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Direito das obrigações

Obrigação é o vinculo jurídico transitório entre o credor e o devedor que a autoriza o primeiro a exigir do segundo
uma prestação econômica de dar, fazer ou não fazer.

Elementos da obrigação
I. Vinculo jurídico
II. Partes (credor e devedor)
III. Prestação

Vinculo jurídico
É relativo, isto é, só vincula as partes. No direito real esse vínculo é absoluto, o vinculo é com a coisa e produz
efeitos erga omnes, isto é, contra todos. Ex: A assume perante B a obrigação de não erguer o muro. C compra a casa
de B. C poderá erguer o muro? Sim, pois a obrigação só vincula A e B. Se fosse uma servidão de não erguer muro,
isto é, direito real, vincularia todos os adquirentes do bem.
O descumprimento da obrigação gera sanções patrimoniais, mas nunca gera prisão, salvo alimentos de direito de
família. A Súmula Vinculante 25 proíbe a prisão do depositário infiel.
O vínculo é de caráter patrimonial e não pessoal.

Na obrigação, o credor tem direito subjetivo. Direito subjetivo é o poder de exigir uma prestação do sujeito passivo,
ex. direito de ação, pois você tem o poder de exigir uma prestação do Estado que a sentença. Há ainda outras
categorias de direitos além do direito subjetivo. Temos o direito potestativo que a manifestação de vontade que por
si só produz o efeito almejado, visado, independentemente do querer da outra parte ou de qualquer prestação. Ex:
resilição unilateral de contrato, divórcio, resolução de contrato. Alguns direitos potestativos para serem satisfeitos
exigem ação judicial, outros não.
Temos outra categoria que é a faculdade jurídica que é manifestação da vontade que surte o efeito visado desde que
a outra parte concorde. Ex. o direito de fazer testamento é um faculdade jurídica, pois só surtirá efeito se o herdeiro
aceitar.
Enquanto o direito subjetivo para ser satisfeito depende de uma prestação do devedor, um comportamento do
devedor, o direito potestativo e a faculdade jurídica são direitos sem prestação, não exige qualquer comportamento
do devedor, sendo que a faculdade jurídica exige uma anuência e não dar, fazer ou não fazer.

O conteúdo da obrigação envolve o crédito, que e um direito subjetivo e um débito, que o dever de realizar a
prestação. E também há na obrigação da responsabilidade.
Responsabilidade é o fato de o patrimônio do devedor ou de um terceiro responder pela dívida, pelo débito.
Enquanto o débito nasce junto com a obrigação, a responsabilidade nasce depois, com o inadimplemento ou
descumprimento da obrigação. Quando nasce a responsabilidade a obrigação não está extinta, ela nasce no curso da
obrigação.
É possível obrigação sem débito, isto é, apenas com crédito e responsabilidade, ex. fiador, avalista. É possível
também obrigação com crédito, débito e sem responsabilidade, ex. obrigação natural, p. ex., divida prescrita ou de
jogo. O devedor não pode ser cobrado judicialmente.

Diferença entre obrigação e ônus


Ônus é uma imposição unilateral que se for descumprida gera prejuízo, mas tanto o cumprimento quanto o
descumprimento do ônus são atos ilícitos, por isso não cabe ação para exigir o cumprimento de ônus. O ônus
beneficia o próprio onerado e não a outra parte. Ex: contestar, registrar escritura pública.
A obrigação é uma imposição que deve ser cumprida para beneficiar a outra parte. O descumprimento da obrigação
é ato ilícito, por isso cabe ação para exigir o seu cumprimento.
O exercício de direito potestativo ou de faculdade jurídica não gera obrigação para a outra parte, e sim estado de
sujeição que é a submissão aos efeitos independentemente de qualquer prestação.
Obrigação envolve dever de prestação, no estado de sujeição não há qualquer prestação.

Partes
Sujeito ativo: credor
Sujeito passivo: devedor
Qualquer pessoa ainda que absolutamente incapaz pode figurar na maioria das obrigações desde que representada.
Pessoa jurídica sem registro não existe, não pode figurar em obrigações, salvo uma: pode receber doações, mas
nesse caso terá que constituir em dois anos sob pena de ineficácia dessas doações.
Nascituro não pode figurar em obrigações. Exceções: doação e testamento, mas são negócios sob condição dele
nascer vivo. O nascituro só pode figurar em obrigações nos casos em que a lei autoriza e a lei só autoriza nesses
dois casos.
Prole eventual que é pessoa que ainda não foi concebida. Só pode figurar em doação propter nupcia feita por
ocasião de casamento ou em testamento.
Não é possível doar bens para animais, porque animal não pode figurar em obrigação.
É possível que uma das partes seja identificada após o nascimento da obrigação, ex. promessa de recompensa, título
ao portador, o credor é aquela que aparecer com o título.
Toda obrigação necessariamente tem que ter credor e devedor, mas não precisam surgir simultaneamente.
Confusão é quando se reúne na mesma pessoa a condição de credor de devedora, extingue a obrigação. As partes
podem ser substituídas no decorrer da obrigação, ex. cessão de contrato, cessão de credito, assunção de dívida,
subrrogação.
Uma das características das obrigações é a transmissibilidade (tanto do credito quanto do debito), salvo as
obrigações personalíssimas.

Prestação
O objeto da obrigação é a prestação de dar, fazer ou não fazer.
O objeto da prestação por sua vez, é o bem ou serviço (objeto indireto da obrigação).
A prestação deve ser licita, possível, determinado ou determinável e econômica.
 Licita: é a que está de acordo com a lei, moral e bons costumes. Se a lei é omissa pode ser ilícita se
contrariar bons costumes.
 Possível: juridicamente possível. É a que é passível de realização no mundo jurídico. se for impossível sua
realização, o negócio é nulo.
Prestação ilícita pode ocorrer no mundo real, mas o negocio é nulo. Prestação juridicamente impossível não
tem como ocorrer no mundo real.
Prestação fisicamente possível é a que é realizável pelas leis da natureza. Se for irrealizável o negócio é
nulo, ex. fim de semana em Júpiter. Se for possível, mas de difícil realização, isto é, impossibilidade física
relativa, o negocio é válido se descumprir cabe perdas e danos, p. ex. construir uma casa em 5 dias.
Obs.: há um negócio que envolve prestação absolutamente impossível e que pode ser válido. Trata-se do
negócio sob condição. Se a prestação torna-se possível antes da condição, o negócio se convalida, torna-se
válido.
 Determinada: é a prestação certa, identificada desde o inicio.
Determinável é a prestação identificada após o nascimento da obrigação, p. ex., venda de coisa futura, isto é,
que ainda não existe. É possível vender bens que não existem. Caso o bem não venha a existir, o negocio é
ineficaz.
Ex: obrigação de dar coisa incerta.
 Econômica: é a prestação passível de avaliação em dinheiro. Se o valor for irrisório, fictício, o negocio é
nulo.
No casamento temos deveres. Prestações de cunho extrapatrimoniais como dever de fidelidade, coabitação são
rotuladas de deveres e não de obrigações.

A obrigação é transitória, pois extingue-se com o pagamento, mas transmite-se após a morte, tanto o debito quanto o
credito, salvo as personalíssimas.

Obrigação permanente: é a obrigação de não fazer, porque deve ser cumprida continuamente. Ela não é perpetua.

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