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- Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald: Defendem que vivemos em um capitalismo com consumismo exacerbado, sendo o direito
das obrigações um mecanismo de controle das relações sociais e regulamentação desse consumo, considerado como o objetivo
principal da nossa sociedade.
- Flavio Tartuce: Afirma que o direito das obrigações informa todo o resto do código civil, sendo, portanto, a base de todas as
relações jurídicas e o norte do direito privado.
1.2. CONCEITO
a) Etimológico:
A origem da palavra vem do latim ob+ligatium, que significa ligação, ou liame. Na época do direito romano, o ponto modal das
obrigações era a submissão do devedor ao credor. Hoje essa concepção mudou, pois prevalece a busca pelo adimplemento como
finalidade das obrigações
• Amplo: é a relação jurídica obrigacional entre sujeito ativo e sujeito passivo (credor e devedor, respectivamente).
• Restrito: é o dever, o débito. Se refere ao objeto da relação em si
c) Doutrina
- Relação jurídica, ou o vínculo jurídico, que une credor (sujeito ativo) e devedor (sujeito passivo) para o cumprimento de uma
obrigação. Essência do conceito: vínculo jurídico traz coercibilidade (capacidade de fato do credor cobrar o devedor)
- Gonçalves: obrigação é o vínculo jurídico que confere ao credor (sujeito ativo) o direito de exigir do devedor (sujeito passivo) o
cumprimento de determinada prestação.
- Cristiano Chaves: é a relação jurídica transitória, estabelecendo vínculos jurídicos entre credor e devedor, cujo objeto é uma
prestação pessoal, positiva ou negativa, garantindo o cumprimento sob pena de coerção judicial.
1.3. APLICAÇÃO
- Art. 391: Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor” – está ultrapassado devido ao uso do
termo “todos”: É utilizado, portanto, o Art. 1, inciso III da constituição (respeito à dignidade humana)
- 8009\90 x súmula 364 do STJ: mudança de bem penhorável familiar. 8009\90 - Art. 5º Para os efeitos de impenhorabilidade, de
que trata esta lei, considera-se residência um único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para moradia permanente
x STJ –súmula 364: “O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas
solteiras, separadas e viúvas.”
- OBS: A prisão civil não é mais considerada como uma forma de quitação de dívida – não há mais “pagamento corpóreo”
a) Direito Romano: valorização da relação de submissão do devedor ao credor. Quem virava inadimplente poderia ser
escravizado, mutilado ou até mesmo executado. A responsabilidade era pessoal. Dívida corpórea
b) Lei do Talião: imprimiu a questão da proporcionalidade (olho por olho, dente por dente)- não cumpre com o corpo inteiro,
mas apenas com uma parte.
c) Lex papira: 428 a.C: Execução patrimonial: possuía escala.
d) Código Justiniano: 534 d.C: começou-se a execução do patrimônio, ou seja, o viés pessoal da responsabilidade foi
lentamente sendo abandonado. A pena passa a ser unicamente patrimonial.
e) Código Napoleônico (1804) art 2093: pôs o fim, de fato, à penalização pessoal, que passa a ser patrimonial. Ao fazer
isso, Napoleão tinha a preocupação em fomentar a economia da época. Promove equilíbrio das relações jurídicas
obrigacionais, torna menos pesaroso ter uma obrigação. Estabelece garantias para as obrigações como forma de
fomentar o comércio. Foi o principal desfecho da evolução histórica das obrigações.
1.5. POSIÇÃO TOPOGRÁFICA
Vem depois da parte geral e antes do resto do Código justamente para incidir em todas as outras áreas, que bebem nas águas
das obrigações. Influência todos os outros ramos do direito. É a base de todas as outras relações.
Porque alguns autores falam de responsabilidade civil logo após direito das obrigações? É porque a responsabilidade civil tem
como fonte primária o ato ilícito (referente à parte geral de civil, consta no art. 126). Dessa forma, uma vez que sabemos obrigações
e o conceito de ato ilícito, não há necessidade de estudar todos os contratos para chegar em responsabilidade civil.
A finalidade das obrigações (sua função social) é atingir o adimplemento (pagamento). A obrigação é vista como um processo, um
encadear de atos sucessivos, que possui as seguintes fases (se tudo correr bem e a obrigação conseguir atingir sua função social):
(1) nascimento; (2) desenvolvimento e (3) adimplemento. O adimplemento é o regulamentar das ações sociais.
1.7. METODOLOGIA
Fontes: contrato > ato unilateral > ato ilícito > lei
Fontes clássicas: contrato (relação jurídica bilateral), quase contrato (relação jurídica unilateral), delito (ato ilícito doloso) e quase-
delito (ato ilícito culposo)
Fontes modernas: contratos, atos unilaterais, ato ilícito e a lei (figura duas formas como fonte: imediata – quando cria uma
obrigação em si, e mediata – quando define o que é ato ilícito, contrato ou ato unilateral)
Basicamente formadas pelo direito das obrigações e pelos direitos reais (direito que o titular tem sobre a coisa)
A) Teoria monista:
Acredita que não há qualquer distinção entre as relações patrimoniais e as relações civis, há apenas uma grande categoria: as
relações patrimoniais, que abrangem tanto os direitos reais quanto as obrigações
1. As diferenças que a doutrina aponta não são suficientemente rígidas como alegam ser
B) Teoria dualista:
Teoria adotada no direito civil brasileiro: o código civil separa os direitos das obrigações (inaugurando a parte especial do código)
e os direitos reais (só a partir do art. 1225).
Quanto ao número de pessoas – há apenas uma pessoa, o Quanto ao número de pessoas. É estritamente necessário que
titular da coisa, que exerce diretamente e imediatamente o existam duas pessoas. Para haver contato com o objeto é
direito dele sobre a coisa. necessário que haja uma mediação do devedor, que vai te
entregar esse objeto.
Rol taxativo (art. 1225 CC) Rol exemplificativo (art. 425 CC)
Art. 1.225. São direitos reais: I - A propriedade; II - a superfície; Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos,
III - as servidões; IV - o usufruto; V - o uso; VI - a habitação; observadas as normas gerais fixadas neste Código.
VII - o direito do promitente comprador do imóvel; VIII - o
penhor; IX - a hipoteca;...
Absolutos Relativos
São oponíveis erga omnes, ou seja, contra todos, todos Inter partes: somente os sujeitos da obrigação estão obrigados
devem respeitar seu direito real (mas não ilimitados) Os direitos obrigacionais obrigam entre as partes (embora
Ex: a sociedade como um todo tem o dever jurídico de saibamos que atualmente os contratos possam sim ter eficácia
respeitar a minha propriedade em relação a terceiros. Mas a regra geral é que os contratos
obrigam apenas duas partes)
Direito de sequela (ou princípio da aderência): direito que o Uma vez descumprida a obrigação, a forma de você ter essa
dono da coisa tem de perseguir a coisa onde quer que ela obrigação cumprida é a execução. Essa execução é
esteja e nas mãos de qualquer pessoa. Consta no art. 1228 = patrimonial, mas esbarra em alguns limites: dignidade da
Princípio da aderência: a coisa adere ao seu titular. pessoa humana (art. 1, III CF) mínimo existencial, etc. Por
isso, existe um Rol de bens impenhoráveis e a lei 8.009\90
A preferência é uma consequência do registro. Uma vez que Nos direitos obrigacionais, é permitido que haja privilégio
o registro de uma propriedade é realizado, a propriedade é
sua. Se ocorrer um erro no cartório e houver mais de um Ex: Lei: 11101\05 – lei de recuperação e falência: a partir do
registro, a preferência é do primeiro registro. art. 83, é estabelecida uma lista de preferência para quando
uma empresa entra em recuperação judicial ou falência.
Preferência: diz respeito ao registro. Se eu comprar uma casa Todos os trabalhadores desta empresa são credores em uma
e João disser que tem a titularidade da casa, o 1º a registrar relação jurídica obrigacional e todas essas pessoas tem que
ganha. É um bem específico. receber. Dessa forma, a execução é realizada a partir de uma
lista de preferências baseada na dignidade da pessoa
Nos direitos reais, quando há uma preferência, você nunca vai humana. A primeira preferência é a verba de caráter alimentar,
receber menos que aquele bem específico, ele está separado ou seja, os trabalhadores serão os primeiros a receber
pra você. Já no privilégio, não há um bem específico separado
para mim. O privilégio é menos garantista que a preferência Quando falamos de preferência, estamos nos referindo a um
bem específico (que é meu), já quando falamos de privilégio,
estamos nos referindo a patrimônio.
Devem ter registro público (princípio da publicidade) Regra: art. 107: “A validade da declaração de vontade não
A importância do registro é a eficácia erga omnes. dependerá de forma especial, senão quando a lei
Uma vez registrada, ninguém pode tirar sua propriedade de expressamente a exigir.”
você. Exceção: art. 108: “Não dispondo a lei em contrário, a escritura
pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que
visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia
de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes
o maior salário mínimo vigente no País.”
São feitos para serem perenes (propriedades passam para (o objetivo é o adimplemento, que extingue a obrigação. A
herdeiros, p.ex.) obrigação é feita para ser transitória.)
Alguns autores defendem que no futuro pode ser que essas distinções desapareçam, e que a teoria dualista se torne monista,
mas ainda não é esse momento. Há sim uma zona de confluência
AULA 2 – 14.03.19
Figuras híbridas: são três institutos no meio termo entre direitos reais e obrigacionais.
-Pela Teoria Dualista, os três institutos são vistos de três formas diferentes:
1) enxerga as zonas de confluência como relações obrigacionais – visão minoritária dentro da doutrina, defende que
todas são estritamente obrigacionais, tanto que recebem o nome de “obrigações” e por acaso possuem a coincidência
de possuir elementos do direito real, mas isso não quer dizer nada.
2) Entende que os 3 são institutos reais, porque envolvem a coisa-bem – visão também minoritária, pois se envolve coisa,
é um direito real, mesmo que tenha como consequência uma obrigação, sua base e o fundamento de sua existência está
no direito real.
3) Entende que os institutos são realmente uma exceção (são institutos mistos) – doutrina majoritária (todos os autores
indicados na bibliografia do curso): entendem que estes institutos realmente são um caso a parte, são uma exceção.
Carlos Alberto Gonçalves os denomina como “institutos mistos”, enquanto Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald os
classificam enquanto “zonas de confluência”, intermediária, cinzenta.
- Conceito: são aquelas impostas ao titular da coisa pela condição da própria titularidade. Elas aderem à coisa. A obrigação vem
junto com a coisa, existe em função dela, mas está “fora” dela (não limita sua titularidade). São obrigações próprias da coisa
impostas ao titular de direito real. A mera propriedade/titularidade da coisa faz com que essa obrigação exista porque a lei
determina. Se o proprietário abandona a coisa, ele se desfaz da obrigação (renúncia/abandono liberatório). A obrigação continua
com a coisa independente de seu proprietário - A obrigação não some com o perecimento da coisa. Ex: fogo num apartamento
não tira a obrigação do IPTU.
- “Se eu devo 6 meses de condomínio e vendo meu apartamento hoje, a pessoa que adquirir o apartamento hoje está devendo 6
meses de condomínio para trás”, por isso há uma preocupação em puxar os registros antigos do imóvel antes de comprar.
* Um informativo jurisprudencial recente do STJ estabeleceu que, sendo a taxa de condomínio uma obrigação propter rem, é
proibido restringir o uso do condomínio a uma pessoa que estiver inadimplente, pois apesar de vir junto com a coisa, essa
obrigação está isolada da coisa, não limita seu uso. Ou seja, não é permitido que, durante o exercício de titularidade sobre aquele
bem, o proprietário seja impedido de usufrui-lo pela taxa condominial. Entretanto, é permitida a execução.
- A principal consequência de a obrigação propter rem possuir uma existência externa à coisa é que, nas obrigações propter rem,
como elas estão fora da sua propriedade, elas não ficam limitadas. (ex: IPTU progressivo: o imposto está fora da propriedade, é
uma obrigação a parte e, dessa forma, pode ser superior ao valor da propriedade em si).
-Conceito: aquela que limita o uso e gozo da propriedade. Incorrem com a transmissão da propriedade de algo, mas com uma
condição/dever para tanto. Ela limita o uso da propriedade. A obrigação deve ser prestada DENTRO da propriedade.
Diferentemente da obrigação propter rem, a limitação é interna, e não externa.
- Na obrigação Ônus real, há uma limitação no bem, já na obrigação propter rem, existe uma obrigação por causa do bem. (“aquele
bem existe e por isso você tem que pagar IPTU”, ou “aquele bem existe e por isso você tem que pagar IPVA”)
- A principal consequência de a obrigação Ônus real ser limitada ao valor da coisa, o valor do Ônus fica limitado ao valor do bem.
Ex: vender/doar uma fazenda com a condição de que o novo proprietário destine 50% da produção aos meus filhos. Essa condição
não pode ultrapassar o valor da propriedade (fazenda). Não posso pedir 150% da produção.
* a única característica comum à obrigação propter rem e a obrigação ônus real é que sua existência é condicionada à existência
de um bem.
c) Eficácia Real
-Conceito: obrigação relativa à um bem que ganha eficácia em relação a terceiros (oponibilidade “erga omnes”) com registro. Se
difere das outras instituições porque é menos “mista”, há apenas um aspecto que a diferencia das obrigações, que é não ser
relativa. É aquela que, sem perder o caráter de direito pessoal, ganha oponibilidade contra terceiros. É uma obrigação que atinge
terceiros.
- Uma das distinções entre as obrigações e direitos reais é que as obrigações são relativas enquanto os direitos reais são
absolutos. A característica das obrigações deixada de lado no caso da eficácia real é a relatividade, pois ela deixa de figur ar
apenas entre aquelas duas pessoas, vai figurar em relação a quaisquer outras pessoas.
• Art. 33: Direito de preferência: define que o locatário sempre tem preferência quando o locador quer vender a casa. É
uma relação jurídica obrigacional entre locador e locatário, entretanto admite a participação de terceiros, que só poderão
adquirir o imóvel se o locatário não o quiser. Dessa forma, constitui uma relação jurídica obrigacional que estabelece
efeito para terceiros.
• Art. 9: Direito de permanência: define que, uma vez que o locatário não exerce seu direito de preferência, muda o locador,
enquanto o locatário continua. No contrato de locação → se uma pessoa quer comprar um imóvel que é alugado, essa
obrigação atinge o locatário, este deve ser consultado.
Os direitos da personalidade estão contidos dentro da dignidade da pessoa humana, mas são mais restritos, pois a dignidade da
pessoa humana é maior (exemplo: a liberdade é um aspecto da dignidade da pessoa humana, mas não consta nos direitos da
personalidade).
A dignidade da pessoa é o que inaugura a nova ordem constitucional a partir da constituição de 1988, no art. 1. Serve como base
para os direitos da personalidade.
*Dano moral: antes tratado como aspecto referente apenas ao âmbito dos DP, enquanto atualmente foi ampliado para DH.
2. Autonomia existencial
Antigamente, quando falávamos em fases dos direitos fundamentais, (1 fase: liberdade, 2 fase: igualdade, 3 fase: fraternidade)
havia uma ideia de que a dignidade da pessoa humana estaria contida na primeira fase, a da liberdade. Dessa forma, era defendido
que a pessoa tivesse a liberdade para fazer o que quiser, ideia que atualmente não é mais difundida.
Quando escreveu o Leviatã, Hobbes falava que o Estado era inimigo do homem, mas que também os seus semelhantes eram
inimigos (“o homem é lobo do homem”). Dessa forma, não só o Estado, mas a própria sociedade se agredia. Em um polêmico
caso de entendimento do STJ, foi defendido que não só o Estado e não só os semelhantes agridem os direitos do homem, mas
ele próprio pode fazê-lo. Dessa forma, a dignidade da pessoa humana é um valor tão supremo que está acima da autonomia
privada. Assim sendo, a dignidade da pessoa humana constitui um conjunto de garantias em relação ao Estado, a sociedade e ao
próprio homem.
3. Conceito:
4. Características:
Prescritíveis Imprescritíveis
Informativo 475 STJ: Em que pese os direitos da *exceto os reflexos patrimoniais
personalidade que sejam imprescritíveis, a consequência
patrimonial deles prescreve.
Transmissíveis Intransmissíveis
(inter vivos ou causa mortis) *reflexos podem passar aos herdeiros
Informativo 475 STJ: não pode ser transmitido nenhum direito
da personalidade, mas podem ser transmitidas as suas
consequências patrimoniais.
Ex: Se eu não usar meu direito à imagem, ele não prescreve.
Mesmo que a pessoa permita o uso de sua imagem por 30
anos, se ela mudar de ideia pode cobrar indenização até
prescrever. Nesse caso, o seu direito não prescreveu, mas a
consequência patrimonial do direito sim.
Ex2: No caso da publicação de biografias após a morte da
pessoa, o seu direito a honra não é transmitido, pois ocorreu
após a morte, é uma dor própria. Entretanto, sua família pode
ter sua honra ofendida e gerar consequências patrimoniais ao
autor da obra.
Os dois exemplos são casos de direitos extrapatrimoniais que
geram efeitos patrimoniais
a) Ativo – credor
b) passivo – devedor
• Qualquer pessoa pode ser devedora\credora em uma relação jurídica obrigacional (jurídica ou física) - de acordo com o
art. 1 do código civil (toda a pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil)
Ex: um bebe pode, logo ao nascer se tornar credor de uma pensão alimentícia
Obs.: as relações obrigacionais podem ser mistas (possuir pessoas físicas E jurídicas)
Entes despercionalizados:
• 99% das relações jurídicas obrigacionais são relações jurídicas complexas, ou seja, ora o sujeito atua como credor, ora
como devedor. Ex: quando usamos transporte público, somos simultaneamente credores e devedores.
• Como podemos saber então quem é o devedor e quem é o credor da relação? Deve-se atentar ao objeto que está sendo
analisado. “Em relação ao objeto x, o devedor é y e o credor é z”. Exemplo: Em uma situação em que haja a obrigação
de entregar uma casa a João, João é o credor apesar de ter que me entregar dinheiro. Ao mudarmos o objeto, a situação
muda: pois em relação ao dinheiro, João é o devedor.
Em regra, todas as obrigações são transmissíveis, podem ir mudando de sujeitos ao longo de sua existência. Entretanto, existe
uma modalidade de obrigação que não pode ser transferida: as obrigações de fazer personalíssimas. Ex: Se eu encomendo uma
obra de arte de um pintor x e um pintor y me entrega um quadro, a obrigação não foi adimplida\satisfeita.
Obs.: Antigamente, as obrigações de fazer personalíssimas uma vez descumpridas estariam inadimplidas e nada poderia ser feito
a respeito. Atualmente, com a função social da obrigação sendo o adimplemento, foram criados diversos mecanismos para o tal,
o mais famoso é a multa cominatória.
OBS3: Determinável
Os sujeitos podem ser determinados ou determináveis, ou seja, a relação jurídica pode nascer sem que o sujeito esteja desde já
determinado. O pagamento é o prazo limite para a perduração da indeterminação.
1. Ex1 : na obrigação propter rem, o titular da casa tem a obrigação de pagar IPTU, que existe independentemente de a
casa possuir um proprietário definido ou não.
2. Ex2: Promessa de pagamento: se eu perder meu cachorro e espalhar cartazes pela cidade informando que pagarei uma
quantia x para quem entrega-lo para mim, eu estabeleço uma relação de obrigação com um sujeito indeterminado.
3. Ex3: Loteria: a loteria possui uma obrigação de te pagar, mas antes que você ganhe ela não sabe quem você é.
OBS4: Dúplice
As obrigações sempre têm que ser dúplices: ou seja, é estritamente necessário que haja um polo passivo e um polo ativo. Tem
que ter um devedor e tem que ter um credor. Se ocorrer o contrário, acontece o fenômeno da confusão, que é uma forma de
extinção das obrigações, como consta no artigo 381.
Ex: se eu devo 100 pro meu tio e meu tio falece me deixando como única herdeira, eu não tenho mais que pagar 100 reais.
Art. 381: Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e devedor
Os polos da relação jurídica obrigacionais podem ser plurais ou unitários. Unitário quando só tem um sujeito no polo e Plural
quando tem mais de um sujeito no polo
Ex: posso ter maria devendo para José; ou maria e João devendo pra José, ou maria, João e Antônio devendo pra José e assim
por diante.
Originária x superveniente: originária quando não há modificação do polo e superveniente quando um polo unitário se torna plural
ou um plural se torna unitário
Sujeito é diferente de Pessoa: Se uma empresa x é devedora de uma empresa y e a empresa x possui 5 sócios e a empresa y
tem 3, os polos são unitários ou plurais? São unitários, pois o sujeito é a empresa. Cada sujeito responde pela sua parte, não são
as pessoas que respondem. Empresa=sujeito; empregados=pessoas
Todos os sujeitos podem configurar relação jurídica de obrigação, entretanto, alguns precisam de representantes (Ex: recém-
nascidos). Os representantes, ou figuras secundárias, possuem função de apenas auxiliar o sujeito da obrigação, mas não são
devedores nem credores da mesma.
• momento da concentração: momento em que um objeto indeterminado se torna determinado. É o limite (assim com o
pagamento é o limite para a determinação do sujeito)
- Caráter patrimonial:
O objeto tem que ter valor patrimonial apreciável? Durante toda a existência do direito das obrigações até o advento da constituição
de 88, o objeto deveria sim ter valor patrimonial apreciável. Toda a doutrina definia em peso que o objeto só poderia possuir valor
patrimonial, entretanto, a partir de 1988 foi iniciado um projeto de despatrimonialização do direito que deu origem a alguns casos
em que o objeto não possui valor patrimonial. Ex: direito de resposta
13.188 \ novembro, 2015 – lei do direito de Resposta: trata de a possibilidade de uma pessoa ir a juízo pedindo unicamente que
um canal de informação se retrate em relação a uma ofensa sofrida pela mesma. Dessa forma, não possui valor patrimonial. Ex:
Brizola.
Orlando Gomes e Carlos Alberto Gonçalves defendem que não necessariamente deve haver um valor patrimonial, mas que deve
ser possível aferir algum valor para poder indenizar depois. Dessa forma, o caráter não é estritamente patrimonial, mas deve haver
um interesse de alguma forma.
Cristiano Chaves e Rosenvald defendem que deve haver na obrigação algo vantajoso. O valor tem que ser apreciável de alguma
forma, não necessariamente patrimonial.
a) direto (ou imediato): a prestação em si, pode ser: positiva (dar e fazer), ou negativa (não fazer)
b) indireto (mediato): o bem da vida em si:
• Ex: se eu tenho a obrigação de DAR um carro, o objeto direto seria dar e o objeto indireto seria o carro.
É o Vínculo jurídico, é o que liga as características marcantes da relação jurídica: a subjetividade e a prestação. Possui 3 correntes:
• Entendem que o que liga devedor e credor ao objeto é a existência da Prestação e que, dentro da prestação, temos
débito e responsabilidade. Este seria o vinculo jurídico.
• Teoria de origem francesa
• Doutrina ultrapassada – pois se débito e responsabilidade fossem a mesma coisa, não poderiam se dissociar.
B) dualista (ou binária)
No brasil, existem 3 modalidades distintas de jogo e, a depender da modalidade, pode-se avaliar se constitui uma obrigação natural
ou uma obrigação civil. *bingo é proibido
• Ilícito: dependem única e exclusivamente da sorte dos jogadores, como caça níquel, jogo do bicho... São obrigações
naturais pois existem, mas não podem ser exigidas. São considerados contravenções penais (art. 50)
• Tolerado: São aqueles os quais os resultados não dependem exclusivamente da sorte (Ex: poker). São obrigações
naturais. Não são contravenções, não são ilícitos
• Lícito: De acordo com o critério do governo, podem existir (Ex: corrida de cavalo, loteria). É arbitrário. Não são obrigações
naturais, são obrigações civis.
Ex: fiador nos contratos de locação. No caso do credor, se você vai pagar uma divida que você não contraiu, não há débito
legalmente contraído pelo devedor, mas existe responsabilidade. (art. 820, CC). É uma garantia para o credor, que terá dois
devedores.
Resumindo:
Se eu tenho uma responsabilidade sem débito, isso ocorre quando há um terceiro garantindo uma relação de obrigação.
c) Corrente eclética
Defende que débito e responsabilidade são indispensáveis e inseparáveis devido à sua origem (fontes das obrigações- contrato,
ato unilateral, ato ilícito ou lei).
AULA 4: 21.03.19
2.2. CAUSA
Conceito:
OBS: Estudaremos as causas pontualmente nos dispositivos legais, como na compensação: que também é uma forma de extinção
das obrigações, que é quando uma pessoa é credora e devedora ao mesmo tempo.
OBS 2: A partir do art. 927 do CC é definido que não se diferencia dolo e culpa quando falamos de responsabilidade civil.
OBS 3: Como diferenciamos indenização quando temos um dano causado por ato ilícito? Pela extensão do dano. Não utilizaremos
o critério de dolo e culpa, a não ser que seja excepcionalmente. Mas em regra tratamos dolo e culpa juntos, então delito e quase
delito estariam aqui em um ato ilícito.
OBS 1: A doutrina tradicional afirma que a lei pode ser mediata ou imediata: a lei configuraria como fonte mediata na medida em
que é ela que define o que é um contrato, um ato unilateral, um ato ilícito, ou seja, fundamenta a criação de novas leis por meio
de outras fontes; e figuraria como fonte imediata quando ela mesma cria uma obrigação por meio da lei (Ex: se você tem um filho
você tem que pagar pensão alimentícia).
Entretanto, vários doutrinadores de peso, como Orlando Gomes e Chaves, discordam da função imediata da lei como fonte, porque
a lei, em verdade, só poderia figurar como fonte mediata. Nesses casos em que não há nem contrato, nem ato unilateral e nem
ato ilícito, o que estaria criando uma obrigação em si seria o fato e a lei somente seria uma fonte mediata. (Ex: no caso da pensão
alimentícia, se você não tem filho você não tem a obrigação, a lei não tem um fato gerador para você, de forma que todas as vezes
a lei funcione apenas com caráter mediato.)
OBS: títulos de crédito (cessão e endosso) NÃO faz parte das obrigações civis
É um instituto de direito empresarial, não de civil. É o documento necessário para o exercício do direito literal e autônomo nele
contido. Ex: cheque, nota provisória, duplicata, cédula de credito bancário, cédula de credito rural. Como são um instituto de direito
empresarial, costumam ser trabalhados como fontes das obrigações empresariais, e não dos civis. Doutrinadores afirmam que os
títulos de credito não podem ser fonte das obrigações civis porque sua própria forma de transmissão é diferente. O título de crédito
não é transmissível através da cessão de crédito, como ocorre na transmissão das obrigações. Ele só pode ser transmissível
através do endosso.
São separadas em dois grandes grupos: o da jurisprudência e o dos princípios. No grupo da jurisprudência, há a sumula vinculante
e as decisões de controle abstrato de constitucionalidade. E dentro de princípios existe uma série de princípios que influenciam o
direito civil, Ex: A boa fé objetiva: é um principio que estipula deveres anexos às obrigações, por exemplo: dever de informação,
dever de lealdade, entre outros.
A sumula vinculante: existe uma série de sumulas no nosso ordenamento: sumulas vinculantes, sumulas não vinculantes,
enunciados de sumulas, que são extratos de decisões reiteradas nos tribunais superiores e são uma tentativa de uniformizar a
jurisprudência. Só a sumula vinculante vincula.
a. Civis: tem todos os elementos das obrigações (objeto, sujeito e vínculo material). São tidas como perfeitas. O fundamento é o
senso de justiça.
c. Morais: não tem nenhum elemento das obrigações (são obrigações imperfeitas). Além de serem inexigíveis e irrepetíveis, não
precisa ser dada a quitação pois o pagamento é mera liberalidade (vontade). O fundamento do pagamento é apenas a consciência
moral.
Não possui elementos Sem responsabilidade, falta o vínculo Completa, possui todos os elementos
material
Ex: avô que, no leito de morte, diz ao Ex: dívidas prescritas Ex: contrato de compra e venda
neto que quer dar parte da herança ao
enfermeiro
• Ex: RC 71004575957 RS
Coisa Certa
Infungível
POSITIVAS
Obrigação de dar
É uma obrigação positiva na qual o devedor se compromete a entregar/dar/restituir ao credor objeto determinado ou indeterminado.
OBS: Doutrina: dar coisa certa ou incerta é equivocado pois o art. 104 fala em objeto determinado ou indeterminado.
Fábio Tartuce: as diferencia da seguinte forma: Se você tem que dar ou entregar uma coisa que está pronta, essa é uma obrigação
de dar. Mas, se você deve entregar uma coisa que não está pronta, esta seria uma obrigação de fazer. Ex: se eu sou um pintor e
uma pessoa compra um quadro pronto, essa obrigação seria de dar. Se a pessoa pede um quadro personalizado, não existente,
a obrigação é de fazer. Dessa forma, trabalha com a ideia de objeto construído e objeto a ser construído.
*Revisão de bens*
(1) Bem principal: Tem existência autônoma, não precisa de nenhum outro para existir.
(3) Produtos: bens que advém da coisa, mas se esgotam, não se renovam. Ex: petróleo
§ 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais
agradável ou sejam de elevado valor.
(buscam o aformoseamento daquele bem. Ex: fonte no jardim)
§ 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.
(não são necessárias, mas aumentam sua utilidade. Ex: casa com 2 banheiros; garagem)
§ 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore
(devem ser feitas para evitar a deterioração da coisa. Ex: infiltração numa casa)
AULA 5: 28.03.19
1. CONCEITO
Consiste em obrigação positiva na qual o devedor se compromete a dar (sentido amplo) ao credor coisa certa e individualizada
em gênero, qualidade e quantidade.
Princípio da exatidão: “Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.”.
Na obrigação de dar coisa certa, não interessa se o devedor oferece um bem mais valioso do que o prometido, o credor não é
obrigado a aceitar. Mas, se aceitar, é aplicado o princípio “da dação em pagamento”, no artigo 356.
Princípio da dação em pagamento: “Art. 356: O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida.” É uma
das formas de extinção das obrigações. É quando o credor aceita receber um bem em lugar do outro.
• Reestabelecer status quo ante – reestabelecer a mesma situação que se encontrava antes daquela obrigação ser
combinada. Ex: combino de entregar um cachorro para meu vizinho, mas o cachorro morre – a coisa perece para mim e
meu vizinho fica na mesma situação que ele estava antes. Se o vizinho já pagou metade, eu devo devolver o dinheiro.
• Art. 393: A perda do objeto se dá em duas hipóteses: caso fortuito e força maior. Esse tema é um dos temas mais
controversos na doutrina de direito das obrigações. Alguns doutrinadores defendem que os dois conceitos significam a
mesma coisa, seriam apenas uma coisa que leva a perda do objeto sem culpa. Em algumas decisões, o STJ diferencia:
Caso fortuito: força do homem (um assaltante roubou o cachorro do exemplo)
Força maior: força da natureza (caiu um raio no cachorro)
*Se o cachorro morreu por causa de uma doença sobre a qual o devedor não tinha ciência, ocorre perda do bem por força maior,
sem culpa do devedor. Mas, se o cachorro pegar raiva, é considerado que houve culpa do devedor, pois houve negligência do
mesmo já que existe vacina para a raiva. – As questões deixam bem claro se houve culpa ou não
*Parte da doutrina também divide caso fortuito interno e caso fortuito externo – Ex: no direito do consumidor, se uma pessoa é
furtada dentro do banco, o banco restitui o dinheiro da pessoa, mas, se há um roubo com 16 assaltantes armados, o banco não
precisa indenizar. Divisão do STJ: fortuito interno é tudo que diz respeito à atividade daquele banco, sairia do sem culpa para o
com culpa, enquanto fortuito externo se refere a situações que fogem do controle da segurança do banco (caso dos 16 assaltantes).
***O NECESSÁRIO PARA A PROVA É SABER IDENTIFICAR SE OCORREU COM CULPA OU SEM CULPA***
2. Equivalente:
Carlos Roberto Gonçalves:
não se aprofunda, entende equivalente como o mesmo valor do bem.
José Fernando Simão:
Faz uma análise mais profunda acerca da equivalência. exemplo do cavalo: se eu tenho a obrigação de entregar para João
um cavalo que vale 2.000 reais hoje e por desleixo meu eu deixo a porta aberta e o cavalo foge, o objeto se perdeu com
culpa, então não há como restituir o status quo ante. Já existem, portanto, perdas e danos – danos emergentes e lucros
cessantes. Se João já inscreveu o cavalo em um concurso e já construiu um estábulo para o mesmo, a doutrina deixa a
entender que (quando há perda com culpa), que o devedor, além de pagar os lucros cessantes, teria que dar também o
equivalente do cavalo em dinheiro. Além disso, José Fernando Simão diz que, se João tiver me adiantado o pagamento, se
ele me deu 2.000 reais, eu devo de fato restituir esse dinheiro, mas se ele não pagou nada e, além de todas as perdas e
danos que eu vou ter que pagar para ele eu ainda der 2.000 reais, isso comportaria enriquecimento ilícito.
- Conceito de equivalente para José Fernando Simão: a devolução do valor do bem em dinheiro (se a pessoa tiver pago
antecipadamente). Mas, se a pessoa não pagou nada antecipadamente, o devedor não precisa de pagar o valor do bem
perdido, pagaria apenas as perdas e danos. art. 884 a 886
- Obs.: S76TJRJ: O mero inadimplemento contratual não gera por si só obrigação de indenizar. José usa essa súmula para
defender seu ponto de vista, pois o mero descumprimento não obriga a indenização. A sumula reforça esse entendimento.
*Maria Helena Diniz: valoração.
José concorda com Maria Helena Diniz – defende que se pagou, tem que restituir, mas se não pagou, não faz nada. Mas se
eu paguei e vou restituir, eu vou restituir na forma estabelecida por Maria Helena Diniz: Se eu paguei 2.000, mas entre a data
em que ele deveria ter me entregue o cavalo e a data em que ele me devolve aquele valor houve uma supervalorização do
cavalo, que agora custa 5.000, eu devo receber 5.000. Se houver valoração do bem, o devedor deve entregar o valor que ele
vale agora, mas se houver uma desvalorização do bem, o devedor deveria entregar 2.000, se não haveria enriquecimento
ilícito. Carlos Roberto Gonçalves: defende que, em qualquer cenário (tendo pago ou não), eu teria que dar 2.000, sempre.
A parte especial é dividida em duas partes: A primeira, de dar e entregar, quando a coisa ainda está com o titular do bem, e a
segunda, de restituir, quando a coisa não está mais com o titular do bem. Essa divisão é necessária porque essas circunstâncias
mudam o tratamento da perda.
1. Perecimento
Art. 234: Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a
condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá
este pelo equivalente e mais perdas e danos.
Observação: o artigo trata perecimento como perda total. Determina que, se houve perecimento sem culpa, deve-se extinguir
a relação e voltar ao status quo ante. Se ocorrer com culpa, ocorrerá equivalente com perdas e danos.
2. Deterioração
A deterioração é parcial, é quando o bem se perde apenas em parte. Sem culpa, é aplicado o art. 235, com culpa, 236.
(1) Sem culpa: Se a coisa se perdeu apenas parcialmente sem culpa, o credor pode optar por retornar ao status quo antes,
ou pode escolher ficar com a coisa com abatimento do preço, que deve ocorrer, se não ocorrerá enriquecimento ilícito.
Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa,
abatido de seu preço o valor que perdeu.
(2) Com culpa: Há equivalente mais perdas e danos, quando eu não quero ficar com a coisa, ou quando eu escolho ficar
com a coisa, recebendo abatimento e Perdas e Danos. Perdas e Danos é um elemento essencial à deterioração com
culpa, existe inevitavelmente.
Art. 236: Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha,
com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos.
1) Perecimento:
3. MELHORAMENTOS E ACRÉSCIMOS
A doutrina majoritária é muito vaga em sua definição. Define melhoramento como qualquer melhora, qualquer coisa que agregue
valor e acréscimo seria qualquer coisa que aumente ou acrescente. Além disso, parte de doutrina chama melhoramentos e
acréscimos de direito aos cômodos, que só comportam benfeitorias e frutos.
Dessa forma, esses melhoramentos e acréscimos seriam frutos, produtos, benfeitorias, guarnições do imóvel (quando inclusas no
contrato). Melhoramento seria qualquer coisa que valorize o imóvel (Ex: shopping que valoriza o imóvel). Já acréscimo é quando
se melhorou ou acresceu o bem, pode se dar de várias formas: formação de ilhas, aluvião, etc.).
Aluvião x Avulsão: Aluvião é quando, por exemplo, em uma comunidade ribeirinha o rio vai sedimentando parte do solo e
aumentando gradativamente o tamanho da propriedade. Avulsão é quando uma parte grande de terra se desprende de um lugar
e gruda na sua propriedade, ocorre imediatamente.
(2) Restituir:
Você estava com uma coisa que não era sua e essa coisa melhorou por algum motivo, que não tenha sua influência (Ex:
aluvião ou avulsão), foi um fenômeno natural que tornou o bem mais valioso. O dono da propriedade não precisa
indenizar você que está com a posse, pois você não fez nada.
Art. 241: Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor,
lucrará o credor, desobrigado de indenização.
Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas
normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé. Parágrafo único. Quanto
aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de
má-fé.
O código diz que se o possuidor for de boa-fé, ele tem direito a indenização por todas as benfeitorias – úteis, necessárias e
voluptuárias. Em relação as uteis e necessárias, ele tem o direito de retenção, ou seja, não é obrigado a devolver a coisa até que
seja indenizada. Em relação às voluptuárias, ele pode levantar\tirar aquela coisa desde que não cause nenhum malefício para o
bem (ex.: se eu coloquei uma fonte e ela é removível posso tirar ela para mim) Tem direito aos frutos percebidos, mas tem que
entregar ao proprietário os pendentes e os colhidos antecipadamente.
*No caso da má fé, o possuidor só tem direito a indenização pelas benfeitorias necessárias, e mesmo assim não tem direito a
retenção nem a levantamento.
Em relação aos frutos, (art. 1214 e 1216): No caso de boa-fé, ele tem direito aos frutos percebidos, mas deve entregar ao
proprietário os frutos pendentes e os colhidos antecipadamente. Nesse caso, ele vai entregar os pendentes colhidos e vai pegar
o ressarcimento pelos custos que ele teve. No caso de má fé ele não tem direito a nada, mas tem direito à indenização.
• BF: percebidos pendentes e colhidos (ressarcir)
• MF: não tem direito, indenização
OBS: pecuniária
Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos
artigos subsequentes.
Esse dispositivo (art. 315) aplica o princípio nominalíssimo, que diz que o valor que o dinheiro tem é exatamente o mesmo valor
que foi estampado pelo governo. Exemplo: se eu coloco uma dívida de 50 reais, eu tenho que entregar 50 reais para quita-la.
Crítica: no princípio nominalíssimo, pode ocorrer de os 50 reais perderem seu valor. As formas de equalizar essa desvalorização
do dinheiro seria a correção monetária.
Correção monetária: é um índice aplicado sobre as dívidas pecuniárias (de dinheiro, valor) para que a gente possa equalizar,
corrigir ou adaptar essa dívida à seu tempo. É diferente da teoria da imprevisão (Art. 317 – quando ocorre um fato totalmente
inesperado que muda o equilíbrio da relação jurídica obrigacional). A teoria funciona a partir do arbítrio do juiz. É diferente porque
a correção monetária é um ajuste pequeno enquanto a teoria da imprevisão é uma variação muito grande.
Moeda curso forçado: Real. Em alguns lugares da Europa não aceitam dinheiro, só pode pagar com cartão. Atualmente isso não
seria aceito no Brasil, a moeda de curso forçado obrigatoriamente deve ser aceita em todo estabelecimento comercial. Antigamente
havia uma norma que não permitia a diferenciação entre diferentes formas de pagamento, mas caiu e é perfeitamente possível
que ocorra uma variação de preço. O que não é possível é impedir o uso da moeda de curso forçado.
AULA 6: 02.04
1.Conceito
• Art. 243: “A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade). – Falta a qualidade para que seja
uma coisa certa. (determinada por gênero, qualidade e quantidade).
• Crítica Projeto de lei 276\07 – quer mudar a redação do artigo 243 para ao invés de constar gênero, que é muito aberto
e possibilita muito poder de escolha, conste espécie, que é mais delimitada, restrita. A doutrina defende que quando
usamos o termo gênero fica muito aberto, Ex: obrigação de entregar 3 sacas de cereal – podem ser muitos tipos de
cereal, é muito amplo. Esse poder de escolha pode ser tanto do devedor quanto do credor.
2. Concentração
• É o ato de escolha da qualidade. Uma vez escolhida a coisa, passa a ser uma obrigação de aplicar coisa certa. A
incerteza é transitória, termina na concentração.
• Art. 245: “Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente.”
• Art. 244: “Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não
resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor ”. Esse artigo
estabelece o critério para a concentração, ou escolha, chamado critério do meio termo. Esse dispositivo legal determina
que, se a lei não fala nada, o contrato é omisso e essa escolha caberá ao devedor. No contrato de dar coisa certa, pode
ser estabelecido que a escolha\concentração cabe ao devedor ou ao credor, mas se essa concentração couber ao
devedor, ele não pode entregar coisa pior e, se essa escolha couber ao credor, ele não pode obrigar a entregar a coisa
melhor. Ex: nos dois casos é aplicado o critério médio. Na obrigação de entregar 3 sacas de café, havendo um tipo ruim,
um tipo médio e um tipo bom, se a escolha couber ao devedor, ele pode entregar ou o bom ou o médio. Se a escolha
couber ao credor ele pode escolher o melhor ou o médio. Quando houverem duas opções: café muito bom e café muito
ruim, tanto faz, pois se tornará uma obrigação de dar coisa certa, já que ele só possui uma opção. Para não desnaturar
a obrigação, se existem duas opções apenas, não é aplicado o critério médio, pois este desnaturaria a obrigação de dar
coisa incerta para dar coisa certa.
3. Gênero e Perda
• Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior
ou caso fortuito.
Esse dispositivo reproduz ideia do direito romano: ideia de que o gênero nunca perece. Como há uma coisa
individualizada só pelo gênero e pela quantidade, a doutrina clássica defende que não se pode falar em
perecimento da coisa sem culpa minha. Já a doutrina moderna entende que o gênero pode sim perecer.
Ex: saca de vinho em uma vinícola específica e única no Chile. Se ocorrer um terremoto que acabe com toda a
minha produção eu posso sim alegar o perecimento do gênero. Dessa forma, o caso concreto deve deixar claro
se aquele gênero realmente só existia naquele lugar ou não.
C) OBRIGAÇÃO DE FAZER
1. Conceito
• É aquela na qual o devedor se obriga a praticar determinados atos ou prestar serviços ao credor
• Ex: obrigação de fazer um quadro
O critério para detectar a fungibilidade ou infungibilidade de uma obrigação pode decorrer de cláusula contratual, de forma que eu
posso formar uma obrigação que a princípio seria infungível em fungível. Ex: a obrigação de pintar uma parede em princípio é
fungível (não há necessidade de nenhum pintor específico para tal), entretanto posso colocar uma cláusula no meu contrato
especificando o pintor e, portanto, tornando a obrigação infungível.
A natureza da obrigação de fazer pode derivar de cláusula contratual ou da natureza da obrigação (Ex: convido uma pessoa para
tocar violino no meu casamento – é uma obrigação infungível e não requer uma clausula expressa explicitando a necessidade de
ser o violinista x – pois já faz parte da natureza da obrigação já demonstra isso.). A natureza, dessa forma, pode ser expressa ou
tácita.
• Cláusula (contratual)
• Natureza (da obrigação)
3. Inadimplemento
Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele,
responderá por perdas e danos.
a) Sem culpa: No caso de inadimplemento da obrigação de fazer sem culpa, ocorrerá o retorno ao status quo ante.
b) Com culpa: No caso de inadimplemento da obrigação de fazer com culpa, ocorrerá perdas e danos. A solução para
além das perdas e danos é diferente se a obrigação for fungível ou infungível:
1. Fungível: art. 249: Se há uma obrigação fungível, que pode ser realizada por terceiros, a opção que se abre ao
credor é que ele mande terceiro executar o que o devedor devia ter feito às custas do devedor. Observação da
doutrina: se o credor não quiser mandar executar às custas do devedor ele não precisa, é uma opção dele. Se ele
não quiser, o valor a título de perdas e danos será maior. As perdas e danos sempre vão existir, mas serão maiores
se o serviço não for prestado nem por terceiro. O credor não tem a obrigação de mandar o devedor cumprir.
Art. 249: Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor,
havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.
2. Infungível: O artigo 247 é incompleto, falta a execução específica. O artigo traz ao devedor, quando a obrigação
é infungível, só por ele cumprir, apenas o dever de indenizar, mas essa ideia sofreu algumas modificações e
existem alguns instrumentos para fazer com que esse devedor cumpra a obrigação. Instrumento mais famoso:
multa cominatória.
Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta,
ou só por ele exequível.
*Na origem do direito das obrigações, havia a ideia da autonomia da vontade como valor primordial dentro do nosso ordenamento
jurídico. Mas a autonomia da vontade não é mais o que dita a ordem jurídica atualmente – existe um ordenamento civilíssimo, com
princípios nortes como a boa fé objetiva, a eticidade, etc. Então, a doutrina define que, uma vez que tratamos a obrigação como a
função social do adimplemento, não poderíamos ter uma modalidade que pudesse ser descumprida pelo devedor, pois isso
enfraqueceria o instituto. Dessa forma, atualmente, junto com artigo 247, temos que lembrar da ideia da execução específica. No
caso de obrigações de dar a situação é mais simples, pois existem duas formas de execução específica: a busca e apreensão
para bens móveis e a imissão na posse para bens imóveis.
*A multa cominatória pode ser arbitrada a critério do juiz – pode ser arbitrada mensalmente, semanalmente, diariamente, de hora
em hora ou minuto em minuto. Normalmente as multas de minuto em minuto ou hora em hora são em relação a medicamentos,
cirurgia de urgência – obrigações de fazer envolvendo saúde.
D) OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER
1.Conceito
• A obrigação de não fazer é aquela que impõe ao devedor um dever de abstenção em relação ao credor.
• É muito comum no direito empresarial. Ex: se eu e um sócio temos uma farmácia e eu saio da sociedade, pode haver
uma cláusula de não concorrência, que é uma obrigação de não fazer quando um sócio dissidente sai da sociedade.
• Ex: Direito ao esquecimento: relacionado aos direitos da personalidade. É o direito de, por exemplo, uma pessoa não ter
sua privacidade veiculada na mídia, é uma obrigação de não fazer baseada nos direitos da personalidade.
2. Inadimplemento
a) Sem culpa: Uma poderia ser obrigada a praticar um ato, por exemplo, por meio de uma ordem judicial. Se o meu vizinho
pede para que eu não construa uma cerca em minha privacidade e eu me comprometo com ele a não fazer, mas o poder
público determina que eu construa uma cerca devido à construção de uma estrada, ocorre o descumprimento de uma
obrigação de não fazer por uma imposição do poder público
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do
ato, que se obrigou a não praticar.
b) Com culpa: Normalmente, no descumprimento da ação de não fazer, na ação serão cumulados dois pedidos: uma
obrigação de fazer, que na verdade é um desfazer, e uma obrigação de não fazer, que é para que ele não reitere aquela
conduta. Exemplo: um senhor tem uma propriedade do lado de um campo de dirigíveis. Ele não gostava e decidiu erguer
dentro de sua propriedade, torres com lanças que impediriam que os dirigíveis passassem perto de sua propriedade.
Esse é um caso claro de abuso de direto, o senhor não interferiu na propriedade do outro, mas abusou de seu direito,
pois as torres não tinham nenhuma utilidade se não o impedimento da atividade do vizinho. Nessa ação, o pedido do
vizinho, dono do campo, foi um desfazimento, uma obrigação de fazer (demolir as torres) com uma obrigação de não
fazer (não voltar a construir as torres)
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena
de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o
credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.
Simples:
• Só uma prestação.
• Ex: obrigação de dar uma casa, não construir um muro, pintar uma parede, etc.
Compostas:
A) CUMULATIVA
1.Conceito
Nas obrigações cumulativas, existe mais de uma prestação, ou mais de um objeto, podendo ser um fazer ou um não fazer (pode
ser mista) e seu adimplemento só se dá pelo cumprimento de todas. O conceito de adimplemento relativo ou absoluto nada tem a
ver com a extensão do cumprimento da obrigação, tem a ver com interesse. As obrigações cumulativas só se cumprem pela
prestação de todos os objetos.
OBS: Art. 314: Se eu tenho a obrigação de entregar uma casa e eu parcelo o pagamento dessa casa em 500 vezes, essa é uma
obrigação SIMPLES. Se eu tenho a obrigação de entregar 30 coisas, mas eu pago tudo de uma vez, essa é uma obrigação
COMPOSTA. Não confunda a quantidade de parcelas de pagamento com a obrigação em si, com a pluralidade de objetos.
Prestações simples podem ser pagas de forma parcelada (obrigação de pagar 500 pode ocorrer em 5 parcelas de 100, não
desnatura a obrigação, não modificam sua natureza).
Aplicação do art. 314: pagamento diferido: você pode ter 1.000 prestações contidas na mesma obrigação, se você por acaso não
convencionou que as prestações serão pagas de forma diferida, a regra geral é que nas obrigações cumulativas você paga todas
de uma vez.
Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o
devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou.
B) ALTERNATIVA – “OU”
1. Conceito
São aquelas em que há dois ou mais objetos previstos no contrato, mas o cumprimento se dá pela prestação de apenas 1 deles.
O devedor se exonera com apenas 1 delas.
Ex: há um contrato em que eu estabeleço que João pode se exonerar da obrigação me dando um carro ou uma moto. O contrato
prevê dois objetos, mas independente de qual João entregar a obrigação estará adimplida.
É diferente da obrigação de dar coisa incerta, porque na obrigação alternativa existem dois objetos completamente individualizados
em gênero, qualidade e quantidade, enquanto na obrigação de dar coisa incerta há um objeto individualizável.
2. Escolha
A regra da escolha, assim como na obrigação de dar coisa incerta, pode ser tanto do devedor quanto do credor. Mas se o contrato
for omisso a escolha cabe ao devedor.
Art. 252: Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.
Art. 817. O sorteio para dirimir questões ou dividir coisas comuns considera-se sistema de partilha ou processo de
transação, conforme o caso.
Obs.: Remissão ao artigo 252: O artigo 817 trata do sorteio. O código não traz essa possibilidade no direito das obrigações, mas
a doutrina toda, assim como o STJ, entende que também é possível que a utilização do sorteio como solução.
Quando não é feita a partir de sorteio, a escolha é feita da seguinte forma: é estabelecido um prazo para que a escolha seja feita.
Ex: “a escolha vai recair sobre o credor e ele tem 30 dias”, ou “a escolha vai recair sobre o devedor e ele tem 10 dias”. Se ele não
escolhe, ele é notificado. O prazo da escolha é a notificação.
A doutrina define que nesse caso não é aplicável o critério do meio termo: porque a doutrina aponta que, uma vez que fazemos
constar na obrigação tanto um objeto (prestação) quanto o outro, para o credor tanto faz, porque se pra ele fizesse diferença, ele
não daria essa opção.
3. Inadimplência
a) Sem culpa:
Se você tem dois objetos – entregar uma moto e entregar uma casa- e a moto é roubada, o que resta é a obrigação de
entregar uma casa – isso é chamado de concentração automática. Se existem dois objetos alternativos e um se perde,
automaticamente concentramos no outro objeto. Se os dois objetos se perdem sem culpa, ocorrerá o status quo ante.
253: Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexequível, subsistirá o débito
quanto à outra.
256: Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação.
b) Com culpa:
Duas situações possíveis: O objeto se perdeu com culpa e a escolha cabia ao devedor (art. 254), ou o objeto se perdeu
com culpa e a escolha cabia ao credor (art. 255)
- Exemplo de culpa do devedor: o devedor devia entregar um cachorro ou um cavalo. Se os dois fugirem, mas o cachorro
fugir antes, o devedor deve pagar indenização referente ao último que se perdeu, ou seja, o cavalo.
-Em relação a inadimplência com culpa e quando a escolha cabia ao credor, o artigo 255 se estende inutilmente, pois,
se era direito do credor de escolha, bastava dizer que uma vez que a coisa se perca por culpa do devedor, ainda sim a
escolha cabe ao credor, não interessa se ele perdeu duas ou mais coisas. No exemplo do cavalo e do cachorro, se só o
cachorro se perdeu ou se os dois se perderam, a escolha ainda cabe ao credor. Ainda que o objeto se perca por culpa
do devedor a escolha continua cabendo ao credor.
Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha,
ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar.
Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o
credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor,
ambas as prestações se tornarem inexequíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da
indenização por perdas e danos.
AULA 7: 04\04
C) FACULTATIVAS
1. Conceito
São obrigações em que o devedor se obriga a entregar um objeto (cumprir uma prestação) em face do credor, mas existe uma
previsão (escrita ou combinada) que prevê uma possibilidade que fica combinada entre devedor e credor de que aquele devedor
pode se exonerar se ele entregar uma outra prestação.
Ex: obrigação de entregar um carro (obrigação de entregar coisa certa) – o credor pode combinar com o devedor, no caso de, por
exemplo, o carro ser difícil de encontrar no mercado, de existir a possibilidade de entregar um caminhão.
As obrigações facultativas são uma construção doutrinaria, pois não possuem previsão legal, mas são necessárias por possuírem
a função de buscar o adimplemento a todo custo. A doutrina brasileira defende que as obrigações facultativas consistem em
possibilitar mais uma opção para o devedor. Dessa forma, trabalha com a ideia de que a obrigação facultativa na verdade seria
uma obrigação simples (com 1 só objeto), mas com possibilidade de exoneração do devedor se ele entregar outro objeto. A
relevância dessa obrigação, que não possui previsão legal, surgiu de uma necessidade fática e então foi estudada pela doutrina
para se buscar o adimplemento a todo custo. Assim, quando o devedor estiver com alguma dificuldade, ele possui outra opção de
pagamento. A natureza facultativa da obrigação não é necessariamente decorrente de cláusula formal, pode ser um contrato
verbal.
*Karl Larenz: Já a doutrina estrangeira (alemã, principalmente) defende que as obrigações facultativas existem para dar mais uma
opção ao devedor OU ao credor.
OBS: A doutrina clássica faz uma divisão entre obrigações com relação a multiplicidade dos objetos – podendo ser simples ou
composta (podendo ser facultativa) – ou seja, descreve a obrigação facultativa como sendo uma obrigação composta, mas ao dar
o conceito de obrigação facultativa, define que esta constitui uma obrigação simples, mas com uma faculdade ao devedor. Ela é
simples ou composta então? Resposta da doutrina: ela é simples em relação a uma das partes e composta em relação a outra.
No brasil, a obrigação facultativa é vista como uma obrigação simples em relação a credor e composta em relação ao devedor. A
consequência disso é que, caso objeto da prestação principal se perca, o credor não pode exigir a alternativa dada ao devedor. -
No exemplo da obrigação de dar um carro com possibilidade de entregar um caminhão, o credor não pode exigir o caminhão, pois
a obrigação é simples e o carro se perdeu sem culpa - a solução é status quo ante.
Em verdade, na obrigação facultativa aplicamos as regras referentes as obrigações simples em relação ao credor e obrigações
alternativas em relação ao devedor.
As obrigações facultativas podem ser chamadas de bipartidas, pois possuem uma subdivisão:
A doutrina brasileira classifica a obrigação facultativa como uma obrigação simples com faculdade do devedor, isso causa uma
confusão porque na verdade, para o devedor ela tem dois objetos, então não pode ser simples. Seria melhor então classificar a
obrigação facultativa como uma obrigação suigeneris, pois não pertence aos gêneros simples ou composto – consiste em uma
terceira hipótese de obrigação. Nesse tipo de obrigação, aplicaremos ora o que disser respeito às obrigações simples e ora o que
disser respeito às obrigações compostas.
A obrigação facultativa é bipartida – o credor só pode aplicar regras referentes a obrigações simples e, se objeto se perde sem
culpa em obrigações simples é aplicado o status quo ante. Mas no caso do devedor, são aplicadas as regras referentes às
obrigações alternativas, e se o objeto de perde sem culpa nas obrigações alternativas é aplicada a concentração automática.
Obrigações alternativas X Obrigações facultativas: Nas obrigações alternativas existem dois objetos estipulados: o devedor pode
entregar e o credor pode exigir os dois, é uma via de mão dupla. Já nas obrigações facultativas só há um objeto principal, aquele
que foi acordado, e um objeto secundário a segunda opção dada. A principal diferença entre as duas é a possibilidade do credor
poder exigir o outro objeto ou não, pois em relação ao credor, só podemos aplicar o que disser respeito as obrigações simples, no
caso das obrigações facultativas.
Questão da prova passada: O rock in rio tinha verde como cor oficial, uma empresa é contratada para entregar perucas verdes ao
evento. A obrigação era de entregar perucas verdes, mas o devedor poderia se eximir da obrigação se ele pintasse o cabelo das
pessoas com tinta verde. Pegou fogo no depósito e todas as perucas se perderam sem culpa do devedor. O rock in rio não pode
exigir a pintura do cabelo – era uma obrigação facultativa. Não havia uma cláusula especial de obrigação facultativa, mas não
estava acordado um objeto ou outro, então era facultativa. Não era “ou” era “se”. Não há necessidade de cláusula especial.
Relembrando: Obrigações compostas – podem ser cumulativas ou alternativas. A doutrina inclui as facultativas aqui mas elas na
verdade são bipartidas, parte simples e parte compostas
A natureza facultativa pode derivar da convenção da lei (não necessariamente escrita)
2. Características
1. Introdução:
A) DIVISÍVEL
1. Conceito
Art. 257: Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas
obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores.
Art. 258. Não havendo convenção, ou sendo nula, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime de comunhão parcial.
(Redação dada pela Lei nº 6.515, de 26.12.1977)
Se eu tenho uma obrigação de entregar 200 reais para os meus 2 credores, a minha obrigação é de entregar 100 reais para cada
um dos meus credores. É um mero cálculo aritmético, divido o valor da obrigação pelo número de credores. Se duas pessoas
deverem 200 reais para um credor, novamente eu divido o valor pelo número de pessoas – cada devedor dará 100 para o credor.
Se tiver dois devedores e dois credores, cada um da metade para cada um – na obrigação de pagar 200 reais, o devedor 1 deve
100 no total, e 50 para cada credor, ou seja, cada um paga 50 para cada credor.
2. Exceções:
• as obrigações indivisíveis
• as obrigações solidárias.
B) INDIVISÍVEL
1. Conceito
Obrigações indivisíveis são aquelas nas quais a prestação não pode ser repartida. Ex: dois devedores possuem a prestação de
entregar um cavalo que vale 2.000 reais para um só credor – cada um deve 1.000 de valor patrimonial, ou “meio cavalo”, mas não
se pode partir um cavalo no meio, então se um devedor vir a cobrar apenas um devedor, este devedor deverá entregar o cavalo
inteiro e depois pedir o equivalente ao outro devedor para não ficar no prejuízo. Ou seja, um dos credores entrega a totalidade do
objeto devido à sua natureza indivisível, devido à uma impossibilidade fática de divisão do objeto da prestação.
OBS: A doutrina define que também não é divisível que, em que pese você possa repartir, ele perca muito o valor dele. Ex: um
diamante bruto de 5kg vale muito mais do que 5 diamantes brutos de 1kg – não há um empecilho físico, mas há um empecilho
econômico – é indivisível pela perda do valor econômico
Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão,
por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico.
Art. 87: Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de
valor, ou prejuízo do uso a que se destinam.
Art. 88: Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes.
2. Espécies
OBS: Em alguns casos, um objeto ora pode atuar como objeto divisível e ora como objeto indivisível. Ex: uma vaca leiteira não
pode ser partida porque ela deixa de ser útil, mas se for um animal para corte para consumo, ela pode ser divisível.
3. Efeitos
Existe mais de um devedor, mas a dívida não é divisível, então o credor pode escolher cobrar livremente de qualquer um dos
devedores, aquele devedor escolhido é obrigado a entregar a totalidade do objeto, em que pese ele só deva uma parte e depois
ele entra no direito do credor para cobrar a outra parte do codevedor.
Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. Parágrafo
único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados.
Se eu tiver dois credores para entregar um cavalo, João e José, e João me cobrar o cavalo, como eu posso saber se ele vai
entregar o cavalo para José também: ou eu entrego para os dois concomitante, ou eu pago para João e pego uma garantia de
que ele efetivamente recebeu aquele bem inteiro – uma caução.
Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se
desobrigarão, pagando: I - a todos conjuntamente; II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores.
No caso de uma obrigação indivisível, a utilização do objeto por dois credores é dificultada, entretanto pode ocorrer um acor do
entre os dois para a utilização de tal. Mas a regra geral dada pelo código é que o outro que não ficar com o bem, tem direito a
metade do valor em dinheiro
Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro
a parte que lhe caiba no total.
Remissão é o perdão da dívida. A art. 262 estabelece que, se por exemplo, Luiza for devedora de João e José em relação ao
cavalo e José é amigo do meu pai e fica com pena de mim e fala que não preciso pagar a sua parte do cavalo – João poderá me
cobrar mesmo assim, desde que desconte a parte que era de José. Se o cavalo valia 2.000 reais e José me perdoou, João tem
que abater 1.000 reais se quiser ficar com o cavalo, pois na verdade João era credor de 1.000 reais, de forma que se eu o desse
2.000 isso configuraria enriquecimento ilícito.
Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir,
descontada a quota do credor remitente. Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação,
compensação ou confusão.
4. Perda indivisibilidade
Aqui se trata da perda com culpa, pois se for sem culpa é aplicado o status quo ante. Aqui, se o objeto indivisível se perde a forma
utilizada para se retribuir é a perdas e danos + equivalente, que são divisíveis, pois são per uni. Dessa forma, quando um objeto
indivisível se perde, junto com ele se perde a característica da indivisibilidade e aplica-se a obrigação divisível.
OBS: Em relação à culpa as perdas e danos correspondem a uma consequência\penalidade de quem teve a culpa e a culpa é um
instituto pessoal. Então, se eu tenho dois devedores e a coisa se perdeu com culpa de um só deles, o devedor sem culpa tem que
pagar só a sua parte e não paga perdas e danos, enquanto o que tiver culpa paga sua parte mais perdas e danos. – se torna uma
obrigação divisível.
Art. 263: Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos.§ 1o Se, para efeito do disposto neste
artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais.§ 2o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados
os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos.
C) SOLIDARIEDADE
1. Conceito
Na obrigação solidaria, existem dois olhares diferentes: é uma obrigação inteira em relação ao credor, mas em relação ao devedor
você só deve metade. A principal diferença é que quando o credor (uma criança, por exemplo) cobrar do devedor (pai), esse pai
tem que dar o valor inteiro da prestação.
Diferente da obrigação indivisível, em que um dos credores entrega a totalidade do objeto devido à sua natureza indivisível, na
obrigação solidária, mesmo que existam dois devedores, um deles tem que dar todo o valor quando cobrado por determinação da
lei como uma forma de garantia a mais para o credor, ele paga tudo porque deve tudo, ele deve a integralidade em relação ao
credor, mas o credor possui direito de regresso
O credor escolhe o quanto ele quer cobrar de cada devedor (os pais)
Exemplo de obrigação solidária: uma criança mora com a avó e os pais têm que pagar pensão alimentícia. A natureza jurídica da
obrigação de prestar a pensão alimentícia é uma obrigação solidária. Outros exemplos de obrigação solidária: verba trabalhista,
verba de pensão alimentícia – em sua maioria possuem caráter alimentar ou existencial.
*Obrigação indivisível x solidariedade:
• Principal diferença: na obrigação indivisível o devedor paga tudo ao credor pela impossibilidade fática de dividir o bem,
enquanto na solidariedade, o devedor paga tudo porque ele deve tudo ao credor, mas depois para não ficar com prejuízo
pode cobrar do outro devedor.
• A consequência pratica nos dois exemplos é a mesma, mas o fundamento é diferente.
2.1. Conceito
É aquela na qual há mais de um sujeito ativo ou mais de um sujeito passivo na qual o aquele sujeito ativo (credor) tem o direito de
receber aquela integralidade da prestação e o sujeito passivo (devedor) possui o dever de entregar a integralidade daquela
prestação.
Art. 264: Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com
direito, ou obrigado, à dívida toda.
Art. 265: A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.
É o artigo mais cobrado de direito das obrigações, Solidariedade NÃO se presume - advém ou da lei ou da vontade das partes
Art. 266: A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos cocredores ou codevedores, e condicional, ou a prazo, ou
pagável em lugar diferente, para o outro.
É um princípio que permite que a solidariedade seja modal, que seja diferente – pode possuir mais de um sujeito ativo ou mais de
um sujeito passivo e ter características diferentes para elas.
Exemplo: eu posso ser devedora solidaria com João, mas a minha dívida se vence hoje e a dívida de João se vence a termo, tem
um prazo, pode ser daqui a 10 dias. Posso ter uma dívida solidária em que eu devo hoje, mas a de João só se vence no dia do
casamento dele – dívida condicional.
OBS: Obrigações que possuem pluralidade de sujeitos podem ser divisíveis, indivisíveis ou solidárias. A regra geral define que
quando são divisíveis, existirão tantas obrigações quanto o número de sujeitos. Nas indivisíveis um dos devedores tem a obrigação
de entregar a totalidade do objeto e depois pagar a cota-parte ao outro devedor, sendo essa característica a única semelhança
entre obrigações indivisíveis e obrigações solidárias, pois em ambos os casos, tanto nas indivisíveis quanto solidárias (passivas)
aquele devedor deve entregar o objeto por inteiro. Entretanto, a diferença mais marcante entre as duas é a de que na
indivisibilidade o devedor entrega o objeto inteiro por uma impossibilidade do objeto, enquanto na solidária o devedor entrega o
objeto inteiro porque ele deve o objeto inteiro.
AULA 8: 11.04
A) Pluralidade de sujeitos
• Na obrigação solidária, deve haver mais de um sujeito em um dos polos. Pode ser no polo ativo (multiplicidade de
credores, solidariedade ativa), no polo passivo (multiplicidade de devedores, solidariedade passiva) ou pode ser em
ambos os polos, havendo mais de um credor e mais de um devedor (solidariedade mista).
• O código civil só trata de solidariedade ativa e passiva, mas não proíbe a existência da mista, que é uma junção das
características da ativa e da passiva ao mesmo tempo. O código não precisa prever sua existência. Para a aplicação da
solidariedade mista, deve-se aplicar simultaneamente o que se refere à passiva e à ativa simultaneamente.
B) Multiplicidade de vínculos
• Ex: na solidariedade ativa existem um credor C1, um credor C2 e um devedor D. A multiplicidade de vínculos quer dizer
que o devedor está ligado ao credor C1 por um vínculo, ao C2 por outro vínculo e, além disso, os credores C1 e C2 estão
ligados entre si por outro vínculo.
• A multiplicidade de vínculo, dessa forma, define que todos os personagens da relação jurídica obrigacional se relacionam.
C)Unidade prestação
• É a possibilidade daquela prestação ser paga, ou exigida, por inteiro, ainda que haja mais de um devedor ou credor. No
exemplo, o devedor pode optar por pagar a integralidade da prestação para C1, ou pagar a integralidade da prestação
para C2. Ele pode optar por pagar para qualquer um, a não ser que seja interpelado.
3. Natureza jurídica
A doutrina conservadora dizia que a natureza jurídica das obrigações solidárias seria a natureza de representação – contrato
gratuito ou oneroso no qual um sujeito contrata outro para representá-lo. A procuração é um instrumento do contrato de
representação para internalizá-lo, podendo ter podendo ter fim reconhecido em cartório ou não. A princípio a doutrina clássica
entendia que, na multiplicidade de credores, quando tínhamos uma obrigação solidária, e um credor C1 cobrava tudo do devedor,
haveria uma espécie de procuração\representação implícita, em que esse credor estaria cobrando metade do débito (50) em
relação a ele e a outra metade (50) em relação ao outro credor C2.
Entretanto, é sabido que na realidade, o credor C1 cobra 100 referente a ele mesmo porque em relação ao devedor, ele tem direito
a totalidade. É só em relação ao outro credor que ele tem direito somente à metade (50). Dessa forma, a teoria clássica caiu. A
teoria utilizada acerca de natureza jurídica atualmente é de que a obrigação solidária seria “um modo de assegurar a função”,
sendo a função social da solidariedade o adimplemento.
Ex: se um devedor X deve 15.000 a 15 credores, é muito mais fácil que se atinja o adimplemento se ele pagar 15.000 de uma vez
só para um dos credores ao invés de pagar 1.000 para cada um dos 15. No caso contrário, se um credor só tiver 10 devedores e
a dívida for de 10.000, é muito mais fácil se o credor puder cobrar a integralidade da obrigação a apenas um dos devedores. Por
isso, a função social figa assegurada pela solidariedade, há uma facilitação do adimplemento.
4. Solidariedade x indivisibilidade
Possuem uma única semelhança: Ambas podem exigir bem inteiro. É a possibilidade de um devedor ser compelido a pagar pelo
inteiro, ou a possibilidade de o credor exigir o pagamento por inteiro.
Diferenças:
1. Conceito
• Conceito doutrinário: É aquela com multiplicidade de credores que tem direito de exigir a integralidade da prestação
• Até que o devedor seja interpelado, ele pode escolher qualquer credor para pagar a integralidade da dívida. O devedor
pode pagar qualquer um dos credores e estará exonerado da obrigação. Além disso, qualquer credor pode exigir tudo e
o devedor paga qualquer um
• É rara por conta de duas coisas que aconteciam frequentemente: um credor recebe tudo e resolve não repassar para os
outros e os outros credores não tinham interesse em entrar em uma solidariedade ativa, ou aquele credor podia receber
tudo e gastar tudo, ficando insolvente e impossibilitando que ele pagasse para os outros – cada credor teria que ajuizar
uma ação de cobrança.
• Exemplos do cotidiano – conta conjunta e cofre. Um casal possui uma conta comum no banco, cada um possui metade,
mas em relação ao banco cada um pode sacar a totalidade, mas em relação aos dois cada um é titular apenas da
metade.
• 2 frutos – credor x devedor ou credor x credor
A solidariedade ativa possui duas facetas - a relação entre credor x devedor e a relação dos credores entre si. Na relação do
credor com devedor, ainda que exista mais de um credor, cada um, em relação ao devedor, é titular da integralidade da prestação.
Os credores entre eles têm direito a metade cada um até que se prove o contrário.
2. Dispositivos legais
Art. 267: “Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro.”
Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.
• Princípio da prevenção – o devedor deve pagar a totalidade ao credor que o interpelou (chamou para pagar por alguém),
mas se não for interpelado, paga para qualquer um. Diz que não sendo interpelado até que seja, por qualquer credor, o
devedor pode pagar quem quer que seja
*Princípio da prevenção no código de processo civil – forma de escolha do julgamento. Se existem 50 juízes competentes, com capacidade
jurídica para julgar aquele caso, é feito o processo de “distribuição de processos” – se entrarem 1.000 processos para 50 juízes, vão 20
para cada um por ordem aleatória definida pelo sistema eletrônico. É a distribuição que gera a prevenção. Uma vez que o processo é
distribuído para um juiz, ele passa a ser o único competente para julgar aquele caso. Se um juiz de outra vara julgar há nulidade.
• A crítica da doutrina é que o código civil pegou o termo do código de processo civil, quando deveríamos tratá-lo como
uma prioridade ou exclusividade, pois o termo prevenção já existe, é necessário criar um termo novo. Isso explica porque
é raro ver casos concretos de dois credores interpelarem ao mesmo tempo – eles podem até interpelar em conjunto, no
caso de herdeiros por exemplo – qualquer que seja a forma, uma vez interpelado o devedor, ele só pode pagar para
aquele credor, se ele se confunde e paga para o outro credor ele paga errado, paga duas vezes
• Ex: 15 credores e 1 devedor. Se o devedor é interpelado pelo credor C1 e se esquece e paga a integralidade da dívida
para C2, o devedor ainda deve para o credor C1 a integralidade da dívida, mesmo que prove que pagou a integralidade
para C2. Apesar do devedor poder ajuizar uma ação contra C2 por enriquecimento ilícito, ele não se ausenta da obrigação
de pagar a integralidade do débito ao C1, que o interpelou.
Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do
crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível.
Ex: credor C1 e credor C2 – C2 morre e deixa dois herdeiros (C3 e C4). O objetivo do art. 270 é o de não prejudicar o devedor,
que passaria nesse contexto a possuir 3 credores ao invés de 2, ou seja, antes ele poderia ser cobrado pela integralidade da
dívida por duas pessoas diferenças e agora ele pode ser cobrado pela integralidade de três pessoas diferentes, então ele possui
uma chance a mais de ser cobrado pela integralidade – desvantagem para o devedor.
Credor 1 C1
Devedor C3
Devedor
Credor 2
C4
Dívida total: 100
Dessa forma, como esse cenário seria prejudicial ao devedor (apesar da quantia não mudar, ele possui mais chances de ser
cobrado pela integralidade) o código diz que, se C3 e C4 quiserem cobrar isoladamente, cada um só pode cobrar 25 e não poderão
nunca cobrar a integralidade da dívida.
O objetivo do artigo é não prejudicar a situação do devedor, por isso dá possibilidades de que a solidariedade subsista
Dessa forma, a regra geral é a refração do crédito. A solidariedade vai continuar só em relação aos demais credores. Exceto nas
seguintes possibilidades, que não pioram a situação do devedor:
Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade.
• É a consequência do princípio da não presunção do art. 265. – Porque a solidariedade não se presume, é resultado da
lei ou da vontade das partes. Ainda que o objeto se perca e se converta em perdas e danos, a solidariedade subsiste.
Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros.
• Exceção: sinônimo de defesa, termo criticado por civilistas, pois não é próprio do código civil, está no CPC.
Termo do direito material (direito civil): Defesa
Termo do direito processual (processo civil): Exceção
O Art. 273 diz que o devedor não pode alegar contra um credor exceção pessoal que tenha a outro credor.
Exemplo: se um credor C1 cobra do devedor a integralidade da dívida, mas o devedor percebe que o objeto da dívida é ilícito, é
possível que o devedor alegue isso para não pagar essa dívida? Considerando a defesa objetiva em relação ao objeto (prevista
no art. 104, parágrafo II), o devedor pode alegar sim, em relação a qualquer credor, pois o objeto da relação jurídica obrigacional
diz respeito a qualquer um deles.
No caso das defesas pessoais isso se dá de forma diferente – vamos supor que C1 seja menor de 18 anos e não esteja
representado. Se C1 cobra ao devedor a integralidade da dívida, o devedor pode alegar ilicitude, pois isso é uma defesa pessoal
que diz respeito a ele (C1). Entretanto, se C1 for menor de 18 anos e não está representado, mas C2 me cobrar a totalidade da
dívida, o devedor não pode alegar o mesmo para C2, pois é uma defesa pessoal, diz respeito somente a C1.
As exceções às defesas objetivas podem ser alegadas em face de qualquer um deles – qualquer credor. Já as exceções pessoais
só podem ser alegadas se disserem respeito àquele credor específico que estiver me cobrando.
Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes,
sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles.
• Essa é a consequência da multiplicidade de vínculos. Se eu cobro e não tenho razão naquele momento para cobrar, eu
não posso prejudicar todos os demais credores.
– É uma consequência da possibilidade de cobrança de uma prestação única. Se um credor ajuizar uma ação que cobre a
prestação inteira, ele deve posteriormente dividir o valor recebido com os demais credores. O fato de o credor não receber não vai
prejudicar o outro de cobrar, mesmo porque no art. 266 é previsto que as obrigações solidárias podem ter características diferentes,
então se por exemplo C1 puder cobrar hoje mas C2 só puder cobrar a termo, e C2 ajuíza a ação, ele possui um julgamento
improcedente – não poderá receber o dinheiro. Mas se C1 ajuizar a ação ele possui julgamento procedente e recebe o dinheiro,
pois não cobra a termo. Se um credor ajuíza uma ação e perde isso não vai prejudicar os demais credores, pois as obrigações
podem ser modais, diferentes para cada credor (art. 266), mas se um credor ajuíza uma ação e recebe tudo, isso vai beneficiar os
outros credores, ele vai dividir.
III “sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles.”
Isso também é consequência do art. 266, que define que as obrigações solidárias podem ser modais, consequencialistas,
diferentes para cada credor – se o devedor possuir uma exceção pessoal, ele pode alegar em relação a um credor. Esse dispositivo
diz que o que é julgamento negativo não prejudica os demais credores, e que o que é julgamento positivo aproveita aos demais
credores
Ex: Compensação: Se em relação a um credor C1 um devedor tiver um direito de compensação (eles devem a mesma coisa uma
para cada e dívida é compensada, não havendo necessidade de transação.) o devedor não pode ficar prejudicado se esse credor
C1 o cobrar a integralidade da dívida – o devedor pode alegar isso posteriormente
Ex: se quem me cobra é credor 1 e eu tenho um direito de compensação em relação a credor 2, eu posso pagar tudo e pedir no
mesmo processo, que credor 2 me devolva o que ele me deve, ou eu posso pedir ao juiz para, ao invés de pagar tudo, pagar só
o credor 1 e anular meu débito com o credor 2 pela compensação. Normalmente o juiz abate para evitar transições monetárias
desnecessárias.
Crítica da doutrina: defende que essa terceira parte é desnecessária, pois se não existisse o devedor ficaria prejudicado e ocorreria
enriquecimento ilícito em relação aos credores. Essa parte é uma consequência da proibição do enriquecimento ilícito.
Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago.
• Trata da extinção da obrigação solidária ativa – As obrigações solidárias são extinguidas pelo pagamento, assim como
em todas as outras
• Obs.: Se um devedor não tiver dinheiro para pagar a totalidade da dívida e só der metade a um dos credores, ainda que
este não receba a integralidade da dívida há o dever de repartir com os demais credores o valor obtido.
Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba.
É consequência do art. 269 – as cotas são iguais até que se prove o contrário – a divisão do crédito se dá de forma igual entre
todos os credores a não ser que haja uma cláusula no contrato específica que estabeleça que o crédito vá favorecer um dos
credores. Se um credor receber uma parte, ainda que ela seja a integralidade de sua cota, ainda sim ele deve dividir o valor com
os demais
O art. 272 é diferente do art. 269 por tratar da remissão, enquanto o art. 269 apenas trata da exclusão pelo pagamento. Remissão
é o perdão. – Se um credor perdoa sua própria dívida em relação ao devedor ele deve repassar tudo que receber do devedor para
os demais credores
Aula 9 - 16.04
1.Conceito
É muito mais comum, possui mais dispositivos do que a ativa. A solidariedade passiva e aquela obrigação na qual há dois ou mais
devedores, todos obrigados perante ao credor pela integralidade da dívida, mas entre si responsabilizados pela cota parte.
Devemos analisar a solidariedade passiva com relação a duas facetas: uma relação credor-devedor e uma relação dos
codevedores entre si - Se houver uma dívida de 100 reais, em relação ao credor cada devedor deve 100, mas entre si cada
codevedor deve 50.
2. Direitos credor
Art. 275 O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o
pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto. Parágrafo único. Não
importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores.
É uma consequência básica do conceito - O credor pode escolher receber a integralidade da dívida tanto do devedor D1 quanto
do devedor D2 e escolhe receber da forma que quiser (se deve receber 100 de D1 e D2, pode cobrar 20 de um e 80 do outro, ou
50 de um e 50 do outro etc.)
Se d1 pagar 100 para o credor, d1 tem direito a receber de d2 50 reais – regra geral: art. 283, exceção art.285.
O parágrafo único determina que o fato de o credor ajuizar uma ação de cobrança, ou cobrar extrajudicialmente de um dos
devedores, não significa que ele está desistindo da solidariedade. O fato dele decidir cobrar de um devedor só nada importa na
relação jurídica solidária. Esta é uma faculdade do credor, ele cobra de quem ele quiser na forma que ele quer. É uma relação
muito vantajosa para o credor.
3. Morte devedor
Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que
corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um
devedor solidário em relação aos demais devedores
É uma cópia do artigo 270 – que trata da morte de um dos credores na solidariedade ativa.
Regra geral - se ocorre a morte de um dos devedores o herdeiro só pode ser cobrado pela sua cota parte.
A solidariedade vai persistir em três hipóteses, nas quais o credor poderá cobrar a integralidade da dívida de qualquer devedor:
Devedor 1 D1
50
(Deve 50)
Devedor 2
D4
(Deve 50) 25
Ex: D1 e D2 devem um total de 100 reais para o credor em uma obrigação solidária passiva, dessa forma, apesar da cota de cada
um ser 50, ambos poderiam ser cobrados pela integralidade da dívida (100). Se o devedor D2 morrer e deixar dois herdeiros, que
se tornam devedor D3 e D4, o credor continua podendo cobrar a integralidade da dívida de D1. Entretanto, em relação aos
herdeiros D3 e D4 só pode cobrar a cota parte de cada um, ou seja, 25 de cada.
4. Devedor x credor
Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores,
senão até à concorrência da quantia paga ou relevada.
Aproveita aos demais devedores a quantia já paga. Se D1 paga 20, o credor só pode cobrar de D2 80, não pode continuar cobrando
a integralidade da dívida. Se o credor tivesse perdoado o devedor D1 em 20 reais, ele continuaria podendo cobrar de D2 apenas
80.
Art. 388. A remissão concedida a um dos co-devedores extingue a dívida na parte a ele correspondente; de modo que, ainda
reservando o credor a solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida.
O art. 277 se relaciona com o artigo 388, mas este trata especificamente da remissão (perdão, forma de extinção da obrigação),
mas sua consequência é a mesma, já está prevista no art. 277.
Ex: Dívida de 150 de três devedores D1, D2 e D3 em relação a um credor e esse credor perdoa a dívida inteira de D1 - A princípio
cada devedor devia 50, mas D1 deixa de dever 50. O perdão extingue a obrigação até o montante que foi perdoado, dessa forma,
a dívida total passa a ser de 100 reais, podendo o credor cobrar 100 de D2 ou de D3.
Ex 2: Se, nessa mesma situação em que a dívida de D1 for perdoada e a dívida total passar a ser de 100 reais, D2 ficar
inadimplente\insolvente e não puder pagar sua parte, a dívida não deixa de ser de 100 e o credor vai cobrar de quem tem dinheiro
– D3, que vai pagar 100 ao credor. Nessa situação, D3 fica em desvantagem, pois antes ele devia 50 – é aplicado os art. 283 e
284.
Art. 283 - O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua quota, (1) (2) dividindo-
se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores
A presunção geral é que seja igual e distribuído o solvente por todos eles
É a regra geral, trata da divisão por cotar iguais – D1, D2 e D3 devendo 50 cada.
Art. 284 No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte
que na obrigação incumbia ao insolvente.
Quando D2 fica insolvente e não pode pagar, a cota dele é rateada entre os demais devedores. Então se ele devia 50, os demais
devedores (D1 e D3) devem pagar 25 cada para o devedor. Dessa forma, mesmo D1 não estando mais na dívida, pois havia sido
perdoado, ele deve pagar ainda os 25 reais, por força do artigo 284. Ele não é obrigado a pagar, entretanto a sua cota parte
original (50), apenas deve entrar no rateio (25).
1. figura do perdão - a dividia deixa de existir para um devedor. (Passa de 150 para 100)
2. figura da renúncia - ocorre e somente a perda da característica da solidariedade, ele passa a dever como uma dívida
comum – só deve a sua cota parte. E a relação jurídica obrigacional e dividida em duas. O credor possui a faculdade de
resolver renunciar a solidariedade em relação a um ou a todos os devedores. (Continua sendo de 150)
*Se ocorre a renúncia da solidariedade em relação a D1, ou seja, a perda da característica da solidariedade somente, a dívida
continua sendo de 150, e D1 continua devendo, só que agora apenas a cota parte, não podendo ser cobrado pela integralidade,
ele passa a dever como em uma dívida divisível comum. Dessa forma se D1 obteve o benefício da renúncia, ele deve sozinho 50
enquanto D2 e D3 continuam na solidariedade. Sendo assim, se há renúncia, a dívida que era de 150 continua sendo de 150, mas
o credor em relação a D2 e D3 o credor só pode cobrar 100 – a solidariedade só existe para os dois.
1. Renúncia absoluta de solidariedade – a obrigação de 150 reais passa a ser uma relação divisível comum, não serão
mais aplicados os dispositivos referentes à obrigação solidária.
2. Renúncia relativa de solidariedade – nem todos os devedores foram exonerados da solidariedade, nem todos receberam
o benefício da renúncia a solidariedade – parte da obrigação responde como se fosse uma obrigação divisível comum e
o resto deve pagar solidariamente sua cota parte.
Questão de prova – importante! – o que é igual aqui, qual é a mesma consequência que tem? O art. 284 traz de volta aqueles que
foram exonerados, isso quer dizer que um devedor D1 pode ter obtido tanto o perdão quanto a renúncia da solidariedade, mas se
um outro devedor D2 ficar insolvente, D1 retornará à obrigação para dividir. Ou seja, se houver exoneração, não importando que
seja oriunda do perdão ou da renúncia, D1 volta para pagar a cota do insolvente. A exoneração é um termo lato, que abrange
tanto perdão quanto renúncia (Art. 282) lembrando que a renúncia não diminui o valor da dívida, mas a remissão sim.
Art. 278: Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá
agravar a posição dos outros sem consentimento destes.
Ninguém é obrigado a nada que não se obrigue e nem que não esteja disposto em lei - O que é combinado entre credor e devedor
não pode prejudicar os demais codevedores.
É uma consequência do art. 266 - que estabelece que as obrigações podem ser modais, podem ter condições diferentes entre as
pessoas.
Ex: Obrigação de entregar 100 reais a termo, com os devedores D1, D2, e D3 – esse termo é um prazo de 10 dias. D1 pode pagar
os 100 reais para o credor de uma vez, antes do termo. O credor não pode cobrar 100 de D2, se ele quiser cobrar de algum dos
devedores a integralidade do débito ele só pode fazer isso em relação a D1, pois ele é o único que se solicitou a pagar antes do
termo, dos outros ele só pode cobrar daqui a 10 dias como combinado. O que é combinado entre credor e devedor não pode
prejudicar os demais codevedores. O credor só poderia cobrar os 100 reais de outro devedor sem esperar o prazo se esse devedor
estivesse anuído\concordado.
Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores. Parágrafo único. Se o
credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais.
A doutrina diz que o comportamento do credor não pode atrapalhar a relação entre devedores. – o rateio tem que ser feito sempre.
No caso de um credor e três devedores, se ele resolve renunciar a solidariedade em relação a D1, prossegue em relação a D2 e
D3. Isso não precisa ser expresso, a regra é que a solidariedade de D2 e D3 continua, se ele quiser acabar com a solidariedad e
e fato, ele deve renunciá-la de todos os devedores.
Art. 279: Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o
equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado.
Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o
culpado responde aos outros pela obrigação acrescida.
A doutrina critica o art. 279 e diz que ele deveria ser igual ao artigo 280.
Dois devedores D1 e D2 possuem a obrigação de entregar um cavalo, que custa 100 reais, mas D1, que mantinha o cavalo em
seu estábulo, esquece de fechar as portas e perde o cavalo com culpa. Nessa situação, como só D1 tem culpa, só ele é
responsável por pagar ao credor perdas e danos. A reposta que o art. 279 dá, portanto, é que, pelo equivalente (valor do cavalo)
D1 e D2 são responsáveis (cada um é responsável por 50), mas pelas perdas e danos só é responsável quem perdeu com culpa,
ou seja, D1. Dessa forma, se as perdas e danos equivalem a um valor de 10 reais, D1 deve pagar 60 enquanto D2 paga 50.
Porém, isso é uma obrigação solidária, então se o credor quiser cobrar 100 de D2 ou de D1 ele pode, mas se ele quiser cobrar
110 ele só pode cobrar essa quantia de D1, de D2 não pode. – Problema: art. 280
Art. 280 – fala de juros de mora. Juros são frutos civis. A Mora é o atraso. O artigo 280 fala dos juros relativos a mora, ou seja, os
juros que são pagos quando há um atraso no cumprimento daquela prestação.
Ex: Dois devedores, D1 e D2, possuem a obrigação de pagar 100 reais a um credor com juros de mora de 10% do valor por dia
de atraso e D1 atrasa o pagamento em um dia, de tal forma que deve ser pago 10 reais a mais. Como quem deu causa ao atraso
do pagamento foi D1, ele deve pagar além da sua cota parte (50 reais) mais os juros que ele deu causa (10 reais), enquanto D2
continua com o dever de pagar somente sua cota parte de 50.
Entretanto, quando o credor for cobrar ele pode cobrar 110 de D2, pois o Art. 280 determina que, no caso de juros de mora, o
credor vai poder cobrar a integralidade da dívida incluídos os juros de qualquer um dos devedores. O que muda é o direito de
regresso, pois se D2 paga 110, mas inicialmente devia 50 ele pode pedir de D1 60 reais, ou seja, o resultado prático é o mesmo.
A diferença é que no artigo 279 há uma desvantagem para o credor, pois no que concerne as perdas e danos ele não pode cobrar
de qualquer um (só responde o culpado), enquanto no artigo 280, os juros de mora podem ser cobrados de qualquer um dos
devedores pelo credor. A doutrina diz que isso foi um erro técnico do legislador (em relação ao 279) porque na verdade, no qu e
concerne às perdas e danos não são uma obrigação solidária, só é solidária em relação ao equivalente, em relação as perdas e
danos só pode cobrar daquele que deu falta. O erro está no artigo 279 justamente porque ele é prejudicial ao credor, já que ele só
pode cobrar 110 daquele que deu causa às perdas e danos, em relação ao outro devedor só pode cobrar 100.
O caso final em ambos os artigos 279 e 280 é o mesmo, não há desvantagem para os devedores – a diferença é a forma da
cobrança – no 279 o credor só pode cobrar a integralidade da dívida com perdas e danos do devedor D1.
OBS: As vezes as perdas e danos, ou os juros, ultrapassam o valor da própria obrigação podendo ser muito prejudiciais ao credor
– isso desnaturaria a solidariedade, mas a aplicação dos artigos continua a mesma independente da crítica doutrinária. O artigo
279 enfraquece a solidariedade
Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as exceções que lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe
aproveitando as exceções pessoais a outro co-devedor.
Observação 1: o termo “exceção” é emprestado de direito processual civil, deveríamos ler ao invés de exceção o termo “defesa”,
que é um termo de direito civil
• Defesas objetivas: podem ser alegadas por qualquer pessoa, qualquer devedor
• Defesas pessoais: são defesas próprias. Ex: D1 e D2 possuem uma obrigação de entregar 100 reais para um credor,
mas D2 tem um crédito com o credor que o dá direito de receber 50 do mesmo. – Se o credor vier a cobrar de D2 a
integralidade da dívida, D2 pode alegar que não vai pagar tudo, mas apenas uma parte, pois ele possui a defesa pessoal
da compensação. Entretanto, se o credor quiser cobrar de D1 a integralidade da dívida, D1 não pode negar o pagamento
devido à compensação de D2 com o credor, pois isso é uma defesa pessoal que só diz respeito à D2.
Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se
igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores
Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por toda ela para com aquele que
pagar.
É muito comum em contratos bancários – por exemplo: D1 quer comprar uma casa e pede um empréstimo de 100 reais ao banco
e o banco exige que D1 traga um D2 para ser seu devedor e D1 escolhe seu pai. Se o banco cobrar os 100 reais do pai, ele (D2)
tem direito de cobrar 100 de D1 depois. D2 não deve nada entre eles na relação jurídica, pois esse negócio jurídico aproveito u
somente a D1. Isso só ocorrerá se estiver expressamente previsto na questão – é uma exceção à regra geral (art. 283). Em relação
ao credor a relação jurídica não muda, mas em relação aos devedores não haverá a presunção de cotas partes iguais, é uma
exceção, pois D2 não possui nenhum benefício. Pode ser percentual ou não.
Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor: (...) III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou
podia ser obrigado, no todo ou em parte.
No artigo 346, inciso III, trás o instituto da sub-rogação. A sub-rogação é quando você ocupa o lugar do outro. É diferente de direito
de regresso, é mais forte. Se um devedor D2 paga a dívida inteira, ele se sub-roga no lugar do devedor. Isso quer dizer que esse
devedor 2 entra na posição jurídica do devedor. Já Direito do regresso existe quando você paga alguma coisa em nome de outra
pessoa e você tem direito de regressar\pegar a sua parte. A diferença entre direito de regresso e sub-rogação é que na sub-
rogação você ocupa a posição jurídica contratual do outro, vindo com todas as vantagens e desvantagens do outro. Já o direito
de regresso é menos forte, você não entra em uma posição jurídica já existente, mas você cria uma nova posição jurídica de pedir
a sua parcela, cota parte.
AULA 10 - 18.04.19
a) Obrigação Civil
As obrigações civis são as únicas que são consideradas perfeitas, porque reúnem todos os elementos das obrigações (sujeito,
objeto e vínculo imaterial, desmembrado em dever e responsabilidade), dessa forma, são as únicas exigíveis. São exigíveis pelo
elemento da responsabilidade. Todas as obrigações (naturais, civis e morais) são irrepetíveis, ou seja, uma vez pagas você não
pode pedir o valor de volta.
b) Obrigação Natural
Possui débito, mas não possui responsabilidade patrimonial, dessa forma não é exigível.
A teoria monista entende que débito e responsabilidade são um único elemento, então não reconhecem a existência de obrigações
naturais. Já a teoria dualista acredita que o vínculo jurídico possui débito e responsabilidade no elemento imaterial das relações
obrigacionais (o vínculo jurídico), sendo a obrigação natural a obrigação sem responsabilidade. Também defende que existe
obrigação com responsabilidade e sem débito - caso do fiador, que possui responsabilidade legal de adimplir a obrigação, mas
não contrai nenhum débito.
Na obrigação natural, como existe um débito, embora não haja responsabilidade, o que ocasiona o seu adimplemento é a
vontade\consciência da pessoa, que embora não tenha a obrigação de quitar com aquela dívida adquirida ela paga.
c) Obrigação Moral
São imperfeitas (mais do que as naturais), pois são as que reúnem menos elementos da obrigação. O fundamento da obrigação
moral – é a própria moral, não há obrigação civil
Ex: seu tio morre e antes disso diz que quer deixar toda a sua herança para o enfermeiro que cuidou dele. A obrigação de entregar
a herança ao enfermeiro não é civil, mas moral.
a) Obrigação de meio
São aquelas obrigações nas quais o devedor se obriga a utilizar todos os meios que estão a sua disposição para obter o resultado
pretendido, mas o seu adimplemento não depende do resultado.
Ex – cirurgia plástica reparadora, obrigação do médico (salvo exceções, que são de resultado), obrigação do advogado - Se um
advogado estabelece para um cliente que seus honorários são de 10%, ele não tem a obrigação de obter êxito para receber os
honorários, são obrigações de meio
b) Obrigação de Resultado
São efetivamente o oposto, para que a obrigação seja considerada cumprida\adimplida aquela pessoa se obriga a um resultado
específico. O STJ se posiciona para distinguir obrigação de meio ou obrigação de resultado levando em consideração a intenção
do paciente e a relação que foi estabelecida entre o paciente e o profissional liberal.
A melhor forma de entender a distinção entre obrigações de meio e de resultado é através de exemplos.
Em regra, a obrigação do médico é uma obrigação de meio, mas existem algumas exceções, que possuem obrigação de resultado:
*Dano estético – modificação permanente e indesejado. A análise do resultado deve ser realizada a luz da vontade do sujeito.
*Contrato de empreitagem – quando se contrata uma empreiteira para uma obra fim há uma obrigação de resultado.
*A autorização de um documento que alerte acerca dos riscos do procedimento a ser realizado não exime a responsabilização do
profissional, ele possui uma responsabilidade inerente aquela atividade que ele está prestando. O fato de você assinar uma ciência
de um procedimento perigoso não desnatura a responsabilidade. É apenas uma autorização à violação do próprio corpo.
c) Obrigação de garantia
1. São vistas pela maior parte da doutrina como uma subespécie das obrigações de resultado.
Dentro do direito civil, a garantia pessoal das obrigações é feita por meio da fiança, enquanto dentro do direito empresarial a
garantia pessoal das obrigações é feita por meio do aval.
OBS: A relação advogada x cliente, assim como a relação médico x cliente é uma obrigação de fazer personalíssima, ou seja, é
baseada em uma relação de confiança. O cliente exige que a cirurgia, defesa, seja feita por uma pessoa específica.
São aquelas que tem um só ato e podem ser exigidas desde já. Espera-se que seu cumprimento seja instantâneo. Desde o
momento da celebração do contrato se pode exigir o adimplemento da obrigação
Também tem um só ato, mas a execução\adimplemento delas não se dá no mesmo momento da celebração do contrato. São
obrigações a termo, possuem um prazo, uma data.
Possuem mais de um ato. Ex - empréstimo pago de forma parcelada, contrato aluguel e todo mês paga um valor determinado.
I. Prestações determinadas - empréstimo no banco com prazo determinado, número de prestações estipulado
II. Sem solução de continuidade - são aquelas que não possuem um prazo específico para acabarem - Ex – aluguel, pela
lei de locações o aluguel não tem prazo determinado e, portanto, não possui solução de continuidade. Não é porque o
contrato não possui solução de continuidade que ele é necessariamente eterno.
a) Puras e simples
Não possuem nenhuma condição ou termo ou encargo -são obrigações residuais. Em regra, são obrigações de execução
instantânea. Ex: se eu tenho uma obrigação de pagar 10 reais e não coloco nenhuma condição, encargo ou termo para isso, o
credor pode me obrigar os 10 reais agora.
b) Condicionadas
Dependem de um evento futuro e incerto (o termo). Ex “vou te pagar 10 reais se você passar no vestibular\ se você pintar o cabelo”
c) Obrigações a termo
Obs.: “Vou te dar um carro quando você fizer 16 anos” – é uma condição ou termo? A doutrina se divide, pois não necessariamente
isso é certo, a pessoa pode falecer antes. Parte da doutrina, como Anderson Schreiber, defende que se seguirmos esse
pensamento, não existiria termo, só existiria condição.
Obs. 2:
• Condição suspensiva: é aquela que aguardamos para que haja o início do exercício do direito. “Vou te dar um carro se
você passar no vestibular”
• Condição resolutiva: aquela que dissolve o exercício do direito. “Vou te dar essa casa até que você se case”, ou o caso
da pensão para filhas de militar.
d) Encargo
É uma imposição, um ônus. É uma obrigação imposta para que você disfrute daquele direito. Ex – “Eu vou te doar uma casa se
você cultivar um jardim nela”
5. Liquidas x ilíquidas
a)Líquidas
IMPORTANTE: São liquidas as obrigações com valor encontrável por mero cálculo aritmético. Por mais complexo que seja o
cálculo, continua sendo uma obrigação líquida. A importância disso é enorme, possui uma série de consequências para todo o
direito – Ex: só se compensam dívidas líquidas, o prazo prescricional é diferente (obrigações líquidas prescrevem mais rápido -
são obrigações naturais)
Quando se tem uma ação de execução dentro do processo civil, necessariamente deve haver uma obrigação líquida e certa – só
é possível pagar o que é líquido. Não é possível pagar uma coisa ilíquida.
b) Ilíquidas
6. Principais x acessórios
a) Principais
b) Acessórios
Ex: Uma vez que o contrato de locação deixa de existir o contrato de fiança também deixa de existir – princípio gravitacional
4. ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES: TEORIA DO PAGAMENTO
30.04.19
É a forma mais desejada, é a única que alcança a função social da obrigação. A obrigação é um processo, um encadeado de atos
cujo objetivo final é o adimplemento, o pagamento, que é sua função social.
2. EFEITOS DO PAGAMENTO
• O principal efeito é a liberação do devedor - extinção da obrigação e do vínculo imaterial entre devedor e credor.
• Pagar é um dever, mas também um direito, pois através do pagamento o devedor se exonera.
• O pagamento é a regra, é o que se busca quando a obrigação nasce.
• Nomenclatura - pagamento, adimplemento e cumprimento.
3. PRINCÍPIOS
a) a boa-fé objetiva
Não diz respeito somente ao tempo, também se refere ao modo e ao lugar da execução do pagamento, que serão
aprofundados mais para a frente
1. Tempo do pagamento
É o acordado, não pode ser nem antes e nem depois. Se o devedor desejar adimplir a dívida antes do prazo combinado
com o credor, esse adimplemento só será realizado se o credor concordar, ele não é obrigado a aceitar. A existência do
prazo costuma ser de interesse do devedor, mas pode ser de interesse do credor.
2. Modo do pagamento
O credor não é obrigado a receber a coisa de modo parcelado se assim não for combinado. O modo pode ser combinado
de forma diferente pelas partes, mas uma vez combinada não pode ser modificado pelo devedor.
3. Lugar do pagamento
Existem dividas quesíveis e portáveis a depender se o devedor tem que levar o objeto ou se o credor tem que ir buscar.
Isso importa na correção do pagamento ou não.
4. ESPÉCIES DE PAGAMENTO
a) Pagamento direto
b) Pagamento indireto
Fatos jurídicos - Quaisquer acontecimentos relevantes para o direito, se subdividem em naturais ou humanos.
c) Cumprimento
Para e haja pagamento deve haver cumprimento da prestação.
Não há pagamento quando ocorre, por exemplo, a perda do objeto.
Pode haver extinção, mas não pagamento da obrigação.
Art. 304: Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à
exoneração do devedor. Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da
dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa. Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em
nome e à conta do devedor, salvo oposição deste.
a) Interessado
Aquele que possui interesse jurídico
O principal interessado no pagamento é devedor
As pessoas que podem ter interesse jurídicos são as pessoas que podem ser compelidas ao pagamento.
Ex: fiador, herdeiros, etc.
b) Não interessado
Em regra, é aquele que não tem dever jurídico, mas tem interesse pessoal em ver aquela obrigação adimplida.
Parágrafo único do art. 304 – possibilidade de o pagamento ser feito por um terceiro não interessado.
Ex - o pai paga a dívida do filho, esposa paga a dívida do marido
O código possibilita a oposição do devedor para que não haja vinculo jurídico indesejado
A doutrina explica que o devedor pode querer evitar possuir um vínculo jurídico com o terceiro interessado. Ex: pai e filho
estão brigados, mas o filho possui uma dívida que não pode pagar e o pai decide pagar para ele como forma de
aproximação. Nesse caso, o filho pode se opor a esse pagamento.
Art. 305. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não
se sub-roga nos direitos do credor. Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao reembolso no
vencimento.
a) Sub-rogação
Quem tem direito a sub-rogação é o terceiro interessado
na sub-rogação, o terceiro interessado vai ocupar a posição que antes era do credor.
Sai o credor e entra o terceiro interessado, sob exatamente as mesmas condições.
Ex: divida de 200.000 garantida por duas hipotecas e um penhor – o terceiro interessado vai ter direito, ao efetuar o
pagamento, a 200.000 garantidos por duas hipotecas e um penhor.
b) Reembolso
Quem tem direito ao reembolso é o terceiro não interessado.
O terceiro não interessado não tem direito a sub-rogação, só tem direito ao reembolso
Não entra na posição jurídica do credor.
Ele tem simplesmente direito a receber o que ele pagou sem direito a garantia nenhuma.
Ex: dívida de 200.000 garantida por duas hipotecas e um penhor - o terceiro não interessado só teria direito a 200.000.
Art. 306. O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do devedor, não obriga a reembolsar aquele que
pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a ação.
• Observação da doutrina:
O art. 306 é incompleto – Passa a ideia que o artigo só seria aplicável se houvesse uma exceção na dívida toda, mas na
realidade isso também é admitido quando ocorre referente apenas a uma parcela da dívida.
Ex: Se João só devesse 50 para Joana, Joana poderia pagar apenas 50 para Mateus.
A doutrina é mais abrangente, admite a aplicação do art. nos casos de:
a) Defesa pessoal
b) Defesa objetiva
c) Defesa total
d) Defesa parcial
Art. 307. Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade, quando feito por quem possa alienar o objeto
em que ele consistiu.
• Alienação de propriedade
Fala do pagamento quando há alienação (transferência) da propriedade.
Define que quando se aliena algum bem, a lei pode impor alguns requisitos, não basta a capacidade comum, há a
necessidade de uma capacidade específica.
Ex: outorga uxória ou vênia conjugal – é necessária uma autorização judicial para realizar a alienação
• Observação da doutrina
A doutrina defende que esse artigo é desnecessário.
É uma decorrência da logica
É uma consequência de a pessoa não ter legitimidade para alienar determinado bem sozinha.
1. 8. CONDIÇÕES SUBJETIVAS DO PAGAMENTO: A QUEM PAGAR 02/05
Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado,
ou tanto quanto reverter em seu proveito.
a) Credor
Principal pessoa para o recebimento do pagamento
Obs.: O credor pode modificar ao longo do tempo. Ex: houver transmissão da obrigação ou na existência de herdeiro.
O credor a quem tem que ser feito o pagamento é o credor na data do pagamento, que não necessariamente será o
credor originário
b) Representante legal
É aquela prevista na lei.
Ex: os pais em relação aos filhos, os tutores em relação aos tutelados
O pagamento tem que ser feito para esses representantes.
c) Representante judicial
É o representante escolhido pelo juiz
Ex: síndico na falência – administrador judicial escolhido pelo juiz para representar aquela massa falida; no caso de
inventário, o administrador voluntário do inventario apontado pelo juiz.
A doutrina aponta que o pagamento só pode ser feito ao representante – A quitação, ou recibo, só pode ser realizada
por pessoas capazes.
d) Representante convencional
É feita através do mandato e tem como instrumento a procuração
A procuração para receber o pagamento, possui poderes especiais, não é genérica.
Tem que estar previsto na procuração que este procurador pode receber e dar quitação.
Art. 311. Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, salvo se as circunstâncias contrariarem a
presunção daí resultante.
Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado,
ou tanto quanto reverter em seu proveito.
Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era credor.
• Credor putativo
Credor putativo é aquele que não era o credor, mas aparenta ser. À essa figura é aplicada a teoria da aparência.
Teoria da aparência: o pagamento feito a quem não é credor será válido se aquela pessoa aparentava ser o credor.
Possui dois requisitos que devem ser preenchidos para que esse pagamento valha:
a) Boa fé
O devedor que efetuou o pagamento não o fez com má-intenção
Feito sem vontade de burlar o credor originário
b) Escusabilidade do erro
Aquele erro era difícil de ser visto. O erro não pode ser evidente
Ex: Meu credor faleceu e o único herdeiro foi um sobrinho, mas depois se descobre que, na verdade, o credor tinha um
filho fora do casamento - esse erro é escusável (desculpável, não pode ser evidente) por ninguém sabia da existência
desse filho.
Art. 310. Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que em benefício dele
efetivamente reverteu.
Art. 312. Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta por
terceiros, o pagamento não valerá contra estes, que poderão constranger o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o
regresso contra o credor. Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao reembolso no vencimento.
a) A penhora do crédito
É possível que, ainda antes daquele pagamento ser feito, aquele crédito seja penhorado.
A simples existência do crédito entra no patrimônio daquele credor.
Ex: Isabel entra em uma ação de pensão alimentícia – o juiz investiga e percebe que ela não tem bens a entregar, mas
tem um crédito a receber de João. O crédito será penhorado. Se o crédito está penhorado, João sabe disso e ainda sim
paga a Isabel, esse pagamento não vale, corre o risco de pagar de novo.
*Penhora de créditos: É a forma mais usual de execução dentro do processo civil. Pode acontecer de uma pessoa não
possuir bens, mas possuir um crédito para ser penhorado. Quando o crédito está penhorado, você não pode pagar esse
credito ao seu credor, você deve depositar esse credito em juízo.
Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.
Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a
pagar, por partes, se assim não se ajustou.
• Modo do pagamento
Regra geral: o pagamento é feito de uma vez só. Se nada for combinado ele será entregue na integralidade
Se eu quiser de forma parcelada deve estar explicito no contrato, previsto em lei.
Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos
artigos subsequentes.
• Princípio nominalismo
Devem ser pagas as dívidas em dinheiro pelo valor nominal.
Quer dizer que as dívidas têm que ser pagas pelo valor expresso na cédula.
Se eu tenho uma dívida em dinheiro de 50 reais, o valor daquela dívida hoje é de 50 reais, ainda que ela seja a prazo ou
a termo, mesmo que seja cobrada muito depois continua sendo de 50 reais.
Problema do principio do nominalismo: não ter problema nenhum quando a dívida é paga a vista, mas com o tempo há
uma desvalorização natural da moeda, que será corrigido pelo Art. 316.
• Correção monetária
Ou clausula de reserva móvel, ou Cláusula de escala móvel
Existe para corrigir o princípio do nominalismo no tempo
Pode ser positiva ou negativa.
A inflação é o índice que usamos com maior frequência.
Não se confunde com teoria da imprevisão.
Correção da doutrina: devem ser prestações sucessivas e quando a obrigação for a termo
Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento
de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.
• Teoria imprevisão
Ocorre uma coisa fora do comum, não é o mero curso do tempo que está desvalorizando a moeda.
É aplicada pelo Juiz, diferente da correção monetária, que pode ser acordada entre as partes.
• Exemplo
Obrigação de dar coisa certa, de entregar um cavalo e por algum motivo toda a ração para aquele tipo de cavalo acaba
no mundo. O cavalo valia 1.000 reais e o que eu gasto para alimentar aquele cavalo, com a ração específica, é 5.000
reais. O devedor pode alegar que, apesar do valor da obrigação ser 1.000 reais, o valor gasto para manter esse bem é
muito superior, e ao invés de pagar 1.000, o credor deverá pagar 6.000
• Plano real
1994 – inicio do plano real
A economia foi manipulada pelo governo através de um controle fictício
Várias pessoas contrataram em dólar, mas o governo, posteriormente, voltou atrás e soltou o câmbio
O dólar que antes custava 1 real, passou a custar 3 reais.
Dessa forma, uma pessoa que tinha uma dívida de 1.000 reais passou a ter uma dívida de 3.000 reais.
Nesses casos, o STF decidiu que seria aplicada a teoria da imprevisão, visto que era um caso específico e inesperado.
Art. 318. São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença
entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial.
• Ouro
O ouro não pode ser utilizado como moeda de troca
Entretanto, pode ser comercializado como objeto.
• Moeda estrangeira
Também não pode ser utilizada como moeda de troca
Possui três exceções:
Art. 325. Presumem-se a cargo do devedor as despesas com o pagamento e a quitação; se ocorrer aumento por fato do credor,
suportará este a despesa acrescida.
• Encargos do pagamento
Em relação as despesas para pagamento e quitação, elas correm a cargo do devedor.
Qualquer despesa além do combinado não vai ficar a cargo do devedor e, se quem deu culpa a essa despesa foi o
credor, ele deve indenizar.
Se, por exemplo, fica combinado o que a dívida é quesível (deve ser paga no domicílio do devedor) e o credor não quer
ir até o lugar combinado e pede para o devedor ir até sua casa, o devedor vai, mas o credor deve indenizar.
Art. 326. Se o pagamento se houver de fazer por medida, ou peso, entender-se-á, no silêncio das partes, que aceitaram os do
lugar da execução.
• Unidade de medida
A unidade de medida a ser adotada deve ser a unidade de medida oficial do país
Peso: Kg
Tamanho: Cm
Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamento, enquanto não lhe seja dada.
• Regra
Pagar é um dever do devedor, mas também é um direito, pois através do pagamento o devedor se exonera da obrigação.
A quitação é o nome do documento que prova que ocorreu o pagamento.
É conhecido como recibo
Quando o devedor vai pagar e o credor quer receber, mas não quer dar a quitação, o devedor pode inclusive fazer a
consignação em pagamento, que é o depósito daquela prestação.
Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida quitada, o
nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante.
Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de seus termos ou das circunstâncias
resultar haver sido paga a dívida.
• Requisitos
Raramente os recibos contém todos os requisitos
Se não tiver todos os requisitos, é aplicado o parágrafo único: Princípio da relativização formas
• Presunções de pagamento
Existem casos em que mesmo que não haja o recibo, há uma presunção do pagamento daquelas dívidas
São três casos diferentes:
1. Título crédito
Art. 324. A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento.
Art. 321. Nos débitos, cuja quitação consista na devolução do título, perdido este, poderá o devedor exigir, retendo o
pagamento, declaração do credor que inutilize o título desaparecido
É quando há quotas sucessivas e ocorre o pagamento da última, presumindo-se que houve pagamento de todas
Ex2: Contrato de aluguel: Se João deixa de pagar por dois meses, mas paga no mês seguinte, a presunção legal é a de
que ele está com as demais pagas.
A presunção legal relativa: se em um empréstimo que deve ser pago parceladamente pela quantia de 100 reais ao mês
ocorre de, no último mês, o devedor obter a declaração de quitação, a presunção é a de que ele pagou todas as parcelas.
Entretanto, esta presunção pode ser provada em contrário.
Ex: conta da net – “o pagamento dessa fatura não importa em pagamento das faturas anteriores” – tentativa de impedir
essa presunção que a lei trás, que pode ser provada em contrário.
Diz respeito à quando se tem uma dívida composta pelo capital principal e por juros.
Ex: um contrato de empréstimo de 100 reais por mês, com 10% de juros por mês. Essa dívida em verdade é de 110
reais. Se eu recebo uma quitação que diz que eu paguei o capital inteiro (100,00 reais), a presunção é de que os juros
também teriam sido pagos. O credor deve deixar expresso que os juros não foram pagos.
Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário
resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias. Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste
artigo valerá a quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida.
1. Dívidas Quesíveis
São aquelas pagas no domicílio do devedor
Regra geral: Se não houver nada escrito, a dívida será quesível
2. Dívidas Portáveis
São aquelas pagas no domicílio do credor
Art. 328. Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em prestações relativas a imóvel, far-se-á no lugar onde situado
o bem.
Art. 329. Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o pagamento no lugar determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro,
sem prejuízo para o credor.
• O pagamento, independentemente de ter sido combinado para ser quesível ou portável, ele corre às custas do devedor,
em seu município, se nada estiver constante no contrato em contrário.
Ex: Estava estabelecido em um contrato que a dívida seria portável, mas o devedor se recusa a ir até lá pagar – o art.329
diz que não pode haver prejuízo para o credor nesse caso. O credor pode, por exemplo mandar alguém buscas às custas
do devedor, ou ele mesmo recebe e é indenizado.
• Observação da doutrina
E quando essa impossibilidade se dá por ausência de culpa?
Em caso de ausência de culpa, em caso fortuito ou forca maior, em que o credor tiver que buscar o bem na casa do
devedor este não deverá arcar com o ônus dessas despesas (indenizar)
Ex: a divida deveria ser paga no domicílio do credor, mas uma chuva muito forte inviabiliza que o devedor chegue lá.
Nesse caso, o devedor não terá que arcar com o ônus dessa despesa. O artigo 329 é insuficiente porque não demonstra
todas as hipóteses possíveis, mas seguindo o direito real, se não há culpa, não há dever de indenizar.
Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato.
Art. 331. Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o credor exigi-lo
imediatamente.
• Regra
Se não há termo, todas as obrigações são a vista e o credor pode exigi-las quando quiser
Posição majoritária: o dia tem 24h – se o credor exige que o pagamento seja realizado no dia 10 de maio, ele pode ser
realizado de 00h01 até 23h59.
• Observação da doutrina
Em alguns casos, o pagamento por empecilhos técnicos tem que ser feito antes
Ex: pagamento por boleto bancário – só cai no dia seguinte.
Ex: uma empresa que fez uma transferência bancária 11h da noite, mas como as transferências bancarias só entram no
mesmo dia até 9h da noite a transferência acaba chegando só no dia seguinte. Se nesse caso a obrigação incluísse
juros e o credor cobrasse pelo dia seguinte a realização do pagamento, o STJ decidiu que essa cobrança é lícita, visto
que o devedor deveria conhecer suas especificidades técnicas.
Art. 332. As obrigações condicionais cumprem-se na data do implemento da condição, cabendo ao credor a prova de que deste
teve ciência o devedor.
Art. 133. Nos testamentos, presume-se o prazo em favor do herdeiro, e, nos contratos, em proveito do devedor, salvo, quanto a
esses, se do teor do instrumento, ou das circunstâncias, resultar que se estabeleceu a benefício do credor, ou de ambos os
contratantes.
• Diz que quando uma obrigação é a prazo, tem um termo, a presunção legal é que este termo foi estabelecido em favor
do devedor. A consequência disso é que se o prazo foi estabelecido em favor dele, ele poderia pagar antes. Entretanto,
o próprio artigo diz que prazo também pode ser estabelecido em favor de credor. Nos casos em que o prazo é constituído
para beneficiar o credor, o devedor não pode pagar antecipadamente
• STJ sobre empréstimos bancários: os empréstimos bancários possuem um termo e os bancos lucram em cima dos juros.
Então, a alegação dos clientes dos bancos é que, se dia 5 determinado cliente recebia o pagamento, desejava pagar
seu empréstimo dia 5 também porque do dia 5 ao dia 10 não incorrem juros. O banco, entretanto, alegava que esse
prazo é instituído em beneficio do devedor, prejudicando sua arrecadação de juros. O STJ então decidiu que o
consumidor está certo e que o banco não pode se recusar a receber antes do dia do pagamento. Ele tem que receber
quando o devedor quer pagar. O STJ estabeleceu que o prazo, nesse caso, foi estabelecido em favor do devedor.
5. ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES: TEORIA DO PAGAMENTO INDIRETO
07.05.19
1. INTRODUÇÃO
a) Pagamento Direto
b) Pagamento Indireto
1. Consignação em pagamento
2. Sub- rogação
3. Imputação
4. Dação
1. Novação
2. Compensação
3. Confusão
4. Remissão
As formas de pagamento indireto e pagamento sucedâneo seriam todas aquelas em que o pagamento não foi combinado entre
credor e devedor, mas mesmo assim importou na extinção da obrigação. Parte da doutrina não distingue pagamento indireto de
pagamento sucedâneo, considerando que os dois seriam parte de um grupo só, de pagamento indireto. Entretanto, outra parte
defende que seriam diferentes, pois no pagamento indireto (com exceção da sub-rogação), há a extinção da dívida e o pagamento
ocorre de alguma forma, enquanto nos pagamentos sucedâneos apenas ocorre a extinção das obrigações, mas não há o
pagamento em si.
1. COSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
Art. 335. A consignação tem lugar: I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação
na devida forma; II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos; III - se o credor for
incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
Os incisos 1 e 2 do Art. 335 se refere à mora do credor e os incisos 3, 4, e 5 se referem às circunstâncias do credor.
a) Conceito
É quando o credor não quer, não pode receber ou não se sabe quem é o credor. É aquele pagamento feito por deposito judicial
ou extrajudicial (depósito bancário) nas hipóteses legais. É um instituto híbrido, possui natureza processual e material. A natureza
processual se dá porque está prevista no CPC e a natureza material se dá porque ela está prevista no CC. Não importa no
momento o procedimento, mas sim as hipóteses, previstas no CC.
Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida,
nos casos e forma legais
Art. 539. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia
ou da coisa devida.§ 1o Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em estabelecimento bancário, oficial
onde houver, situado no lugar do pagamento, cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o prazo de
10 (dez) dias para a manifestação de recusa.
O objeto da consignação em pagamento pode ser: Dinheiro, bens móveis e bens imóveis
Observação:
Art. 341. Se a coisa devida for imóvel ou corpo certo que deva ser entregue no mesmo lugar onde está, poderá o devedor citar o
credor para vir ou mandar recebê-la, sob pena de ser depositada.
• Se refere ao depósito simbólico. Diz respeito aos bens imóveis ou a bens difíceis de serem transportados.
• Alguns bens não são imóveis, mas são assim considerados por uma dificuldade de serem colocados em deposito judicial
Art. 342 Se a escolha da coisa indeterminada competir ao credor, será ele citado para esse fim, sob cominação de perder o direito
e de ser depositada a coisa que o devedor escolher; feita a escolha pelo devedor, proceder-se-á como no artigo antecedente.
• Esse artigo trata da obrigação de dar coisa incerta na modalidade em que a escolha recai ao credor. Se o credor não faz
a escolha, vai voltar para o devedor essa possibilidade.
• Obs.: Quando falamos em deposito de obrigação de dar coisa incerta, devemos seguir todos os requisitos.
1. Mora
É sinônimo de atraso
Está prevista nos incisos I e II do Art. 355
No primeiro caso, ele não quer ou não pode receber a coisa e no segundo caso ele não vai receber a coisa. Essa dívida,
quando ele não vai receber é de natureza quesível (o credor que tinha que ter ido receber e não foi).
2. Circunstancias
Casos em que as circunstancias autorizam o depósito.
Previstas no inciso III, IV, V do art. 335.
Sobre o inciso V existem dois artigos específicos: o Art. 344 e o Art. 345
Art. 344 – tenho que efetuar um pagamento sobre o qual está ocorrendo uma decisão judicial: Ex: João falece e deixa
dois herdeiros (José e Maria) que estão brigando pela posse do imóvel. Nesse caso em que há litígio o devedor pode
ser exonerado da obrigação efetuando o deposito, mas se ele escolhe pagar para um ou para outro ele corre o risco de
fazer errado, e quem paga errado paga duas vezes.
Art. 345 – Mesmo caso, mas nesse a hipótese do deposito não pode ser voluntariamente do devedor. No caso dos
herdeiros em que se saiba que o pagamento está pendente, tanto Maria quanto José possuem o direito de exigir a
consignação em pagamento. A consignação em pagamento geralmente é feita pelo devedor para se exonerar, é de seu
interesse, mas no caso de litigio, o credor também pode realiza-lo.
I. Se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;
II. Se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;
III. Se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso
perigoso ou difícil;
IV. Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento
V. Se pender litígio sobre o objeto do pagamento
Art. 344. O devedor de obrigação litigiosa exonerar-se-á mediante consignação, mas, se pagar a qualquer dos pretendidos
credores, tendo conhecimento do litígio, assumirá o risco do pagamento.
Art. 345. Se a dívida se vencer, pendendo litígio entre credores que se pretendem mutuamente excluir, poderá qualquer deles
requerer a consignação.
d) Requisitos
Art. 336. Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e
tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o pagamento.
• Para que a consignação em pagamento valha, ela deve ser feita tal qual combinada entre credor e devedor.
• É uma consequência do Art. 314
Art. 337. O depósito requerer-se-á no lugar do pagamento, cessando, tanto que se efetue, para o depositante, os juros da dívida
e os riscos, salvo se for julgado improcedente.
• O objetivo do deposito é de exonerar o devedor. O fato de o deposito ser realizado não muda a natureza da dívida, se
era quesível permanece sendo quesível.
Art. 343. As despesas com o depósito, quando julgado procedente, correrão à conta do credor, e, no caso contrário, à conta do
devedor.
• A consignação em pagamento é um instituto hibrido, pois possui natureza civil e processual. Dessa forma, na esfera
processual pode ser julgado como procedente ou improcedente. Se for julgado como procedente, o juiz está dando razão
ao devedor e, nesse caso, quem vai arcar com as constas será o credor. Se o juiz julgar como improcedente, por qualquer
que seja o motivo, quem tem que arcar com as custas do depósito é o devedor.
e) Levantamento
Levantamento é a retirada do deposito, é a sua desistência. Existe a possibilidade de o devedor desistir do deposito em 3 hipóteses:
Art. 338. Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o impugnar, poderá o devedor requerer o levantamento,
pagando as respectivas despesas, e subsistindo a obrigação para todas as consequências de direito.
Art. 340. O credor que, depois de contestar a lide ou aceitar o depósito, aquiescer no levantamento, perderá a preferência e a
garantia que lhe competiam com respeito à coisa consignada, ficando para logo desobrigados os co-devedores e fiadores que não
tenham anuído.
Art. 339. Julgado procedente o depósito, o devedor já não poderá levantá-lo, embora o credor consinta, senão de acordo com os
outros devedores e fiadores.
a) Conceito
Instituto anômalo - É tido como um instituto anômalo, pois uma das principais características do pagamento é efetivamente
extinguir a obrigação, mas, quando há o pagamento com sub rogação, não há a extinção da obrigação como um todo, ocorre
apenas a extinção com relação ao credor originário.
b) Espécies
I. Um devedor tem duas dívidas com credores diferentes, mas tem como garantia o mesmo bem. A preferência é de quem
teve o primeiro penhor. Ex: Luiza tem o penhor 1, e José tem o penhor 2, mas sua dívida já venceu e ele cobra do
devedor o penhor em dinheiro. O devedor irá executar o penhor e Luiza perderá sua preferência. A possibilidade que o
código da nessa situação a partir do inciso I é a de que um credor pode pagar a divida do devedor em relação ao outro
credor. Quando ele paga essa dívida, o que ele ganha é que ele não perderá a garantia, vai passar a ter uma divida
garantida por um penhor que é só dele. É o caso mais incomum de ocorrer.
II. Ex: Uma casa funciona como hipoteca entre João e Maria, mas José, mesmo sabendo disso, resolve comprar essa casa.
Junto com a casa, José recebe a hipoteca, que é a garantia da divida de um terceiro. Essa hipótese trata do caso em
que José paga a divida de Maria, porque se ele não pagar, a casa será executada. Para não perder a casa, José paga
a divida de Maria, de quem merece receber um crédito
III. É inciso mais comum de ocorrer – trata do pagamento feito por terceiro interessado. Esse interesse deve ser jurídico.
Ex: caso dos devedores solidários.
• Convencional
Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor: I - Do credor que paga a dívida do devedor comum; II - Do adquirente
do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de
direito sobre imóvel; III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.
Art. 347. A sub-rogação é convencional :I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos
os seus direitos; II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa
de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.
Art. 348. Na hipótese do inciso I do artigo antecedente, vigorará o disposto quanto à cessão do crédito.
c) Efeitos
Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida,
contra o devedor principal e os fiadores.
Art. 350. Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações do credor, senão até à soma que tiver
desembolsado para desobrigar o devedor.
Art. 351. O credor originário, só em parte reembolsado, terá preferência ao sub-rogado, na cobrança da dívida restante, se os
bens do devedor não chegarem para saldar inteiramente o que a um e outro dever. I - do credor que paga a dívida do devedor
comum; II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento
para não ser privado de direito sobre imóvel;
3. IMPUTACAO DO PAGAMENTO
a) Conceito
É a indicação de qual a dívida será paga quando temos duas ou mais dívidas em relação ao mesmo credor e com a mesma
natureza, mas a quantia entregue a esse credor não é o suficiente para quitar todas as dívidas. Ocorre quando há mais de uma
dívida e indico qual estou pagando
Art. 352. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, tem o direito de indicar a qual deles
oferece pagamento, se todos forem líquidos e vencidos.
b) Requisitos
Pluralidade de dívidas: Se não, precisa dizer qual será paga *Obs.: em dívidas únicas com desdobramentos (ex: furto), aplica-se
o art. 354. Ex: se devo pagar mil reais com juros de 10% ao mês, se não tiver dinheiro para pagar tudo e nada em contrário for
estipulado, presume-se que esse pagamento parcial vai aos juros primeiros.
Igualdade entre as partes: Não se pode imputar pagamento se há uma dívida com João e outra com Pedro
Possibilidade da prestação entregue quitar mais de uma dívida (Art. 314): Se eu tenho uma dívida de 300 e outra de 100 e pago
100 reais, não é preciso dizer qual dívida está sendo imputada – será a dívida de 100, haja vista que o credor não é obrigado a
receber o pagamento parcelado. Já, se fossem 3 dívidas de 100, há possibilidade de imputação.
c) Espécies
c.1) Devedor:
• Art. 352. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, tem o direito de indicar a qual
deles oferece pagamento, se todos forem líquidos e vencidos.
• Cabe primeiro ao devedor como regra geral
c.2) Credor
• Não tendo o devedor feito a escolha, se o credor fizer, aquele deve aceitar, salvo se feito por má fé ou dolo do credor
• Art. 353. Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e vencidas quer imputar o pagamento, se aceitar
a quitação de uma delas, não terá direito a reclamar contra a imputação feita pelo credor, salvo provando haver ele
cometido violência ou dolo
• Se há uma dívida de 100 reais vencida dia 10 e outra de 100 vencida no dia 12, se ninguém escolheu qual a imputação,
a presunção legal é que a dívida do dia 10 seja imputada . Caso vençam ao mesmo tempo, presume-se imputada a mais
onerosa.
• Caso as duas dívidas tenham o mesmo valor, mesmo vencimento e mesma onerosidade, a solução está no Art. 433 do
código comercial, que diz que a imputação vai ser dada de forma proporcional. Ex: se eu só tenho 100 reais para pagar
duas dívidas de 100, a imputação se dará de 50 reais cada uma. Este dispositivo afasta o Art. 314, segundo o qual o
credor não é obrigado a receber parcelado.
• Art. 354, CC: Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros vencidos, e depois no capital, salvo
estipulação em contrário, ou se o credor passar a quitação por conta do capital.
• Art. 355, CC: Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa quanto à imputação, esta se fará
nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a
imputação far-se-á na mais onerosa.
• Art. 433 Ccom: Quando se deve por diversas causas ou títulos diferentes, e dos recibos ou livros não consta a dívida a
que se fez aplicação da quantia paga, presume-se o pagamento feito: 1 - Por conta de dívida líquida em concorrência
com outra ilíquida; 2 - Na concorrência de dívidas igualmente líquidas, por conta da que for mais onerosa; 3 - Havendo
igualdade na natureza dos débitos, imputar-se-á o pagamento na dívida mais antiga; 4 - Sendo as dívidas da mesma
data e de igual natureza, entende-se feito o pagamento por conta de todas em devida proporção; 5 - Quando a dívida
vence juros, os pagamentos por conta imputam-se primeiro nos juros, quanto baste para solução dos vencidos.
Art. 2.045. Revogam-se a Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916 - Código Civil e a Parte Primeira do Código Comercial, Lei no
556, de 25 de junho de 1850.
09.05 – Faltei
a) Conceito
É quando dou uma coisa no lugar de outra. É um acordo de vontades no qual o credor aceita receber prestação diferente da
inicialmente estipulada. Confirma a regra do Art. 313.
• Art. 356: O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida
• Art. 313: O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa
b) Elementos constitutivos
Art. 357: Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre as partes regular-se-ão pelas normas do contrato
de compra e venda. Há equiparação entre a dação em pagamento e a compra e venda após a definição do preço, sem, no entanto,
existir identidade.
• Não é necessário que se determine o valor da prestação. Mas, se isso for feito, aplicam-se as regras do contrato de
compra e venda. Obs.: não vira compra e venda.
• Res pereti domino: A coisa perece para o dono. Depois da tradição, o credor é o dono e sofre prejuízo quanto ao bem
• Responsabilidade contratual: Aplica regras do contrato de compra e venda que protege os credores
Art. 358. Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência importará em cessão.
• Evicção: É quando o titular de uma coisa a perde por sentença judicial que atribui esse bem a um terceiro.
• É quando se adquire uma coisa num contrato de compra e venda, mas ela é perdida em razão de ação judicial anterior.
• Ex: casa hipotecada e executada.
• O 359 diz que a ação em pagamento é dita como não existente e a obrigação subsiste.
• Quando ocorre a evicção , não há dação em pagamento
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha
realizado em hasta pública.
• Conceito: perda da coisa por sentença judicial que a atribui a outrem por direito anterior
• Direitos do terceiro: 838, III CC. Ex: Fiador
5. NOVAÇÃO
a) Conceito
• Acordo de vontades para criação de uma nova obrigação para extinguir anterior
• Eu não chego a pagar a obrigação, eu só acabo com ela.
• Ex: pai que propõe ao credor a substituição do devedor por ele.
• Duplo conteúdo: faz extinguir a obrigação anterior e gera uma nova. É um modo extintivo não satisfatório.
• Histórico: direito romano. A única possibilidade de mudança de obrigação era pela criação de uma nova.
• Direito Romano x Código civil de 2002: Antes, somente trocar o objeto. Hoje, trocar o objeto é dação em pagamento
b) Requisitos
• Art. 367: Salvo as obrigações simplesmente anuláveis, não podem ser objeto de novação obrigações nulas ou extintas.
• Tem que haver uma obrigação anterior para ser extinguida. A obrigação deve ser válida para ser novada. As passíveis
de anulação podem ser novadas pois estas são válidas até que sejam declaradas anuladas (Art. 171)
• Obs. 1: Para parte da doutrina, pelas obrigações naturais não serem exigíveis, não poderiam ser novadas. Já a corrente
majoritária diz que a autonomia da vontade deve prevalecer. Em que pese haja uma obrigação natural, se as partes
quiserem nová-la, seria permitido. Ex: Dívida prescrita. A novação iria reviver essa dívida com todas as características
civis.
• Obs. 2: Entende-se que as obrigações podem ser novadas, sejam elas simples ou condicionais. A obrigação ferada não
precisa ter as mesmas características da primeira. (se era condicional, etc.), mas se for condicional, a novação dependerá
do implemento da condição estabelecida.
b) Nova obrigação
• Pressupõe diferença relevante entre sujeitos\entre o objeto\ entre os dois. A novação não pode dizer respeito aos
acessórios e sim às partes ou ao objeto principal. Ex: Juros, garantias isoladamente
• Constituição de uma obrigação nova
• Diferente de substancial – por exemplo, a diferença entre elas não pode ser só de prazo (acessórios)
• Objeto ou pessoas – as substancias, os conteúdos.
c) Intenção
• Deve haver ânimo de novar. Pode ser expressa ou tácita (critério da incompatibilidade), mas sempre inequívoca. Por
isso também tem natureza contratual. Ex: É tácita quando primeiro pede-se uma vaca abatida e depois pede os filhos
dessa vaca.
• Não se presume. Na dúvida, não é novação – a segunda obrigação é necessária
• Art. 361: Não havendo ânimo de novar, expresso ou tácito, mas inequívoco, a segunda obrigação confirma simplesmente
a primeira. Dívida – 2 obrigações:
c) Espécies
a) Objetiva ou real
Em relação ao objeto, pode ser prestação de dar e fazer. A dação em pagamento só ocorre em obrigações de dar.
É diferente de dação: vontade (intenção); momento transferência (satisfação); objeto, natureza e causa (mesma espécie).
Art. 360: Dá-se a novação: Quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior
b) Subjetiva
Art. 360, II e III – em relação as partes, no polo ativo (III) ou passivo (II)
Passividade: (Art. 362): expromissão. Se houver consentimento, há delegação. Ambas podem ser perfeitas (dívida inteira
passa a ter novo devedor, gerando extinção em relação ao devedor antigo) ou imperfeitas (não há mudança da dívida
integral para outro sujeito; não há novação pois não há extinção daquela obrigação ao devedor originário). Ex: A deve
100 mil para B e faz-se novação da dívida para C, que tem carro valendo 50 mil. Logo, C deve e A ainda deve outros 50.
Se o carro vale 100 mil, há novação perfeita (aqui houve extinção parcial da dívida para um dos devedores). Logo, só há
novação se for perfeita.
Atividade: Acordo de vontades que muda a pessoa do credor. Pelo acordo dos 3, o devedor extingue sya relação com o
credor originário.
c) Mista
Doutrinária. Combina-se mudança de objeto e partes.
d) Efeitos
NOVAÇÃO DAÇÃO
14.05.19
6. COMPENSACAO
a) Conceito
• Forma de extinção das obrigações quando as partes são reciprocamente credoras e devedoras
• EX - Eu devo 10 reais a João e João me deve 10 reais - fazemos a compensação
• Objetivo da compensação - evitar trocas, ou transações, desnecessárias de moedas ou mercadorias
b) Espécies
Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde
se compensarem.
• Compensação Total - Eu devo 10 reais a João e João me deve 10 reais - fazemos a compensação total
• Compensação Parcial - Eu devo 10 reais a João e João me deve 5 reais - fazemos a compensação parcial
Regra: As partes tem que ser devedoras e credoras reciprocamente. Art. 368: Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e
devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem.
Exceção: Compensação com fiador Art. 371. O devedor somente pode compensar com o credor o que este lhe dever; mas o fiador
pode compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado. Em sua primeira parte, apresenta a regra, mas na segunda parte
trata da única exceção da compensação, que se refere ao fiador.
Observação da doutrina: o Art. 376 é repetitivo, faz uma explicação desnecessária, só reforça a regra. Art. 376. Obrigando-se por
terceiro uma pessoa, não pode compensar essa dívida com a que o credor dele lhe dever. Ex. Se A (devedor) devia um carro para
B (credor) e bate o carro, mas possuía um seguro C, a relação passa a ser entre C e B. Mas C não tem credito para compensar
com B. B não poderá alegar compensação, pois eles não eram reciprocamente devedores e credores, C não tinha nenhum crédito
com B, não pode alegar o crédito de A. Já estava definido no art. 368 que a compensação só pode ocorrer entre devedor e credor.
b) Liquidez
Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis. A dívida é liquida quando ela é certa e
determinada. Para que haja compensação é indispensável que as dividas sejam liquidas
c) Exigibilidade
Aquela dívida pode ser exigida desde já, não pode haver um prazo a vencer.
Exceção - Art. 372 - consequência do art. 113, desnecessário, só confirma a regra. No art. 113 é estabelecido que os prazos se
presumem em favor do devedor e que o devedor pode abrir mão desses prazos. Da a opção se eu quiser abrir mão desse prazo.
Art. 372. Os prazos de favor, embora consagrados pelo uso geral, não obstam a compensação.
Ex: eu tenho uma obrigação que vence hoje e eu devo uma obrigação que vence dia 20, sendo ambas as obrigações de entregar
10 reais, apesar de eu só ter que pagar no dia 20, sendo esse prazo estipulado em meu favor, o art. 372 diz que se eu quiser abrir
mão desse prazo eu posso efetuar a compensação de ambas as obrigações.
d) Fungibilidade
Para que haja a compensação, as obrigações tem que ser fungíveis entre si. A mera fungibilidade não é suficiente, as obrigações
devem ser homogenias. O código civil faz um adendo a isso, não importa que as dividas sejam da mesma espécie, tem que ser
também da mesma qualidade. Art. 370: Embora sejam do mesmo gênero as coisas fungíveis, objeto das duas prestações, não se
compensarão, verificando-se que diferem na qualidade, quando especificada no contrato.
Não é possível compensar, por exemplo, uma dívida em dinheiro com uma obrigação de entregar sacas de café. Nos dois casos
os objetos são fungíveis, entretanto essas dividas não podem ser compensadas entre si.
Diverge da autonomia das partes. Existe uma certa divergência em relação a isso: Quais são os critérios que podem ser adotados
para que as pessoas compensem as dividas delas? A doutrina majoritária entende atualmente que os critérios adotados para a
compensação legal não se aplicam para a compensação convencional. Essa compensação, entretanto, não é livre, pois a doutrina
estabelece duas limitações que estão intimamente ligadas:
1. Equilíbrio contratual: Não posso compensar um carro com uma bala Juquinha. Isso não seria uma compensação,
ocorreria um mero enriquecimento ilícito.
2. Enriquecimento ilícito: consequência do equilíbrio contratual
A compensação convencional hoje tem interpretação ampla, ela é vantajosa para as partes quando evita a troca entre mercadorias
desnecessárias, desde que seja respeitado o equilíbrio contratual que vete o enriquecimento ilícito.
Quando se ajuíza uma ação, existem duas formas principais de resposta do réu: a contestação (quando o réu refuta os fatos
alegados pelo autor) e a reconvenção (quando o réu, além de refutar os fatos alegados pelo autor, também argumenta que tem
um direito). Nesse caso, pode ser feita a compensação judicial.
Podem não ser compensadas por convenção entre as partes ou por imposição legal. Quando se trata por imposição legal elas
podem não ser compensadas pela causa ou pela qualidade de uma das partes.
• Art. 375. Não haverá compensação quando as partes, por mútuo acordo, a excluírem, ou no caso de renúncia prévia de
uma delas.
• Nada mais é do que a manifestação das partes dizendo que não quer que essa compensação seja feita
• Pode ser bilateral quando ocorrer em acordo entre devedor e credor, ou unilateral quando uma das partes já diz desde
o momento da ação do contrato, que não quer a compensação, tem que estar expresso no caso de divida de
compensação legal, que é automática.
c.2) Não compensação Legal
A causa das dívidas não impede a compensação, apenas nos incisos apresentados no art. 373
Art. 373. A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto: I - se provier de esbulho, furto ou roubo; II - se
uma se originar de comodato, depósito ou alimentos; III – se uma for coisa não suscetível de penhora
Todos eles são atos ilícitos. Pontes de Miranda diz que esse inciso é incompleto, pois deveria colocar apenas atos ilícitos
(Art. 186). A explicação para que esses atos não sejam compensados é o princípio do direito de sequela, o direito que o
proprietário tem de pegar a coisa onde quer que ela esteja. O direito coíbe atos ilícitos
Comodato e depósito: Existem duas espécies de empréstimo no ordenamento jurídico: comodato e o mútuo. O comodato
é o empréstimo de coisa infungível, enquanto o mútuo é o empréstimo de coisa fungível. Comodar é quando você pega
uma coisa sua e empresta para alguém - é da essência do contrato que a coisa retorne para você. A mesma coisa ocorre
com relação a deposito. Quando você deposita um bem no cofre de um banco, é da essência do negócio que ele te
devolva. Ambos os contratos são baseados na confiança mútua, por isso o código civil proíbe que elas sejam
compensadas, pois isso desnaturaria o contrato.
Alimentos - Deveria estar em um inciso autônomo, pois não tem a ver com comodato. A compensação de verbas
alimentícias iria frontalmente de encontro a dignidade da pessoa humana. Não pode haver compensação entre verbas
de caráter alimentício e verbas de caráter qualquer. É uma verba impenhorável, está indisponível, não pode ser vendido
é portanto, compensado.
Art. 374: A matéria da compensação, no que concerne às dívidas fiscais e parafiscais, é regida pelo disposto neste capítulo.
Está revogado, não existe mais porque falava de compensação de dívidas fiscais, ia contra o art. 149 da constituição, que prevê
expressamente que créditos tributários têm que vir previstos em legislação complementar, enquanto o código civil possui status
de lei ordinária, não podendo disciplinar sobre o assunto.
Art. 380: Não se admite a compensação em prejuízo de direito de terceiro. O devedor que se torne credor do seu credor, depois
de penhorado o crédito deste, não pode opor ao exequente a compensação, de que contra o próprio credor disporia
Exemplo: A deve pra B, que deve pra C. A obrigação de A e B vence 5 de maio, enquanto a obrigação entre B e C vence dia 20
de maio. Quando C vai executar sua prestação, cobrar essa divida do dia 5, ele nota que B não tem dinheiro nenhum. O que C
pode fazer é a penhora do crédito, pois B tem um crédito para receber de A, que fará a consignação em pagamento na data
prevista. Quando C penhora esse crédito, ele sabe que A passa a dever para C. C se torna credor de A. Suponhamos que A
devesse pra B e B devesse para A em outra obrigação. Nessa obrigação, A não pode compensar o crédito que ela tinha que
receber de B em relação a C. B saiu dessa relação jurídica, e necessariamente A deveria ser reciprocamente credora e devedora
de C, não sendo possível realizar a compensação. Depois que é feita a penhora do crédito, A não pode mais alegar compensação
com B, porque depois de realizada a penhora do credito B não é mais credor de A, C que é. Nesse caso, não pode ocorrer a
compensação
d) Disposições finais
Art. 379: Sendo a mesma pessoa obrigada por várias dívidas compensáveis, serão observadas, no compensá-las, as regras
estabelecidas quanto à imputação do pagamento
Se eu tenho varias dividas para compensar, são aplicadas as regras referentes a imputação em pagamento. Regra da imputação
ao pagamento: quem faz a escolha da imputação é o devedor, se ele não faz, recai ao credor. Se o credor também não faz a lei
estabelece uma ordem de imputação ao pagamento:
7. CONFUSAO
a) Conceito
Art. 381: Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e devedor.
Forma de extinção das obrigações quando ela perde seu caráter dúplice. - Pois um dos requisitos essenciais para a existência
das obrigações é a duplicidade. Na confusão ocorre a perda da duplicidade dos polos, as figuras do credor e do devedor se reúnem
na mesma pessoa. A doutrina fala que a confusão tem três espécies: total ou parcial, ou ocorre dentro da solidariedade. Comum
quando há fusão de empresas. – Ex: uma divida entre duas empresas acaba quando uma compra a outra. – Ex 2: Luiza deve 100
para seu tio, mas o tio falece e a deixa como uma única herdeira – Luísa se torna devedora e credora simultaneamente.
b) Espécies
Total ou parcial: Art. 382: A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida, ou só de parte dela.
Confusão da solidariedade: Art. 383: A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só extingue a obrigação até a
concorrência da respectiva parte no crédito, ou na dívida, subsistindo quanto ao mais a solidariedade. Uma vez que haja confusão
na solidariedade, retiramos a parte da confusão e seu quinhão, fora isso, a relação jurídica preserva sua solidariedade Ex: relação
jurídica solidaria de 300 reais. Ocorre que o credor era tio do devedor 1, que falece deixando como único herdeiro o devedor 2.
Nesse caso, credor e devedor passam a ser a mesma pessoa, vai ocorrer a confusão entre eles. Nesse caso, é retirada a cota
parte de 100 reais e continua a solidariedade em relação aos demais.
c) Efeitos
Principal e acessórios: Aplicamos a confusão o princípio da gravitação jurídico, segundo o qual os acessórios seguem a sorte dos
principais. Se a obrigação principal está extinta, as acessórias também estarão. As garantias se extinguem junto da obrigação
principal. A recíproca não é verdadeira: Se ocorre a confusão na obrigação acessória a relação jurídica principal não deixa de
existir, apenas perde sua garantia. Ex: Obrigação de pagar aluguel garantida por fiador: Se você herda esse apartamento ocorre
a confusão com relação a obrigação principal e ocorre a extinção da obrigação acessória (aluguel).
d) Cessação
Art. 384: Cessando a confusão, para logo se restabelece, com todos os seus acessórios, a obrigação anterior. Uma vez finda a
confusão , a relação jurídica originaria se reestabelece. Mais comum em caso de ausência, ou no caso de transcrição de herança
quando descobrem depois um testamento, etc.
8. REMISSAO
a) Conceito
Art. 385: A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro. É o perdão. É uma
liberalidade do credor, que extingue a obrigação, de acordo com a doutrina.
b) Espécies
Total ou Parcial
Expressa ou Tácita:
Tácita: quando não digo expressamente que estou perdoando, mas tenho atos compatíveis com isso. A pessoa faz atos
incompatíveis com a cobrança daquela dívida.
Presumida:
Advém de uma presunção legal. Possui duas possibilidades, ou espécies: uma que trata de títulos e outra que trata de penhor.
Título: presunção legal de que houve a remissão quando ocorre a devolução de qualquer título que comprove a existência da
obrigação, a mesma coisa ocorre na devolução do objeto que foi penhorado.
O artigo 1431 - Quando temos uma garantia de penhor, em regra aquele objeto fica com o credor, de forma que se o credor
devolve aquele objeto para o devedor, há remissão presumida. O artigo diz que, o devedor para garantir sua dívida entrega posse
daquela coisa para o credor. Se o credor devolve essa coisa para o devedor, entendemos que houve a renúncia da dívida.
Observação do art. 387: ocorrerá a extinção apenas da garantia, não da obrigação toda.
Art. 386 A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular, prova desoneração do devedor e seus
coobrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz de adquirir.
Art. 387: A restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do credor à garantia real, não a extinção da dívida
Art. 1431: Constitui-se o penhor pela transferência efetiva da posse que, em garantia do débito ao credor ou a quem o represente,
faz o devedor, ou alguém por ele, de uma coisa móvel, suscetível de alienação
c) Renúncia Solidariedade
Art. 388: A remissão concedida a um dos co-devedores extingue a dívida na parte a ele correspondente; de modo que, ainda
reservando o credor a solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida.
Ex: solidariedade passiva em que o credor queira perdoar o devedor 1. Esse devedor 1 sai da relação jurídica obrigacional e
persiste a solidariedade em relação ao resto. Retiramos o devedor e sua cota parte.
21.05.19
6. TEORIA DO INADIMPLEMENTO
1. INTRODUÇÃO
1. Noções introdutórias
Regra Geral
• Pacta Sunt Servanda – conceito oriundo do direito romano, quer dizer que os pactos devem ser cumpridos.
• No direito civil chamamos de princípio da obrigatoriedade dos contratos.
• Uma vez que uma pessoa contrate, deve cumprir a obrigação para atingir a função social das obrigações (adimplemento)
Exceção
2. Classificação
b) Quanto a utilidade
Não está se referindo ao cumprimento de parte daquelas prestações, o critério adotado para essa classificação é se aquela
prestação ainda tem alguma utilidade para aquele credor. A doutrina e a jurisprudência definem que o critério para diferenciar os
dois e a utilidade da prestação, que tem que ser averiguado de forma objetiva.
Art. 162 CJF: A inutilidade da prestação que autoriza a recusa da prestação por parte do credor deverá ser aferida objetivamente,
consoante o princípio da boa-fé e a manutenção do sinalagma, e não de acordo com o mero interesse subjetivo do credor.
Critério objetivo - Enunciado 162 CJF - a diferenciação entre inadimplemento absoluto e inadimplente relativo não pode ser deixada
a mero capricho do credor. Ex: se tenho uma reunião em são Paulo 7 da noite e pego um voo 2 da tarde, mas a gol cancela meu
voo e aloca para as 8, isso seria um inadimplemento absoluto, pois a prestação não tem mais utilidade. Mas, se a gol aloca o voo
para 4 da tarde, esse inadimplemento é relativo.
Inadimplemento Absoluto
• Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo,
lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.
• Também é chamado de mora
• Quando o credor ainda tem interesse no cumprimento daquela prestação, também e chamado de mora.
c) Boa fé objetiva
Enunciado 24 CJF: Em virtude do princípio da boa-fé, positivado no art. 422 do novo Código Civil, a violação dos deveres anexos
constitui espécie de inadimplemento, independentemente de culpa.
Teoria dualista da indenização - Adotada pelo ordenamento brasileiro. bipartição entre inadimplemento do dano patrimonial que
advém de contrato e a indenização de um dano que não vem de contrato. Possuem consequências distintas.
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices
oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
a) Perdas e danos
b) Juros
c) Correção monetária
d) Honorários
Obs.: Alguns desses efeitos também se aplicam, com algumas particularidades, ao inadimplemento relativo. Art. 394 – prevê para
a mora os mesmos efeitos, mas interpretados de forma diferente. - Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o
pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.
Observação
• Princípio da inércia - diz que a jurisdição precisa ser movimentada, precisa de um pedido para que possa se manifestar.
• Princípio da distrição - o juiz só pode julgar com o pedido da parte inicial - consequência lógica do princípio da inércia.
• Juros, correção monetária e honorários - são exceções ao princípio da distrição.
• Ex: obrigação de entregar um cavalo X e o devedor não paga – quando o credor ajuíza a ação, se ele pede só o cavalo,
é permitido\lícito ao juiz que ele condene ao pagamento o cavalo, juros, correção monetária e honorários do advogado.
5. Culpa
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver
por eles responsabilizado.
• Interpretação da doutrina sobre o artigo 393: A culpa na responsabilidade civil contratual é presumida. Uma vez que o
devedor está inadimplente, é presumido que ele é culpado pelo inadimplemento, o credor não tem que provar a culpa.
O devedor, para se eximir do pagamento, tem que provar caso fortuito ou forca maior.
• Essa é uma diferença importante entre a responsabilidade civil contratual (presumida) e responsabilidade civil extra
contratual, (não é presumida, cabe ao autor da ação provar a culpa).
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não eram possíveis evitar ou impedir
Obrigações positivas
Obrigações negativas
• Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se
devia abster.
• A partir do momento em que eu infringi uma obrigação de não fazer já estou inadimplente.
• Não existe inadimplemento relativo em relação a obrigações negativas. Não há como aplicar o critério de utilidade.
7. Responsabilidade patrimonial
• Art. 391.CC Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor.
• Art. 1º. CF III - a dignidade da pessoa humana;
• Erro do dispositivo: a expressão `todos`, tem que receber uma interpretação constitucional.
• O art. trata da base da responsabilidade patrimonial do devedor.
Art. 392. Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a
quem não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei.
• Exceção à regra geral de que, quando o código se refere a `culpa`, não há distinção entre culpa ou dolo.
• Nos contratos onerosos, ambas as partes respondem por simples culpa para o inadimplemento, não exige que haja dolo.
• Contratos gratuitos, ou benéficos - a parte que só tem bônus responde a título de culpa, abarcando culpa ou dolo. A lei
entende que a parte que só tem ônus já está prejudicada, então torna mais difícil a possibilidade de ele ter que indenizar,
que só ocorrera no caso de dolo.
• Ex - contrato de transporte - oneroso - se o motorista bate e o celular de um passageiro cai no chão e quebra em
decorrência disso, a empresa deve te exonerar. Já se uma pessoa pegar uma carona e ocorrer a mesma situação, o
motorista não tem o dever de indenizar o passageiro porque ele não agiu com dolo, pois o motorista já está prejudicado
23.05.19
2. MORA
1. Conceito
• É o imperfeito cumprimento da obrigação, seja pelo tempo, lugar ou modo – deriva do princípio da pontualidade
• Pode se dar por culpa do devedor ou do credor
• Art. 394: Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo,
lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.
2.1 Diferenças
São diferenciados pelo critério da utilidade (Art. 395), que deve ser aplicado de forma objetiva (Art. 162, CJF)
Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos valores monetários segundo
índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. Paragrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar
inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, e exigir a satisfação de perdas e danos.
Art. 162 CJF: A inutilidade da prestação que autoriza a recusa da prestação por parte do credor deverá ser aferida objetivamente,
consoante o princípio da boa-fé e a manutenção do sinalagma, e não de acordo com o mero interesse subjetivo do credor.
2.2 Semelhanças
a) Responsabilidade Patrimonial (ocorre da mesma forma, a consequência é a mesma) - Art. 389 e 395
• Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo
índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
• Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos valores monetários
segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
b) Necessidade de presença de culpa (nos casos de caso fortuito ou força maior não há inadimplemento nos dois) - Art. 393 e 396
• Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se
houver por eles responsabilizado.
• Art. 396. Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora.
3. Mora do Devedor
a) Mora Ex re
Incide na própria obrigação. Não precisa de interpelação do devedor – uma vez que ele pratique aquele ato, já está inadimplente.
Possui três hipóteses:
1. Art. 397. Quando a obrigação possui um termo – finda essa data esse devedor já está em mora
2. Art. 398 - Prática do Ato ilícito – uma vez que a ação é proveniente de ato ilícito, o devedor já estará em mora
3. Doutrina – Quando o devedor declara por escrito que não pretende cumprir a obrigação – decorre da lógica
Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor. Parágrafo
único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial.
Art. 398. Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou Parágrafo único. O
caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não eram possíveis evitar ou impedir.
b) Mora Ex Persona
Depende de interpelação (judicial ou extrajudicial), através da qual o credor exige do devedor o cumprimento da obrigação.
Enquanto a interpelação Judicial se dá com a citação, a doutrina aponta que a interpelação extrajudicial pode ser o mais ampla
possível, desde que seja por escrito. Pode ser carta, telegrama, e-mail, etc. A mais habitual é a carta com aviso de recebimento,
pois há comprovante de envio.
Hipóteses da mora Ex Persona: Todas as outras. Todo caso de uma obrigação que não tenha prazo, não seja proveniente de ato
ilícito e que o devedor já não tenha dito desde já que não vai cumprir, eu preciso interpelar esse devedor para que ele faça o
cumprimento dessa prestação.
Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor. Parágrafo
único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial.
Obs.: O Brasil adota a Teoria da expedição, que define que a interpelação se dá pelo momento em que a carta é enviada, diferente
da Teoria da recepção, pela qual a interpelação se dá pelo momento em que a carta é recebida. Possui grande diferença na
prática. Na interpelação judicial, o dever que o credor tem é o de fornecer o endereço correto e adequado, se isso ocorrer ele está
interpelado. Só e necessária a comprovação do envio, não é necessário comprovar o recebimento.
3.3 Efeitos
a) Responsabilidade patrimonial
• Quando a obrigação continua existindo enquanto o devedor não efetuou a tradição (pagamento)
• Seus efeitos estão previstos no Art. 399
• Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso
fortuito ou de força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano sobreviria
ainda quando a obrigação fosse oportunamente desempenhada.
• Obs.: esse dispositivo é criticado por toda a doutrina. “Responder salvo se provar isenção de culpa” – o critério para que
haja mora é a culpa, se não houver culpa, não há mora. O que deveria que estar escrito é que quando a pessoa está
constituída em mora ela responde pela perda ou deterioração do objeto ainda que não haja culpa.
• Ex: Obrigação de entregar um carro hoje e não entrego - ocorre uma enchente que leva esse carro embora. Isso seria
caso de inadimplemento sem culpa, mas como eu estava em mora, eu vou responder ainda que não haja culpa.
• Único caso em que eu poderia me eximir dessa situação – se eu comprovo que, ainda que eu tivesse efetuado a tradição,
o cumprimento dessa obrigação, esse carro ainda se perderia.
4. Mora do Credor
• `Accipiendi`, `Creditoris`
• Decorre da afirmação de que pagar é um dever, mas também um direito.
• Ocorre quando o credor se recusa a receber determinado pagamento no tempo, modo ou lugar combinado
4.1. Requisitos
4.2. Efeitos
Art. 400. A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pela conservação da coisa, obriga o credor a
ressarcir as despesas empregadas em conservá-la, e sujeita-o a recebê-la pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu
valor oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação.
• Determina que o credor que está em mora tem que pagar\restituir\ressarcir as despesas de conservação.
• O devedor não vai responder se esse objeto se perder, a não ser que ele haja com dolo.
• O credor vai pagar aquela coisa pelo preço mais favorável ao devedor
Mora simultânea: As moras se compensam automaticamente, credor nem devedor podem alegar prejuízo. São simultâneas.
Nenhum dos dois pode exigir do outro os efeitos da mora. Ex: se a dívida é quesível (deve ser cumprida no domicilio do devedor)
e, no dia do pagamento, o credor não quer receber e o devedor não tem a prestação pronta (no caso de obrigação de fazer) –
ambos estarão em mora.
Mora sucessiva: Nesse caso, não haverá a compensação, mas cada um vai responder pelo que deu causa. Ex: Se meu voo era
as 14h00 e a companhia me oferece um voo as 16h00, a companhia já estava em mora, mas se eu me nego a entrar no voo de
16h00, faço barraco e atraso o voo de todo mundo – cada um vai responder pelo prejuízo que deu causa – podem se compensar
até o limite possível para tal.
6. Purgação mora
Purgação da mora = correção da mora. É quando a pessoa relativamente inadimplente tenta corrigir aquela situação. Pode ser
feita por devedor ou credor. Para que haja purgação da mora, deve haver prejuízo.
Art. 401. Purga-se a mora: I - por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a importância dos prejuízos decorrentes do
dia da oferta; II - por parte do credor, oferecendo-se este a receber o pagamento e sujeitando-se aos efeitos da mora até a mesma
data.
28.05.19
3. PERDAS E DANOS
1. Só dano material
2. Só dano moral e material – nota-se que os danos materiais sozinhos não dão conta de todos os prejuízos possíveis,
dessa forma, surgem os danos morais, que inicialmente só vinha junto do dano material, não detinha de autonomia.
3. Dano moral e material autônomos – principalmente a partir da Constituição de 1988
4. Dano material, moral e estético. – Constituição de 88, art. 5, inciso 10 – prevê tutela do dano material, dano moral e do
dano a imagem. A partir daí, a doutrina passa a debater sobre a possibilidade de um dano estético.
Dano material: Abarca todos os prejuízos materiais causados aquele indivíduo. A doutrina faz uma divisão entre danos emergentes
e lucros cessantes. Danos emergentes: prejuízo propriamente dito. Lucro Cessante: o que razoavelmente se deixou de lucrar.
Dano Moral: antigamente era visto como uma violação a um direito da personalidade, mas atualmente entende-se por dano moral
uma violação a dignidade da pessoa humana, que é muito mais amplo do que os direitos da personalidade.
Dano Estético: Antes era visto como um “enfeiamento”, mas esse conceito é muito subjetivo, dessa forma, o conceito atual é de
modificação permanente e indesejada no corpo humano. Pode ser proveniente de vários casos diferentes.
Obs.: Teoria da perda de uma chance: não é exclusiva do dano material, isso é uma visão ultrapassada de acordo com o STJ. Ela
é aplicada pela proporção. Exemplo clássico relacionado ao dano material: caso do Jogo do Milhão. Quando aplicada ao dano
moral, geralmente está relacionada a casos de saúde – Ex: coleta de células tronco, diagnostico errado.
1. Conceito
Art. 402: Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele
efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
Obs. 1. Posição topográfica do Art. 402, ou seja, o lugar em que ele foi inserido dentro do código civil – a doutrina critica esse
lugar, pois ele deveria estar também dentro do capítulo referente a responsabilidade civil (a partir do Art. 927, que inicia no código
a responsabilidade civil extracontratual). O Art. 402 está mal inserido porque diz respeito tanto a responsabilidade civil contratual
como a responsabilidade civil extracontratual. Isso está evidente ao analisarmos que o exemplo mais comum utilizado pela doutrina
para explicar o conceito trata de extracontratual (exemplo do taxi). Exemplo de aplicação do Art. 402 no caso de responsabilidade
civil contratual (direito das obrigações): Contrato entre uma lavanderia e um mecânico responsável pela manutenção do local – se
o mecânico não vai e uma das maquinas da lavanderia quebra, o que ela gasta referente a quebra da maquina é dano emergente,
enquanto o que ela deixa de lucrar é lucro cessante.
Obs. 2: CC2002 X CCFR - danos e interesses: A nomenclatura perdas e danos está equivocada, pois semanticamente perda e
dano quer dizer a mesma coisa. Todos os dois significam dano emergente. O código brasileiro usa uma nomenclatura errada. O
código francês não cometeu esse erro técnico = chama de danos e interesses.
Obs. 3: Art. 403: Teoria dos danos diretos e imediatos: Para entender e aplicar o Art. 403 dentro de direito das obrigações,
precisamos entender a teoria objetiva (objeto de estudo da responsabilidade civil) – não cai na P2. O artigo diz que, ainda que o
devedor aja com vontade de causar prejuízo, ele só vai responder por aquele dano se a ação dele for causa direta e imediata. Ex:
um indivíduo compra passagem de avião para o tio na esperança de que ele morra e ele morre – o dano não é imputável, falta o
nexo causal. O Art. 403 trata do nexo causal dentro do direito das obrigações. No direito das obrigações existe apenas
responsabilidade culposa, entendendo culpa no lato senso, abarcando culpa ou dolo. No caso do Art. 403, ainda que tenha dolo,
se não houver nexo causal entre a conduta e o dano, o devedor não vai responder. Determina que o nexo causal deve ser direto
e imediato.
• Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os
lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual. Parágrafo único. Não
havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial.
• Teoria Subjetiva: Conduta (culposa ou dolosa) + Nexo Causal + Dano – analisa critério subjetivo (dolo ou culpa)
• Teoria objetiva: Objeto de estudo da responsabilidade civil. Ambas as teorias (subjetiva e objetiva) tem 3 elementos.
Assim como na subjetiva, a teoria objetiva tem conduta + nexo causal + dano. Mas na teoria objetiva, a conduta pode
ser culposa ou dolosa. Não é analisado o caráter subjetivo, não faz diferença. Aplicada quando há vulnerabilidade de
uma das partes ou um objeto de suma importância (Ex: meio ambiente). É mais gravosa que a teoria subjetiva.
• Teoria objetiva indireta: Caso concreto, no qual são aplicadas as duas teorias juntas (objetiva e subjetiva). Aquela na
qual a responsabilidade objetiva depende de uma responsabilização subjetiva anterior.
1. O médico tem uma obrigação de fazer em relação ao paciente – à sua responsabilidade é aplicada a teoria subjetiva.
2. Ao plano de saúde é aplicada a teoria objetiva
3. Paciente sofre dano pelo médico conveniado ao plano de saúde
4. O paciente pode cobrar esse dano de forma subjetiva só do médico, ou de forma objetiva do plano de saúde
5. O que acontece normalmente, que é mais vantajoso, é que o paciente cobre do plano de saúde, que tem mais dinheiro.
6. O plano de saúde responde objetivamente, mas o médico responde subjetivamente
7. É aplicada a teoria objetiva indireta.
8. O plano de saúde não agiu necessariamente com culpa ou dolo, mas o médico sim.
9. A responsabilidade do plano pelos erros dos médicos é objetiva.
Nexo Causal: Elemento indispensável para a responsabilização. É o nexo causal que liga a conduta ao dano, estabelece que deve
haver relação de causalidade necessária. No direito das obrigações, é aplicada a teoria dos danos diretos e imediatos – Art. 403.
Possui dois efeitos principais: 1. Mostra quem é o responsável; 2. Mostra a extensão (tamanho) do dano.
Ex: Tenho a obrigação de dar um cavalo, mas sei que esse cavalo está contaminado com uma doença contagiosa. O meu credor
tem outros 10 cavalos e mesmo ciente da doença do meu cavalo dou ele para o credor. Posteriormente, todos os 10 cavalos do
credor são contaminados pelo cavalo que dei e morrem – posso ser responsabilizado pela morte dos cavalos? Posso, pois existe
nexo de causalidade. Cristiano Chaves e Rosenvald falam que, se por acaso o credor cujos cavalos morreram acabar por perder
sua fazenda devido a esse acontecimento e em virtude disso sua esposa se suicida. O devedor não pode ser responsabilizado
pela perda da fazenda ou pelo suicídio da esposa, a única conduta pela qual pode ser responsabilizado é o resultado previsível –
de matar os cavalos. O devedor só pode ser responsabilizado até certo momento.
3. Dinheiro
Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com atualização monetária segundo índices
oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional.
• Determina que quando a obrigação for referente apenas a dinheiro, a forma de perdas e danos seria feita através de
juros, correção monetária e honorários de advogado. O problema disso é que ele tinha uma cópia idêntica ao código de
16. Veio para corrigir uma falta, determina que se não houver suficiência nos juros ou o pacto de outra espécie de multa,
há a possibilidade pelo juiz dele suprir esse prejuízo.
30.05
4. JUROS
Sua regulamentação no código é muito superficial, por isso ocorre muito a utilização de sumulas.
1. Conceito
São os Rendimentos pela utilização do capital. É a remuneração por você estar com o capital de outra pessoa. Você pode estar
com esse capital por um empréstimo (juros remuneratórios), ou você pode estar com esse capital porque você deveria ter efetuado
um pagamento, mas não o fez (juros moratórios)
Natureza jurídica dos juros = são os frutos civis – de forma que eles são bens acessórios, de acordo com o art. 95. Art. 95. Apesar
de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico.
2. Espécies
• Compensatórios - São aqueles quando você está com o capital de outrem de forma autorizada. Ex - Quando você pega
empréstimo em um banco, você paga juros compensatórios, é a forma de remuneração daquele empréstimo, é pactuado.
• Moratórios - decorrem da mora do devedor. Não foi inicialmente pactuado, mas uma vez descumprida a obrigação você
estará em mora, devendo os juros moratórias
• Convencionais: São aqueles arbitrados pelas partes – as partes convencionam entre si o valor dos juros.
• Legais: São aqueles previstos pela lei
2.3 Simples x compostos
• Simples - São aqueles calculados sempre em cima do valor inicial, do valor base daquela obrigação – são os mesmos.
Ex - primeiro ano: 100 reais + 10% - 110 reais. Segundo ano: 100 + 10% = 110.
• Compostos – São calculados em cima do valor anterior, do último valor encontrado, e não ao valor de base.
Ex - primeiro ano: 110 reais, segundo ano - 110 + 10% = 121 reais
3. Juros moratórios
a) CC16 x 2002
Art. 406. Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de
determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda
Nacional. I - Por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a importância dos prejuízos decorrentes do dia da oferta; II -
por parte do credor, oferecendo-se este a receber o pagamento e sujeitando-se aos efeitos da mora até a mesma data.
S596STF: As disposições do Decreto 22.626/1933 não se aplicam às taxas de juros e aos outros encargos cobrados nas
operações realizadas por instituições públicas ou privadas, que integram o Sistema Financeiro Nacional.
Problema do dispositivo (Art. 406): Fala que os juros podem ser convencionados pelas partes (primeira parte do artigo) - o problema
é a discussão que havia acerca de qual lei seria essa, qual percentual seria esse: O código civil de 16 trazia o percentual de 6%
ao ano para os juros de mora. Com o advento do código civil de 2002 e com a imposição de que os juros legais estejam de acordo
com aqueles pagos nos impostos da fazenda nacional, devemos descobrir qual percentual é esse. A partir daí surgiram algumas
correntes:
Primeira corrente: Aplica o CTN (código tributário nacional) - ele se refere aos juros aplicados aos impostos da fazenda nacional
e esse percentual e de 12%.
Segunda corrente - Lei de usura - prevê a regulamentação de juros e estabelece como percentual máximo de aplicação de juros
legais 12% ao ano. OBS - os bancos, de acordo com a sumula 596 (STF), não se submetem a lei de usura. Então esse percentual
máximo (12%) não se aplicaria aos bancos. Na prática não haveria diferença entre aplicação da lei de usura ou do CTN, pois
ambos estabelem da taxa de 12%, entretanto, o CTN possui natureza de lei complementar, então seria hierarquicamente mais
forte, enquanto a lei de usura seria uma lei especial, exclusiva do direito civil. Já em 2012, o STJ, tentando diminuir essa
controvérsia, determinou que será aplicado o art. 406, que se refere a taxa Selic, taxa aplicada pela união federal, que engloba
juros e correção monetária. A doutrina foi muito crítica a esse posicionamento, pois isso prejudicaria o devedor, visto que a taxa
Selic engloba juros e correção monetária, e o contrato não seria clara\transparente o suficiente ao devedor, que pode não conhecer
o termo. Em 2017, o STJ confirmou seu posicionamento.
Panorama atual - o Art. 406 se refere a taxa Selic. Os juros legais são arbitrados por meio da taxa Selic. Quando se aplica taxa
Selic não se pode aplicar correção monetária, pois configuraria enriquecimento ilícito
Art. 407. Ainda que se não alegue prejuízo, é obrigado o devedor aos juros da mora que se contarão assim às dívidas em dinheiro,
como às prestações de outra natureza, uma vez que lhes esteja fixado o valor pecuniário por sentença judicial, arbitramento, ou
acordo entre as partes.
• Parte mais relevante do dispositivo – Os juros serão aplicados ainda que não sejam alegados.
• Os juros, por força do Art. 407, são exceção à regra da inércia. Ainda que a parte não alegue, são arbitrados pelo juiz.
• Princípio da inercia – a jurisdição é inerte, só se movimenta quando for reclamada
• Princípio da distrição – a jurisdição só se manifesta se provocada, consequência lógica do princípio da inercia – O juiz
só pode conceder ao autor o que lhe foi pedido .
c) Termo inicial
A definição de a partir de quando contamos os juros depende da classificação de mora do devedor, que pode ser Ex re (não há
necessidade de interpelação) ou Ex persona (há necessidade de interpelação)
Ex Re (Art. 397) O devedor está em mora a partir do inadimplemento, a partir daí começam a correr os juros. Art. 397. O
inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor.
Ex persona (Art. 405): Os juros são contados desde a citação inicial. Art. 405. Contam-se os juros de mora desde a citação inicial.
Obs.: Ex persona pode derivar de notificação judicial ou extrajudicial, o Art. 405 trata apenas da judicial, está incompleto – deveria
implementar a notificação extrajudicial.
------------------------------------ a partir daqui tudo é informativo de jurisprudência, o código não disciplina ------------------------------------
4. Capitalização juros
São os juros compostos, é a mesma coisa que anatocismo - `juros sobre juros`. É mais gravosa para o devedor, ele paga mais.
A lei permite se ela for prevista anualmente. Existe uma hipótese em que a capitalização de juros é permitida mesmo que inferior
ao período de um ano: bancos e instituições financeiras: podem fazer de forma mensal, não se submetem a lei de usura. Dessa
forma, podem realizar o anatocismo em prazo inferior a 1 ano desde que isso esteja expresso e claro no contrato.
Obs.: O STJ já decidiu que o fato de ser necessário que essa capitalização seja feita de forma expressa e clara não quer dizer
que o contrato tem que deixar escrito “está sendo feita a capitalização de juros compostos”, etc. A mera indicação por meio de
taxas seria o suficiente. S541STJ : A previsão no contrato bancário de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da mensal é
suficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva anual contratada.
Se há dúvida quando há mais de um valor de juros e não se sabe qual será aplicado, a aplicação vai ser pela média do mercado.
Se a média do mercado for por exemplo de 1% ao mês, só não vai ser a média do mercado se o banco estiver cobrando juros
mais favoráveis ao devedor.
• S530STJ: Nos contratos bancários, na impossibilidade de comprovar a taxa de juros efetivamente contratada - por
ausência de pactuação ou pela falta de juntada do instrumento aos autos -, aplica-se a taxa média de mercado, divulgada
pelo Bacen, praticada nas operações da mesma espécie, salvo se a taxa cobrada for mais vantajosa para o devedor
STJ: O simples fato de uma cobrança de juros ser superior a 12% ao ano não configura necessariamente abusividade do contrato.
• S382STJ: A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não indica abusividade
*Imputação ao pagamento: quando o devedor tem 2 ou mais dividas de mesma natureza com o credor e ele tem valor o suficiente
para pagar uma delas, mas não as duas, ele deve indicar qual ele está pagando. Se ele não fizer a indicação quem faz é o credor,
que por sua vez, se também não o fizer, será respeitada a ordem legal.
Chegou ao STJ uma dívida de 110 reais – sendo 100 referente ao montante inicial do devedor + 10 referentes aos juros. O devedor,
quando foi fazer a imputação ao pagamento, só tinha 9 reais. O que deveria ser feito é que esse valor deveria ir primeiro aos juros,
mas não é suficiente nem para cumprir os juros. Dessa forma o STJ decidiu que, como a capitalização de juros tem que sempre
ser expressa, nesse caso, no mês seguinte, quando formos calcular os juros, calcularemos em cima do valor de 100, e não de
101, pois esse 101 ainda é de juros, não entra no valor original de 100. O devedor pagará 111 = 110 + 1 (que ficou faltando)
• STJ - O anatocismo nunca se presume, sempre deve estar expresso. Ainda que você não pague a integralidade dos
juros anteriores, os juros novos serão calculados em cima do valor original.
Conceito: É atualização do valor no tempo. Em regra, usamos a inflação com índice, mas isso varia de acordo com o contrato.
Decisão do STJ: Alguns contratos preveem que a taxa\índice de correção aplicado será a média dos últimos meses. Exemplo:
• Mês 1: alta de +2
• Mês 2: baixa de -10 Média aritmética: -4
• Mês 3: alta de +4
Nesse caso, o combinado foi que seria utilizada a média aritmética dos três meses para obter o valor que seria utilizado no contrato
para atualizar. Mas, nesse caso, ao somar, o resultado obtido foi -4, a média final foi negativa. Dessa forma, o credor sairia em
prejuízo, mas também seria injusto para o devedor desconsiderar o negativo. O posicionamento do STJ foi que os índices negativos
serão considerados, mas se o resultado for negativo entenderemos que a média aritmética deu 0 para não dar prejuízo ao credor.
O índice negativo seria considerado apenas se na média final não desse negativa.
6. Casos excepcionais (Casos em que o STJ julgou que não houve a incidência de juros)
Ocorre uma “invasão” do MST em uma fazenda e o agricultor tinha a obrigação de entregar 10 sacas de café. Em detrimento da
invasão, o agricultor alega caso fortuito e não cumpre a obrigação. Nesse caso, o STJ diz que caso fortuito, para impedir que haja
a mora do devedor, deve ser analisado de forma objetiva – não é qualquer evento inesperado, que fuja a rotina daquele devedor,
que será considerado como caso fortuito. Para considerar como caso fortuito, é indispensável que realmente aquele incidente
tenha impacto significativo no cumprimento da obrigação. Nesse caso, ficou comprovado que o MST ocupou apenas 15% do
território da fazenda e que, com os outros 85% ele conseguiria cumprir a obrigação, dessa forma o STJ definiu que a simples
invasão não importa em caso fortuito, então o agricultor está em mora e deve pagar juros.
Essa teoria não possui previsão legal, mas foi pensada pela doutrina e acatada pela jurisprudência para retirar uma das
possibilidades contratuais do credor. Ex: Fiz um financiamento com a caixa para comprar uma casa de 100.000 reais e pagava
2.000 por mês. Se, quando ainda faltavam 8.000 reais fico desempregado, a caixa poderia retirar esse bem, com base em
jurisprudência já ultrapassada. O STJ definiu que, de acordo com a teoria do adimplemento substancial, embora não houvesse o
pagamento integral como combinado, a retirada do bem do devedor deixa de ser uma possibilidade. Para não ficar no prejuízo, o
credor pode cobrar com todos os meios legais que tiver a sua disposição, com exceção da retirada do bem. O valor já pago deve
ser próximo do valor total, mas não há valor certo. O STJ entende que seria contrário a boa fé a retirada do bem no momento que
o indivíduo mais necessita dele.
Entretanto, a aplicação dessa teoria nos tribunais acabou tendo efeito rebote: os bancos, quando começaram a emprestar dinheiro
para fazer um financiamento, acabavam aumentando o preço dos juros porque queriam garantir que receberiam a totalidade do
valor mesmo que perto do fim o devedor ficasse inadimplente. Dessa forma, mesmo sendo inicialmente idealizada para beneficiar
o devedor, acabou o prejudicando devido às altas taxas de juro. A tomada de decisão do STJ para corrigir esse erro foi a de aplicar
a teoria do adimplemento substancial em todos os casos, menos nos casos de alienação fiduciária, uma espécie de contrato no
qual o banco compra o bem em seu nome e te empresta enquanto você paga o empréstimo e, quando você pagar, ele passa para
o seu nome. Nesse caso, se você deixa de pagar a parcela total do carro, o banco pode pegar o carro de volta porque o carro
ainda está no nome dele. Essa decisão é muito importante para fomentar a economia.
Uma pessoa tinha que pagar um crédito bancário e ajuíza uma ação revisional alegando que os juros que ela está pagando são
extremamente altos, o ajuizamento dessa ação revisional por si só não impede a mora do devedor. O que poderia impedir é a
consignação em pagamento, ele poderia consignar em pagamento o valor devido e discutir em paralelo os valores que estão
sendo cobrados – ação de consignação combinada com ação revisional.
Se há cobrança indevida, ainda que a obrigação se vença, não há mora do devedor. Ex: fiz um empréstimo de 100.000 reais e me
cobram 110.000 reais – não estou em mora se me cobrarem esse valor, é uma cobrança indevida.
04.06
5. CLÁUSULA PENAL
(Ou pena convencional, ou multa contratual) – Cai na prova, é importante saber informativo.
Cláusula penal e Arras tem como objetivo garantir o cumprimento do contrato. A cláusula penal evita o inadimplemento (absoluto
e relativo) e só será paga se houver o inadimplemento (prefixação de um prejuízo); as arras visam evitar o inadimplemento +
possibilidade ao arrependimento e são pagas antecipadamente (se o contrato for adimplido, são devolvidas.)
1. Conceito
Obrigação acessória que visa evitar o inadimplemento por meio da fixação prévia de PD. Deve ser fixada na assinatura do contrato
ou em ato posterior - antes do inadimplemento. A vantagem é que não precisa calcular ou provar cada prejuízo.
• Art. 408: Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde que, culposamente, deixe de cumprir a obrigação
ou se constitua em mora.
• Art. 409. A cláusula penal estipulada conjuntamente com a obrigação, ou em ato posterior, pode referir-se à inexecução
completa da obrigação, à de alguma cláusula especial ou simplesmente à mora.
2. Natureza jurídica
• Pacto acessório – uma vez que o contrato deixa de existir, a cláusula também deixa
• Se a causa for fixada depois e for inválida, o contrato principal ainda é válido.
3. Função Dupla
Art. 416. Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo. Parágrafo único. Ainda que o prejuízo
exceda ao previsto na cláusula penal, não pode o credor exigir indenização suplementar se assim não foi convencionado
4. Espécies
a) Compensatória (Art. 410): Quando o inadimplemento é absoluto. Pode exigir cláusula penal ou cumprimento
b) Moratória – (Art. 411 + Art. 416): Quando o inadimplemento é relativo
• Critério do valor: o valor vai ser maior na compensatória, pois o inadimplemento é absoluto (+ próxima do valor da obrig.)
Art. 410. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em
alternativa a benefício do credor.
Art. 411. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança especial de outra cláusula determinada,
terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal.
5. Valor
Art. 412. O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal.
Art. 413. A penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o
montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio.
E356CJF: Nas hipóteses previstas no art. 413 do Código Civil, o juiz deverá reduzir a cláusula penal de ofício.
• Art. 413 (ordem pública): Se aplica para a compensatória e moratória, a redução pode ser aplicada de ofício pelo juiz.
• Enunciado 356 CJF: Permite o juiz reduzir de ofício.
• Princípio da proporcionalidade – ordem pública – aplicação do ofício pelo juiz
6. Pluralidade devedores
Obrigação indivisível: Art. 414: O culpado pelo inadimplemento da obrigação indivisível é o único que pode ser demandado a
integralidade da cláusula; os demais só podem ser demandados pela sua quota parte (mas tem direito de regresso)
Obrigação divisível: Art. 415: Aplica-se o principio da gravitação universal. A cláusula vai ser proporcional à quota parte do devedor.
Obs.: Se a cláusula não explicitar sua espécie, define-se pelo valor: baixo – moratória e alto – compensatória
• Art. 414. Sendo indivisível a obrigação, todos os devedores, caindo em falta um deles, incorrerão na pena; mas esta só
se poderá demandar integralmente do culpado, respondendo cada um dos outros somente pela sua quota.
• Art. 415. Quando a obrigação for divisível, só incorre na pena o devedor ou o herdeiro do devedor que a infringir, e
proporcionalmente à sua parte na obrigação.
6. ARRAS \ SINAL
1. Conceito
É a quantia ou coisa entregue como confirmação da obrigação ou direito de arrependimento. Obrigação acessória que consiste
na entrega de quantia ou bem móvel como confirmação, principio do pagamento ou direito de arrependimento. O bem móvel não
precisa ser da mesma natureza da obrigação – se for, importa em principio do pagamento.
2. Natureza jurídica
Pacto acessório de natureza Real: Para que ele se aperfeiçoe, deve haver a efetiva entrega – só a previsão contratual não
configura Arras. Se for cláusula penal sim, pois ela vai ser paga depois do inadimplemento.
3. Espécies
• Confirmatórias – Art. 417, 418, 419: Confirma a existência daquele pacto e serve de adiantamento do pagamento
• Penitências – Art. 420: A quantia dada permite deixar de cumprir a obrigação (direito ao arrependimento)
• Critério: o objetivo é que as obrigações sejam cumpridas. Logo, para ser penitencial deve haver previsão expressa, caso
contrário será confirmatório.
Art. 417. Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma parte der à outra, a título de arras, dinheiro ou outro bem móvel, deverão
as arras, em caso de execução, ser restituídas ou computadas na prestação devida, se do mesmo gênero da principal.
Art. 418. Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a inexecução for
de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado.
Art. 419. A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se provar maior prejuízo, valendo as arras como taxa mínima.
Pode, também, a parte inocente exigir a execução do contrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o mínimo da
indenização.
Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função
unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á,
mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar. Parágrafo único. Aos não culpados fica
reservada a ação regressiva contra aquele que deu causa à aplicação da pena.
4. Funções
Garantia: Prova o acordo entre as partes. Se for da mesma natureza, é o início do pagamento; também pode dizer respeito ao
direito a arrependimento (prefixação de perdas e danos)
5. Efeitos
5.1. Confirmatórias
Art. 418: Se quem desistiu do contrato foi quem deu as arras, elas estão perdidas (contrato acaba); se quem desistiu do contrato
foi quem recebeu as arras, deve devolver as arras em dobro.
Art. 419: Possibilidade de complementar. As arras valem como mínimo se for provado mais prejuízo. Ex: costureira não faz vestido
e ele seria utilizado para usar em um casamento
5.2. Penitenciais
Art. 420: Quem deu perde; quem recebeu devolve em dobro SEM indenização suplementar.
a) Acordo no contrato
b) Quando há culpa recíproca
c) Culpa exclusiva de terceiro, caso fortuito ou força maior
Acumulação CP + Arras em um contrato: Se as arras forem penitenciais não há essa possibilidade (elas garantem o
arrependimento). Segundo o STJ, se forem confirmatórias, também não pode. Se houver as duas, as arras prevalecem pois já
foram pagas (se não seria bis in idem)
7. TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES
06.06
1. INTRODUÇÃO
1. Evolução
• As obrigações não eram modificáveis e por isso a novação era tão interessante – a obrigação tinha que ser extinta como
nasceu e, dessa forma, se havia interesse em modificar algum termo de uma obrigação, se fazia necessária a novação
para a criação de uma nova. Atualmente isso não é mais necessário, pois possibilitamos a transmissão das obrigações,
que faz com que não seja necessário extinguir e criar nova.
• A possibilidade de previsão de transmissão de obrigações já estava prevista no código de 1916. Nele, havia apenas,
apenas uma das espécies de transmissão das obrigações prevista, que era a cessão de crédito
• Prevê também a cessão dos débitos, inovou em relação ao CC de 1916. Entretanto, ainda não prevê a terceira
modalidade, que é a cessão do contrato.
1. Cessão de crédito
2. Cessão de débito
3. Cessão de contrato
2. Conceito
A regra geral é que a transmissão das obrigações tem que ocorrer entre a celebração do contrato e o momento do adimplemento
ou inadimplemento. Existem exceções como no caso de assunção de dívida, em que é possível que ocorra transferência para
terceiro do debito referente a perdas e danos.
3. Espécies
4. Figuras
2. CESSAO CRÉDITO
1. Conceito
Ex: fabrica de borracha que fabrica solas de sapato e vendo 20.000 em solas de sapato para uma fábrica de sapato, que pede um
prazo de 30 dias para o pagamento. O comprovante da obrigação de 20.000 reais possui vencimento em 30 dias, mas a fabrica
de borracha precisa do dinheiro hoje – dessa forma, vai ao banco e pede o crédito. O banco dá 18.000 reais e fica com o direito
de receber 20.000. A vantagem para o credor originário é que ele recebe desde logo o dinheiro, possui urgência de liquidez. A
vantagem para o cessionário (banco) é que ele lucra 2.000 reais. Para o devedor, o cedido, nada muda.
2. Características
Em regra, todos os créditos podem ser cedidos, exceto se houver proibição legal, proibição pela natureza ou convenção entre as
partes que não prejudique terceiro e que esteja expressamente prevista no contrato. Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito,
se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá
ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação.
Acessórios seguem a sorte do principal – se o principal é cedido, os outros vão junto. Princípio gravitacional. Art. 287. Salvo
disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus acessórios.
3. Espécies
• Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao cessionário pela
existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito,
se tiver procedido de má-fé.
Total x parcial
• Convencional – É convencional sempre que há acordo entre as partes (cedente e cessionário). Ex: pai cede para filho,
desconto bancário
• Legal – É importa pela lei. Ex: quando o contrato é omisso em relação aos acessórios, a lei determina que os acessórios
serão cedidos juntos com o principal. (Ex 287)
• Judicial – É imposta pelo juiz. Ex: penhora do crédito – A deve pra B que deve para C. Quando C cobra de B e B não
tem dinheiro nenhum, C ajuíza uma ação, na qual o juiz determina que haverá a penhora do crédito como forma de
transmissão do crédito – sai B e entra C. (Ex 298)
Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os seus acessórios.
Art. 298. O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que tiver conhecimento da penhora;
mas o devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos
de terceiro.
Existência e não solvência (Art. 296) x Pagamento (Art. 297) (indenizatória e não satisfatória)
4. Formas
Regra geral: A cessão pode ser realizada por instrumento público ou particular, se for particular, serão utilizados os requisitos
formais do parágrafo primeiro do artigo 654. Esse dispositivo traz uma série de requisitos formais para que tenha validade em
relação a terceiros – instrumento publico ou particular.
• Art. 288. É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não se celebrar mediante instrumento
público, ou instrumento particular revestido das solenidades do § 1 º do art. 654 .Parágrafo único. Se o credor exonerar
da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais.
Quando se tem um bem imóvel, a forma de transferência é através do registro de imóveis, não basta a mera tradição (Ex. entrega
de chaves), deve haver a modificação do registro. O art. 289 traz a ideia de que, já que tudo que é feito em relação a imóvel é
normalmente realizada por registro para dar mais segurança jurídica, a cessão do crédito também será gerada lá.
• Art. 289. O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer averbar a cessão no registro do imóvel.
5. Notificação
O devedor não precisa anuir, não precisa concordar, mas deve ser notificado. É a notificação do devedor que permite que ele faça
pagamento ao credor correto, pois houve uma modificação em relação ao credor.
Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem
o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita.
• Traz a possibilidade da notificação, mas não traz como ela deve ser feita, dessa forma, a doutrina determina que ela
pode ser judicial (citação) ou extrajudicial, e que tanto o cedente quanto o cessionário podem notificar. Além disso a
doutrina define que a notificação pode ser expressa ou tácita. Expressa quando ela realmente ocorre, por meio judicial
ou extrajudicial, e tácita quando ocorre na forma final do Art. 290, quando o próprio cedido se diz notificado, é presumida.
Art. 292. Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga ao credor primitivo, ou que, no caso de
mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário que lhe apresenta, com o título de cessão, o da obrigação cedida; quando o
crédito constar de escritura pública, prevalecerá a prioridade da notificação.
• Prevê que, uma vez que o devedor não foi notificado, se ele faz o pagamento ao devedor originário ele estará exonerado.
Também estará exonerado se paga a um terceiro que traz a ele o contrato da obrigação.
Art. 291. Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a que se completar com a tradição do título do crédito cedido.
Art. 293. Independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, pode o cessionário exercer os atos conservatórios do
direito cedido.
• Existe uma serie de direitos que exigem atos conservatórios – Ex: Direito a receber um crédito referente a uma fazenda:
Pode ocorrer do devedor falecer e a fazenda ficar abandonada – a tendência é que a fazenda morra. Esse caso põe em
questão a o que o cessionário teria direito, embora o devedor não tenha sido notificado anteriormente: O cessionário tem
direito de tomar as providencias cabíveis para que haja conservação daquela coisa. Nesse caso, se houve falecimento,
ele pode pedir ao juiz um administrador judicial para tomar conta daquela fazenda para que o bem não pereça. Ele pode
pedir também, por exemplo, para ele próprio cuidar da fazenda e depois pedir restituição.
Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter
conhecimento da cessão, tinha contra o cedente.
6. Responsabilidade
Existem duas formas de responsabilidade dentro da cessão de crédito: pró soluto, quando só me responsabilizo pela existência e
pró solvendo, quando me responsabilizo também pela solvência, pelo pagamento.
• Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao cessionário pela
existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito,
se tiver procedido de má-fé.
• Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor.
• Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não responde por mais do que daquele
recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito
com a cobrança.
Como funciona a responsabilidade da cessão de crédito no nosso ordenamento jurídico: Interpretação dos três dispositivos (Art.
295, Art. 296 e Art. 297) de forma global\conjunta:
• Regra geral: se a cessão for onerosa ou se ela for gratuita, mas o cedente estava de má fé, ela é pró soluto. (Art. 295).
Em contrapartida, tendo em vista que, de acordo com o Art. 296 a pro solvendo não se presume, quando a cessão é
gratuita e de boa fé não há responsabilidade
1. Oneroso (possibilidade prevista no Art. 295)
2. Gratuito de má fé (possibilidade também prevista no Art. 295)
3. Gratuito e de boa fé: não há previsão legal, mas, tendo em vista que o Art. 296 diz que a responsabilidade pró solvendo
que não se presume e deve estar escrita, pode-se concluir que não há responsabilidade nesse caso.
Pode haver a responsabilização pela solvência, pelo pagamento: ocorre quando estiver expressamente previsto. A consequência
é que, de acordo com o art. 287, a responsabilidade é só pelo o que eu recebi, e não pelo o que eu prometi que ele iria receber.
O cessionário só pode cobrar do cedente aquilo que ele efetivamente recebeu pela cessão do crédito. A doutrina diz que essa
responsabilidade é indenizatória, e não satisfatória, pois o que está ocorrendo na realidade é uma indenização, é devolver o que
ele pagou sem satisfazer aquilo que prometeu que ele receberia.
Ex: desconto bancário: eu tinha um contrato para receber 20.000 em 30 dias, mas quero receber antes e vou ao banco e ele me
paga antes 18.000, incluindo no contrato uma cláusula de que minha responsabilidade é pró solvendo. Na verdade, o cedente
recebeu 18.000 e o cessionário recebe 20.000. Se no momento do pagamento o devedor fica inadimplente, o banco pode voltar
ao credor originário, podendo cobrar, de acordo com o art. 297, 18.000.
Art. 298. O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que tiver conhecimento da penhora; mas o
devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro.
• B tem crédito a receber de A e é devedor de C: se quando C for cobrar de B esse crédito e B não tiver como pagar e
descobre que B tem um crédito a ser recebido – O Art. determina que quando o crédito está penhorado, B não pode
mais ceder, ele perde esse direito, pois esse crédito nem pertence mais a ele, está penhorado, pertence a C. Entretanto,
se A não foi notificado dessa penhora e paga a B ou paga a um terceiro, a responsabilidade não recai sobre A, nesse
caso recai sobre B. Ele pagou a quem acreditava ser o legítimo credor.
11.06
1. Conceito
Ocorre assunção de dívida quando o devedor sai da relação jurídica obrigacional e entra um terceiro no seu lugar, há a transmissão
dos débitos da obrigação.
Novação x assunção de dívida – na novação há a criação de uma nova obrigação. Na assunção, apenas ocorre a alteração do
polo passivo, a obrigação continua sendo a mesma, não é extinta.
2. Espécies
• Expromissão: Acordo entre cedido e cessionário: O credor (cedido) combina com terceiro (cessionário) que ele vai
assumir o polo passivo daquela obrigação.
• Delegação: Acordo entre devedor (cedente) e terceiro (cessionário)
• Quando há delegação, necessariamente deve haver a concordância do credor, que deve expressamente anuir, pois a
doutrina entende que o credor pode discordar por achar que aquele cessionário não vai ter meios de atingir o
adimplemento. Isso não é necessário na expromissao porque se tem como implícito que o credor concorda.
• Se refere exclusivamente a delegação, expromissao não possui previsão legal no código civil.
• Regra geral: Qualquer das partes pode fazer interpelação do credor para que ele se manifeste, mas se ele não se
manifestar esse silêncio importa em recusa. A manifestação do credor tem que ser expressa
• Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando
exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava. Parágrafo
único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o
seu silêncio como recusa.
• Adquirente de móvel hipotecado – pode querer assumir a dívida assumida pela hipoteca, e se ele coloca um prazo e
aquele credor não se manifesta, o silencio importa em anuência.
• Exemplo: A possui uma casa e é devedor de B, dando sua casa como garantia na obrigação. Acontece que C se interessa
muito por essa casa e a compra de A. Quando C pega a certidão de ônus reais da casa, ele vê que essa casa está
hipotecada, garantindo a dívida de A com B, mas mesmo assim pode compra-la. A casa hipotecada é passível de ser
vendida, o problema é que A não deixa de utilizar a casa como garantia, é uma hipótese de obrigação propter rem. Nesse
caso, se C compra a casa e depois de um tempo B cobra a casa, o que vai ser feito é que a casa vai ser leiloada para
quitar o pagamento da dívida. O fato de terceiro ter adquirido essa casa não quer dizer que ela deixa de ficar hipotecada.
O art. Traz a possibilidade de o adquirente do imóvel hipotecado assumir a dívida que era garantida pela hipoteca. Ele
entra no lugar de A, assume sua dívida. Pagando essa obrigação, são extintos o bem principal e os bens acessórios, de
forma que nesse caso, deixa de haver essa hipoteca em relação a esse móvel, não passando mais o risco de perder
esse bem. Quando essa situação ocorrer, C pode dar prazo a B, e se B não se manifesta o silencio vai importar em
anuência. O silencio, nesse caso especifico, significa a concordância do credor.
• Art. 303. O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do crédito garantido; se o credor,
notificado, não impugnar em trinta dias a transferência do débito, entender-se-á dado o assentimento
Possível questão assertiva de prova: A Assunção de dívida pode ser liberatória ou cumulativa. Na última hipótese, há
responsabilização solidária. Certo ou errado? Errado. Quando há assunção de dívida cumulativa, há pluralidade de devedores.
Em que pese exista uma pluralidade de devedores isso não significa necessariamente que isso importa em solidariedade, ela não
é presumida.
O art. 299 trata da delegação e da assunção de dívida liberatória – trás apenas uma exceção: Pode ser cumulativa se o devedor
originário age de má fé – ele vai responder em conjunto com o novo devedor.
3. Efeitos
3.1 Garantias
• Regra geral: se há assunção de dívida e ela é anulada, é restaurada a obrigação originária, com todas as suas garantias
exceto as pessoais. Entretanto, as garantias pessoais também serão restauradas se aquele garantidor agiu de má fé.
• Ex: se o fiador sabia que a assunção de dívida era nula e mesmo assim não se manifestou. Nesse caso, ele volta junto
com a dívida originária e aquela garantia de fiança volta junto.
• Art. 301. Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, com todas as suas garantias, salvo as
garantias prestadas por terceiros, exceto se este conhecia o vício que inquinava a obrigação.
3.3. Exceções
1. Conceito
• Não está prevista no código, mas existe devido a teoria da autonomia da vontade.
• Negócio jurídico no qual uma das partes cede a sua posição contratual com os créditos e os débitos a terceiro.
• É decorrente das relações jurídicas obrigacionais complexas, em que as partes cumprem simultaneamente os papeis de
devedor e credor. Na cessão do contrato, se cede a posição inteira, com todos os seus créditos e débitos.
• Ex: contrato de locação – possui uma série de direitos e deveres do locador e uma série de direitos e deveres do locatário.
As duas partes possuem direitos e deveres – pode uma das partes ceder a sua posição na relação jurídica obrigacional?
Sim. Quando isso ocorre, ele cede sua posição com os direitos e deveres inclusos.
Obs.: Cessão da posição contratual x Subcontrato:
• Exemplo de cessão da posição contratual – contrato de locação: Joana possui a posição contratual de locatário, mas
decide se mudar e como gosta muito do seu apartamento quer que o seu irmão a substitua, assumindo seu lugar de
locatário nessa relação jurídica. Há um só contrato e sai um locatário e entra outro. No contrato só atuam duas pessoas
• Exemplo se sub contrato: Joana vai viajar por 2 meses e não quer deixar seu apartamento sem ninguém – decide
sublocar seu apartamento (geralmente o locador nem fica sabendo) – Há um contrato originário de locação e joana faz
um subcontrato com terceiro. Nesse caso, existem dois contratos em cadeia e três partes. Muitos contratos proíbem a
sub-logação, o sub contrato.
2. Natureza jurídica
Existem três teorias. As duas primeiras já foram superadas e trabalhavam com uma Co dependência da cessão da posição
contratual. Elas não entendiam que ela era um instituto autônomo.
Teoria atomicista: Entendia que, na verdade, quando havia cessão do contrato, haviam duas posições diferentes com dois
institutos diferentes: A cessão do crédito e depois a cessão do débito e vice versa.
Teoria da complexidade negocial: Entendia que haviam dois institutos diferentes – cessão de debito e cessão de crédito – mas
entre elas havia um liame, uma ligação, de forma que esses institutos teriam que ser celebrados juntos.
Teoria unitária: Adotada atualmente. Entende que não há dois institutos diferentes e juntos, mas um instituto novo: a cessão da
posição contratual. Esse instituto por si só já transmite créditos e débitos. A forma adequada de chamar esse instituto seria cessão
da posição contratual, e não cessão de crédito, pois não é o contrato que possui direitos e deveres, mas a posição contratual.
3. Efeitos
A doutrina faz um mix dos efeitos da cessão de crédito e da cessão de débito. Na cessão da posição contratual deve haver
anuência do cedido, pois como cedemos créditos e débitos e na cessão de débito é obrigatório que haja anuência do credor, aqui
também será. A doutrina separa os efeitos analisando entre as partes:
A) Cedente x Cedido
B) Cedente x cessionário
• A doutrina aponta que os efeitos são que somente podem ser alegadas as exceções reais ou exceções pessoais do
cessionário, mas não do cedente.
• Art. 302. O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo.
• O cedente em regra não faz mais parte da relação jurídica obrigacional, dessa forma, suas defesas pessoais não podem
mais ser alegadas.