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Obrigações
Aulas Teóricas
1º Aula: 06/02/2023
Livro II, CC: Direito das Obrigações
Obrigações em geral (o que vamos estudar)
Contratos em especial
Obrigação:
Sentido comum ou corrente: dever com aplicação no campo moral, nas regras
de trato social.
Obrigação no plano jurídico (em sentido amplo): situação jurídica passiva
(porém, isto inclui o dever, a sujeição, o ónus); situação em que alguém tem a
necessidade de adotar um certo comportamento ou aceitar os efeitos jurídicos da
atuação de outrem
Obrigação em sentido técnico-jurídico (art. 397º): vínculo jurídico por virtude
do qual uma pessoa fica adstrita para com outra à realização de uma prestação
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
A obrigação não é uma sujeição, pois na sujeição não podemos fazer nada (os
efeitos produzem-se de forma inelutável), não existe a necessidade de adotar um certo
comportamento para produzir efeitos jurídicos; uma obrigação pode ser incumprida,
pois existe uma conduta esperada, que se pode ou não verificar; a sujeição não pode
ser incumprida.
Porém, nos contratos podem existir mais do que uma prestação. No contrato
de compra e venda, existe a obrigação de pagar o preço, e a obrigação de entregar a
coisa. Assim, temos uma relação jurídica complexa.
o Dentro da própria obrigação de entregar a coisa, existe não só o dever
principal de prestação, mas também os deveres secundários (entregar a
coisa com cuidado, a tempo, o objeto tem de ser conservado, etc.).
2º Aula – 08/02/2023
Artigo 397º - o que é que o legislador entende por obrigação – conceito é nos
dado neste artigo. Este é um dever jurídico específico e distingue-se de um estado de
sujeição, de um ónus jurídico.
Características da obrigação:
Importa primeiramente saber que a relação jurídica obrigacional não pode ser
entendida num sentido tao simples como o explicado no artigo 397º. Esta não aparece
de forma una ou simples, utilizamos para este efeito a noção de obrigação com
contraste dos efeitos essenciais do contrato de compra e venda. Aqui temos duas
obrigações recíprocas: a de pagar o preço e entregar a coisa.
1. Relação Complexa
Simples esquema:
- Deveres principais ou primários;
- Deveres secundário;
• Deveres secundários acessórios;
Deveres secundários com prestação autónoma:
I. Deveres que sejam cumuláveis com a prestação principal;
II. Deveres que sejam sucedâneos com a prestação principal
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
É complexa porque:
• Dentro dos deveres primários, encontramos várias obrigações
• Para além destes, temos ainda deveres secundários
Dentro da relação obrigacional complexa nasce uma nova categoria, uma vez
que dentro dos principais deveres primários encontramos mais do que um e mais se
reforça a natureza complexa desta relação. Além dos deveres primários, que são o
núcleo da obrigação e que nos permitem identificar o tipo de contrato em causa,
encontramos os deveres secundários de prestação.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Com prestação autónoma significa que não se trata de deveres que se destinam
a assegurar o cumprimento ou a perfeição do mesmo. São atos autónomos desta
prestação principal. Têm vida própria, junta-se ao cumprimento da prestação principal.
Ex: o devedor deve cumprir pontualmente e quando se diz
pontualmente significa que deve cumprir a obrigação em todos os
elementos que a constituem e em tempo. Se a obrigação não for
cumprida em tempo há indemnização por atraso da mesma – art. 804º e
seguintes do CC. Como forma de assegurar os danos que este atraso
provocou ao credor. Este é um caso de cumuláveis, uma vez que o
devedor apesar de já ter passado o tempo continua a ter a obrigação de
entregar o que deve. Este dever de indemnizar junta-se ao dever de
prestação principal. O devedor terá de pagar o movel e ainda pagar a
indenização.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Deveres laterais
A doutrina identifica ainda deveres laterais. São deveres que também integram a
relação obrigacional – que é uma relação complexa. Trilogia de deveres laterais
proposta do professor Menezes Cordeiro.
Deveres de proteção
Deveres de esclarecimento
Deveres de lealdade
1º: podem seguir uma cláusula contratual: as partes decidiram disciplinar a relação
obrigacional de forma tal que fizeram nascer deveres laterais desta natureza.
2º: podem resultar de uma norma ad hoc (uma disposição legal) que para aquela
situação concreta proveja o e o comprimento de onda terminar de ver lateral.
3º: podem resultar de uma norma que é muito importante que é a norma que
estabelece a exigência da boa-fé no cumprimento da obrigação, e que norma é essa? É
no fundo uma norma chapéu, uma norma que tem um grande alcance é que se
aplicará a todas as relações obrigacionais independentemente das suas circunstâncias
– artigo 762º (é uma norma que manda aplicar o princípio da boa-fé quer ao devedor
quer ao próprio credor. E isto significa o quê? Deve adotar medidas de proteção? Deve
esclarecer o criador se tal se apresentar necessário? Deve por outro lado para além
destas duas ser leal com o credor? Estes deveres laterais são deveres que surgem em
resultado da boa-fé. A doutrina identifica ainda outras situações jurídicas
1. Direitos potestativos:
Ex: Direito de resolver um contrato quando haja incumprimento definitivo
da obrigação. Art. 808º - converter a mora em não cumprimento definitivo
por perde de interesse.
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Conclusão: a relação obrigacional não pode ser entendida como uma realidade
simples. É uma realidade mais rica do que o artigo 797º nos transmite.
Exemplo: Contrato de arrendamento entre A e B. B é o arrendatário e vai
viver para sua casa com a sua família e o cão. O proprietário não cumpre o
dever de manter/ cuidar do locado. Cai um pedaço de teto em cima da
mulher do arrendatário, causando danos graves.
Qual a responsabilidade que o proprietário tem para com esta senhora? Não há
um vínculo entre eles… Se se aplicar o regime da responsabilidade extracontratual, o
lesado tem de provocar a culpa do autor da lesão. Ausência de presunção de culpa. Se
se aplicar o regime da responsabilidade obrigacional, há uma presunção de culpa.
Demonstração do interesse da relação obrigacional complexa. O proprietário tem
deveres principais de prestação para com o proprietário. Porém, devido à
complexidade da relação obrigacional, também tem deveres laterais que abrangem
todas as pessoas que convivem com o credor. Ideia de que a relação obrigacional vai
para lá dos deveres principais de prestação, faz estender os efeitos do contrato.
Estender os efeitos obrigacionais para lá da esfera tradicional.
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2. Patrimonialidade
Quanto ao conteúdo da obrigação. A obrigação tem de ter conteúdo
patrimonial? Tem de ter valor pecuniário? Não. Art. 398º/2. A patrimonialidade não é
característica da obrigação.
Quanto aos efeitos do não cumprimento da obrigação. É uma dimensão em que
a patrimonialidade tem de ser reconhecida.
Art. 601º CC – o que responde é o património do devedor. Quando há uma
situação de não cumprimento, os efeitos são patrimoniais e não pessoais.
Neste sentido, a obrigação é patrimonial.
3. Autonomia
Trata-se de uma característica tendencial. Uma obrigação não autónoma é aquela
que está dependente de um direito preexistente, surgindo em resultado de um
vínculo jurídico anterior.
Exemplo 1: Os condóminos estão obrigados a pagar um montante
para a conservação das partes comuns. Esta é uma obrigação não
autónoma, pois surge em virtude de uma pessoa ser condómino: em
virtude de vínculos jurídicos anteriores.
As obrigações do livro das obrigações são obrigações autónomas. A doutrina vem dizer
que embora exista diferença quanto à função (autonomia), existe equivalência em
relação à estrutura (regime aplicável). O core é o mesmo. Por isso, à disciplina das
obrigações autónomas, aplica-se o regime das obrigações não autónomas.
4. Relatividade
Será que as obrigações têm eficácia relativa? O credor pode demandar o
terceiro?
o Orientação clássica: tese da eficácia relativa. As obrigações são relativas. Logo,
o credor não pode demandar o terceiro. Só o devedor pode ser demandado.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Art. 1306º/1 – princípio da tipicidade dos direitos reais. Só são direitos reais
aqueles que a lei assim o estabeleça. As obrigações estão fora do âmbito dos direitos
reais. Uma coisa é a força real, outra coisa é a força obrigacional. Só poder demandar a
parte e não poder demandar o terceiro.
3º Aula – 13/02/2023
Porque que esta questão é importante para a teoria da eficácia relativa dos
direitos de credor? Porque estes autores vêm dizer que o credor, até poderá
vir a aproveitar essa indemnização que seja devida pelo terceiro, através de um
fenómeno que se designa de commodum de representação - epígrafe dos
artigos 794º e 803º do CC.
O artigo 803º remete para o artigo 794º:
Estes artigos o que dizem é que o credor para se ressarcir dos danos que tenha
sofrido poderá ir buscar a indemnização, ou o direito que entrou na esfera do
devedor (indemnização que foi paga pelo lesante, ou seja, na prática, o credor
vai se aproveitar da indemnização do devedor por causa do artigo 794º ou por
causa do artigo 803º).
Mas isto não tem nada a ver com a eficácia externa, isto continua a ser eficácia
relativa! Ou seja, só o devedor é que está a responder perante o credor, não é
o terceiro! Não há uma responsabilidade direta do terceiro perante o credor!
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Não é isto que a eficácia externa das obrigações diz - a teoria da eficácia
externa parte da ideia de que o terceiro será responsável perante o credor pela
violação do direito de crédito.
Teoria do efeito externo: teoria que se contrapõem à teoria clássica, é uma teoria que
diz que o terceiro também sendo responsável com o devedor, também vai ser
responsável pelos danos sofridos pelo credor.
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Artigo 406º, nº2: é uma norma que diz que os contratos só produzem efeitos
em relação a terceiros, nos casos em que é especialmente previsto na lei - os
defensores da teoria da eficácia relativa, vem dizer que se isto é assim, então significa
que os contratos não produzem efeitos em relação a terceiros em geral.
O que que o contrato fez nascer? O contrato fez nascer uma obrigação, e do
que nós estamos a falar é exatamente do dever de respeitar a obrigação - claro
que não podemos criar uma obrigação para um terceiro, mas não é disso que
estamos a falar.
Ex: A e B criam uma obrigação entre eles, mas a partir do momento em que
criam a sua obrigação, há o dever de todos os outros de respeitarem essa
obrigação - o artigo 406º, nº2 o que diz é que não se pode criar uma obrigação
para terceiros por contratos sem a vontade dessa pessoa, ou seja, A e B não
estão a criar para todos os outros um dever de prestar, ou um direito de uma
prestação, estão apenas a exigir o dever de respeito.
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Estes artigos vêm dizer quando é que há eficácia real. O que que diz a doutrina
clássica em relação a isto? Vem dizer que se estes artigos dizem quando é que
há eficácia real é porque, fora os casos em que as partes atribuíram eficácia
real e possam fazê-lo, significa que em regra as obrigações não têm eficácia real
mas sim relativa (ou seja, só valem entras partes).
Qual é o vício de raciocínio que aqui está? É que na verdade, vamos ter de
distinguir três níveis de efeitos, ou seja, na verdade esta argumentação vem dizer que
ou temos uma eficácia relativa ou temos uma eficácia real.
Eficácia externa não é a mesma cosia que eficácia relativa nem é a mesma cosia
que eficácia real, é um terceiro nível.
Estes autores vêm dizer, que se a eficácia real só existe em determinados casos,
significa que a obrigação só pode ter eficácia relativa - só que há três níveis que
temos de distinguir:
Se eu disser que o contrato promessa tem eficácia relativa então significa que
B só pode mandar para A.
Se eu disser que o contrato promessa tem eficácia real - ex: uma coisa é o B
pedir uma indemnização a C (terceiro)
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Como só nos artigos 413º e 421º é que pode haver eficácia real, então nos
outros casos só pode haver eficácia relativa? NÃO, porque eficácia real não é uma
realidade que se confunde com eficácia externa, apenas inibe que possa haver eficácia
real, nos casos que estão nos artigos 413º e 421º do CC.
Este argumento é frágil, pois sabemos que apesar da regra o legislador também
replica essa regra noutros contextos e além disso esta norma era absolutamente
fundamental porque já não é só o problema da eficácia da obrigação, é o problema da
eficácia da responsabilidade - a responsabilidade existe perante um lesado, não existe
perante um terceiro, quando eu causo um dano a algum eu respondo perante um
lesado.
Artigo 1306º do CC - se eu quero criar um direito real que não está na lei, esse
direito real só vai valer com natureza obrigacional (não pode ser um direito real). Ao
contrário do que acontece nas obrigações, em que há a tipicidade, a liberdade da
definição dos direitos de crédito que as partes queiram criar, nos direitos reais, só há
direitos reais quando a lei o estabeleça.
o que o artigo 1306º nos diz é que só podemos criar direitos reais olhando para
o catálogo dos direitos reais. Se criarmos um direito que não cabe no catálogo
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
e se tentarmos atribuir eficácia real, a lei diz que isso viola o princípio da
tipicidade.
No entanto, a lei estabelece que vamos aproveitar o direito! Não vai valer
como um direito real, mas vai valer como um direito de natureza obrigacional.
Como é que esta norma é interpretada pelos defensores da eficácia relativa? Cá está
a configuração de que natureza real é uma coisa, natureza obrigacional é outra.
A natureza obrigacional, continua a não ser real, mas pode ser não apenas
relativa, mas também ter uma vinculação externa.
Estas normas as vezes são evocadas pela teoria da eficácia relativa, mas o
professor considera que não podem sequer ter a força destas últimas que
acabou de destruir.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
A ver do professor, a lei não dá nenhuma indicação nesse sentido - deve haver
uma colagem à letra da lei, portanto, onde a lei não distingue, também nós não
devemos distinguir-se portanto, neste caso a referência a um direito abrangerá
também o direito de ?????
O artigo 490º do CC - diz que para além dos autores também são responsáveis
pela violação do direito os instigadores e os auxiliares (todos eles respondem
pelos danos que hajam causado, não apenas os autores). Aqui o autor seria o
devedor, e remete para a responsabilidade contratual - só que o terceiro não
seja de ser ou instigador ou um auxiliar da violação do ????
O professor considera que o artigo 483º e 490º, geram o efeito externo das
obrigações - só há um problema que se coloca:
ou seja, na prática estaríamos a dizer “tu vais negociar, mas tem cuidado,
porque mesmo que não saibas nem te pareça à primeira vista possível haver
um crédito alheio, tu vais ser responsável pelos danos que vieres a causar pela
a constituição de uma obrigação que é incompatível que uma obrigação
anterior” - isto entrava a liberdade negocial.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Esse dolo intencional não deverá ser tratado de forma diferente? Aqui a teoria
do efeito externo tem também, mais um espaço diferente que a teoria da
eficácia relativa:
mas se houver dolo a situação é mais grave, pois vamos estar perante uma
oponibilidade forte. O que que os defensores da teoria da eficácia relativa dirão
(e até os defensores da eficácia externa)? Que nesse caso B poderá pedir uma
indemnização a C - mas B quer dinheiro? O B não quer o dinheiro, quer a casa!
Neste caso, podemos dar mais um passo, com base no princípio geral da
indemnização - que trata da reconstituição natural sob a forma de restauração
e despesa, ou seja, quando se indemniza, a indemnização em dinheiro é
subsidiária, a regra é a restauração da despesa, a regra é restaurar o interesse
daquele lesado.
Conclusão:
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Temos uma obrigação natural, porque há poder de justiça. Obrigação que não
podem ser regidas judicialmente.
Quando é que estamos perante uma obrigação natural? Qual é o regime que
se aplica a estas obrigações? Sobre esta matéria, dispõem os artigos 402º e
ss, nomeadamente artigo 402º a 404º do CC.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
304º, nº1: é a norma que nos está a dizer que a prestação não é exigível - a
partir do momento que o direito prescreveu, o devedor, pode apor-se à
exigência de cumprimento.
Enquanto o senhor estava vivo, o direito que a senhora tinha era um direito
natural, a partir do momento em que o senhor morreu, o direito que a senhora
tem sobre o lesante passou a ser um direito civil. Ou seja, ela não pode exigir
ao seu antigo empregador os alimentos, mas ela vai poder exigir ao lesante que
matou o antigo empregador, uma indemnização correspondente ao valor que
pagava.
Duvida: mesmo que o empregador antigo nunca tivesse complementado a sua
reforma?
Há aqui uma conversão de uma obrigação natural para uma obrigação civil,
precisamente porque o devedor natural do alimento faleceu.
1245º e ss: temos de distinguir entre jogo lícito autorizado (gera obrigações
civis), jogo lícito tolerado (gera obrigações naturais) e jogo proibido (jogo é
nulo, e portanto, não gera sequer obrigações - ex: roleta russa).
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Artigo 404º: significa que para o regime, vamos ter no fundo duas obrigações:
Não pode ser repetido: isto significa que havia que esclarecer, o que haveria de
acontecer se tivesse invocado a prescrição - a obrigação é natural, e não temo
o direito de exigir a prestação, mas a partir do momento em que a prestação
foi realizada já não pode exigir de volta essa prestação, porque existe um dever
de justiça.
Quando é que ocorre a repetição do indevido? A lei refere que tem de haver
duas condições para que este efeito se produza:
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4º Aula – 15/02/2023
Nesta aula vamos abordar três princípios fundamentais do direito das
obrigações e entrar na primeira fonte da obrigação, os contratos. Até agora vimos o
conceito de obrigação e as suas características.
Vamos olhar para a disciplina da obrigação e ver se há critérios referenciais,
princípios fundamentais da mesma. Nos manuais, estão propostas diferenciadas que
orientam a disciplina. No entanto, na cadeira vamos abordar a proposta do professor
Almeida Costa.
Este aborda três princípios fundamentais do direito das obrigações:
1. prevalência do interesse do credor
2. autonomia privada
3. a boa-fé
Estes 3 estruturam a disciplina no seu núcleo mais restrito. Mas claro que há
muitos outros princípios que podíamos identificar e que estão previstos noutros
manuais.
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Mas será que o devedor nunca tem direito a cumprir/a prestar? Como é que o
credor deve ser tratado perante uma situação em que o devedor não consegue
cumprir a prestação a que está vinculado por falta de colaboração do credor? Estas
situações não são a regra, mas há situações em que o devedor tem direito a cumprir/
deve ser tratado como uma pessoa que tem direito a cumprir:
Artigo 762º/2 - o credor e o devedor devem proceder de boa-fé. Se o credor
não proceder de boa-fé estaria a violar o direito de o devedor cumprir a
prestação. Deverá o devedor ser indemnizado nos termos do artigo 804º.
Este agora deverá ser considerado um devedor/credor.
Autonomia privada:
Quando falamos em autonomia privada, sabemos que as partes podem definir
os direitos e deveres que emergem da relação entre si. Estamos a pensar no exercício
da vontade e deixamos de lado a gestão de negócios, enriquecimento sem causa e
responsabilidade civil.
Olhemos para as fontes voluntárias, contratos + negócios jurídicos unilaterais
(resulta da norma do artigo 457º – só quando a lei preveja é que a vontade unilateral
de alguém é suficiente para formar a obrigação). A autonomia privada tem expressão
real nos contratos. Então porque é que consideramos este princípio como base das
obrigações? Porque a principal fonte das obrigações é o contrato e por isso é que
falamos deste princípio em obrigações.
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Quando vou a uma máquina de venda ninguém está a pensar nos típicos casos
de declaração de vontade. No caso dos autocarros é um processo automático pois o
motorista não diz que aceita transportar determinada pessoa. Embora haja
declarações de vontade não há um contrato válido e eficaz. As declarações de vontade
fazem nascer um vínculo entre as pessoas. Há ainda uma categoria de relações
obrigacionais que surgiram de contratos inválidos. Mesmo que não estejamos perante
obrigações que nasçam do encontro de declarações de vontade há situações que
devem ter o tratamento semelhante. Na verdade, isto vai cair tudo no regime do
contrato.
A autonomia privada tem de ser entendida no sentido o mais
abrangente possível, no sentido em que abrange contratos que são
baseados em declarações de vontade ou em situações que se
assemelham a verdadeiros contratos, mas em que não é necessária uma
declaração de vontade
Princípio da boa-fé:
A boa-fé pode ser entendida em sentido objetivo e em sentido subjetivo. Quando falamos em
sentido objetivo é a convicção de se estar a agir de acordo com o direito. No direito das obrigações
interessa fundamentalmente a boa-fé em sentido objetivo que se trata de uma regra de conduta, como
é que a pessoa se deverá comportar e aqui vamos encontrar em vários momentos da vida da obrigação.
Vamos encontrar fundamentalmente na formação dos contratos (artigo 227º), na integração dos
negócios jurídicos (239º), abuso de direito e ainda, na vida da obrigação um instituto que gera impacto –
resolução ou modificação do contrato por alteração das circunstancias (437º a 439º - instituto que
pretende que quando uma alteração das circunstancia ocorre de forma de tão grave que faz com que
exigir o cumprimento da obrigação seja atentatório da boa-fé enquanto regra de conduta, pode
modificar-se ou resolver-se o contrato). Finalmente, o artigo 762º/2 no cumprimento da obrigação.
princípio da boa-fé impera.
Exceções à primeira dimensão: Autolimitações que significam que são limitações aceites pela própria
pessoa, em que a pessoa se privou da própria liberdade de contratar e fê-lo por sua vontade (no
contrato de promessa existe autolimitação perante outros casos; pacto de preferência) e
heterolimitações que são limitações que vêm de fora da vontade (não se pode conduzir se não tiver
seguro automóvel, foi a lei que o impôs).
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Exceção à segunda dimensão: artigo 2194º - não é possível fazer um testamento em benefício do
médico que me acompanhou nos últimos dias de vida
Liberdade de fixação do conteúdo do contrato – artigo 405º (dá uma margem de liberdade às partes
para fazerem o que entenderem). Ao abrigo deste princípio podem surgir contratos típicos ou atípicos.
Temos contratos típicos quando as partes fazem um dos contratos previstos na lei, mas segundo o artigo
405º podem fazer contratos atípicos. Estes contratos atípicos podem ter uma de duas naturezas: puro
(em que eu não estou a importar nenhuma regra prevista na lei, as partes criam a sua própria lei; não
estou a recorrer a nenhum tipo legal) ou misto (as partes reúnem nesse contrato normas de dois ou
mais contratos total ou parcialmente regulados na lei).
5º Aula – 22/02/2023
1ª questão: uma vez que estamos a falar de uma reunião de regras respeitantes a
vários contratos, há aqui alguma norma, alguma teoria que nos determine qual é o
regime aplicável a um contrato que vai buscar normas e características de contratos
diferentes?
1. Teoria da absorção
Significa que vamos ter de descobrir um contrato, que no contexto daquele
contrato misto, um tipo contratual que seja predominante e o contrato misto
subordinar-se-á ao regime do contrato predominante (o regime aplicável ao contrato
misto será precisamente o regime do contrato predominante).
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Vários autores dizem que nos contratos mistos em sentido estrito, o critério a
aplicar é o da teoria da absorção.
2. Teoria da combinação:
Significa que ao contrato misto nós vamos aplicar as regras dos contratos que
estão provocados por esse contrato misto, ou seja, vamos combinar as regras que se
aplicam a todos os contratos que estão envolvidos nesse contrato misto.
Ex: Se eu tenho um contrato de arrendamento com um contrato de prestação
de serviços - imaginemos que alguém que recebe em arrendamento de uma casa e em
contrapartida presta os seus serviços de porteiro, tempo aqui dois contratos, e o que
diz esta teoria é que vamps aplicar as regras destes dois contratos às prestações que
aqui estão envolvidas;
O professor considera que talvez esta não seja a resposta mais adequada - a
proposta que o professor Almeida Costa faz é outro caminho (tem presente a
possibilidade de se aplicar o critério da absorção e da combinação), que é o
caminho da integração dos negócios jurídicos.
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Artigo 239º do CC: vem definir o modo de integrar esta lacuna que existe no
negócio jurídico - “na falta de disposição especial, a declaração negocial deve
ser integrada de harmonia com a vontade que as partes teriam tido se
houvessem previsto o ponto omisso, ou de acordo com os ditames da boa fé,
quando outra seja a solução por eles imposta”.
No fundo, o que esta terceira teoria pretende é dar ao juiz esta capacidade de
definição de qual seja po teime aplicável aos negócios mistos.
O artigo 1065º, tem por epígrafe “Imóveis mobilados e acessórios” - o que que
se extrai deste artigo? Estamos a falar de um contrato de arrendamento ou
locação dos móveis, ou seja, ou aluguer dos móveis, isto integra-se na categoria
do contrato combinado.
Estamos a falar de uma casa que tem um valor económico muitíssimo superior
ao valor económico das cosias mobiladas que integram a casa, e portanto o
legislador identificou o contrato predominante, que é o contrato predominante
e mandou aplicar à locação de casa mobilada as regras, não do aluguer mas do
arrendamento (aplicou a teoria da absorção).
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No entanto, não deixamos de estar perante uma união ou coligação de contratos, isto
é, não estaremos perante os contratos mistos quando se estabeleça uma dependência
entre os contratos - o que nos leva a à 2ª sub-espécie de união ou coligação de
contratos.
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Ex: vamos imaginar que estamos numa localidade que não existe perto a possibilidade
de pôr gasolina, se A aluga um automóvel e contrato com B (sujeito que alugou o
automóvel a A), também a prestação de gasolina - estes contratos na verdade acabam
por estar dependentes um do outro, porque obviamente que A não quer alugar um
automóvel que não possa andar, ele precisa da gasolina, e ao mesmo tempo A, não
quer compra a gasolina se não tiver um automóvel para a andar.
PRINCÍPIO DO CONSESUALSMO
Quando falamos deste princípio é preciso ter presente que estamos a falar de
duas realidades concretas:
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
o que que se quer assentar aqui neste quadro? Quando nós estamos a falar
nesta distinção entre contratos consensuais e contratos reais quod
constitutionem, estamos querer ainda especificar mais a nossa afirmação
inicial, e traçar aquilo que é uma forma e aquilo que é uma formalidade.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Então o que que significa neste caso contratos consensuais? Aqui já queremos
dizer outra cosia, já não estamos a utilizar a mesma definição que foi utilizada à
pouco (contrato consensual é o que se considera perfeito pelo mero acordo de
vontade das partes) - quando estamos a distinguir contratos consensuais de
contratos reais quod constitutionem, quedos dizer o seguinte: mesmo que nós
reconheçamos que há vários contratos em que é necessário forma, ou seja,
ainda assim há um acordo de vontades embora não seja um acordo verbal (tem
de ser escrito), mas há uma cosia que não é preciso que é a entrega da cosia,
portanto o que que será um contrato consensual nestes termos? O contrato
consensual nesta segunda classificação é um contrato em que a perfeição desse
negócio se dá com as declarações de vontade submetidas ou não a
determinada forma, então o que que são contratos reais quod
constitutionem? São queres em que além das declarações de vontade
submetidas a determinada forma, é necessária a entrega da cosia que constitui
objeto desse mesmo contrato.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Mas esses contratos reais quod constitutionem são muitos, estamos assim
perante a tal exceção? O Prof. Almeida Costa procura reduzir esta categoria,
dizendo o seguinte, é que se as partes quiserem podem até manifestando
vontade nesse sentido basicamente celebra um contrato que é real quod
constitutionem, mas em que a entrega da cosia deixa de ser um elemento de
execução do contrato (único contrato que o prof. Almeida Costa não admite
que isso aconteça é o penhor).
O penhor é um direito real de garantia que dá esta posição de preferência aos credor -
estamos perante um negócio real quod constitutionem que é ao mesmo tempo um
negócio real quod effectum.
Exemplo 2: doação de cosia móvel, não feita por escrito - também é um contrato real
quod constitutionem e também um contrato real quod effectum, porque produz a
transmissão da propriedade sobre a cosia que foi doada. O mútuo também é contrato
real quod constitutionem e quod effectum, porque com a entrega da coisa emprestada
transfere-se a propriedade sobre a coisa emprestada.
Temos sempre contratos reais quod effectum apesar de serem contratos reais quod
constitutionem, porque que se diz isto? Porque agora estamos a transitar para
o segundo plano - o que se quer saber no fundo é s também há consensualismo (no
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
plano de forma sabemos que há - não necessita de forma, e mesmo que necessite de
forma nação necessita da entrega da coisa) no plano dos efeitos da eficácia do
contrato.
Segundo plano: Os efeitos também se produzem por mero efeito do acordo das
partes? Por mero efeito do contrato?
Para já é necessário termos em conta que o contrato pode produzir efeitos não
só apenas reais, desde logo o contrato produz efeitos obrigacionais (compra e
venda - obrigação de pagar o preço, obrigação de entregar a coisa, transmissão
da propriedade - é um contrato que produz efeitos obrigacionais; contrato
casamento - produz efeitos familiares).
Isto para dizer que o legislador sentiu necessidade de dizer o que que acontece
em relação os direitos reais, na relação com o contrato, isto é, em que
momento é que eles surgem. Surgem depois do registo Surgem depois da
entrega da coisa? já sabemos que a entrega da cosia não é necessária para a
perfeição do contrato, mas a entrega da cosia poderia ser necessária para a
transmissão da propriedade; ou no nosso sistema jurídico o titulo é suficiente
para a transmissão de direitos reais? O acordo de vontades é suficiente para a
constituição a transmissão de direitos reais?
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Artigo 886º: esta norma vem dizer que transmitida a propriedade e feita a
entrega da coisa o vendedor, não pode resolver o contrato por falta de
pagamento do preço exceto se existir uma convenção em contrário. Se isto
acontecer não haverá a possibilidade de resolver o contrato - qual é a
vantagem que a clausula de reserva de propriedade nos trás? É que não se
verifica a primeira condição do artigo 886º, que é a transmitida a propriedade
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Exemplo: 800 euros é o preço - 8 prestações, 100 euros cada prestação, significa que
cada prestação é um oitavo, ou seja, se o devedor falhar uma prestação é uma
prestação que não excede o oitavo. O que a lei vem dizer é que, como esta prestação é
de valor baixo, mesmo tendo havido reserva de propriedade, não podes haver
resolução do contrato.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
não) - uma das condições do artigo 934º é a entrega da coisa, e portanto não há a
possibilidade de se resolver o contrato.
Nota muito importante: Há aqui duas alternativas, A resolver o contrato sem prejuízo
de uma indemnização que possa receber, outra coisa é manter o contrato (pode
continuar a utilizar, mas há perda de beneficio do prazo, em regra o prazo é definido
em beneficio do devedor) - o 934º fala destas duas coisas.
Vamos supor que foi definido o dia 15 de maio para cumprimento de uma
determinada obrigação - significa que até ao dia 15 de maio o credor não pode exigir o
cumprimento da prestação, e que até o devedor pode antecipar e o credor tem de
aceitar. Portanto em principio o prazo tem se estabelecido em beneficio do devedor.
O que diz a lei, é que se ele não cumpre uma prestação perde o beneficio do prazo, o
que significa que a partir do momento que ele não cumpriu no dia 15 de maio, ele
dedicou de ter a possibilidade de pagar o restante preço apenas em junho, julho,
agosto, etc. precisamente porque falhou uma prestação vencem-se todas as outras.
Ou seja, o devedor não quer destruir o contrato, ele quer manter o contrato, mas vai
ter que pagar tudo, pois se não pagar os juros de mora vão vencer não apenas sobre a
prestação que não foi já paga mas também sobre todas as outras prestações futuras
pela a perda do benefício do prazo.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
O artigo 808º diz que há duas hipóteses em que o atraso da mora pode
passar a ser considerado incumprimento definitivo. Se optasse por
manter o contrato, a doutrina maioritária associa como indemnização
por interesse contratual positivo – o que remete para os artigos 719º e
801º. Se optasse por resolver o contrato pelo interesse contratual
negativo raramente conseguiria ser indemnizado, exemplo do caso do
quadro – mesmo nos casos de impossibilidade culposa.
A manutenção do contrato vai levar a que haja uma indemnização nos termos
do artigo 798º. Já na resolução devemos olhar para os artigos 886º e 934º. Há um
espaço no caso da manutenção que nos falta preencher. Quando falamos em
manutenção numa hipótese em que existe impossibilidade culposa, a prestação é
sempre possível.
Se pelo artigo 886º a resolução fosse possível ainda teríamos de olhar para o
artigo 934º, uma vez que se trata de uma venda a prestações. Assim se não pudesse
resolver a única solução seria a manutenção – ver artigo 817º e seguintes – se não
cumprir entregando o que deve vamos executar – manutenção significará a realização
coativa da prestação.
o Norma 779º significa que se há uma data prevista para o
devedor cumprir, esta data foi estabelecida para o seu proveito e
se nada em contrário for dito no contrato (se não for dito que o
prazo foi estabelecido em benefício do credor). Se o devedor
quiser cumprir antes pode fazê-lo e se o credor não quiser entrar
em mora. Em prestações como o benefício no prazo é do
devedor até aquela à data estabelecida o credor não pode exigir
nada. O professor Almeida Costa entende que neste artigo não
se deverá falar em vencimento, mas sim em exigibilidade
antecipada. O artigo 781º dir-nos-ia que se o devedor não pagou
a 2 prestação, o credor poderia exigir antecipadamente as
restantes. Tudo seria assim se não interviesse a norma do artigo
934º, segunda parte refere-se explicitamente ao estabelecido na
norma do 781º.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
PRINCÍPIO DA BOA FÉ
Ora, nós ja sabemos que o artigo 227º do CC, nos diz que só há
responsabilidade se houver danos e culpa (culpa na atuação em contrariedade
à boa fé), onde é que está o onus da prova|? No 227º não nos diz.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
6º Aula – 27/02/2023
Quando falamos do princípio da boa-fé e o associamos à formação do contrato
importa realçar que a boa-fé poderá ter importância após a extinção da relação
obrigacional.
Boa-fé: orienta a relação das partes durante (através da responsabilidade
obrigacional/contratual – responsabilidade pela violação de uma obrigação) e após a
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
2. Revogação – Esta tem fundamento na vontade das partes, ou seja, ela não
surge da lei, apesar de haver situações em que a lei se refere à revogação. A
revogação é de exercício bilateral (ocorre quando há acordo entre as partes em
pôr termo ao contrato que celebraram – declaração das partes contrária a
declaração que fez nascer o contrato). A revogação não tem de ser
fundamentada/justificada. A revogação tem efeitos apenas para o futuro e não
tem eficácia retroativa). A lei vem, no entanto, estabelecer algumas exceções a
esta caracterização:
o pode ser a própria lei a prever o direito de revogar (art. 970º - as
doações são revogáveis por ingratidão do donatário;
o 974º - situações de ingratidão;
o 448º - norma que prevê a possibilidade de o contrato a favor de
terceiro ser revogado.
o Em qualquer destes casos a revogação não resulta de acordo de
vontade, é unilateral, não têm fundamento na vontade das
partes, surgem da lei. Mesmo havendo um fundamento legal,
exercício unilateral a verdade é que a revogação so produz
efeitos para o futuro e este é o fundamento que permite
distinguir a resolução e a revogação (em princípio distinguem-se
de forma clara, mas há exceções que podem trazer dúvidas
sobre qual a dimensão que estamos a tratar).
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(=pudesse conhecer) das outras partes. Mas será isto suficiente? Consideramos que
não:
Teoria da base do negócio – diz que estou perante a possibilidade de resolução
e modificação do contrato quando se trata de circunstâncias fundamentais para uma
das partes ou ambas. A outra parte conhecesse ou devia conhecer essa essencialidade.
Alem de conhecer ou puder conhecer é preciso que a outra parte tivesse aceitado ou
que a boa-fé assim o impusesse.
Quais os requisitos para que possa haver modificação ou extinção do contrato?
Artigo 437º - Requisitos:
1. É preciso que a alteração das circunstâncias ocorra nas circunstâncias em que
as partes fundaram a decisão de contratar – esta ideia de as partes fundaram a
decisão de contrato corresponde à teoria da base do negócio; têm de ser
circunstâncias fundamentais para as partes e serão a razão por estarem a
contratar. A chamada base negocial subjetiva trata de circunstâncias em que
ambas as partes fundaram a sua decisão de contratar.
2. Tem de haver uma alteração anormal; A anormalidade significa uma alteração
que não chegue a ser expectável na sequência dos eventos
3. Tem de haver a lesão para umas das partes (não tem de ser necessariamente
económica); pode não ser uma lesão de caracter económico, mas sim de
caracter pessoal
4. A manutenção da obrigação afete o princípio da boa-fé gravemente; o
cumprimento desta obrigação, a exigência da obrigação em causa afete
gravemente os princípios da boa-fé. A base negocial objetiva estamos a pensar
no enquadramento social que existia ao tempo da celebração do contrato
deixar de ser o mesmo, houve uma mudança na sociedade, é uma base
negocial que está para além da vontade das partes, está na sua realidade –
estas questões têm espaço no artigo 437º. Para um caso caber nesta base
negocial objetiva teremos de olhar para o devedor enquanto impacto na crise
negocial e não como um individuo
5. É preciso que não esteja coberto pelos riscos próprios do contrato (ex. de uma
situação em que a alteração está coberta pelos riscos próprios do contrato:
796º - o comprador assume o risco da perda ou deterioração;
6. So é possível iniciar a alteração das circunstâncias para obter a modificação do
contrato quando o devedor já estava em mora relativamente ao pagamento do
preço. Inexistência de mora do lesado – 438º
O 437º a 439º não pode ser invocado para os contratos já terminados
Este regime da alteração das circunstâncias está pensado para os contratos de
prestações duradouras, mas não só poderá incluir contratos de uma única prestação.
Relatividade – contrato não produz efeitos relativamente a terceiros a não ser nos
casos previstos na lei (exceções à relatividade):
Contrato a favor de terceiro – distingue-se de várias realidades: não é um
fenómeno de representação. No regime do contrato a favor de terceiro diz-se
que o terceiro adquire de imediato a prestação, mas ele pode aceitar ou
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
7º Aula – 01/03/2023
São ambos preliminares, o que significa que são contratos que tem por objeto
a celebração de um contrato futuro (não necessariamente apenas de um
contrato, mas fundamentalmente de um contrato futuro).
2ª condição: dar a essa contato as mesma condições que um terceiro aceitou (pacto
de preferência significa dar a alguém o direito de preferir a outrem na celebração
daquele negócio).
Isto não é assim no contrato promessa, quando alguém se obriga, por natureza,
a promessa significa o dever de celebrar o contrato que é objeto dessa
promessa. Portanto, se A promete vender a B, e convencionaram que a
celebração do contrato definitivo seria daqui a três meses - uma obrigação mais
intensa.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Há ainda, algumas normas que são centrais na matéria dos contratos em geral,
e que também são centrais na matéria do contrato promessa - artigo 801º,
nº2 e do artigo 808º.
a 1ª parte desta norma diz logo que se trata de um contrato promessa (de uma
convenção pela qual alguém se obriga a celebrar um certo contrato futuro);
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
O princípio da equiparação tem duas exceções, em bom rigor tem dois planos
em que as exceções atuam e que estão indicadas também no artigo 410º nº1
do CC.
O que está no fundo o legislador a dizer com esta norma é que ao princípio da
equiparação se aplicam duas exceções, uma relativamente à forma e outra
relativamente às normas do contrato prometido que pela sua razão de ser não
se devam considerar extensivas ao contrato promessa.
Nota: nas provas orais pergunta-se com frequência quais são as exceções ao
princípio da equiparação.
Relativamente à forma há duas normas que estão no artigo 410º e que são
normas especiais do contrato promessa - agora, é preciso percebermos em que
medida é que essas normas especiais vão trazer uma exceção a este princípio
da equiparação.
“só vale se constar de documento assinado pela parte que se vincula ou por
ambas, consoante o contrato-promessa seja unilateral ou bilateral” - a
promessa só vale se constar de documento assinado - mas onde é que está a
exceção relativamente à forma? Basicamente o que a lei está a dizer é que se
exige um documento autenticado ou particular para o contrato definitivo e que
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
E depois a lei continua “só vale se constar de documento assinado pela parte
que se vincula ou por ambas, consoante o contrato-promessa seja unilateral ou
bilateral”, ou seja, na verdade o que está a dizer é que se um contrato
definitivo (já não é consensual) é solene ou formal também o contrato
promessa vai ser solene ou formal - e é aqui que está a dificuldade eme
entender a diferença!
É verdade que são ambos solenes ou formais, mas há uma diferença muito
relevante.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Nº3 do artigo 410º: é preciso termos me conta esta norma, pois também não
podemos dizer que é sempre suficiente um documento particular sem
nenhuma intervenção de uma autoridade externa.
Se olharmos para o nº3 do artigo 410º, vamos perceber que quando estamos a
falar de um determinado objeto e de contratos que tem alguns efeitos
relativamente a esse objeto, o contrato promessa tem de revestir uma
solenidade diferente do mero documento particular.
Nota: porque que a lei fala em edifício? E não fala em aquilo que seria. A
realidade se estivéssemos a utilizar a terminologia da parte geral do CC?
Quando falamos em edifício estamos a falar de um prédio urbano, então
porque que a lei não fala em prédio urbano? Porque na verdade uns prédios
urbanos pressupõem já a implantação, e se olharmos para o artigo 410º, nº3,
este fala em edifício já construído, ou em edifício ainda em construção ou até
mesmo edifício apenas projetado.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
O contrato é nulo. O que que neste caso se sucede? O que a lei vem dizer é que
se não se provar quem é que tem a culpa na não verificação destes requisitos,
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
só uma parte pode invocar a nulidade o que significa que à partida a outra
parte está vinculada ao contrato promessa apesar do contrato promessa não
preencher os requisitos de forma que a lei prevê.
O promitente alienante pode invocar alguma vez essa lei? Só pode invocar
quando a mesma tenha sido culposamente causada pela outra parte, ou seja,
tem de demonstra que a falta de preenchimento dos requisitos se deveu a
culpa do promitente adquirente. Nesse caso ele pode evocar a omissão desses
requisitos.
Na verdade, o artigo 410º, nº2 diz-nos que um contrato promessa poder ser
unilateral ou bilateral:
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Porque que isto protege mais o Porque que isto protege mais o promitente
adquirente? precisamente porque se a tentação para incumprir está do lado do
promitente alienante, então vamos tentar apanhar nas situações em que o
promitente alienante tenha assinado, o promitente alienante. E se apanharmos
o promitente adquirente porque foi ele que assinou a situação dele não é
problemática porque ele próprio não se importará de cumprir.
2ª exceção - quanto à substância - “e as que, por sua razão de ser, não se devam
considerar extensivas ao contrato-promessa”:
Substância: significa normas que pela sua razão de ser são aplicáveis ao
contrato prometido mas que não são aplicáveis ao contrato promessa.
Há normas relativamente aos contratos que podem ser objetos das promessas,
que estão claramente associados não aos efeitos obrigacionais, mas aos efeitos
reais desses contratos.
Ex: nulidade quando haja venda de coisa alheia - se alguém vende dois alheia
não enlacrada como futura, não sendo encarada como coisa que irá adquirir e
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
depois irá vender. Vamos imaginar que A vende este computador (computador
de C) a B - A está a vender uma cosia a alheia, o negócio jurídico é nulo.
será que a norma do artigo 892º que é uma norma que vale para o contrato de
compra e venda e que tem por força o princípio da equiparação também se
aplicaria ao contrato promessa?
Artigo 1682º, alínea a) - se A, quiser vender um terreno que até pode ser só de
A (porque herdou), no entanto, ele só irá conseguir vender o terreno com o
consentimento da sua mulher, porque é isso que diz o artigo 1682º, se assim
não for vamos ter um negócio jurídico que é anulável. Será que isto se aplica ao
contrato promessa? Não, mais uma vez é uma norma que se aplica a efeitos
reais. Se A prometer vender apenas está a criar para si a obrigação.
Mas o que que acontece à obrigação? Podemos ter uma obrigação válida
relativamente a um ato que depois a ser praticado no contrato definitivo gera
anulabilidade? Sim, pois se A não conseguir vender o que prometeu, vai ter de
responder pelos danos que causou à outra parte.
Claro que há uma eficácia real, é possível atribuir eficácia real ao contrato
promessa, mas essa eficácia real não é esta eficácia que estamos aqui falar
(esta eficácia real é a constituição ou transmissão de direitos reais de gozo -
quando estamos a falar da eficácia real do artigo 413º, é basicamente a
oponibilidade do direito e crédito é o chamado direito real de aquisição, é
apenas opor a obrigação que eu tenho, mas não se está a transferir nenhuma
propriedade).
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Há duas normas que temos de ter presente o artigo 441º e 442º do CC, e uma
outra norma que é o artigo 830º, e ainda artigo 755º, nº1 alínea f).
1. O contrato promessa tem sinal ou não tem sinal? Quando falamos em sinal, é
uma coisa que é entregue, geralmente dinheiro que depois serve para
determinar qual é a indemnização que terá lugar se o não cumprimento do
contrato ocorrer. Sinal é um meio de determinação antecipada da
indemnização. Se houver um sinal vamos ter ir ao regime do sinal para
determinar quais são as consequências do não cumprimento.
Que direitos tem o credor? Em termos abstratos, pode dizer-se que o credor
tem duas opções - manter ou restituir o contrato (vamos aplicar isto à venda
em prestações, no contrato promessa);
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
A vendeu a C, que direitos tem B? Como neste caso não foi atribuída eficácia
real ao contrato promessa (artigo 413º). Se o promitente comprado tivesse
efetivamente beneficiado de eficácia real, ele até poderia ir atrás da coisa, ele
podia ter optado pela manutenção do contrato, só que não foi atribuída
eficácia real à promessa.
Se as partes não atribuírem eficácia real não é possível ir atras da cosia , o que
significa que a ideia de manutenção do contrato nãos seria possível. Neste caso
o credor só tem a possibilidade de destruir o contrato (aliás já esta destruído
porque foi vendido a coisa a um terceiro).
Vamos imaginar que os 10.000 euros são um sinal, as partes qualificaram como
sinal. Mas as partes até podiam ter dito que o promitente comprado entregava
10.00 euros ao promitente vendedor e não qualificarem como sinal, que
conseguimos chegar lá, porquê? Artigo 441º.
Vamos imaginar que foi o promitente comprador que não compareceu - nesse
caso a lei diz que o promitente que recebeu o sinal, que neste caso era o
promitente comprador, significaria que o promitente vendedor poderia ficar
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Artigo 830º do CC: no fundo o que nós temos aqui é uma substituição do
tribunal as partes a pedido do promitente fiel (aquele que queria cumprir) - e
portanto, ele pede ao tribunal que através de sentença produza os efeitos do
contrato que deveria ter sido celebrado voluntariamente. O tribunal a pedido
do promitente fiel a substituir-se às partes, a produzir os efeitos através de
sentença.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Trabalho de casa para aula teórica: artigo 830º, nº2 - estabelece uma presunção. 442º,
nº3 - é uma norma que está no regime do sinal, o artigo 832º afasta a execução
especifica se houver sinal, mas o artigo 432º, nº3 vem contradizer.
8ª aula – 06/03/2023
- Artigo 830º, nº1 CC: se alguém estiver obrigado a celebrar certo contrato
pode a outra parte obter sentença, na falta de convenção em contrário. Se houver
convenção em contrário, a execução especifica não será possível. As partes podem
afastar a possibilidade de recorrer à execução especifica.
A norma que está em confronto com esta é a norma do artigo 442º, nº3 que diz
na sua primeira parte: “em qualquer dos casos previstos no nº anterior (nº
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
- Ela dá-nos as pistas para entrarmos noutra questão, estas normas têm de ser
compatibilizadas e na verdade elas são compatibilizáveis.
O artigo 442º, nº3 diz assim: em qualquer dos casos previstos no nº anterior, o
contraente não faltoso, pode ocorrer em execução especifica do contrato nos termos
do artigo 830º, ou seja, permite-se a execução especifica, mas nos termos do artigo
830º. Temos de descobrir como é que nos termos do artigo 830º/2 pode haver
execução especifica. A presunção do nº2 é uma presunção ilidível (é a regra das
presunções, se não houver indicação em contrário, a presunção é ilidível).
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
O promitente fiel tem meios para resolver este problema de não cumprimento:
manter o contrato (pedir a execução especifica do contrato, ou seja, vir a
tornar-se proprietário da coisa que pretendia adquirir, não com a colaboração
da vontade do promitente vendedor, mas através de uma sentença do tribunal)
ou resolver o contrato (destruir o contrato, ou seja, o outro não emite a
declaração de venda nem eu emito a declaração de compra).
A resolução do contrato pode ter 2 consequências consoante haja sinal ou não haja.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
830º, nº3 parte final: quando se pergunta por uma situação em que estamos
perante um CP que tem por objeto uma fração autónoma de um edifício e em que
houve uma alteração das circunstâncias (valia 200 mil e agora vale 1 milhão). Pode
ocorrer uma vontade do vendedor de resolver o contrato de promessa de compra e
venda. Pode o promitente vendedor resolver o contrato de promessa de compra e
venda com fundamento de ter havido uma alteração das circunstâncias? Se dissermos
que sim, ele destrói o contrato e não responde por nenhum incumprimento.
Erro comum: Dizer que não pode. Ir ao 830º, nº3 porque estamos perante uma
execução especifica imperativa, logo o sinal não afasta a execução, e dizem que não
porque na parte final diz que só podemos modificar (porque só fala em modificação e
não em resolução, não pode).
Resposta certa: Pode. O 830º, nº3 não está a tirar nada ao regime da resolução
e modificação do contrato por alteração das circunstâncias, isto é, esse regime aplica-
se sempre. O 830º, nº3 está é a fazer o que: a dar mais, estabelece que pode a parte
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
faltosa pedir e com sucesso a modificação do contrato, mesmo que a alteração das
circunstâncias seja posterior à mora. De acordo com o regime geral a alteração das
circunstâncias tem de ser anterior à mora, mas este artigo diz que o regime geral está
lá, mas acresce ainda a faculdade de poder pedir a modificação do contrato mesmo
que a alteração seja posterior à mora. Mas porque é que só fala em modificação e não
resolução também? Porque esta é uma compensação à parte faltosa pela circunstância
dessa parte não ter tido possibilidade de afastar a execução especifica (compensar a
falta de liberdade de estipulação das partes), a resolução estaria a negar a
imperatividade da execução especifica. Ele pode pedir com sucesso a resolução do
contrato pela alteração das circunstâncias, porque se todos os requisitos estiverem
verificados, o regime aplica-se, o 830º, nº3 não afasta o 437º a 439º, este artigo
acrescenta informação a estes, não os substitui.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
- Passando para a segunda parte do nº3 do 442º, a lei diz que o promitente
comprador pode exigir os 150mil euros, mas o nº3 dá uma outra possibilidade ao
promitente vendedor para ele não ter de pagar isto. Se o promitente comprador optar
pela indemnização atualizada, diz o nº3 que o promitente vendedor (faltoso) pode
optar por cumprir a promessa – exceção de cumprimento da promessa – pode dizer
que prefere cumprir a promessa a pagar a indemnização atualizada (resolução do
contrato).
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
A questão é: será que posso transportar este regime geral para o CP com sinal?
É que se eu transportasse, alguma vez poderia haver exceção de
incumprimento da promessa? Alguém poderia oferecer-se para cumprir a
promessa? A lei diz que sim, a não ser que já houvesse o 808º: ora, para haver
resolução é necessário o 808º, pelo que se eu para resolver tivesse de verificar
o 808º, alguma vez poderia haver exceção de cumprimento da promessa? Não,
porque estaria sempre verificado o 808º.
Direito de retenção 755º nº1 alínea f): direito real de garantia das obrigações.
A garantia real é um direito que atribui ao credor que dela beneficia uma posição de
preferência sobre outros credores. Natureza do direito de retenção: reter a coisa que
já se tem.
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9ª aula – 08/03/2023
Resolução de Hipóteses Práticas dadas pelo Professor
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Exemplo 14: Vamos imaginar que A decide comprar o quadro pelo preço de
mercado, o quadro custava 500 mil euros - é tal o entusiasmo de A, que decide investir
todo o dinheiro que tinha disponível na compra do quadro. Só que ao entregar aqueles
500 mil euros para aquele efeito (conscientemente), perdi o negócio de compra e
venda de um terreno que A estava a ser vendido por metade do seu preço de mercado
- o terreno valia 1 milhão e B estava a vendê-lo por 500 mil euros. Mas, A
conscientemente comprou o quadro. No entanto, houve um incendio na galeria de
arte e o quadro ficou destruído: Responsabilidade pré-contratual, presunção de culpa
do devedor que vai responder pelos danos causados ao credor. O credor pode fazer
uma de duas coisas, manter ou resolver - aqui não há vantagem em manter tendo em
conta que A está a comprar pelo preço de mercado. Mas se A optar por resolver, a lei
diz a A que pode pedir uma indemnização pelo ICN - qual é que seria a situação em
que A etária se não tivesse celebrado aquele contrato? Teria tido a oportunidade de
comprar um terreno a 500 mil euros que valia 1milhão de euros, portanto o que A
estaria a pedir era um indemnização pelo ICN que neste caso não teve danos
emergentes (não teve despesas), mas há lucros cessantes. Portanto quer o ICN quer o
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
ICP tem lucros cessantes, ou seja, o facto de a indemnização estar a ser calculada pelo
ICN, não significa que esteja a abdicar de lucros cessantes.
PACTO DE PREFRÊNCIA
Iremos ver várias situações de direitos de preferência atribuídos por lei, 2 exemplos:
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O que tem em comum: serem direitos de preferência, ou seja, isto significa que
o titular do direito pode substituir-se a um terceiro na aquisição do bem que é objeto
dessa mesma preferência.
A lei toma por referência para os pactos de preferência a compra e venda, mas
como iremos ver o regime do pacto de preferência é extensível a outros contratos -
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mas esta questão da compra e venda vai nos orientar no estabelecimento de vários
esclarecimentos a respeito do direito de preferência.
PACTO DE PREFERÊNCIA
Existe uma diferença entre a obrigação nascida do contrato promessa e
obrigação nascida do pacto de preferência – o que têm em comum é o facto de se
referirem à emissão de uma declaração de vontade tendo em conta à celebração de
um contrato futuro.
Exemplo: Se A e B celebram um pacto de preferência, se A ficar obrigado à
preferência o A vai estar obrigado a não só, mas sobretudo a celebrar um
contrato que é objeto dessa mesma preferência.
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Pequena nota ainda sobre a aula passada: O legislador para efeitos do pacto
de preferência toma um contrato como referência que é o contrato de compra e venda
e por isso refere-se à preferência relativamente à compra e venda, mas é preciso que
fique
claro que o pacto de preferência é compaginável com outros contratos, falamos em
especial do artigo 423º que diz que nós vamos tomar a compra e venda como
referência
mas o pacto de referência não se refere apenas ao contrato de compra e venda (aqui
no exemplo vamos tomá-la como referência).
• A obrigação está clara que é "vender o terreno a B" mas esta obrigação se fosse
nascida do contrato promessa não teria nenhuma complicação, isto é, verificada a data
da celebração do contrato definitivo a emissão da declaração de venda teria de surgir,
mas porque é o pacto de preferência estamos perante duas condições:
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Já sabemos que o legislador utiliza compra e venda como referência, mas que o
pacto de preferência é extensível a outros contratos semelhantes à compra e venda
como contratos onerosos que encontramos no CC.
Qual é a forma deste contrato? Isto é, este pacto de preferência pode ser
celebrado livremente ou o pacto de preferência obedece a alguma forma?
o Está a remeter para uma das normas que nós referimos como sendo uma
exceção ao princípio da equiparação do contrato promessa no que toca à forma, esta
remissão é absolutamente suficiente para nós percebermos qual é a forma deste pacto
de preferência em particular - estamos a falar de um pacto de preferência
relativamente a um contrato compra e venda de um terreno - aqui não há qualquer
dúvida que se o artigo 415º remete para o artigo 410 nº2 isto significa que eu vou ter
de raciocinar nos seguintes termos: qual é o regime aplicável ao contrato definitivo? O
que o 410º diz é que se a lei exigir para o contrato definitivo escritura pública ou
documento particular autenticado diz o nº2 que a promessa só vale se constar
documento assinado pela parte que se vincula.
o Portanto nós sabemos que nos termos do artigo 410º nº2 temos uma
exceção à forma porque pode ser exigido um documento particular
autenticado para o contrato definitivo enquanto o contrato promessa se
basta com o documento particular, não é suficiente a mera declaração
verbal das partes, mas um documento particular é suficiente para
celebrar a promessa validamente.
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O artigo 415º remete apenas para o nº2 do artigo 410º, não remete
para uma outra norma que é nº3 do artigo 410º.
O nº3 do artigo 410º não surge da versão originária o que significa que
na verdade há aqui uma superveniência de regime, ou seja, o nº3 do
artigo 410º surge depois da aprovação do Código Civil o que levanta a
questão de saber se não deve haver aqui uma adaptação do artigo 415º
a esta alteração legislativa que houve na matéria de contrato de
promessa;
- Professor Almeida Costa (o professor HSA concorda): diz que não faz sentido
por uma razão (não apenas esta, mas esta é particularmente significativa se pensarmos
na generalidade dos casos): O contrato promessa será com grande frequência bilateral
o que significa que está vinculado não apenas ao sujeito que prometeu vender mas
também à pessoa que prometeu comprar e então o 410º nº3 está lá para proteger a
pessoa que está vinculada a comprar, para evitar que ela venha eventualmente estar
adstrita à aquisição de uma fração autónoma de construção clandestina ou de um
edifício de construção clandestina, a lei diz que este contrato promessa tem de ser
submetido à apreciação de alguém que vai ser vai fazer o reconhecimento das
assinaturas e ainda a certificação da licença de utilização ou pelo menos da licença de
construção.
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o A remissão do artigo 415º deve ser só lida apenas para o nº2 do artigo
410º o que significa também que se eu tivesse em vez de um terreno
um edifício e se me fosse perguntado qual era a forma do pacto de
preferência relativamente à compra e venda do edifício nós
continuaríamos a dizer “artigo 410 nº2”, ou seja, documento particular
com assinatura da parte que se vincula, sem preenchimento dos
requisitos do artigo 410 nº3 apesar de se isto fosse um contrato
promessa esse componente do artigo 410º se dever aplicar.
o Portanto o artigo 410 nº2 delimita o seu campo de aplicação, pois diz
que se o contrato definitivo for um contrato solene ou formal então o
contrato promessa também será solene ou formal embora não seja com
a mesma solenidade que o contrato definitivo, se, no entanto, o
contrato definitivo for um contrato consensual - que não exija forma -
naturalmente o contrato promessa também será um contrato
consensual. Ora, isto que vale para o contrato promessa vale também
para o pacto de preferência.
NOTA:
• Se eu estiver a falar de um terreno: artigo 410º n2, pacto de preferência
relativamente à compra e venda de um terreno, é necessário documento particular
com assinatura da pessoa que se vincula
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- E isso significa que, embora a doutrina suscite aqui várias questões sobre esta
remissão em termos simples podemos dar como adquirido que a atribuição da eficácia
real ao pacto de preferência segue o regime da atribuição da eficácia real ao contrato
promessa o que significa que se nós tivéssemos a falar de atribuição de eficácia real ao
pacto de preferência que tenha por objeto a compra e venda de um terreno ou pacto
de preferência que tenha por objeto a compra e venda de um edifício, como o 421º
remete para o 413º este último diz-nos que é necessário que se verifiquem três
requisitos:
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- A lei diz que tem de haver uma comunicação para o exercício da preferência,
já agora, esta comunicação pode ser feita extrajudicialmente ou também
judicialmente nos termos do Código de Processo Civil.
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- Já sei o projeto acordado pelo terceiro, mas quem é esse terceiro? A lei fala
em projeto de venda e as condições do contrato, mas não fala da identidade do
terceiro.
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- O Professor Almeida Costa diz que este é um bom exemplo daquilo que
justifica a transmissão da identidade do terceiro, portanto isto significa que a
identidade do terceiro deve sempre ser comunicada.
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relação jurídica com B que pode vir a pôr em causa o direito de B e portanto é nesta
medida que a identidade do terceiro deve ser comunicada.
- O Prof. HSA considera que para além da identidade tem vindo a ser
transmitida também alguma forma de comunicação com esse terceiro para que na
verdade se possa cumprir quer aquilo que deriva em geral do princípio da boa-fé,
quer para evitar estas consequências práticas tão importantes que foram referidas.
Em suma: Em termos sintáticos aquilo que resulta do artigo 416º é que tem de
ser comunicado um projeto de venda, todas as cláusulas do contrato e ainda deve ser
comunicada a identidade do terceiro de modo que o titular da preferência posso
tomar uma decisão consciente.
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Deste modo, posso falar em renúncia, caso ele diga que não quer
comprar. Ou posso falar em caducidade? Deixou passar 10 dias e não
respondeu.
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Ora, aqui diríamos que sendo que a Francisca respondeu que não então a
uma renúncia ao exercício da preferência logo o professor já está livre de
vender a quem quiser, MAS NÃO!
está abdicar de comprar naqueles termos mas não abdica do seu direito
de preferir.
Vamos imaginar que a Francisca diz o seguinte “Professor estive a pensar e não
se preocupe, pode vender o seu automóvel quando quiser, a quem quiser, porque eu
não vou exercer a minha preferência” – estamos a ter alguém a pronunciar-se sobre o
seu direito antes de haver uma comunicação para o exercício da preferência.
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preferência - qual a diferença entre essa renúncia e esta renúncia? É que agora é uma
renúncia antes da comunicação é chamada de “renúncia antecipada”, é uma renúncia
anterior que pode extinguir o direito de preferência, mas aqui entra a tal diferença que
ainda não falámos entre os direitos legais de preferência e os direitos convencionais
de preferência (falámos em 3, mas não falamos de uma 4º):
Não, por isso é que existe uma grande diferença, ou seja, é possível extinguir o
direito legal de preferência se houver uma renúncia antecipada a um projeto concreto
de negócio, isto é, o direito legal de preferência - aquele que nasce da lei, que é mais
forte do que o direito convencional – pode extinguir-se por uma renúncia antecipada a
um projeto concreto de negócio, isto é, quando se esteja a definir condições da
renúncia.
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• Exemplo: porquê que o legislador não quer que haja cinco comproprietários
e, portanto, disciplina a possibilidade de quando haja venda a terceiro um
dos comproprietários preferir dessa venda?
• Porque nós sabemos que quantas mais pessoas existem a tomar decisões
sobre a mesma coisa mais hipóteses de conflito existe e, portanto, o
legislador não acarinha a situação de compropriedade e por isso é que
estabeleceu como um dos direitos legais de preferência o direito de um
comproprietário preferir na venda da quota de outro comproprietário um
terceiro.
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Vamos supor que o terceiro pretende comprar não apenas aquilo que é objeto
de preferência, mas também mais coisas – artigo 417º (venda da coisa
juntamente com outras) – neste artigo o que o legislador entendeu é que se há
um terceiro que está disposto a comprar aquilo que é o objeto de preferência
mas mais qualquer coisa por um preço global ainda assim a preferência pode
exercer-se apenas em relação a coisa que é objeto desse mesmo direito, a não
ser que tal traga um prejuízo apreciável e nesse caso pode o obrigado exigir
que a preferência abrange todas as restantes.
E se for uma prestação acessória? Vamos imaginar que como acontece nos
contratos mistos combinados, ou seja, eu arrendo a casa e presto serviços de
porteiro – artigo 418º a regra também aqui é de que a preferência vai poder
ser exercida embora neste caso exigindo uma compensação em dinheiro da
prestação acessória a não ser que se verifique uma das situações que
referimos no nº1 do artigo 418º.
A eficácia real é uma eficácia erga omnes que dá a mesma força ao direito
convencional de preferência que o direito de legal preferência tem quando há uma
violação da preferência porque não houve uma comunicação corretamente efetuada
para o exercício da preferência.
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Negócio jurídico unilaterais vem tratados nos artigos 457º a 473º. Até agora só
vimos obrigações que nascem de negócio jurídicos unilaterais ou contratos. Hoje,
vamos ver com a gestão de negócios, obrigações que nascem da lei.
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Visto isto, interessa saber quais são os negócios jurídicos unilaterais que a lei prevê.
Quais sai os negócios jurídicos unilaterais que fazem nascer as obrigações?
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consequência, o que o artigo 458º estabelece é que a partir do momento me que A fez
esta declaração a prova da relação fundamental deixa de estar como sendo uma
oneração do credor, ou seja, na verdade A devia 500 euros a B, no entanto, não é a
declaração feita por A que está a fazer nascer o dever de prestar, mas tem um efeito,
que é o de fazer em vez de ser B a ter de demonstrar qual a razão de ser da divida,
passa a ter de ser o declarante a demonstrar que a relação fundamental que subjaz
aquela orientação uma relação fundamental que não produz efeitos, logo é nula.
Ou seja, o artigo 458º estabelece que quando há uma promessa de
cumprimento ou reconhecimento de uma dívida o que nós temos são negócios
jurídicos unilaterais que presumem a causa mas que não criam a causa, estes negócios
jurídicos não criam a obrigação apenas permitem presumir que existe uma reação
jurídica fundamental da qual nasce a obrigação que aparece traduzida nesta
declaração (deixou de ser o credor a ter de provar e passa ter de ser o devedor a
demonstrar que essa relação fundamental não existe ou é ineficaz). Isto é relevante,
pois quais são então na lei civil os negócios jurídicos unilaterais que são fonte de
obrigação?
1. O artigo 459º que fala da promessa pública - são negócios jurídicos que
são verdadeiramente uma fonte de obrigação!
o Ex: se alguém prometer pagar ou entregar 1000
euros a quem descobrir o seu cão perdido no
jardim, aqui estamos perante uma promessa
pública , pois está se a prometer a realização de
uma prestação a quem praticar um certo facto. O
que a lei diz é que quando alguém anuncia de
forma publica que promete pagar uma prestação
a quem pratique certo facto, ou a quem se
encontra em determinada situação, fica vinculado
por essa mesma declaração á realização da
prestação (atenção: estamos sempre limitados
pelo o princípio da tipicidade, portanto para que
haja efetivamente a obrigação é necessário que se
verifiquem os requisitos destes negócios jurídicos
unilaterais que a lei admite como fonte de
obrigação). E lei até a diz mais, vem dizer que a
pessoa que praticou o facto ou a pessoa que se
encontra numa determinada situação, se não
conhecesse a promessa tem o direito de exigir o
cumprimento dessa promessa (artigo 459º, nº2).
A lei estabelece algumas regras de operatividade
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2. Artigo 463º dos concursos públicos - são negócios jurídicos que são
verdadeiramente uma fonte de obrigação! O concurso público não
deixa de ser uma promessa pública, também temos aqui a promessa de
realização de uma prestação feita de forma pública - mas há duas
circunstâncias que especificam o concurso publico relativamente à
promessa pública:
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Uma doação pura, é uma doação sem encargos, ou seja, em que a pessoa
recebe, mas não tem nenhum compromisso, não tenho nenhum encargo
associado a essa mesma doação.
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Mas, se a doação for pura, o artigo 951º, nº2 vem dizer-nos que essas doações
sem encargos feitas a incapazes produzem efeitos independentemente da
aceitação em tudo o que aproveite ao donatário. Isto permite-nos ver um
negócio jurídico unilateral, pois só existe a manifestação de vontade do doador
e nem sequer é exigida a manifestação de vontade do donatário, e por outro
lado é fonte de obrigações, pois como sabemos a doação gera obrigações
(regime da doação - efeitos que podem ser reais e podem ser também efeitos
obrigacionais, nomeadamente a entrega da cosia que se tenha doado).
• Exemplo: A tem dois cães que são a sua companhia, a determinada a altura A é
internada de urgência num hospital, sem conseguir providenciar alguém que cuide
dos cães.
• São tudo situações em que nós temos claramente uma tenção entre aquilo que é o
respeito pela esfera jurídica de cada um e a necessidade de um apoio solidário. Ou
seja, à partida diz-se que a lei deve estar estipulada de forma tal que relativamente a
cada interesse de cada pessoa só essa pessoa tenha poderes de decisão, no fundo,
são questões que esta reservadas ao seu titular. Mas sabemos que a vida,
infelizmente, traz situações de mudança que podem levar a que o ato de
solidariedade seja justificável e que deva até ser promovido, e esta tenção pelo o
respeito pela esfera jurídica individual e a necessidade de proteção dos atos
solidários que faz nascer o regime da gestão de negócios.
• Quando é que estamos então perante uma gestão de negócios? Quais são os
requisitos da gestão de negócios? Nota: quando fomos confortados numa prova oral
com esta pergunta não podemos olhar à lei, temos de saber de cor. São três
requisitos, no entanto, o professor Almeida Costa refere 4.
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ORAL ERROS: “gestão real é uma gestão exercida de acordo com a vontade real
do dono do negócio” - errado! Falta o interesse, ou dizem é uma “gestão exercida de
acordo com o interesse e vontade do dono do negócio” errado! Não é vontade, é
vontade real. Cada palavra tem o seu significado:
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
(com a vontade que ele conhece ou então uma vontade que ele não conhece mas que
em razão das circunstâncias se pode presumir).
Onde é que isso está? Ora, isto corresponde ao primeiro dever do gestor -
artigo 465º, alínea a) - é neste artigo que vamos encontrar a definição mais
importante do que seja uma gestão regular.
Gestão irregular:
O que é certo, é que a lei acaba por discriminar as duas situações, isto é,
quando a gestão é exercida em conformidade com o interesse e a vontade real do
dono do negócio temos uma gestão regular, mas, a lei também vem definir quais são
os efeitos de uma gestão de negócios em que o gestor não se conformou com o
interesse ou não se conformou com a vontade real ou presumível do dono o negócio.
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No fundo este artigo vem dizer que se houve uma gestão regular, o
gestor tem direito ao reembolso das despesas que tenham
considerado indispensáveis com juros legais a contra do momento
em que foram feitas e ainda tem direito a um indemnização do
prejuízo que eventualmente possa ter sofrido com a realização
daquela gestão regular.
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• Este dever está previsto no artigo 470º do CC - que diz que a gestão
não dá direito a qualquer remuneração salvo se corresponder ao
exercício da atividade profissional do gestor.
• É um feito condicionado.
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2º efeito: este verifica-se - artigo 468º, nº2 – se a gestão não foi exercida em
conformidade com o interesse a vontade real do dono do negócio, o dono do negócio
responde apenas segundo as regras do enriquecimento sem causa.
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uma gestão regular. É possível transitar de uma gestão irregular para uma gestão
regular desde que haja aprovação da gestão
o Nas relações internas nós vamos ter que distinguir dois tipos de
gestão, duas formas de gerir que tem efeitos diferentes.
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Artigo 471 º
Sem prejuízo do que preceituam os artigos anteriores quanto às relações entre o gestor
e o dono do negócio, é aplicável aos negócios jurídicos celebrados por aquele em nome
deste o disposto no artigo 268.º; se o gestor os realizar em seu próprio nome, são
extensivas a esses negócios, na parte aplicável, as disposições relativas ao mandato
sem representação.
Aqui falamos para a gestão representativa. Mas remete para o artigo 268º, da
qual tem a epígrafe representação sem poderes.
Artigo 268.º
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3. Considera-se negada a ratificação, se não for feita dentro do prazo que a outra parte
fixar para o efeito.
4. Enquanto o negócio não for ratificado, tem a outra parte a faculdade de o revogar
ou rejeitar, salvo se, no momento da conclusão, conhecia a falta de poderes do
representante.
No fundo é isto que acontece, alguém celebra o negócio sem ter poderes de
representação para isso. No artigo 268, nº1 tiramos a ideia de que sem ratificação o
dono do negócio não está vinculado, e o gestor também não estará vinculado, uma vez
que o negócio não foi celebrado em seu nome.
Artigo 260.º
Se uma pessoa dirigir em nome de outrem uma declaração a terceiro, pode este
exigir que o representante, dentro de prazo razoável, faça prova dos seus poderes, sob
pena de a declaração não produzir efeitos.
A própria lei estabelece a faculdade que o terceiro tem, que poderá ser a figura
de um ónus. Devemos reconhecer que a lei dá uma resposta, uma forma de tutelar o
terceiro, que na doutrina do prof JÚLIO GOMES, refere outras duas saídas, que poderá
atenuar o terceiro.
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Resposta da lei quando estamos perante um negócio jurídico que não produz
efeitos perante o gestor, que não existiu uma ratificação por parte do dono do negócio
o terceiro tem, no entanto, uma resposta: o enriquecimento sem causa, isto é, ao fazer
aquela reparação, aquela pintura, o seu trabalho trouxe valor ao dono do negócio, e
este benefício não é ignorado pela lei, pode sempre haver lugar à restituição do valor
por enriquecimento sem causa.
Vamos ver quais são as consequências onde havendo uma, não existe a outra. A
ratificação diz respeito às relações externas, e esta consequência resulta do artigo
471º, com uma remissão para o artigo 268º. A aprovação: é um ato que diz respeito às
relações internas e está regulado no artigo 469º.
Artigo 469.º
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(Aprovação da gestão)
Este artigo diz que mesmo estando perante uma gestão irregular, se o dono
aprovar a gestão, essa aprovação vai produzir os efeitos do artigo 469º e determina:
Na verdade, estamos perante dois efeitos da gestão regular, uma vez que a
gestão regular produz dois efeitos positivos e um efeito negativo. O artigo 469º diz que
se existir aprovação, vai produzir um dos efeitos positivos da gestão regular, artigo
468º, nº1 e um efeito negativo da gestão regular, que é não existir responsabilidade do
gestor pelo artigo 466º, nº1.
O que deveria estar no artigo 469º, dentro da lógica de transformação, mas não está:
1º diferença:
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2º diferença:
3ª diferença:
- Ratificação: não é assim. O artigo 268º, refere que a ratificação estará sujeita à forma
exigida pela procuração. E qual será a forma da procuração? Segundo o artigo 262º,
nº2, isto significa que a ratificação como segue a forma da procuração, e a procuração
segue a forma do negócio que venha a ser celebrado. Ratificação seja no caso do
negócio consensual seja formal, faz com que ela seja também um ato solene ou
formal.
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o Vamos supor, que a casa apenas valorizou em 500€, estes 500€ não irão
permitir o reembolso dos 2500€ da primeira prestação, isto é, se eu estou
perante uma gestão irregular o reembolso não se faz sobre todas as
despesas, mas apenas nos termos do enriquecimento sem causa, e se esta
apenas valorizou 500€, ele só receberia este dinheiro. Por isso para ele
receber a totalidade era necessário que o dono do negócio aprovasse essa
gestão.
Doutrina:
Prof Pessoa Jorge, entende que a ratificação envolve uma aprovação tácita da
gestão. Quando o dono do negócio ratifica, está a aprovar tacitamente o negócio.
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sempre, e para que isso seja assim não poderemos desconsiderar as circunstâncias do
caso concreto.
(Princípio geral)
2. A obrigação de restituir, por enriquecimento sem causa, tem de modo especial por
objecto o que for indevidamente recebido, ou o que for recebido por virtude de uma
causa que deixou de existir ou em vista de um efeito que não se verificou.
Artigo 474.º
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Exemplo: A está a vender gelados, entrego X (gelado) que não foi pago a
uma pessoa atoa que estava a passar, B, por engano. Quando falamos em
enriquecimento patrimonial ou real, ou estarei a olhar para a esfera do
enriquecido ou estarei a olhar para o próprio objeto que a pessoa
beneficiou e que tem um valor objetivo.
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Artigo 479º que na medida da restituição, esta medida compreende tudo o que
se tem obtido à custa do empobrecido ou ao valor obtido.
Artigo 479.º
Outras propostas: como Prof Júlio gomes, e Menezes leitão: onde referem que
o valor que devemos utilizar não é o enriquecimento patrimonial, mas sim
enriquecimento real.
Exemplo: Alguém habita numa casa, sem contrato, mas o dono da casa
não teve um prejuízo porque não pretendia arrendar. O Direito civil não
admite, na verdade que tem de pagar o valor da renda, o instituto que
me dá esta resposta é através deste requisito.
Requisitos negativos (3) - circunstâncias que não podem existir para poder
aplicar o instituto do enriquecimento sem causa:
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Artigo 474º, diz que não há lugar à reconstituição, se a lei negar ou atribuir
outros efeitos ao enriquecimento. Outros efeitos: regime da motivação do contrato
por alteração das circunstâncias, imaginemos que existe um desequilíbrio entre a
prestação das partes.
Artigo 474.º
Artigo 498.º
(Prescrição)
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Onde diz que o direito prescreve deve-se verificar um dos dois prazos. Nº4 se
houver prescrição da responsabilidade, não significa que existe prescrição da ação de
reivindicação, ou da ação de enriquecimento sem causa, logo não se pode ir pela
responsabilidade, mas poderemos ir “buscar dinheiro” pelo enriquecimento sem
causa, mas para que isto aconteça, o prazo do enriquecimento sem causa, não poderá
ser igual ao prazo da prescrição da responsabilidade civil.
- Ex (explicação nossa, não da aula) passaram-se 4 anos desde que fui atingida
por uma pedra numa pedreira, mas so hoje tive conhecimento do direito que me
assiste. Sendo assim já prescreveu o prazo nos termos na RCEC. No entanto se só ao
fim de 18 anos é que descubro o direito que me assiste olhamos para o prazo da
prescrição ordinária.Mais prazo, 482º:
Artigo 482.º
(Prescrição)
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o pode tratar-se da pessoa que utiliza uma casa alheia sem ter autorização
para tanto
o de uma pessoa que recebe uma prestação sem que essa prestação lhe fosse
devida
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1. repetição do indevido;
2. repetição do que foi recebido por uma causa que deixou de existir;
1. Repetição do indevido
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- Aqui podemos ter aquilo que é estritamente qualificado pela lei como
repetição do indevido, expresso no artigo 476º, mas cabe ainda o que está previsto no
artigo 477º e 478º. Quando falamos em repetição do indevido estamos a pensar nas
hipóteses que caem nos artigos 476º, 477º e 478º - apesar de apenas uma das normas
ter como sua epigrafe “repetição do indevido”.
- E o que o artigo 476º, nº1 vem dizer é que se há um determinado sujeito que
vem realizar uma prestação em cumprimento de uma obrigação que não existia no
momento da prestação, a repetição é possível.
- Nº 2 do artigo 476º - Aqui na verdade, o devedor não tem para com o terceiro
nenhuma obrigação, ele tem uma divida para com o credor, mas realizou a prestação a
um terceiro. A lei nestes casos diz que a obrigação existe, não perante aquele terceiro,
mas sim perante o credor – mas a obrigação existe. Neste caso, o legislador diz que a
repetição é possível, mas é preciso ter em conta o interesse do credor, visto que a
obrigação verdadeiramente existe.
- Por isso é que o artigo refere “enquanto não se tornar liberatória nos termos
do artigo 770º” – ora o artigo 770º prevê precisamente que o credor possa ratificar a
prestação que for prestada a terceiro, de modo que assim fique o devedor exonerado
da obrigação. Ou seja, neste caso não há lugar há repetição do indevido, porque
embora perante o terceiro não exista obrigação, existe uma obrigação e o credor vai
reivindicar a prestação que foi dada ao terceiro. O artigo 476º, nº2 diferencia-se do
nº1 por isto que vimos, ou seja, existe efetivamente uma obrigação, embora não seja
perante o terceiro, mas porque existe uma obrigação, se o credor ratificar o
cumprimento da mesma prestação, entao obviamente não haverá lugar à repetição do
indevido e considera-se a obrigação bem cumprida.
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de cumprir logo no dia 3 de maio fez esse cumprimento. Trata-se de uma situação em
que a obrigação verdadeiramente existe, mas o cumprimento dessa obrigação apenas
é exigível mais à frente, até ali o devedor podia não cumprir. No entanto, o devedor
por erro desculpável cumpriu. O que diz o legislador nestes casos é que mais uma vez
existe uma verdadeira obrigação e sendo assim não há lugar à repetição do indevido, a
não ser na medida daquilo que corresponda à antecipação da prestação. Ou seja, se
efetivamente podia ao ser cumprida 12 dias mais cedo o credor obteve um
enriquecimento, entao na medida deste enriquecimento haverá lugar à restituição. No
fundo, o legislador procura anunciar o princípio geral de que sem a obrigação há
repetição, mas havendo obrigação não existe.
1º Situação - Artigo 477º: Alguém cumpriu uma obrigação alheia, por erro
desculpável, portanto esta obrigação existe, não existe porem para aquela pessoa,
para aquele devedor. Alguém que não é devedor – grande diferença para os nº2 e nº3
do 476º. Neste caso, a lei vem estabelecer uma situação de equilíbrio e dizer que se
alguem julgava que tinha uma obrigação para com um terceiro, não tendo
efetivamente essa obrigação e ter cumprido, se for um erro desculpável pode exigir a
restituição daquilo que entregou. Mas, atenção, não pode, no entanto, exigir a
restituição daquilo que entregou se porventura o credor se tiver desguarnecido de
defesas – “exceto se o credor… se tiver privado do título ou das garantias do crédito…”.
Neste caso, o que acontece é que esta pessoa que não era devedora cumpriu perante
o credor e o credor já ficou desprotegido perante o verdadeiro devedor, e a lei diz que
já não há lugar à repetição.
- Claro que apesar de tudo a pessoa cumpriu uma obrigação que não é sua, e
por isso, existe o nº2 do artigo 477º que diz que nesse caso a pessoa que cumpriu
perante o credor, não pode exigir-lhe a restituição por causa da parte final do nº1
desta norma daquilo que já prestou, mas vai substituir-se ao credor e exercer os
direitos que o credor tem relativamente ao devedor – solução de equilíbrio.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
2- Repetição do que foi recebido por virtude de uma causa que deixou de
existir:
Presente no artigo 473, nº2 e depois não há mais nenhuma norma que se refira
a esta hipótese de enriquecimento por prestação.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
o Exemplo: O senhor A tem uma casa que foi pintada por um terceiro
que não estava obrigado a realizar aquele ato. O senhor A vê-se
agora confrontado com a sua casa pintada por um terceiro que não
contratou e agora vê-se confrontado com um pedido de ESC. O que
diz o terceiro é que esta casa com a intervenção que realizou
valorizou de 100.00 para 130.000 e vem pedir o pagamento dos
30.000 euros que constituem o enriquecimento do senhor A.
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o Exemplo: Se alguém utiliza uma casa alheia para habitar, porquê que
tenho aqui um enriquecimento por intervenção? Não há nenhuma
prestação que o proprietário da casa esteja a fazer a este individuo, por
outro lado não há nenhuma despesa que o proprietário da casa esteja a
fazer em benefício deste individuo, mas este indivíduo está a ter um
enriquecimento, está a ter uma vantagem à custa do proprietário. Qual
é essa vantagem? É o facto de no fundo ter feito uma ingerência em
bem alheio sem ter autorização para tanto e contrariando a destinação
deste bem, uma vez que este bem pertence a este proprietário e será o
mesmo a ditar o que quer fazer com o bem.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
limite a restituição seria clara, era igual a 300, uma vez que o valor do
empobrecimento é superior ao valor do enriquecimento.
- Esta teoria tem a sua razão de ser, a ideia é que se eu recebi uma vantagem
devo entregar essa vantagem, mas também não devo entregar essa vantagem se
porventura a pessoa que arcou com a despesa teve uma despesa inferior, porque se
não estaria a causar um enriquecimento sem causa justificativa à outra pessoa.
Argumento normativo:
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Ao olhar para o proprietário, se eu sei que a casa não iria ser arrendada
e que a casa se manteve em perfeitas condições tal como vimos na aula
de segunda-feira passada, então qual seria o seu empobrecimento
patrimonial? A teoria do duplo limite diz que se restitui o
empobrecimento patrimonial, mas nunca excedendo o enriquecimento
patrimonial, ou seja, não haveria lugar à restituição, seria de zero. Esta
solução conduz-nos a uma solução não defensável, pois isto seria
fomentar a expropriação privada, eu poderia entrar nas coisas alheia
desde que não cause danos nenhuns, nem lucros cessantes, nem danos
emergentes. Se fosse assim eu não teria de ressarcir nada, visto que a
teoria clássica neste caso diria que a restituição não seria nenhuma.
Outro exemplo: Um menor que conseguiu embarcar num voo para Nova
Iorque. A questão que se colocava era se estaria ou não obrigado a restituir o valor do
preço do bilhete. Vamos pegar neste exemplo para tentar inseri-lo na exposição feita
pelo professor.
- Vamos supor que o preço do bilhete de avião seria de 700 euros, e que o avião
ia com lugares disponíveis, com comida a mais e que a presença de uma pessoa a mais
não faria diferença, ou não representou maior consumo de combustível. Na prática,
aquela viagem, daquele menor, na verdade acabou por não ter impacto nenhum do
ponto de vista patrimonial para a companhia aérea. Isto significa que teria uma
situação semelhante à anterior, em teoria um enriquecimento patrimonial de 700
euros e um empobrecimento patrimonial de 0 euros.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
- A teoria do duplo limite, neste caso, continua a estabelecer dois limites, visto
que teremos sempre de lidar primeiro com o enriquecimento patrimonial e depois
com o empobrecimento real. Significaria que a restituição seria de 2000 euros, o limite
do empobrecimento patrimonial já não se aplicava, isto é já conseguimos desviar-nos
daquela situação injusta que seria termos uma restituição de zero. Nesta teoria, vai
valer sempre o valor mais baixo na prática.
- Então, a conclusão seria que até poderia dar 700 ao empobrecimento real,
mas o que é que iria ter na perspetiva do enriquecimento patrimonial? Se eu viesse a
demonstrar que ele nunca iria ter feito nenhuma viagem se não tivesse enganado a
segurança e entrado naquele avião. O seu enriquecimento patrimonial seria zero e
coloca-se a questão de ter um empobrecimento real, mas ter um enriquecimento real
igual a zero.
- A teoria do duplo limite de facto nunca corrige este valor, porque parte
sempre do enriquecimento patrimonial. Nestas circunstâncias, em que o
enriquecimento patrimonial é igual a zero temos um grande problema com esta teoria.
Circunstâncias em que a pessoa que enriqueceu está de má-fé, eu entrei no avião
iludindo a segurança e depois demonstro em tribunal que nunca teria feito tal viagem
se não fosse assim.
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o O lucro por intervenção acaba por ter para a doutrina três respostas
possíveis: 1 – resposta dada pelo Professor Almeida Costa que diz que
quando há um lucro por intervenção, o instituto do ESC determinará a
restituição de tudo o que se obteve com o facto excetuando aquilo que
resulte de investimentos do próprio enriquecido, na prática pode
conduzir a quase nada;
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Artigo 481.º
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Artigo 289.º
2. Tendo alguma das partes alienado gratuitamente coisa que devesse restituir, e não
podendo tornar-se efetiva contra o alienante a restituição do valor dela, fica o
adquirente obrigado em lugar daquele, mas só na medida do seu enriquecimento.
- Mas o nº2, neste caso fala de um negócio jurídico entre A e B que é nulo, ou
que vem a ser anulável, e que depois na verdade o que acontece é que este B, o 1º
beneficiário, alienou gratuitamente a coisa a C.
Artigo 616º
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2. O adquirente de má-fé é responsável pelo valor dos bens que tenha alienado, bem
como dos que tenham perecido ou se hajam deteriorado por caso fortuito, salvo se
provar que a perda ou deterioração se teriam igualmente verificado no caso de os bens
se encontrarem no poder do devedor.
A lei diz o seguinte, se os atos forem onerosos, neste caso deve existir má-fé,
quer do devedor, quer do terceiro.
Artigo 612.º
(Requisito da má-fé)
O artigo 616º refere que A poderá atacar diretamente o património do 3º, mas
neste caso, este ato, precisamente porque o C estará de boa-fé, só poderá ser atacado
se for uma aquisição gratuita.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Extraímos destes atos basicamente três condições para fazer esta forma de
enriquecimento sem causa por desconsideração de património de intermédio.
2º condição: Para que o credor possa agir contra o terceiro, é necessário que
não seja possível satisfazer a pretensão, ou em virtude da extinção do enriquecimento
do alienante, ou seja, ele já se desfez da coisa, ou em resultado da insolvência do
próprio alienante, isto é, ele não tem meios para satisfazer o crédito (podemos ver na
situação de impugnação pauliana).
Responsabilidade Civil
Mas à responsabilidade civil tem sido trazidas outras funções, vistas como
funções acessórias, como a prevenção, punição, funções que descobrimos na
responsabilidade criminal.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
penosa, a não ser quando o legislador prevê que determinado agente deva ser
sancionado por uma prática negligente. Mas à partida, só com culpa dolosa é que
determinará a responsabilidade penal. Porque nesta responsabilidade olhamos para o
agente. E na responsabilidade civil olhamos para o lesado.
História:
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Mas de facto reconhece-se que existem diferenças entre os regimes, então quais
serão as diferenças entre os mesmos?
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- Artigo 493º: (mas é necessário dividir este em dois números). Nº1: danos causados
por coisas, animais ou atividades. E o nº2: danos causados por atividades perigosas.
- Artigo 503º, nº3: este artigo trata de acidentes causados por veículos.
Logo neste artigo 503º tem dois espaços distinguíveis. Um dos espaços é o
chamado detentor do veículo, aquele que nos termos no nº1, tem a direção efetiva do
veículo, normalmente o proprietário. No segundo espaço, é o nº3, o chamado
comissário, aquele que conduz o veículo por conta de outrem, isto é, nos termos no
artigo 503º, nº3
- Existe uma norma fundamental, artigo 487º CC. Este artigo diz-nos que
quando existir uma pluralidade de responsáveis, os vários responsáveis, respondem
solidariamente perante o lesado. O que é que significa responder solidariamente?
Significa que o lesado pode pedir o ressarcimento integral dos danos a cada um deles.
O direito de regresso é aquilo que tiver sido pago por um devedor, pode
ser reembolsado pelos demais devedores nos termos do artigo 497º.
- A resposta maioritária vai no sentido negativo, isto é, é uma norma que não se
deve aplicar à responsabilidade contratual, para não afetar as legitimas expectativas
do credor.
4º diferença: Prescrição
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Comparam-se duas normas: 500º e 800º. O artigo 500º é uma norma que se
aplica à responsabilidade extracontratual. Já o artigo 800º é uma norma que se aplica à
responsabilidade contratual.
O artigo 500º pressupõe uma relação de comissão, o artigo 800º não. Uma
relação de comissão é uma relação caracterizada por um vínculo de autoridade
e de subordinação. Ex: empresa- motorista- contrato de trabalho
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- Isto é independente dos danos que tenham sido efetivamente sofridos pelo
credor, ou seja, a lei fixa antecipadamente qual é a indemnização no caso de
incumprimento de obrigações pecuniárias.
- No artigo 806º, nº3 há uma questão que importa salientar. O artigo 806º trata
das obrigações pecuniárias e constituição em mora do devedor relativamente a
obrigações pecuniárias.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
o Como é que sei qual é que foi o critério usado na RO? O artigo 799º, nº2
estabelece que a culpa é apreciada nos termos aplicados à responsabilidade
civil, mas não estamos na responsabilidade civil? O que é que isto quer
dizer?
o À luz do que o professor disse, está claro que esta referência à RC, significa
que na RO é aplicável o critério que se utiliza para a REC.
- Aqui não vamos ter um concurso real de normas, porque não são dois factos,
temos um concurso aparente, preciso de saber se àquele facto vou aplicar as regras da
REC ou RO:
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Na prática significa que de acordo com esta doutrina o lesado poderia intentar
duas ações com fundamentos diferentes, uma com base na RO, outra com base na
REC, e basicamente aquela que lhe viesse a ser mais favorável impor-se-ia à outra. Esta
tese parece pouco defensável, uma vez que estamos perante o mesmo facto, e não se
justifica estando perante a mesma lesão que houvesse a atribuição a dois direitos
processuais. Um problema que seria evidente na articulação entre as duas ações. De
facto, tem muito poucos defensores, visto que falamos de apenas um facto danoso.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Evidente que esta teoria também colhe fortes críticas, porque quando o
legislador estabeleceu os regimes de cada uma das responsabilidades, vê-lo de um
modo equilibrado, ponderando simultaneamente os interesses do lesado e do lesante.
Não podemos esquecer que apesar de tudo a responsabilidade é apenas uma limitação
ao princípio da liberdade de ação, à partida somos todos livres de agir, mas claro que
se provocarmos danos vamos responder. Escolher a teoria da ação híbrida será, no
fundo, desequilibrar aquilo que o legislador procurou fazer, vamos procurar aquilo que
apenas é favorável ao lesado e há uma perturbação do equilíbrio que foi encontrado
pelo legislador ao definir cada um destes regimes.
4. Teoria da opção
O professor HSA tem simpatia por esta última teoria, visto que aqui já não
vamos desequilibrar nada, nem vamos duplicar ações. Como o próprio termo indica, o
lesado vai ter de que se sujeitar a uma dessas responsabilidades, seja a RO, seja a REC.
Há aqui uma alternativa, uma escolha e ao lesado vai aplicar-se apenas um dos
regimes. Parece ao professor, que a resposta é em si equilibrada. O facto ilícito em
causa tanto provocou RO como REC e o lesado apenas terá de optar pelo regime que
lhe parece mais favorável e adotá-lo.
Sistema do Não Culu – sistema que é preferido pelo Professor Almeida Costa.
Significa que os dois tipos de responsabilidade não se vão cumular. Mas então qual a
responsabilidade que vai prevalecer e porquê?
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
uma escolha não só para a fase sã da relação obrigacional, mas também para a fase
patológica da relação obrigacional.
Ainda completa esta ideia dizendo que isto não vai prejudicar os interesses do
lesado, uma vez que já sabemos que há aspetos deste regime que são mais favoráveis
do que o equivalente na REC e, interesses tão importantes como por exemplo, o caso
da indemnização por danos sofridos na pessoa ou no seu património, ou danos não
patrimoniais, acabam também por estar cobertos pela RO, através da relação
obrigacional complexa – mesmo que isto diga respeito a direitos absolutos, esses
direitos absolutos estão de alguma forma associados à relação obrigacional e portanto
não é por serem direitos absolutos que fará com que não estejam consumidos pela RO,
à luz da relação obrigacional complexa.
O Professor Almeida Costa pretende dizer que não se invoque contra esta
perspetiva o facto de não corresponder a alguns desafios, como danos não
patrimoniais, uma vez que no âmbito da relação obrigacional complexa, a RO dará
sempre resposta a estes problemas. O professor AC ao tomar esta decisão faz
escolhas, por exemplo, na pluralidade de responsáveis, não se aplica a solidariedade.
Imaginemos que num caso concreto a questão mais importante seria a da
solidariedade, se fosse pela REC seria muito mais favorável – critica apresentada pelo
professor HSA.
Nota: o professor quer falar sobre uma questão que tem sido bastante falada
pela doutrina. Uma terceira via de responsabilidade. Reconhecendo que há
determinadas situações que não são equacionáveis apenas como responsabilidade
extracontratual, são situações que transcendem os pressupostos da REC.
o Exemplo típico: A responsabilidade pré-contratual que iremos ver. De
facto, há doutrina diversa, como o professor Menezes Leitão, que em
certas situações aplicar apenas o regime da REC, porque não temos uma
obrigação, porque no fundo eu não tenho uma obrigação, e, portanto,
dificilmente chegaria à RO, não é suficiente. São situações em que eu
embora não tenha uma obrigação, não são segundo esta doutrina
claramente apenas de REC, porque pensado no exemplo concreto da
RPC, nós já temos uma negociação entre as partes e, portanto, já há
uma relação entre elas, que não sendo obrigacional, porque nunca foi
estabelecido o dever de prestar, estas têm de agir de acordo com a boa-
fé. Isto será suficiente para alguma doutrina para estarmos perante uma
terceira via. Uma situação que não sendo de RO justificará algumas
normas da RO, mas quais normas? Evidente que algumas normas são
desde logo evidentes/equívocas, uma delas será a presunção de culpa,
ou seja, aplicar-se a presunção de culpa. Ou por exemplo, aplicar-se o
disposto no artigo 800º.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
o O professor Almeida Costa rejeita esta visão e para ele a dicotomia está
clara entre RO e REC, algo que também é defendido pelo professor HSA.
Este ano vamos estudar a REC. Tanto na RO e na REC, vamos encontrar SUB
modalidades. O que vamos ver depois também se aplica à RO, mas isso apenas
estudaremos no próximo ano.
1) Por factos ilícitos que é a regra, a que deriva dos artigos 483º e seguintes;
3) Por factos lícitos, ou seja, comportamentos que apesar de serem lícitos, ou seja
autorizados pela ordem jurídica, geram o dever de indemnizar – não há
nenhuma disciplina geral da disciplina por factos lícitos, eles aparecem
pontualmente na nossa lei. Não temos um regime genérico, mas ter normas
avulsas que estabelecem o dever de indemnizar apesar de o facto ser lícito;
Vamos estar mais tempo nas duas primeiras SUB modalidades, por factos ilícitos e
pelo risco.
Responsabilidade Civil por factos ilícitos
1. Facto voluntário
O que é que significa dizer-se que só há responsabilidade se houver um facto
voluntário? Significa que só há RC quando o dano é gerado por um comportamento
dominável pela vontade do homem. Evidentemente que se for um ciclone a provocar
danos naturalmente não haverá responsabilidade.
- Também temos de ter presente que às vezes até podemos estar perante
factos que derivam do homem que, no entanto, não são factos voluntários. Se uma
pessoa tem um ataque cardíaco e parte um vaso de uma loja, será responsável? Não,
de facto houve ilicitude, mas não há facto voluntário, porque este comportamento não
é controlável/dominável pela vontade humana. De facto, é verdade que foi o homem
que causou o dano, mas não foi o homem que com a sua vontade causou o dano.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Atenção que não queremos com isto dizer que todos os factos têm que ser
imputáveis, há pouco o professor disse que a imputabilidade é um pressuposto da REC,
querendo dizer que só há RC quando o agente for imputável. Nós iremos ver que a lei
vem estabelecer a possibilidade de pessoas não imputáveis, ou seja, pessoas que não
têm a capacidade de entender ou de querer puderem responder pelos danos que
causam.
o Iremos ver que um menor de 4 anos, é pela lei presumido inimputável,
então pode vir a responder pelos danos que causar? Sim, mas iremos
dizer que quem responde é o património dos pais. Na verdade, um
menor de 4 anos pode até ter um património maior do que o
património dos pais e, portanto, se houver um prejuízo causado por
aquele menor, o património que vai pagar os danos será o do menor.
O facto voluntário pode consistir numa ação, alguém que pega numa pistola e
atira sobre outra, isto é um facto voluntário, que consiste numa ação. Mas, um facto
voluntário também pode consistir numa omissão, uma escolha que uma pessoa na
verdade não fez, mas que deveria ter feito e que levou à ocorrência do dano.
- A ação e a omissão não são equiparáveis. Qualquer ação controlada pela ação
humana gera a responsabilidade verificados os demais pressupostos. Já o mesmo não
acontece com a omissão:
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
- Artigo 486º rege sobre esta matéria. Está claro neste artigo quando é que as
omissões geram a responsabilidade. É preciso que haja um dever que surge na lei, ou
de negócio jurídico, de praticar o ato omitido.
- Normas que interessa destacar, lei é entendida no seu sentido amplo, não
apenas norma civil:
o artigo 200º do Código Penal sobre omissão de auxílio – falamos aqui de
um estado de grave necessidade que ponha em risco a vida, a liberdade
de outra pessoa, não é um auxílio qualquer. Este regime não está na lei
civil, mas obviamente que se aplica ao artigo 486º, se alguém omitir o
auxílio responde criminalmente e responde civilmente pelos danos que
a pessoa que não foi auxiliada veio a sofrer em relação a essa omissão.
o A teoria alemã concebeu uma teoria que na prática pretende alargar a
responsabilidade por omissão para lá dos casos em que a lei ou o NJ
preveja. A doutrina dos deveres de segurança do tráfego – procura
dizer que sempre que alguém possui uma coisa, ou exerce uma
atividade que se apresentem como potencialmente suscetíveis de
causar danos a outrem, tem o dever de tomar as providencias
adequadas a evitar a existência de danos sob pena de responder se não
o fizer. Na jurisprudência portuguesa, há vários exemplos disto,
reconhece-se a responsabilidade por omissão.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
barragem deveria ter colocado esse aviso e não o fez, veio a ser
responsabilizada. Mas perguntamos outra vez? Haveria lei? Haveria um
contrato com eficácia para proteção de terceiros? Não, a doutrina de
deveres de segurança do tráfego impõe-se aqui.
2. Ilicitude
Segundo requisito da responsabilidade civil, trata-se de um juízo de desvalor
atribuído pela ordem jurídica, ou seja, a ordem jurídica diz que não pode acontecer. E
o que é que não pode acontecer? – o artigo 483º identifica logo duas situações em que
a ordem jurídica é chamada a intervir, porque aquilo não pode acontecer. Não pode
acontecer a violação de um direito absoluto.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
aconteceu foi que surge uma empresa que vem pedir uma
indemnização porque um concorrente não cumpre o previsto na
lei. A questão é onde é que o dano se veio a verificar? Veio a
verificar-se na esfera de interesses que não está protegida por
esta norma, uma vez que o objetivo era proteger os utentes. Não
haveria responsabilidade.
- A lei prevê para além destas situações de responsabilidade gerais outras, nos
artigos 484º e 485º. Situações em que mesmo que tenhamos dúvidas se efetivamente
cabem ou não nas clausulas do artigo 483º, são casos de RC:
Ofensa do crédito ao bom nome – alguem que retira credibilidade a
uma pessoa pode responder nos termos do artigo 484º;
Quando haja prestação de conselhos, informações de forma danosa –
artigo 485º
São situações de ilicitude específica que o legislador veio prever, mas
que o faz apenas, porque à cautela podem a não ser reconhecidas como
estando no artigo 483º
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Isto que aqui vimos está a denunciar algumas das causas de exclusão de
ilicitude que regressaremos a falar na próxima aula. Posso estar a violar um direito de
propriedade, mas existirem razões para tal.
- Vamos abordar, agora 5 categorias sendo que uma delas já foi referida a
propósito do facto voluntário, que é a categoria das omissões que esta no 486ºCC.
Esse agente deverá responder pelos danos que venha a causar com essa
conduta e não é necessário ir buscar uma das formas de ilicitude do
artigo 483º.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
A colisão de direitos:
Está prevista no artigo 335º, porque na verdade este artigo estabelece o
critério para legitimar o exercício do direito quando existe um conflito
de direitos. No nº2 está facilmente identificada uma situação de
ilicitude e de colisão de direitos, ou seja, se os direitos forem desiguais
ou de espécie diferente prevalece o que deva considerar-se superior.
Ora, se o direito de importância menor for exercido em detrimento do
direito de importância superior evidentemente que estaremos perante
uma situação de ilicitude.
- Para além dos artigos 334º e 335º e para além das omissões do artigo 486º
será importante referir duas outras situações que aparecem no nosso Código Civil
logo a seguir ao artigo 483º e que são consideradas pela doutrina como sendo
situações especiais ou específicas de ilicitude.
- Diz logo o artigo 484º que a lei estabelece a responsabilidade por ofensa do
crédito ou do bom nome. Claro que dir-se-á que o direito de crédito ou do bom nome
são realidades que estão compreendidas no direito geral de personalidade, isto é, no
fundo não poderíamos estar a utilizar o artigo 483º nº1 quando alguém ofende o
crédito ou o bom nome de outra pessoa no artigo 483 nº1, na parte que se refere a
violação de um direito subjetivo não seria suficiente?
Então o artigo 484º de uma forma muito simples diz que quem afirmar
ou disser ou difundir o facto capaz de prejudicar o crédito de qualquer
pessoa singular ou coletiva responde pelos danos causados.
Nota: Claro que aí também é uma ofensa ao bom nome, porque quando
falamos da ofensa do bom nome estamos a falar da ofensa do prestígio que uma
pessoa goza, portanto quando estamos a dizer que ele é “burlão”, eu estou a ofender
simultaneamente o crédito e o bom nome, mas eu posso ofender apenas o crédito.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
- Claro que não deixa de ser verdade que também há uma dimensão do bom
nome que é afetada, mas em termos muito concretos o que está a ser
prejudicado é efetivamente o crédito ou pode ser, na verdade, apenas um bom
nome, dizer factos relativos à vida pessoal daquela pessoa que no fundo acaba
por desprestigiar aquela pessoa na comunidade em que se insere.
Quanto aos factos falsos ninguém tem dúvidas que se alguém difunde um facto
falso que ofende o crédito ou o bom nome de uma pessoa essa pessoa deve ser
responsabilizada pelos danos que venha a causar. Estamos a falar, naturalmente, de
um comportamento que não pode ser tido em comunidade, para no fundo garantir o
respeito entre os diferentes agentes que compõem a comunidade e, portanto, se o
facto é falso e ofende o crédito ou o bom nome de uma pessoa evidentemente que
haverá responsabilidade da pessoa que fez essa declaração.
Portanto, como não diz, dir-se-ia que qualquer facto seja ele falso ou
verdadeiro seria suscetível de gerar responsabilidade. Claro que quando a difusão
deste facto é enquadrada com a própria lei evidentemente existe um fator de exclusão
de ilicitude, ou seja, se estivemos a falar da liberdade de imprensa.
- O exercício da liberdade de empresa determinará que os meios de
comunicação social possam fazer a difusão de notícias que venham a ofender o crédito
ou bom nome de determinada pessoa, porque essa atividade está enquadrada
juridicamente. Ainda que eu pudesse dizer que há um facto que ofende o crédito ou o
bom nome de uma determinada pessoa, o que é certo é que a liberdade de imprensa
está garantida pela lei e, portanto, a ilicitude estaria excluída porque se trata no
fundo do exercício de um direito ou de uma liberdade outorgada pela lei.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
O Professor HSA acha que é isso que leva o professor Almeida Costa a
dizer que em seu entender não basta dizer-se que o facto é verdadeiro
para que a responsabilidade não exista, ou seja, não é a verdade sem
mais que afasta a responsabilidade. Tem que ser a verdade
acompanhada de um determinado objetivo que o sistema jurídico
aceite, e qual é esse objetivo? Para o professor Almeida Costa é a
defesa de um interesse legítimo, se alguém difunde um facto que se
venha a apurar como verdadeiro para a defesa de um interesse legítimo
então não deve ser responsabilizado por isso.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Portanto, dizer como o professor Pessoas Jorge sem mais que o facto da
informação ser verdadeira exonera a responsabilidade parece para o
Professor HSA excessivo.
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A lei diz que não haverá responsabilidade ainda que haja negligência
por parte do prestador do conselho, da recomendação ou da
informação, mas a pergunta que se coloca é se o agente atuar com
dolo. Poder-se-ia dizer que se calhar quando a lei diz que não há
responsabilidade ainda que haja negligência está no fundo a querer
dizer que não há responsabilidade ainda que haja culpa da sua parte ou
seja ainda que ele não tenha agido corretamente não deve ser
responsável precisamente porque a informação foi prestada de forma
graciosa. Portanto há quem sustente que precisamente pela razão de
ser do nº1 do artigo 485º, mesmo quando a informação é prestada
dolosamente, exceto quando há abuso do direito não haverá a
responsabilidade.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
No dolo eventual eu não estou a querer causar um dano, não estou a agir de
forma que aquele recetor do conselho, da recomendação da informação venha a
sofrer um dano, mas aceito a possibilidade desse dano poder ocorrer.
A opinião do Professor Almeida Costa vai neste sentido, ou seja, a de
que o dolo não responsabiliza, mesmo que haja um comportamento
doloso não haverá responsabilidade a não ser nas situações mais graves
ou seja em situações de verdadeiro abuso de direito. É possível
perguntar, “mas consigo traçar a fronteira entre aquilo que ainda é
“abuso” e aquilo que já configura um verdadeiro abuso
direito?” Poderá ser difícil, princípio do Professor Almeida Costa é de
que não, não haverá responsabilidade por dolo e no fundo partindo
aquela ideia de que a pessoa está livre de dar informação, pois como
fala de uma forma graciosa não deve responder pelos danos que causa.
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Vamos aquele outro ponto em que ficámos antes de termos ido para férias da
Páscoa que é questão da exceção da ilicitude.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Exemplo de ação direta: Se eu vejo o meu relógio que eu herdei do meu avô no
assento do carro que está estacionado mesmo ao pé de mim, eu percebo que se eu
não reagir de imediato corro o risco de que o proprietário daquele carro se meta no
carro e leve o meu relógio porventura para sempre. Portanto se eu partir o vidro do
carro para recuperar o meu relógio é evidente que estou a violar o direito de
propriedade do dono do carro e para além disso a causar um dano, mas estou a fazê-lo
para defender um direito meu que estava no interior do carro, sendo que já teria sido
violado.
Já no estado de necessidade o bem jurídico que vem a ser ofendido pela minha
reação é o bem jurídico de um terceiro, ou seja, é designadamente o património de um
terceiro que não contribuiu para a situação de perigo que vai ser prejudicado.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
O professor diria que vamos encontrar nestas duas diferenças motivo para
percebermos claramente uma terceira diferença, que é a questão da
proporcionalidade da reação.
A verdade é que se olharmos para ação direta, para a legítima defesa e para o
estado de necessidade, a lei vem estabelecer padrões de referência diferentes e o que
é que queremos dizer com isto? No fundo o que o legislador foi tendo em conta estas
duas diferenças que já observamos. O que é que se pode fazer contra aquilo que me
está a acontecer? Até onde é que eu posso ir?
Claro que em qualquer dos casos vamos encontrar aquela exigência de que não
seja possível ocorrer a meios coercivos normais, porque o princípio não é o da
autotutela, é o da hétero-tutela, mas isso é comum a todas estas hipóteses. Neste
momento eu estou na terceira diferença e esta diferença pretende saber qual é que é
o peso do bem que está a ser salvaguardado relativamente ao bem que está a ser
sacrificado. Quando eu parto a janela do carro para ir buscar o meu relógio é evidente
que eu estou a sacrificar o direito de propriedade sobre o carro, quando eu mato o cão
é óbvio que também estou a sacrificar aquele direito propriedade sobre o cão. Ora, o
que se quer saber é se o legislador estabeleceu alguma diferenciação ou não.
“A ação direta não é lícita, quando sacrifique interesses superiores aos que o
agente visa realizar ou assegurar.”
Aqui eu não estou perante uma ameaça, o direito já foi violado. O que a lei diz é
que se queres reagir contra a ação direita tens de ter presente que os interesses que
tu sacrificas não podem ser superiores aos interesses que pretendes salvaguardar.
163
AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Na legítima defesa será que eu posso ou não? Sim, no fundo eu estou a reagir
contra uma agressão que me estão a fazer e, portanto, eu estou a reagir contra uma
ameaça sobre a forma de agressão, a única forma de resgatar o meu relógio. O que é
certo é que considerando apenas interesses patrimoniais, se for isso apenas que está
em jogo, a verdade é que o vidro do Maseratti é mais caro do que o próprio relógio, ou
seja, não tenho um comportamento justificado.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
E no estado de necessidade?
No estado de necessidade nós estamos a reagir contra um terceiro que
não é ele que causa a agressão. A lei diz a esse respeito que o bem
sacrificado, aquele que provoca o perigo tem de ser um dano
manifestamente superior ao por mim provocado, ou seja, se eu quero
proteger um dano manifestamente superior quer dizer que o dano que
eu vou causar é o dano que tem de ser inferior ao dano que me
provocaram, ao bem que eu quero proteger.
4º diferença
Na ação direta o que ocorre é tutela de um direito próprio tal como diz o artigo
336º, número 1.
Na legítima defesa e no estado de necessidade, estamos perante uma situação
de ameaça, e no fundo quer se prevenir a consumação da ameaça. Assim, o legislador
acabou por ser mais generoso e vem admitir a ação na legítima defesa ou não está a
necessidade não apenas para proteger um direito próprio agente, mas também
proteger um direito de terceiro.
Consentimento do lesado
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Na verdade, não, na medida em que a lei não permite essa ofensa pelo
menos por enquanto e nos termos do artigo 340 nº2, o consentimento
do lesado não exclui a ilicitude do ato quando este for contrário a uma
proibição legal ou aos bons costumes. Ora, não há neste momento nada
na lei que permita a colaboração de alguém na morte de outra pessoa e,
portanto, nessa medida evidentemente que estaremos, portanto,
perante um consentimento que mesmo a ser dado não exclui a ilicitude
do facto.
Por exemplo, num jogo de futebol mesmo que uma pessoa tenha
começado a jogar sem ter declarado expressamente que exonera
qualquer colega de outra equipa que lhe causa um dano de
responsabilidade, mesmo que não haja esse consentimento expresso o
simples facto de participar numa atividade que acarreta certo risco é
suficiente para fazer aplicar o regime do consentimento do lesado.
Nos termos do artigo 340º o ato lesivo dos direitos de outrem é lícito
desde que tenha consentido na lesão. Esse consentimento poderá vir só
da participação de uma atividade que gera riscos e se esses riscos se
vierem a concretizar é evidente que embora não haja consentimento
expresso há um consentimento relevante para esse efeito. É um
consentimento que tem a mesma força que um consentimento
expresso, isto é, não se pode mais tarde vir dizer que outra seria a sua
vontade, portanto não há aqui a possibilidade de alguma forma excluir a
relevância do consentimento demonstrando que outra fora a vontade
quando começou a praticar o jogo de futebol.
- No artigo 340º, nº3 diz-se que tem como consentida a lesão quando esta se
deu no interesse do lesado e de acordo com a sua vontade presumível.
- Imaginemos que alguém vai parar ao hospital e que acaba por ser
intervencionado de urgência, sem que tenha havido qualquer prestação de
consentimento para a intervenção médica, isto é naturalmente um caso de
consentimento presumido?
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
- Imaginemos que eu estou convencida, porque olhei para todo lado e não vi
nenhum polícia que eu posso partir o vidro do carro precisamente, porque a única
forma que eu tenho para que o meu relógio seja levado ou que eu de facto para me
proteger da tentativa de violação, tenho de praticar um facto que pode inclusivamente
levar à morte do agressor, porque não vejo ninguém que me possa socorrer naquela
altura.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
- Mas vamos supor que havia ali um polícia ou seja havia maneira de ter
recorrido a autoridade pública, ora nesse caso não está preenchido um pressuposto de
base que é a impossibilidade de recorrer a meios coercivos normais, mas se estava ali
a polícia será que era legítimo ter partido o vidro ou será legítimo ter tirado a vida ao
agressor?
O artigo 483º, nº1 estabelece o princípio Geral da responsabilidade civil por factos
ilícitos.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
3. CULPA:
É pressuposto da responsabilidade civil por factos ilícitos, mas não por factos lícitos
Juízo de censura sobre o agente: para haver este juízo é preciso que em 1º
lugar estejamos perante um agente que seja IMPUTÁVEL (tenha capacidade de
entender e de querer).
Artigo 488º:
a lei esclarece que ainda será tratado como uma pessoa imputável aquele que
se colocou culposamente nesse estado.
Ex: sujeito que tenha tomado substâncias psicotrópicas ou que tenha bebido de mais e
que tenha ido conduzir - embora não tenha capacidade de entender ou não tenha
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
capacidade de querer o que é certo é que esse estado foi atingido por uma decisão
culposa da sua parte.
A pessoa que culposamente se colocou nesse estado (decisão culposa da sua parte
- deveria ter antecipado as consequências da conduta que estava a ter).
Ex: alguém está a conduzir e sente que está a adormecer, deve parar o carro - se não o
fizer a sua escolha é culposa.
Ex: imaginemos uma criança com 6 anos que causa de facto danos - se a criança
é presumida inimputável, e essa presunção não é afastada, quem é que
responderá pelos danos causados? Os pais apenas respondem na medida em
que a criança seja responsável, mas eles próprios também são agentes de
responsabilidade, ou seja, há uma norma que está claramente relacionada com
os artigos 488º e 489º, que é? Artigo 491º (RC obrigadas à vigilância de outrem
- pessoas que por lei tem o dever de vigiar outrem - quem é “outrem”?)
Artigo 491º: este artigo está a dizer que se alguém estiver obrigado a vigiar
outrem em virtude da incapacidade de outrem, então vai responder pelos danos
causados por essa pessoa. Este artigo permite-nos desde logo saber o seguinte: se a
criança de 6 anos causou um dano, quem vai responder em princípio por esses danos é
a pessoa que estava responsável por vigiar a criança.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Quando temos um inimputável a causar um dano, o dano não vai ficar por
indemnizar, ou seja, podemos desde logo responsabilizar quem está obrigado a vigiar o
inimputável.
Em que medida é que o inimputável pode responder pelos danos que causou?
Quando é que não é possível obter a declaração das pessoas a quem incumbe a sua
vigilância?
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
não conseguia obter a reparação dos danos da pessoa a quem incube a sua
vigilância.
O que nós temos aqui? Temos um princípio geral, a culpa é necessária para
responsabilidade, a imputabilidade é necessária para a culpa, e portanto, a
imputabilidade é necessária para a responsabilidade, mas que responsabilidade é
esta? É a responsabilidade corrente, regular. Mas não significa que o inimputável não
possa ser responsável nos termos do artigo 489º.
Ex: uma escola não exerceu devidamente a vigilância da criança, e a criança caiu e foi
parar ao hospital - é responsável nos termos do artigo 491º? Não, é responsável nos
termos do artigo 486º - regime geral por omissão.
Porque que não é pelo artigo 491º? Porque o artigo 491º estabelece a
responsabilidade das pessoas obrigadas à vigilância de outrem pelos danos causados
pelo incapaz a um terceiro. Ex: se fosse uma criança que arranhou outra criança, a
criança arranhada beneficiaria da responsabilidade de um professor ou da auxiliar nos
termos do artigo 491º.
Mas se forem casos em que quem sofreu os danos foi o próprio vigiado então
recorremos ao regime do 486º (aplica-se aos danos sofridos pelo próprio incapaz).
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PATAMARES DA CULPA:
3º patamar:
MODALIDADES DE CULPA - que modalidades de culpa existem? Essa distinção é
relevante?
DOLO:
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NEGLIGÊNCIA:
Artigo 483, nº1: “dolo ou mera culpa (negligencia)” - mas ainda assim a
distinção entre eles não deixa de ser relevante:
Artigo 494º: vem permitir reduzir a indemnização no caso de mera culpa, ou seja, se
houver mera negligência o juiz pode fixar a indemnização num valor inferior áquele
que resultaria do conto dos anos causados. Este artigo é uma demonstração clara da
importância da distinção entre negligencia e dolo na nossa lei.
Mas atenção: não é assim sem mais. É óbvio que o juiz utiliza um juízo de
equidade, o que acontece é que a negligência é um pressuposto deste juízo de
equidade, isto é, se o agente tiver agido dolosamente, mesmo até que ele seja um
agente pobre e o lesado seja rico, o agente pobre vai responder pela integralidade dos
danos, porquê? Porque para se aplicar o juízo de redução equitativa de indemnização
é necessário que haja negligência, se se chegou à conclusão que aquele agente agiu
dolosamente, mesmo que seja pela forma mais baixa de dolo (dolo eventual) ele vai
responder por todos os danos causados.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Mas também não posso dizer que o mero facto de haver negligencia leva a que seja
possível haver redução equitativa da indemnização. O que o artigo 494º diz é que
poderá a indemnização ser fixada equitativamente em montante inferior ao que
corresponderia aos danos causados desde que o grau de culpabilidade do agente
(negligência consciente Vs, negligencia inconsciente).
Ou seja, o que que o juiz vai avaliar? O juiz vai avaliar se dentro desta
negligencia é particularmente grave ou não? E para alem disso olha ainda
à situação económica do lesante - vai ter de fundamentar de acordo com os
critérios do artigo 494º.
Importância do artigo 494º: norma que diz que no dolo não há redução mas na
negligencia pode haver.
4º patamar:
PROVA DA CULPA - a quem é que cabe o ónus da prova?
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
O artigo 502º refere-se aquele que utiliza o animal no seu próprio interesse. Já
o artigo 502º só seria convocável para o exemplo 2.
Em relação ao São Bernardo só podemos aplicar o artigo 493º, porque ele não
está ali como um perigo da espécie, e portanto, o proprietário não vai ser
responsabilizado.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Sobre estes dois exemplos: se o cão tivesse com o proprietário não seria
relevante porque o proprietário seria sempre responsável, mas se o cão tiver
com outra pessoa que seja um vigilante, aí o proprietário exonerar-se-ia da
responsabilidade relativamente ao são Bernardo, mas responderia nos termos
do artigo 502º (rottweiler).
4. DANO
Dano é visto como a frustração de uma utilidade que é protegida pela ordem jurídica.
Ex: imaginemos que há uma pessoa que transitava de pé num veículo que fazia
a recolha do lixo e esse funcionário vem a ser atropelado por um outro veículo que
colidiu com o veículo que fazia a recolha do lixo. O que foi dado como provado foi
grave, nomeadamente que, o autor ficou a carecer de incapacidade total para a sua
profissão, e muito mais (instabilidade emocional, transtornos). A mulher deste senhor
pode ou não pedir uma indemnização, pois também foi dado como provado que a
autora passou a viver para o marido, e por isso sente-se triste e desanimada sem
qualquer esperança de que esta situação possa melhorar, uma vez que o marido
precisa de ajuda permanente.
Questão: será que um terceiro, que não é lesado, pode pedir uma indemnização? Um
terceiro que sofra danos pode pedir uma indemnização por esses danos que sofreu?
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Dano:
Artigo 493º A – indemnização em caso de lesão ou morte de animal
Nº1 – está a falar do lesado e de terceiros que sofreram danos patrimoniais. Diz
que se houve a lesão de um animal, a pessoa que causou a lesão do animal vai
estar obrigado a indemnizar o seu proprietário (como o animal não tem
personalidade jurídica naturalmente o proprietário é o lesado) e os indivíduos,
como as entidades que tenham procedido ao socorro do animal pelas despesas
em que tenham incorrido para o seu tratamento, sem prejuízo de
indemnização devida nos termos gerais
Assim, nos casos em que há uma lesão causada ao animal, o proprietário vai ter
direito a uma indemnização correspondente às despesas em que incorreu para
o tratamento do animal. A lei diz ainda: “sem prejuízo de indemnização devida
nos termos gerais”, sendo que esta indemnização é uma indemnização que
relativamente ao proprietário poderá existir por exemplo nos termos dos lucros
cessantes. Imaginemos que o proprietário para acompanhar o seu animal teve
de faltar durante 15 dias ao trabalho, isto cabe nos termos gerais, apesar de
não caber no nº1 do artigo 493ºA. Mas este artigo não fala apenas em
proprietário, fala também em terceiros (os indivíduos ou entidades que tenham
procedido ao socorro do animal pelas despesas em que tenham incorrido para
o tratamento do animal – estas despesas correspondem a danos emergentes).
São terceiros relativamente a um lesado, sendo este último o proprietário do
animal, que podem ser indemnizados nos termos restritos que o art. 493ºA
admite.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Tendo em conta a discussão que fomos tendo sobre esta definição das
fronteiras entre lesado, terceiro, danos patrimoniais, danos não patrimoniais, esta
norma (493º A, nº3) faz-nos refletir sobre algo? Quando esta norma surgiu deu origem
a um debate relativamente aceso. Esta norma vem dizer que se acontecer a morte, a
privação de um importante órgão ou membro do animal ou a perda de locomoção, o
proprietário pode pedir uma indemnização por danos patrimoniais resultantes do
sofrimento que tal facto lhe causou. Isto faz-nos pensar em alguma coisa? A questão
neste artigo está clara, mas a jurisprudência e a doutrina entendem que de facto esta
solução não responde a todas as vicissitudes que a vida nos coloca, portanto
entendem que temos de ler a norma à luz de uma interpretação atualista e, nessa
medida, estender a norma, embora com cautelas, para permitir que mesmo não
havendo morte da vítima possa haver uma indemnização por danos não patrimoniais.
O artigo 493ºA nº3 no fundo está a permitir uma indemnização por danos não
patrimoniais. A vítima não é o proprietário, a vítima é o animal – estamos perante uma
personificação do animal. Quando se trata de uma pessoa humana só quando o lesado
morre é que o terceiro poderá receber a indemnização, quando se trata de um animal,
mesmo que o animal não morra o terceiro, que é um proprietário, poderá receber uma
indemnização.
Toda esta ideia teria alguma razão de ser se o animal fosse uma pessoa jurídica.
Em termos de técnica jurídica a norma está correta e não há propriamente uma
incongruência entre aquilo que foi a solução original do CC no art. 496º e aquilo que
foi a solução adotada no art. 493ºA nº3, porque em bom rigor o lesado é o
proprietário. Se fizéssemos uma transposição simplista entre o objeto da lesão, o
animal, e o objeto da lesão relativamente à pessoa que não morreu, diríamos que de
facto haveria um desequilíbrio, mas o art. 493º A nº3 pressupõe que quem é o lesado
não é o animal, mas sim o proprietário e nessa medida não podemos dizer que haja
um desequilíbrio.
Pergunta da margarida:
Ainda que as normas relativamente às coisas não sejam afastadas pelo próprio
estatuto jurídico, ou seja, continuam a aplicar-se e, portanto, continua a haver
propriedade sobre o animal, o que é certo é que o animal acaba por ser protegido pela
via dos deveres, que são definidos na lei. Pelo art. 1305º A percebesse a tutela que o
legislador procurou garantir ao animal sem, no entanto, o personificar. Nº2 deste
mesmo artigo estabelece uma lista de deveres em que se traduz a necessidade de se
assegurar o bem-estar do animal. O animal é destacado da coisa e precisamente por
isso adquire o regime diferente da coisa. A pessoa humana tem sempre a sua tutela
garantida pela dignidade que lhe é inerente e que tem tradução na própria
constituição.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Devemos refletir sobre o facto de a personalidade jurídica não ser mais do que um
instrumento jurídico. A pessoa coletiva é um instrumento jurídico. Não repugna ao
prof que os animais possam ter personalidade jurídica, ainda para mais pela razão de
ser cada vez mais alvo de discussão se os sistemas de software e de hardware (ex:
robôs) devem adquirir personalidade jurídica.
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5. Nexo de causalidade
É um outro pressuposto da RC.
Eu sei que a responsabilidade requer um dano e sei que a responsabilidade
requer, se for por factos ilícitos, a reunião de outros pressupostos.
Tem de haver um nexo de causalidade entre o facto e o dano. Isto é, eu tenho
de poder chegar à conclusão de que aquele dano é resultado daquele facto. A questão
está e saber como é que eu vou determinar quando é que um facto é causa de um
dano.
Como é que eu vou poder identificar as situações em que o facto é causa de um
dano? (há várias abordagens de natureza mais teórica – há várias teorias):
Teoria mais clássica – teoria da equivalência das condições (ver nome em
latim):
o Esta teoria diz que é causa de um dano toda e qualquer condição que
tenha concorrido para a sua produção, em termos tais que a sua não
ocorrência implicaria que o resultado danoso deixasse de se verificar –
ou seja, toda e qualquer condição que contribuiu para a produção do
dano deve ser considerada causa do dano.
o Esta teoria é considerada demasiado ampla/abrangente
o Ex: alguém acabou por provocar um corte na mão de outrem. Vamos
supor que dois talhantes, estavam a trabalhar e há um talhante que
distraidamente usou mal a faca e a faca em vez de cortar apenas o bife
de vaca cortou também a mão do colega. Este talhante lesado foi parar
ao hospital e no hospital ocorreu um incêndio e este veio a morrer.
O que é que diria a teoria da equivalência das condições?
Diria que na verdade se não tivesse sido este corte da mão ele
não teria isto trabalhar ao hospital e não teria morrido por
causa do incêndio que lá ocorreu. E, portanto, em última
instância o talhante deve ser também responsável pela morte
do seu colega
É evidente que isto não parece correto e daí esta teoria ter sido
corrigida por um grupo de teorias que são no fundo teorias
seletivas
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Imaginem que um pai está com o filho e distrai-se, e permite que o seu filho dê
um ponta pé na bola, vindo com esse ato a partir a montra de uma loja. No entanto, a
montra dessa loja ter-se-ia partido dado que aconteceu um sismo que destruiu as
monstras de todas as lojas dessa zona.
Questão: do ponto de vista indemnizatório será que este segundo ato que nós
qualificamos como uma causa virtual (o sismo) é relevante? Porque não foi este
fenómeno da natureza que ocasionou o dano,
- No entanto, se não tivesse ocorrido o facto anterior este fenómeno (sismo)
teria causado esse mesmo dano, ou seja, a causa virtual distingue-se da causa
operante.
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Doutrina maioritária: entende que em regra a causa virtual não pode ter
relevância negativa.
- A pergunta que se coloca é, mas porquê que, neste caso, eu não devo seguir
a teoria da diferença? Porquê que a doutrina em regra diz que não devemos seguir a
teoria da diferença, e, portanto, não devo em geral atribuir relevância negativa à causa
virtual?
A razão dá-se pelo facto de a responsabilidade civil ter por fim principal,
a compensação, a indemnização, mas não deixa de ter fins acessórios,
nomeadamente a punição do agente.
É preciso não esquecer que estamos aqui a falar de situações, em que
há culpa. Na responsabilidade civil por factos ilícitos, a culpa é um
pressuposto da responsabilidade, isto é, o dever de indemnizar surge,
porque há um comportamento censurável do agente:
É por isso que a doutrina diz que, há um dano, mas não é só o dano que
existe, também existe o comportamento censurável, e, portanto, puder
uma pessoa valer-se de uma circunstância que não está na dependência
da sua decisão, tal não deve ser admitido.
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1. Artigo 491º: precisamente no caso em que o pai não cumpriu o seu dever de
vigilância e o filho partiu a montra da loja. A norma diz - “ou que os danos se teriam
produzido ainda que o tivessem cumprido” - ESTÁ A RELEVÂNCIA NEGATIVA DA CAUSA
VIRTUAL, está se a admitir que o autor possa demonstrar a existência de uma causa
virtual e com isso excluir o seu dever de indemnizar.
NOTA: ERRO DAS ORAIS GRAVE - quando se pede que identifiquemos onde
está a presunção de culpa e os alunos normalmente dizem que a presunção de culpa
está na parte final da norma - NÃO! A presunção de culpa não está neste segmento
todo, está só na primeira parte quando diz “ou que os danos se teriam produzido ainda
que o tivessem cumprido” - o obrigado vai ter culpa na obrigação do dever de
vigilância, há aqui uma presunção de culpa, é só aqui! - Esta RELEVÂNCIA NEGATIVA
DA CAUSA VIRTUAL, está a admitir que o autor possa demonstrar a existência de uma
causa virtual e com isso excluir o seu dever de indemnizar. NÃO ESTÁ AQUI - “salvo se
mostrarem que cumpriram o seu dever de vigilância” - isto é afastar a presunção de
culpa.
2. Artigo 492º, nº1: “ou que, mesmo com a diligência devida, se não teriam
evitado os danos” - ESTÁ A RELEVÂNCIA NEGATIVA DA CAUSA VIRTUAL. + o nº2
que remete para o nº1.
3. Artigo 493º, nº1 parte final: que estabelece a relevância negativa da casa
virtual, embora talvez estranhamente, o artigo 493º, nº2 não consagre a
relevância negativa da causa virtual - dúvida: perguntar o porquê:
Por que razão é que o legislador terá consagrado aqui a relevância negativa da
causa virtual? A mesma doutrina que diz não haver relevância negativa da causa virtual
reconhece que nestes casos de factos existe relevância negativa da causa virtual, e
porquê?
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Não tem a mesma abordagem teórica que os outros institutos, porque não
temos um enquadramento geral desta responsabilidade.
O direito que está a ser prejudicado, pode ser lesado por autorização da lei,
impondo, no entanto, a lei uma compensação por essa lesão. Exemplo é o direito de
propriedade.
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Disciplinas avulsas:
Artigo 489º e 494º: em que também não é a teoria da diferença que vai
determinar a medida da indemnização
Exemplos:
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
para nela viver. A lei vem permitir que se ponha termo àquele
contrato, no entanto também vem estabelecer que o
arrendatário tem direito a uma indemnização de modo a
permitir encontrar alternativas.
Duas categorias:
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
o Artigo 494º - redução da indemnização por caso de mera culpa - vai poder
ser aplicada à responsabilidade pelo risco por causa do artigo 499º.
- Situações em que alguém está a agir no interesse e por conta de outrem sob
autoridade desse terceiro e por isso mesmo, devendo seguir as ordens e instruções
que são dadas pelo terceiro, e também sujeitar-se a que a sua conduta seja fiscalizada.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Quem é que tem a direção efetiva? A pessoa que controla o veículo e que tem
o dever de zelar pelo bom funcionamento do veículo - não significa legitimidade
jurídica, o proprietário obviamente tem direção efetiva do veículo.
- O detentor: aquele que controla o veículo e tem o dever de zelar pelo bom
funcionamento do veículo, evidentemente que o proprietário é o detentor.
NÃO TEM QUE HAVER LEGITIMIDADE JURÍDICA - uma pessoa que conduza o
veículo da outra passou a ser detentor.
Cuidado - não é a mesma coisa que ter as mãos no volante. Ex: Um aluno de
uma loja de condução não é o detentor do veículo.
Mas a lei diz que não basta isso, é preciso também, que o veículo esteja
a ser usado no próprio interesse.
Mas a lei diz “ainda que por intermédio de comissário” - isto já nos
permite fazer uma ligação com a empresa, pois a empresa é o detentor
do veículo. A empresa responde enquanto detentora do veículo (não
responde enquanto comitente, mas vai responder enquanto detentora
do veículo), nos termos do artigo 503º, nº1.
197
AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Se for o artigo 503º, nº1 a aplicar-se o detentor não vai responder por
todos os danos só responde pelos danos pessoais.
198
AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Nota: responsabilidade por factos lícitos é mais generosa para o lesado do que
a responsabilidade pelo risco.
O artigo 493º, nº2 das atividades perigosas é ou não é aplicável aos acidentes
de viação? Porque se for aplicável temos responsabilidade pelo risco e ainda teríamos
em benefício a presunção de culpa.
199
AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Artigo 502º - Danos causados por animais – artigo que também já foi
por nós referido no confronto entre o artigo 502º e o 493º.
Acidentes de viação
Responsabilidade do produtor;
Responsabilidade por danos ambientais;
Responsabilidade por veículos que não sejam de circulação terrestre
(aeronaves, embarcações de recreio)
São regimes que estão fora do Código Civil, e são casos de
responsabilidade sem culpa, de RC Objetiva.
200
AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
o Queremos saber quem é que vai responder por estes danos causados ao
transeunte. Claro que, na perspetiva que agora nos interessa, o mais
relevante é saber se a empresa será ou não responsabilizada. No
entanto, temos de dar uma resposta completa à hipótese. Se o lesado
fosse nosso cliente e quisesse saber a quem poderá pedir uma
indemnização pelos danos sofridos, como é que enquadraríamos esta
questão? Como é que resolvíamos?
o Quando o cliente chega ao escritório, ele vai dizer que foi agredido por
Daniel, ou seja, quem agrediu não foi a pessoa coletiva, é a pessoa física
empregada da pessoa coletiva. A primeira questão que temos de referir
é, do ponto de vista da responsabilidade do Daniel o que é que
acontece? Como é que enquadramos esta hipótese?
- Qual é a norma que serve para dizer que Daniel é responsável? Obviamente
que temos de dizer que estão reunidos todos os pressupostos, facto voluntário,
ilicitude, culpa, dano e nexo de causalidade.
201
AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
estamos perante nenhuma situação de presunção de culpa, isto implica que o lesado
faça prova da responsabilidade – este não beneficia da presunção de culpa. Temos
sempre de fundamentar, de especificar qual a norma que serve para invocar a
responsabilidade do agente, neste caso, artigo 483º, nº1.
Responsabilidade do comitente
202
AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
- É certo que ele está durante aquele período na atividade que lhe foi confiada,
mas a colega Margarida entende que isto não é estar no exercício da função que lhe
foi confiada, este facto danoso não foi praticado no exercício da função que lhe foi
confiada.
o Um exemplo dado pela colega a pedido do professor, em que dentro
das mesmas personagens da hipótese, estivéssemos perante um caso
em que este pressuposto já estivesse verificado:
- A questão é que a lei fala especificamente “no exercício da função que lhe foi
confiada”. Não diz algo que iria cobrir certas situações discutidas em aula que seria
“por ocasião do exercício da profissão que lhe foi confiada”.
- No exercício da função que lhe foi confiada remete-nos para danos que
tenham sido favorecidos pela natureza da atividade que foi atribuída àquele
funcionário ou eventualmente pelas características dos instrumentos que foram
atribuídas àquele funcionário para o exercício da atividade.
Tem de haver aquilo que o Professor Antunes Varela diz, um
nexo de causalidade adequada entre a atividade e o dano.
- Sendo assim, na hipótese em análise, uma vez que este está na rua, ele está a
praticar o dano por ocasião das funções, ao tempo e no local de exercício das
funções, mas não está a praticar o dano por causa das funções. A diferença está em
ser por ocasião das funções ou ser por causa das funções.
POR CAUSA DAS FUNÇÕES – Comitente é responsável – mesmo
que o dano seja praticado dolosamente, ou mesmo que ele
tenha desobedecido a ordens do comitente, a responsabilidade
do comitente existe.
POR OCASIÃO DAS FUNÇÕES – Comitente não é responsável;
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
o No entanto, ele agiu para benefício próprio, isso não deveria ser
relevante? A própria lei esclarece que não é relevante, uma vez que diz
“ainda que intencionalmente” – se o dano foi causado por que o
comissário quis produzir esse dano, não cumprindo ordens ou
instruções do comitente, isso é irrelevante. O banco, o comitente,
continua a ser responsabilizado.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
- Como iremos ver nas lições, costuma-se dizer a propósito do comitente que
seria equacionável a existência de 1 de 3 culpas, que poderá eventualmente ser
relevante como veremos depois, mas que nenhuma delas serve de fundamento à
responsabilidade do comitente.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
identificar uma situação em que o comissário respondesse pelo risco, já não haveria o
preenchimento do pressuposto anteriormente mencionado – PORQUÊ?
- Olhemos para a hipótese 2) para perceber o que é que o professor quer dizer
com esta conversa:
206
AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Neste caso, o facto danoso pode dizer-se que foi praticado no exercício da
atividade que lhe foi conferida, uma vez que o dano foi causado por causa do
exercício das funções.
- Perguntar qual a norma que enquadra a responsabilidade deste comissário?
Aqui temos primeiro de saber se o comissário é responsável, e só depois vamos ao
regime de responsabilidade do comitente e analisamos os requisitos. A norma que
responsabiliza o comissário, nesta situação concreta, será o 493º, nº2? O professor diz
que não exclui esta hipótese, visto que na jurisprudência há muitos exemplos de
decisões judiciais de atividades que vieram a ser como perigosas, mas, no entanto, não
seria o que o professor pretendia exatamente aqui. O professor não exclui esta
possibilidade de aplicação deste artigo, visto que a probabilidade de acontecerem
danos neste caso não é assim tão remota, mas de qualquer forma o instrumento que
causou dano foi o martelo.
o Esta norma tem uma vantagem, uma vez que tem uma presunção de
culpa, e portanto, a partir deste momento cabe ao agente demonstrar
que tudo fez para evitar que o martelo tivesse caído e ferido a pessoa.
o Isto permite-nos dizer que, este agente, vai ser responsável nos
termos do artigo 493º, nº1.
- E agora, o comitente vai também ser responsável? SIM, uma vez que há
relação de comissão, obrigação de indemnizar do comissário e o facto danoso foi
praticado por causa da função (a reparação da fachada do prédio).
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
que há mais do que um agente responsável, claro que são regimes diferentes, aqui não
se responde com culpa enquanto na norma deste regime há culpa.
NORMA DO ARTIGO 497º: o artigo 499º permite-nos aplicar no domínio
da responsabilidade pelo risco, o artigo 497º;
O artigo 500º, nº3 diz que tendo sido o comitente a pagar os danos, tem
uma responsabilidade objetiva, vai pedir ao comissário que muito
provavelmente terá uma RC por factos ilícitos, terá culpa, todo o
dinheiro que gastou. Na verdade, o comitente ao pagar está apenas a
garantir a indemnização devida pelo comissário ao lesado. O comissário
é que culposamente provocou o dano ao lesado e, por isso, pagando o
comitente, depois o comissário deverá reembolsar o valor
integralmente que este pagou.
Não é assim que o Professor Almeida Costa interpreta, diz que essa é a
situação comum, mas que se pensarmos na norma, qual é o objetivo da
norma? Não é definir qual a obrigação de indemnizar do comissário, não
é esse o objetivo. O objetivo da norma é dizer que o comitente pode
pedir tudo, exceto quando haja circunstâncias que justificam que esse
reembolso não seja integral. Qual é que é a circunstância mais comum
disto acontecer? Quando o próprio comitente tem uma
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
O professor Almeida Costa diz que apesar da situação mais comum ser a
falada anteriormente, não significa que não possa haver casos de
responsabilidade por factos lícitos do comissário.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
o limite de velocidade imposto naquela zona. No entanto, se ele fosse a 20km/h como
tinha dito o comitente se calhar tinha conseguido travar a tempo do atropelamento do
peão e não tinha batido na montra.
- Porque se ele tivesse cumprido as instruções aquele dano não teria ocorrido.
- O professor quer dizer com esta exposição que fez que, quando formos
estudar o A.C e percebermos que o professor Almeida Costa interpreta a obrigação de
indemnizar em sentido amplo, não devemos estranhar o facto de haver um artigo
500º, nº3 que diz “também culpa da sua parte”. Uma vez que o objetivo desta norma
não é definir qual a natureza de indemnizar da obrigação do comissário. O objetivo
desta norma é definir as situações em que não é justificado que o comitente possa
pedir tudo ao comissário - ISTO ACONTECE QUANDO?
- A será responsável pelos danos causados a B, com base no artigo 483º, nº1, é
uma responsabilidade por factos ilícitos, nos termos do princípio geral do Código Civil.
- Este caso é, claramente, um caso de aplicação da norma do 483º, nº1. A
norma que responsabiliza A é a norma do princípio geral da responsabilidade civil por
factos ilícitos, artigo 483º, nº1. Neste caso, o lesado até ficaria satisfeito, visto que se
lermos o enunciado, a prova da culpa já foi feita – sabemos que conduzia o automóvel
211
AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
o Mas como a hipótese não me diz nada pergunto se não posso usar
uma presunção, que é a presunção do artigo 493º, nº2?
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
O que é que aconteceu aqui? Concretizou-se um dos riscos do veículo, a lei diz:
o O detentor do veículo, e sabemos que o proprietário é
detentor do veículo, porque tem a obrigação de zelar pelo
bom funcionamento do veículo. E ainda diz a lei, quem o utiliza
no seu próprio interesse, não está dito na hipótese que ela não
estava a utilizar no seu próprio interesse, não estava a utilizar
o veículo para outrem.
o O 503º, nº1 aplica-se, desde que, o acidente ocorra em virtude
dos riscos próprios do veículo. Neste caso, há um risco,
claramente, concretizado, porquê? Uma falha nos travões.
- Só há um dado que é relevante, não para agora, mas que a partir da próxima
aula será importante. Na hipótese diz-se que B atravessava a estrada na passadeira, e
isto, não é digamos uma mera coincidência da hipótese, tem razão de ser, porquê?
o Se ele atravessasse fora da passadeira poderíamos ter um problema
de exclusão da responsabilidade do artigo 503º, nos termos do
artigo 505º. Será mesmo isto um fator de exclusão de
responsabilidade ao abrigo do artigo 505º?
Correção Professor:
- Como vimos, o que levou ao dano foi uma poça de óleo, não há culpa do
motorista. Demonstra-se que o motorista afastou a presunção de culpa do 503º/3. O
dano não ocorreu por culpa dele. O comissário (A) não é responsável.
- O comitente (C) é responsável pelo 503º/1 CC. Tem direção efetiva do veículo
(verifica-se), o veículo é usado no seu próprio interesse (verifica-se) e responde pelos
riscos inerentes ao veículo (verifica-se. Este é um risco próprio do veículo, em
interação com o meio ambiente). Este regime é mais favorável ao lesado, é menos
limitada em termos de indemnização.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
A é responsável pelo 503º CC (não houve culpa, logo pelo risco), porém
505º diz que se exclui essa responsabilidade se for por causa imputável ao
lesado. Será que é sempre assim?
Correção professor:
- Não houve culpa, logo não se aplica o 483º. Podemos estar perante 503º/1- os
travões são um risco da própria máquina. Os requisitos do 503º/1 verificam-se.
- Será que o facto do lesado ter sido lesado na estrada, fora da passadeira, tem
relevância?
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Artigo 505º CC
Haver culpa presumida nem sempre significa que o agente tem culpa. Na
culpa do lesado sabemos que o lesado foi efetivamente culpado.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Então a jurisprudência e doutrina moderna dizem que sempre que há risco e culpa, a
culpa nunca afastará o risco?
- Admitindo que a culpa convive com o risco, o que nem sempre acontece:
Risco de circulação- aplica-se o 505º
Risco concretizado/acrescido- aplica-se o 570º
218
AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Conclusão:
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Correção professor:
Vai haver diferenças relativamente à resposta a dar aos pedidos dos filhos?
Artigo 504º CC
1. A responsabilidade pelos danos causados por veículos aproveita a terceiros, bem
como às pessoas transportadas.
2. No caso de transporte por virtude de contrato, a responsabilidade abrange só os
danos que atinjam a própria pessoa e as coisas por ela transportadas.
3. No caso de transporte gratuito, a responsabilidade abrange apenas os danos
pessoais da pessoa transportada.
4. São nulas as cláusulas que excluam ou limitem a responsabilidade do
transportador pelos acidentes que atinjam a pessoa transportada.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
- Se aplicássemos o nº1, a resposta a dar aos vários pedidos dos filhos seria
positiva. À partida, não haveria nenhuma limitação aos pedidos pelos filhos. Porém, o
504º tem uma norma que se aplica claramente ao caso concreto- 504º/3 CC.
Colisão de veículos:
Temos de saber distinguir os danos que são sofridos pelos proprietários dos
veículos que colidiram e os danos sofridos por terceiras pessoas.
Quando estamos a falar de colisão de veículos e dos danos sofridos pelos
próprios proprietários, vamos diretamente ao 506º CC.
Artigo 506º CC
1. Se da colisão entre dois veículos resultarem danos em relação aos dois ou em
relação a um deles, e nenhum dos condutores tiver culpa no acidente, a
responsabilidade é repartida na proporção em que o risco de cada um dos veículos
houver contribuído para os danos; se os danos forem causados somente por um dos
221
AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
veículos, sem culpa de nenhum dos condutores, só a pessoa por eles responsável é
obrigada a indemnizar.
1ª parte:
Se não houver culpa de nenhum, a responsabilidade é repartida na proporção
em que o risco dos veículos houver contribuído para os danos.
No caso, A e B colidem, não se falando em culpa. Colidiram ambos. Não se
aplica a segunda parte do nº1. Aplica-se a primeira parte do nº1.
Em contrário, percebemos que este nº1 diz que, quando haja culpa de uma das
partes, a responsabilidade cai toda de um lado, não há repartição de
responsabilidades. Havendo culpa de um dos condutores, a responsabilidade
cai na esfera onde a culpa está.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Já agora:
- Em termos práticos, se A vai suportar 400 euros e B vai suportar 800 euros, há
uma valor que vai transitar de um para o outro. B sofreu 300 euros, mas deveria pagar
800 euros. O défice é 500, que vão transitar para A. O A sofreu 900 de danos e só
recebe 500. Isto porque 400 vão ter de ser suportados por ele próprio. Isto só para
demonstrar que as contas batem certo.
Correção Professor:
- Neste caso, embora não haja culpa do proprietário do veículo de B, uma vez
que o veículo de B era conduzido por C, motorista de B, havendo comissário e estando
este conduzindo no interesse do comitente, o comissário está, para efeitos do 506º/1,
está no papel do condutor. O que resultará deste artigo é que quando haja culpa de
algum dos agentes, a responsabilidade é exclusivamente imputável àquele agente (e
não ao comitente). Havendo culpa de um dos responsáveis, a responsabilidade será
exclusivamente dele.
- Estamos perante colisão de direitos. O 506º diz que se houve culpa de um dos
condutores, a responsabilidade é exclusivamente dele. Mas sabemos que a culpa é do
motorista. Porque responde o proprietário?
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
- Porque o 506º/1 diz que quem tiver culpa irá responder pelos danos, mas
este artigo está a enquadrar o artigo 500º, que vem dizer que o comitente responde
pelos factos danosos praticados por culpa do comissário.
- O 506º está a pensar nos detentores, porque diz que se não houver de culpa
nenhum, a responsabilidade é repartida na proporção do risco, ou seja, os condutores
são pessoas que respondem pelo risco. Se a responsabilidade vai ser repartida na
proporção do risco, está a dizer que os condutores são pessoas que respondem pelo
risco. Já sabemos que o comissário não responde pelo risco.
- Numa hipótese como esta, em que um detentor está a utilizar um comissário
e o comissário tem culpa, o detentor vai ser responsável, por causa do 506º. Basta isto.
O que o condutor faz repercute-se na esfera do comitente. Teve culpa através do
comissário. Não diretamente, mas a culpa do comissário reflete-se na esfera do
comitente (artigo 500º). Na colisão de direitos, onde está a culpa, está a
responsabilidade.
Correção professor:
- Aqui não ficou provado que o acidente tivesse ocorrido por excesso de
velocidade do motorista.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Correção Professor:
Quanto a C e D, estes sofreram danos, quem responde e em que termos pelos seus
danos?
- Posso aplicar o 506º para saber quem responde perante estes terceiros? Não.
Só posso aplicar este artigo relativamente aos danos sofridos pelos próprios
detentores. Estes são terceiros, são pessoas transportadas gratuitamente. Assim,
estamos fora do 506º CC.
- Foi um acidente foi causado por ambos os veículos, pelo que são ambos
responsáveis nos termos do 503º/1 CC. Eles são detentores e são responsáveis pelos
danos que derivem dos riscos próprios dos seus veículos.
- Os danos aqui são pessoais e as partes são responsáveis pelo 503º C. Quem
são os beneficiários desta responsabilidade?
- Porém, quanto às pessoas transportadas, há duas normas que vêm fazer uma
restrição importante aos danos indemnizáveis: 504º/2 e 504º/3 CC
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
- Este critério não pode ser utilizado a esta hipótese. Temos 2 responsáveis,
com 2 veículos. Este artigo está feito para casos em que um veículo está em
compropriedade, ou seja, este preceito está feito para uma pluralidade de
responsáveis, quando eles o sejam, em razão do mesmo veículo.
Artigo 508º CC
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
- Isto torna ainda relevante algo que vimos no início desta matéria. Será que
estes lesados não teriam nenhum instrumento a seu dispor, sabendo, no entanto, que
os danos foram superiores ao limite máximo de indemnização?
- Vamos supor que não sabíamos a causa do acidente e que ele era o homem
mais rico da Europa. O que é que um jurista tentaria invocar? Que norma invocaria?
493º/2 CC- presunção de culpa das atividades perigosas
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Exercício 38 da coletânea:
- Porém, a criança não deveria brincar no passeio. Não de pode deixar uma
criança brincar no passeio. Há uma responsabilidade dos pais.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
Há culpa do lesado, mas também houve risco acrescido. Aqui não haveria
exclusão da responsabilidade e aplicava-se o 570º CC. Esse raciocínio serve também
para o facto de terceiro. Quando o facto de terceiro existe, mas não é a única causa
do acidente, isto é, também há risco acrescido/concretizado do detentor do veículo,
então essa responsabilidade não vai ser excluída.
Conclusão:
Quem e em que termos pode alguém ser demandado pelos danos sofridos a
Catarina?
- Haverá exclusão de responsabilidade por uma contribuição dos pais para esse
acidente, isto é, a criança não deveria estar ali. A responsabilidade será dos pais?
b) Suponha agora que António perdeu o controle da viatura por ter de travar
súbita e bruscamente ao ver a criança correr pela estrada atrás da bola com
que brincava. Quem e em que termos pode ser demandado pelos danos
sofridos pela Catarina, que tinha fugido do colégio que frequentava, sem que
ninguém se tivesse apercebido do facto?
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
E o colégio é responsável?
O 491º CC não é, de todo, aplicável. O 491º fala de danos causados pelo vigiado
a terceiros. Nesta alínea está em causa danos sofridos pela própria vigiada.
Os auxiliares/professores não vigiaram a criança, logo respondem pelo regime
das omissões nos termos do 486º CC
O colégio vai ser responsável nos termos do artigo 500º, enquanto comitente.
Conclusão:
Vão ser responsáveis o colégio, pessoa coletiva, nos termos do 500º e o colégio,
enquanto auxiliares e professores, nos termos do 486º CC.
Exercício 39
- Há colisão de veículos. Nesta alínea, não vamos aplicar o artigo 506º CC, porque
Diana não é detentora do veículo, mas antes um terceiro.
- Continuação do Exercício 39
A) Parece estar a referir-se aos danos por Ana e por Eduardo, viúvo de Ana. É
importante referirmos os danos que ocorreram nos veículos, uma vez que estes
colidiram. Vamos empregar uma questão para simplificar a resolução dos exercícios
nestes casos. Quando há hipóteses de colição de veículos, com danos nos veículos e
em terceiros devemos distinguir dois planos:
- Plano das Relações internas – quem é que vai assumir os danos fruto da
colisão de veículos, danos do próprio carro
- Plano das relações externas – pessoas que n são proprietária do veiculo e que
vêm a sofrer danos
231
AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
A alínea A) parece apontar para os danos sofridos por Ana e Eduardo, mas
importa recordar que fruto da colisão, os danos sofridos pelo próprio veiculo remetem
para o artigo 506º.
À culpa do lado do Celso, através do seu condutor Bernardo, pelo artigo 506º à
contrário percebemos que a culpa se produz na esfera do proprietário do veiculo –
CELSO iria responder.
Alínea B)
Plano das relações internas:
- António responde de acordo com o artigo 506º, nº1, segunda parte – nestes
termos, será António que embate no veículo de Celso e que tem de arcar com todos os
danos entre Antonio e Celso.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
C)
Plano das relações internas:
- Relação entre Celso e António. Bernardo poderá ser colocado na posição de
Celso? 503º, nº3 esclarece a resposta – Bernardo é o detentor do veículo nos termos
do artigo 503º, nº3 que remetem para o 503º, nº1. Só Bernardo irá responder – artigo
506º, nº1, ultima parte.
D)
- Apenas desrespeitou as indicações dadas pelo comitente. A lei diz que o
comitente responde pelo facto danoso praticado no exercício das funções que lhe
foram conferidas, ainda que contra as instruções dele.
- Celso será responsável enquanto detentor dos veículos nos termos do artigo
503º, nº1. Colisão de veículos – artigo 506º, nº1 responde por tudo.
Exercício 37
Plano das relações internas – que nos levam para o 506º: usado para os danos
sofridos pelos detentores dos veículos, pode abranger danos pessoais e materiais.
- O motorista vai ter de ser tratada que cai nas relações externas, o dano
tratado por ele vai ser tratado no plano das relações externas.
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AULAS TEÓRICAS OBRIGAÇÕES | Alice Fernandes & Frederica Rosa
- Berta perante Amélia é uma pessoa transportada gratuitamente – artigo 504º, nº3 –
Amélia apenas vai responder pelos danos pessoais.
- Duarte a responder pela integralidade dos danos materiais – AC diz que só deve
responder na medida em que o risco contribuiu para aqueles danos materiais.
Responde apenas na proporção em que o risco tenha contribuído para os danos.
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