na renúncia a direitos e no repúdio de


herança ou legado, nem tão-pouco nos donativos
conformes aos usos sociais.”

Ex.: se eu vou a um restaurante, pago o preço ao restaurante pela


refeição consumida é uma relação comercial. Se eu entrego uma gorjeta
ao empregado que me serviu, essa gorjeta já nada tem a ver com o preço
que paguei. Isto é uma doação conforme os usos, os costumes e não é
sancionável caso não seja entregue a gorjeta. A ordem jurídica não me
pune se eu não der gorjeta, eu não tenho nenhum dever jurídico de dar
gorjeta, só dou se quiser.

Doação remuneratórias – Art.º 941º do CC


“É considerada doação a liberalidade
remuneratória de serviços recebidos pelo doador,
que não tenham a natureza de dívida exigível.”

Ex.: Nos estamos doentes com covid, e um vizinho dá-nos uma sopa por
uma questão de amizade devido à minha doença. Posteriormente, em
agradecimento eu doo-lhe uma garrafa de whisky, de forma gratuita. É
uma doação remuneratória porque é uma doação em forma de
agradecimento pelo bem que me fez, por me ter dado a sopa quando
precisava. Mas eu não sou obrigada a fazê-lo, não tenho nenhum dever
jurídico. Só faço se eu quiser.

Obrigações Naturais – Art.º 402ª do CC


“A obrigação diz-se natural, quando se funda num mero
dever de ordem moral ou social, cujo cumprimento não
é judicialmente exigível, mas corresponde a um dever
de justiça.

Ex.: Uma divida de um cliente que prescreveu nos termos da lei (Art.º
317º, c) do CC ) ao fim de dois anos. Significa que o devedor já não é
obrigado a pagar, só paga se quiser porque a divida prescreveu. O
devedor fica com uma obrigação natural, do ponto de jurídico o devedor já
não tem obrigação de pagar mas é justo que pague.

A obrigação natural verifica-se quando uma dívida prescreve.

Exemplo de obrigação natural – Art.º 1245º do CC - o jogo

Garantia do crédito
A lei não se limita a impor o dever de prestar e atribuir o direito ao credor
à prestação, também dá poderes ao credor para obter o seu cumprimento
coercivo, ou seja, o credor tem o poder de exigir judicialmente o
cumprimento da obrigação quando não é cumprida voluntariamente. Isto

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quer dizer que tem o direito de intentar uma acção creditória e de


executar o património do devedor (art.º 817º do CC).

Art.º 817º do CC
Não sendo a obrigação voluntariamente cumprida, tem o credor o direito
de exigir judicialmente o seu cumprimento e de executar o património do
devedor, nos termos declarados neste código e nas leis de processo.

Do ponto de vista jurídico, o património do devedor é a garantia do credor


porque os bens do devedor ficam sujeitos a ser executados pelo credor, os
bens do devedor respondem pelo cumprimento da obrigação.

Art.º 601º do CC
Pelo cumprimento da obrigação respondem todos os bens do devedor
susceptíveis de penhora, sem prejuízo dos regimes especialmente
estabelecidos em consequência da separação de patrimónios.

Art.º 604º do CC
1. Não existindo causas legítimas de preferência, os credores têm o
direito de ser pagos proporcionalmente pelo preço dos bens do devedor,
quando ele não chegue para integral satisfação dos débitos.
2. São causas legítimas de preferência, além de outras admitidas na lei, a
consignação de rendimentos, o penhor, a hipoteca, o privilégio e o direito
de retenção.

O que isto quer dizer?


Quer dizer que nós não devemos negociar com quem não tem património.

FONTES DAS OBRIGAÇÕES

Principal fonte das obrigações – CONTRATOS

Contrato é a primeira e a mais importante fonte das obrigações.

Contrato é um acordo vinculativo assente sobre duas ou mais


declarações de vontade contrapostas, mas harmonizáveis entre si, que
visam uma composição unitária de interesses.

Quando celebro um contrato estou vinculado a este e tenho de cumprir os


termos do contrato. Quando celebro um contrato celebro um acordo
vinculativo.
PRINCÍPIO DA LIBERDADE CONTRATUAL - Princípio basilar,
fundamental, é a estrutura, é a base dos contratos.

Significa que as partes têm, dentro dos limites da lei, a liberdade de fixar,
de acordo com a sua vontade, livremente o conteúdo dos contratos – Art.º
405 do CC.

Art.º 405º do CC

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1. Dentro dos limites da lei, as partes têm a faculdade de fixar livremente


o conteúdo dos contratos, celebrar contratos diferentes dos previstos
neste código ou incluir nestes as cláusulas que lhes aprouver.
2. As partes podem ainda reunir no mesmo contrato regras de dois ou
mais negócios, total ou parcialmente regulados na lei.

Isto é o caso do princípio da liberdade contratual, portanto a pessoa tem a


liberdade de contratar ou não contratar, tem a liberdade de escolher
livremente a pessoa que vai contratar, com quem vai contratar e depois
tem a liberdade de escolher o conteúdo do contrato.
Eu regulo os meus interesses da forma que entender mais adequada, eu é
que escolho o outro contratante, eu escolho o conteúdo do contrato. Uma
vez contratando eu estou vinculado ao outro contratante. Os contratos, no
fundo, são a expressão maior de autonomia privada.

Mas há limites
Há pessoas que não se podem contratar, há pessoas que não têm
capacidade jurídica para contratar, há pessoas que não podem celebrar
contrato. Menores de idade não podem celebrar contratos, são incapazes.

A lei estabelece limites, por exemplo, quanto à forma como se exterioriza


o contrato. Eu não posso celebrar o contrato como quiser, existem
contratos que só são válido se obedecerem a uma forma legal (forma
como o contrato se exterioriza). Por exemplo, eu se quiser vender uma
cadeira, a lei não impõe forma para o contrato, eu posso vender a cadeira
verbalmente ou posso reduzir a escrita o contrato, a lei não impõe
nenhuma forma. A lei não exige qualquer tipo de forma, portanto eu posso
vender a cadeira verbalmente o contrato é igual contrato de compra e
venda, aqui há liberdade contratual impera de forma legal.

Mas se quiser vender um apartamento já não posso vender o apartamento


de forma verbal, o apartamento sendo um bem imóvel tem que ser
vendido através de estrutura pública ou documento particular autenticado
sob pena de nulidade - artigo 875 do CC.
Neste exemplo já há uma limitação ao princípio da liberdade contratual, já
não há a liberdade de vender conforme quiser, tem que se obedecer a
uma forma legal (forma é a maneira como celebramos o contrato).
Porquê? Tem que se ter em atenção que o interesse Público sobrepõe-se
ao interesse privado e por uma questão de segurança jurídica temos que
fazer um negócio solene, algo que seja perfeitamente seguro, portanto e
inquestionável. O legislador impõe que a forma tenha de ser a mais
solene através de escritura publica ou documento particular autenticado.
Assim, estamos perante um limite à liberdade contratual que resulta da
própria lei. O legislador considerou também os limites que tem a ver com
a defesa da moral pública, dos bons costumes, há contratos que não se
podem fazer tendo em vista a moral pública e de bons costumes.

A própria lei, também resultado da delimitação da liberdade contratual,


impõe uma série de quadros de tipos legais que tem que ser cumprido.

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Exemplo que também é uma limitação à liberdade contratual:


Se quiserem constituir uma empresa que obedecer a quadros ou padrões
que estão estabelecidos código das sociedades comerciais e na legislação
em geral. Só podem criar sociedades por quotas sociedades, anónimas,
em nome coletivo sociedade, em comandita, simples ou por acções. Tem
que se obedecer a estes quadros padronizados. Não podem criar uma
sociedade diferente das outras, fora deste quadro.

A liberdade contratual tem aqui algumas limitações.

Limites à liberdade de contratar

Enquanto a proposta contratual não chega ao destinatário, podemos


revogar a mesma, art.º 230 do CC.
Se o poder de livre decisão for violado, ou seja, se formos coagidos a
aceitar algo contra a nossa vontade, essa declaração não produz efeitos
(art.º 246 do CC).
Se for coação moral art.º 256 do CC a declaração é anulável, tem que ser
invocado por parte de quem é ameaçado.

Se decidirmos contratar, esse instrumento é vinculativo – lei dos contratos


(estamos vinculados ao mesmo), ele é vinculativo, uma vez que é
celebrado um contrato com outra parte, há expectativas que tem que ser
protegidas, uma vez que o direito as considera dignas.
Uma vez celebrado o contrato, tem que se proteger ambas as partes, há
uma vinculação especifica a ambas as partes sendo que tem que cumprir
o que é acordado. Art. 406 do CC – tem quer pontualmente cumprido, não
podendo ser alterado unilateralmente.

Este principio da liberdade contratual tem algumas limitações (Implicam o


dever de contratar (há situações que mesmo que eu não queira sou
obrigado a contratar.)

Limitações: (art.º 410 e seguintes do CC)

• Contrato de promessa compra e venda (sou obrigado a comprar de


acordo com o que esta estabelecido nas clausulas estabelecidas no
contrato) outro exemplo é o art.º 1793 do CC (em caso de divorcio um dos
conjugues pode ser obrigado a arrendar a casa ao outro conjugue do qual
está a se divorciar, mesmo que não o queira).
• Por força da lei só algumas pessoas podem efetuar algumas
profissões consideradas profissões de vicio condicionado. Ex: solicitadores
– tirar o curso e estar inscrito na ordem.
• Há situações em que não temos a liberdade de escolher certas
pessoas de as contratar art.º 579 e 953 do CC, situações em que há
litígios em tribunal o juiz/advogado/outros não se podem “aproveitar” do

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processo para adquirir mais facilmente uma venda ou outro tipo de


serviços, ou seja nestas circunstâncias não se pode contratar.
• Regime do maior acompanhado, a pessoa que acompanha o incapaz
não pode receber nada em favor da pessoa que esta a acompanhar.
• Art.º 877 do CC – não se pode vender a outros filhos ou netos sem
que os outros autorizem.
• Situações em que os contratos se renovam mesmo que uma das
partes não queiram – ex.: arrendamentos ao regime do arrendamento
urbano – contratos de renovação indeterminável.
• Art.º 1057 do CC – compro um apartamento que se encontra
arrendado, passo a ser o senhorio mesmo que não o queira, esse contrato
impõem-se ao novo proprietário mesmo que ele não o queira.
• Art.º 1106 do CC – a pessoa que vive em união de facto há mais de
um ano e em caso da pessoa que arrendou falecer a pessoa que vive com
ela pode ficar na casa com os mesmos direitos.
• Art.º 1105 do CC – os conjugues podem decidir em caso de divorcio
quem fica como arrendatário, mesmo que o proprietário não o queira.

Limitações liberdade contratual.

Normas dos contratos:


• Preparação e formação do contrato:
Artigo 405 CC - liberdade contratual
Artigo 285 CC - limitações
Artigo 942, 398, 800 número 2, 1608 número 2 CC

Contratos de adesão, como limitação de facto à liberdade contratual.

Norma - princípio de boa-fé - aplica-se a todos os contratos artigo 762


número 2 CC

Artigo 1025 cc - duração Máxima - contrato de locação até 30 anos.

DL número 4 46/ 85 de 25 de outubro artigo um - âmbito de aplicação

Artigo 15 a 18 - cláusulas absolutamente proibidas

Artigo 19 - cláusulas relativamente proibidas.

Caso Prático 2

Resposta:
Neste caso está em causa a responsabilidade pré contratual. Neste caso
concreto só faltava mesmo elaborar e assinar o contrato uma vez que as

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negociações já estavam feitas. A empresa B criou expectativas em relação


à compra da máquina e por isso a empresa A por um lado arcou com
todas as despesas da viagem dos representantes da empresa B e por
outro lado perderam outro negócio para vender a máquina à empresa B. A
empresa portuguesa após um determinado período cancelou o negócio e
não deram um motivo legitimo e por isso violaram o princípio da boa-fé
Em conclusão a empresa A tem direito a ser indemnizada de acordo com o
artigo 227º do CC, pelos danos imergentes que neste caso são as
despesas da empresa Suíça e pelo curso de formação. Além disso também
tem direito à indemnização pelos lucros cessantes, isto é, os lucros que a
empresa A poderia ter se efetuasse a venda da máquina.

Responsabilidade pré-contratual - Temos o dever de lealdade, temos de


agir de acordo com o princípio da boa-fé e caso não o façamos estaremos
a causar danos à outra parte do contrato e por isso teremos de
indemnizar a outra parte do contrato de acordo com o artigo 227º do CC

O contrato promessa bilateral - As duas partes obrigam-se a celebrar um


contrato

Contratos de promessa unilateral - só uma das partes se obriga a comprar


ou a vender qualquer tipo de coisa (ex: um imóvel)

Contrato promessa (artigo 410º) - Convenção em que ambas as partes ou


apenas uma delas se obrigam dentro de certo prazo ou verificados certos
pressupostos a celebrar determinado contrato. Este tipo de contrato não
aborda somente um contrato de compra e venda, pode ser também um
contrato de promessa de trabalho.

Princípio da equiparação (artigo 410º nº1)- As normas que redigem um


contrato prometido aplicam-se ao contrato-promessa.

Ler o artigo 410º nº2 e 3

Exceções do princípio da equiparação

A sua forma de contrato e as normas que pela razão de ser não são
aplicáveis a um contrato promessa

Forma de um contrato

-Forma de contrato verbal (ex: comprar uma mesa- para comprar uma
mesa não precisamos de fazer um contrato escrito)

-Contrato por escrito

A forma exigida no contrato prometido não é a mesma do contrato


promessa

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As escrituras e os testamentos são documentos autênticos


Documentos autênticos e autenticados têm o mesmo valor

Forma de contrato promessa (artigo 410º nº2)


Para ser válido o contrato promessa tem de ser por escrito e assinado por
ambas as partes, por isso não se pode celebrar um contrato promessa
verbalmente. Se isso acontecer o contrato será nulo (artigo 220º do CC).
Este tipo de situação acontece se for um prédio rústico.

No caso da compra de um apartamento o contrato terá de ser por escrito


e ambas as partes terão de assinar, no entanto as assinaturas terão de
ser reconhecidas presencialmente pela atividade notarial (artigo 410º nº3)

Se não reconhecermos presencialmente excecionalmente não implica a


nulidade do contrato- nulidade atípica ou mista (artigo 410º nº3, última
parte)

Quem vende só pode invocar a nulidade dos requisitos se o comprador


tiver culpa da omissão dos requisitos (artigo 410º nº3 última parte) (ex: o
vendedor de um apartamento cumpre todos os requisitos do contrato
promessa, no entanto o comprador não quer fazer o reconhecimento das
assinaturas no notário. Neste caso o promitente vendedor pode invocar
nulidade do contrato e tem de comprovar que a outra parte tem culpa)
No regime normal a nulidade de um contrato qualquer pessoa pode
invocar nulidade de um contrato, sejam os interessados, os terceiros e até
mesmo o tribunal (artigo 286º do CC). O regime do contrato promessa é
um regime especial e por isso só pode invocar nulidade do contrato o
promitente vendedor

Assento do supremo tribunal de justiça 29/11/1989 - diz que um contrato


bilateral que só foi assinado por apenas uma das partes, o contrato é
nulo, no entanto há uma possibilidade do contrato bilateral de se
converter para um contrato unilateral desde que tivesse sido essa a
vontade das partes (artigo 293º)

Acórdão 25 de março de 1993- página 326 do manual

Contrato promessa

Segunda exceção ao principio de equiparação que tem a ver com algumas


normas que não se devem considerar extensivas ao contrato de
promessa, tem a ver com o facto de se afastarem diversas normas que
regulam o contrato produtivo mas não se aplicam ao contrato de
promessa pela sua razão de ser:
Existe uma diferença entre o contrato prometido – transfere o direito de
propriedade (pessoa quer o imóvel para habitação e celebram um

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contrato de promessa) o de promessa – apenas nos comprometemos a


comprar e/ou vender não transfere propriedade.

Art 879 a), 796 n1, art 886, 892, – não se aplica ao contrato de promessa

1682ª – não posso vender ser consentimento do conjugue mas posso


prometer vender ou seja, contrato de promessa compra e venda.

Recusa do contrato de promessa compra e venda, quando uma das partes


não comparece à escritura, o que acontece?
1. Indemnização
2. Execução especifica
Há uma serie de sanções que sancionará quem não cumpre, perda do
sinal, restituição do valor em dobro, diferença do valor final e patrimonial
mais o sinal e a execução especifica do contrato (pede-se ao tribunal para
com o recurso à força cumpra a sentença, sentença essa que vai
substituir a escritura, pelo que o contrato se considera celebrado).

Sanções de recusa de não cumprimento do contrato de promessa por falta


de uma das partes art 442, Importa distinguir se o contrato tem sinal ou
não (indemnização)
 O comprador se pagou o sinal e depois não pretende comprar a
casa, o vendedor fica com o sinal, a sanção neste caso é a perda do valor
do sinal por parte do comprador.
 Se o não cumprimento for devido ao vendedor, o comprador tem o
direito de exigir o dobro do sinal.
 Tradição da coisa – traditio (entregue), se porventura as partes no
caso da promessa entregar a coisa ao comprador (ex: casa 100mil e o
comprador paga logo 75mil e é lhe logo entregue a chave, no dia da
escritura o empreiteiro diz que já não vende porque outra pessoa lhe paga
200 mil, neste caso a indemnização será do valor da casa a data em vigor,
neste caso 200mil menos o valor que tinha sido convencionado
anteriormente, neste caso 100 mil mais o sinal pago, ou seja o valor da
indemnização seria de 175 mil.) e após isso indicar que não a vende, será
indemnizado na diferença do valor da casa à data em questão e da data
da compra mais o sinal, contudo essa informação tem que constar no
contrato.
Em caso de incumprimento a primeira hipótese é sempre a indemnização
e aplica-se o estipulado no art 442, contudo o contrato poderá ter outras
especificidades.

A segunda hipótese, há atraso, há mora mas ainda há interesse na


celebração do negocio, sendo que a outra parte já não o pretende, temos
direito à indemnização ou a execução especifica (art 442 n3 e art 830). No
caso da execução especifica a mesma é determinada pelo tribunal, é
emitida uma sentença que determina a escritura (substituindo a mesma)
esta execução especifica nem sempre é possível.

Ex: o vendedor faz o negocio em que promete vender por 100mil mas
aparece outra pessoa que quer por 200mil, diz ao comprador que lhe

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devolve o sinal e quer terminar o contrato, neste caso aplica-se o disposto


indicado anteriormente, ou seja a indemnização de 175mil, sendo que
neste caso o empreiteiro pode voltar com a sua palavra atras e concluir o
negocio por 100 mil, excepto se o comprador já tiver desistido do negocio
(art 808).

Segundo o art.º 442 n4 à indemnização é sempre assim, salvo se o


contrato disser o contrário.

Se há tradição da coisa (art.º 755 1 f) a pessoa tem direito a estar na


habitação enquanto não lhe for entregue a indemnização.

A execução especifica – art.º 830 é o incumprimento do contrato, como a


outra parte não cumpre, vamos pedir ao tribunal que emita uma sentença
que tenha o mesmo valor de uma escritura publica que a outra parte não
quis celebrar, no entanto há algumas particularidades:
1. Nem sempre é possível, art.º 830 n1 – existem situações em que a
mesma nunca será possível (exemplo contrato de trabalho, o tribunal não
pode obrigar a cumprir) uma vez que a natureza da obrigação não o
permite, ao contrario da posse de uma coisa.
2. Se estiver colocado no contrato que as partes não pretendem a
execução especifica a mesma não será possível (830 n2), ex: comprar
uma quinta rústica sem imóvel, prometo comprar por 10 mil, dou 2 mil,
quando vou pra fazer a escritura o vendedor não cumpre, como há sinal
só terei direito ao sinal em dobro e não há execução especifica.
3. Art 830 n3 – apesar de estar no contrato que não se pretende a
execução especifica e sinal, contudo o recurso à execução especifica é
sempre uma possibilidade, ou seja mesmo que exista essa clausula a
mesma é nula, contrato oneroso (transmissão patrimonial, imóveis,
prédios, edifícios) a execução especifica é sempre possível. Ex: se quero
comprar uma casa a possibilidade de execução especifica está sempre em
aberto (mesmo que haja clausula e sinal) uma vez que é um regime
imperativo, é imperativo porque Portugal vivia uma inflação elevada o que
fazia com que os contratos não fossem cumpridos, uma vez que os
vendedores lucravam mais pela indemnização que pagavam do que pela
venda que tinha decretado anteriormente. Decreto lei 379.

Contrato de promessa sem sinal que não seja cumprido, neste caso o
caminho natural é a execução especifica (uma vez que não há como
decretar a indemnização, como por exemplo o dobro), não é usual.
Contudo mantém-se que a natureza da obrigação o permita (em caso de
trabalho tal não é possível, ou em caso de contrato de promessa de
emprestar dinheiro o tribunal não poderá obrigar a cumprir, em caso de
sociedade em empresa). A execução especifica que a sentença per si
permita que a mesma seja efetuada, daí ser mais usual em casos como
imóveis. Se a escritura não é possível a execução especifica também não
o é.

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Para haver lugar a indemnização é necessário indagar o motivo de a


pessoa não comparecer na escritura (se for por motivo de doença por ex
não há lugar a indemnização).
24/3/2023

Caso prático 3:
- art.º 410/3
- art.º 830 – regime aplicável, contrato promessa
- art.º 830 – sinal

Em caso de incumprimento, porque o bem já foi alienado.

A Promete a B e vendeu a C

Estamos perante incumprimento, que leva a indemnização – 442/2

1 – existe sinal – art 830


Art 892 – quando não temos nada para vender logo o contrato é nulo – art
830

2- contrato tinha que ser celebrado, art 1410


Art 410 nº2 – contrato tem que ser escrito
Art 220 – tem que ser assinado
- as assinaturas tem que ser reconhecidas presencialmente, senão pode
dar a nulidade do contrato.

- se o contrato tiver um imóvel, tem que ser celebrado por escrito, tem
que ser assinado por ambas as partes e tem que ser reconhecidas
presencialmente, o contrato é anulado, tem anulabilidade típica ou mista.
(Artur Varela não concorda com esta informação)

Art 289 – efeitos da declaração de nulidade e da anulação.

Caso prático 4:

Sócrates (promitente vendedor) e Mário (promitente comprador)


celebraram um contrato promessa de compra e venda que tinha por
objeto um apartamento. O preço seria de 200 mil euros, tendo Mário
entregue imediatamente 100 mil euros. No dia marcado para a escritura
pública, Sócrates não compareceu. Cinco dias depois dessa data, Sócrates
escreveu uma carta a Mário, na qual dizia que considerava o contrato nulo
e sem nenhum efeito, uma vez que não continha o reconhecimento
presencial das assinaturas e devolvia o cheque de 100 mil euros.

1) Qual a forma legal a que deveria obedecer o contrato promessa em


apreço e faltando o reconhecimento presencial das assinaturas, quais as
consequências daí advenientes?

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2) Explique em que consiste o princípio da equiparação?

3) Perante a atitude de Sócrates o que poderá fazer Mário?

CASO PRÁTICO 5

José, promitente-vendedor e Emília, promitente-compradora celebraram


um contrato promessa de compra e venda, em 2015, que tinha por objeto
um apartamento, tipo T-4 para habitação, em construção, sito em Castelo
Branco.
O preço seria de 250 mil euros, tendo Emília entregue no momento da
celebração do contrato promessa, a quantia de 50 mil euros.
O contrato definitivo seria celebrado no prazo de doze meses, data em
que o imóvel estaria concluído. A escritura pública seria marcada pelo
promitente-vendedor, que deveria avisar a promitente-compradora por
carta registada com aviso de receção, com quinze dias de antecedência.
O contrato foi assinado por ambos os contratantes, embora por sugestão
da Emília nada mais tivesse sido feito, pois esta alegou que seria
desnecessária e inútil, qualquer outra formalidade, e que não estava para
sair de casa ao cartório notarial ou a outro lado, pelo que não obstante as
inúmeras insistências e pedidos de José, não foram cumpridas mais
formalidades.
No dia marcado para a celebração da escritura pública, José arrependido
do negócio celebrado, pois encontrou entretanto diversos compradores
que ofereciam um valor superior, recusou-se a outorgar a mesma,
alegando que o contrato não era formalmente válido, pois não continha a
certificação da existência de licença de construção e o reconhecimento
presencial das assinaturas.

1) Qual a forma legal a que deveria obedecer o contrato promessa em


apreço e faltando a certificação da existência de licença de construção, e
o reconhecimento presencial das assinaturas, quais as consequências daí
advenientes?

Resposta:

Art 410 – só é válido se ambos tiverem assinado e tiverem o


reconhecimento das assinaturas assim como o licença de construção – nº3
neste caso em especifico a Emília não quis ir ao notário pelo que José
pode invocar a omissão destes requisitos.
Art 289 – é anulável o negócio e José tem que restituir o valor recebido.
Art 220

Tem que ser redigido a escrito, art 220, tem que ser assinado por ambas
as partes, se for só uma parte é um contrato unilateral. E apenas vincula
quem assinou. Art 293 e 292, se for assinado só por um das partes tem
que ser por opção de ambas as partes, sob pena de nulidade. – 410 n2 e
220.

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Art 410 nº 3 tem que ser reconhecido ambas as assinaturas


presencialmente e tem que ter a licença de construção, se assim não for
estamos perante uma nulidade atípica ou mista, que pode ser invocada.
Como incide sob uma fração autónoma, para ser válido tem que ser
reconhecido presencialmente e ter a licença de construção.
O promitente vendedor só pode invocar o 410 n2 se a outra parte tiver
culpa. Só as partes podem invocar o vicio, os terceiros não podem invocar
a anulabilidade, nem o tribunal pode reconhecer o vicio autonomamente,
regime atípico, 410 nº3. Nulidade atípica ou mista.

2) Perante a atitude de José, o que poderá fazer Emília? Explique em


que é que consiste a execução específica do contrato e se Emília poderá
recorrer a ela.

Resposta:

Um proeminente vendedor que o dia da escritura se recusa a outorgar a


mesma, dizendo que não vende e não cumpre o contrato de promessa
porque o mesmo não é valido, não tem a certificação das assinaturas nem
da licença de construção 410 n3. Estamos perante uma falta escrita no
âmbito do art anterior e a não observância provoca a anulabilidade mista,
não é automaticamente nulo, ou seja não pode ser reconhecida a
anulabilidade por outros ou tribunal. Não é uma nulidade típica, mas sim
mista ou atípica, se ninguém anular o contrato o mesmo permanece
válido e só as partes interessadas (partes contratadas) podem anular o
mesmo. O proeminente vendedor só pode invocar o vicio (anulabilidade)
se provar que a culpa é da outra parte. O proeminente vendedor diz que
não vende porque o contrato não é valido, não celebrando o negocio.
Neste caso o formalismo das assinaturas não foi cumprido devido a recusa
por parte de Emília que não quis reconhecer as assinaturas
presencialmente, logo a culpa é por parte do comprador e neste caso o
vendedor tem legitimidade para não cumprir o contrato, logo o mesmo é
nulo. Neste caso porque o vendedor indiciou a não validade do mesmo.
Art 289 neste caso tem efeitos retroativos, ou seja o negocio na pratica
nunca foi prestado e será apenas devolvido apenas o valor que Emília
pagou, neste caso o sinal de 50 mil, sem direito a indemnização nem ao
dobro do sinal.
Nesta situação excepcionalmente o vendedor pode invocar a
anulabilidade, uma vez que normalmente não consegue, dado que
normalmente não se consegue imputar culpas ao comprador.

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